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título: falso ungido
data de publicação: 18/08/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #falso
personagens: carmem

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de limão, e hoje eu vou contar pra vocês a história da Carmem. A Carmem é uma pessoa religiosa, — Até hoje ela frequenta uma igreja. — e essa história tem uns anos já. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

Na igreja que a Carmem frequenta sempre tem assim, uma abertura, pra novas… — Acho que todas as igrejas tem isso, né? — De receber pessoas novas que ainda não conhecem aquela igreja e também pessoas da mesma religião que vem de outras igrejas. E aí um dia, num evento lá, a Carmem conheceu um cara aí, que era de uma outra igreja, né? Da mesma igreja dela ali, só que de um outro lugar. E aí eles estavam num grupo grande, né? Não foi uma aproximação só ela e ele, e aí eles começaram a fazer atividades em grupo ali, num grupo grande, né? Entre as atividades: a vigília. E Carmem foi se interessando por esse cara aí, e esse cara foi se interessando pela Carmem. E aí depois de um tempo estabeleceu-se ali um namoro entre Carmem e o cara, e era um namoro assim, muito mais de igreja assim, eles… — A Carmem falou que eles não ficavam sozinhos e que esse namoro teria um tempo pra virar uma coisa mais séria, enfim… —

E aí conforme ela foi namorando esse cara, ela foi conhecendo ele melhor, então ele dizia que ele gostava de levar a palavra né, de Deus, ali da bíblia, para lugares onde ele achava que não tinha Deus, então ele tinha certas preferências de locais pra levar a palavra e, entre os locais que na cabeça dele aí, fazia sentido orar, eram umas casas de prostituição, né? De garotas de programa, que tinha ali na cidade deles, que era tipo uma rua que tinha umas casas. Então ele achava que o trabalho dele, a missão espiritual dele era “salvar”. — Eu coloco aqui bem entre aspas, porque quem me conhece sabe que eu não concordo com nada disso. — “Salvar” as pessoas ali das casas, né? Dessas casas ali dessa rua, e foi meio choque pra Carmem, porque primeiro que era uma coisa que ela não imaginava, né? Que ela também não pensaria nunca em fazer, e segundo que, nossa, né? Ela ficou super admirada do cara ter essa força, né? 

E aí esse namoro foi seguindo ali, não tinha um mês ainda, quando eles foram fazer a vigília na casa de uma das pessoas ali do grupo, né? E foi legal, enfim, rolou a vigília e tal, depois todo mundo foi embora. E aí, gente, primeiro detalhe: Muita coisa sumiu das pessoas… Então, um perdeu o celular, outro perdeu dinheiro, outro… Sei lá, uma coisa de valor que tinha na bolsa, e isso na casa da pessoa que eles foram ali fazer a vigília. E aí é lógico que, assim, — Rolou uma desconfiança, mas você não pode, né? Levantar falso… — E aí foram, conversaram lá com o líder da igreja deles e tal, e passou. — Não rolou nem B.O.zinho, nada. — E esse cara ali, evangelizando, né? — Segundo ele… — Nas casas de garotas de programa ali na cidade deles. Mais um mês de namoro e a Carmem começou a falar pra esse cara aí: “E aí? Como é que vai ser, né?”, porque o ideal ali seria namorar seis meses e já ficar noiva e, em 1 ano casar. Então assim, prazo máximo ali, né? — Que é o que a Carmem concorda. — Era em 1 ano já finalizar aí — Esse evento — com um casamento. 

E aí ele dizia que: “Não, sim, vamos ver, nã nã nã…”, mas ele era ali da igreja também, ele sabia que era assim que a banda tocava na igreja, né? Não é que ele era um cara desavisado que pensava diferente, não, pelo contrário, ele inclusive pregava muito isso aí. E aí um dia a Carmem tá com ele num ponto de ônibus, esperando o ônibus dela chegar, né? Pra ela ir pra casa, e chega uma moça no ponto de ônibus, que até então, tem um detalhe importante, esse cara ele se dizia ungido, “Ah, porque eu sou ungido”. — Por isso que ele até fazia esse trabalho lá nessas casas. — E que ele era… Ele tinha um coração manso, ele era uma pessoa grata, ele tinha um fervor ali na oração, então ele era um ungido, né? E aí a Carmem tá lá, com o cara no ponto de ônibus, chega uma moça fazendo escândalo. Era uma moça de uma dessas casas, e a moça estava ali fazendo escândalo porque o cara tinha ido lá na casa, tinha feito um programa com ela e não tinha deixado o dinheiro no final, disse que ia buscar e não voltou mais. 

E ela estava passando e viu ele, aproveitou a oportunidade [risos] — Adoro — pra cobrar o que é dela por direito. — Nada mais justo, né? Ela trabalhou, é o trampo, ele tinha que pagar. — Aí ele começou a… Com um papo, tipo, querendo falar que a menina estava possuída, nessa vibe, né? E aí começou a querer orar alto assim, enquanto a mina xingava ele, [risos] e a Carmem ali meio em choque, né? Aí veio qualquer ônibus, eles entraram em qualquer ônibus, e aí ele falou que isso fazia parte do trabalho dele, né? Que, às vezes, as moças lá das casas ficavam bravas com ele porque ele estava lá como um servo, né? De Deus, e elas não tinham Deus no coração, — Segundo ele — e aí acontecia isso. Só que a Carmem ficou cabreira, porque ela foi bem clara a moça, né? Não é que ele estava lá orando, nã nã nã, não. Ele fez um programa e não pagou, e isso não é certo, né? Tanto ele fazer o programa e não pagar, mas na religião da Carmem, ele ter feito o programa. 

E aí ela resolveu conversar com o pastor da igreja dela, e aí conversou lá com o cara da igreja e ele também ficou cabreiro, falou: “Bom, Carmem, eu acho que eu vou pedir pra você se afastar desse rapaz até eu conversar com ele, e ver o que aconteceu”, e aí a Carmem rompeu o namoro com esse cara, e aí passou mais um tempo, esse cara não apareceu mais na igreja. — Que ele era de outra igreja, lembra? Mas aí ele começou a ir na igreja da Carmem, porque ele estava namorando a Carmem… — E aí ele sumiu da igreja, e aí a Carmem foi de novo falar lá com o líder da igreja dela, e o cara falou pra ela, falou: “Olha, nós descobrimos coisas, eu nem gostaria de falar o que foi descoberto pra você, mas é melhor que você realmente continue afastada dele, nã nã nã…”, e aí rompeu-se de vez ali o namoro de Carmem. — Com o cara que se dizia ungido, né? —

E aí a Carmem falou que tem a questão da “fofoca da igreja”, [risos] aí por uma senhora lá da igreja, que era mais próxima do pastor, ela ficou sabendo o que aconteceu, o que esse cara fazia? Ele ia nessas casas de prostituição, né? E ele pegava as garotas mais vulneráveis que, de repente acreditavam nele, que podiam ser “salvas”, — Entre aspas de novo, eu digo — e ele se aproveitava dessas mulheres, aí ele transava com elas e depois sumia, ou voltava na outra semana pra fazer isso com outra mulher. Então o cara era um predador, né? Usando aí de um artifício religioso pra poder enganar mulheres. E aí, né? Já estava um escândalo lá na igreja isso, e a Carmem ficou muito decepcionada, porque ela realmente acreditava nesse pilantra aí, né? E aí depois de um tempo ela ficou sabendo que esse cara tinha saído fugido lá da cidade, porque uma dessas moças engravidou, e que o cara lá da casa onde ela trabalhava estava atrás dele, enfim, um rolo. E esse cara sumiu e nunca mais apareceu. 

Mas era um cara que, na igreja, a Carmem falou que todo mundo, quando ele chegou, porque era assim uma novidade, né? Então, várias moças ficaram interessadas, e era tipo um partidão, né? E a preocupação dela é que ele deve tá fazendo isso em outras igrejas, né? Porque é muito fácil cair na lábia de um cara desse, né? Esses predadores assim, eles têm uma facilidade em enganar e o cara se dizia ungido, vocês sabem o que eu acho, né? Então é isso, essa é a história da Carmem, ela continua na igreja e ela queria contar essa história como um alerta mesmo, né? Pras moças aí, e que tem uns caras aí nesse perfil, e a gente sabe que tem, né? E que não usa às vezes só dá fé de uma outra pessoa, né? Da religião pra enganar, usa de vários artifícios, né? 

[trilha]

Assinante 1: Oi, Carmem, eu sou a Daniele, sou natural de São Paulo e moro em Londres. Fiquei muito feliz por você ter se livrado desse embuste, mas assim, eu sigo pensando em como muitas igrejas não teriam reagido dessa forma que o seu pastor reagiu, e que muitos caras que continuam indo por aí e se aproveitam de pessoas que estão em momentos vulneráveis da vida delas, né? Espero que você consiga espalhar essa palavra, alertar outras pessoas, né? De outras igrejas, e é isso. Um grande abraço pra ti, obrigada por essa história. 

Assinante 2: Ei, gente. Ei, Déia. Aqui é Carolina, de São João Del Rei, Minas Gerais. E, olha, Carmem, que bom que você conseguiu sair ilesa dessa relação com esse ser sem luz, né? E que bom que seu pastor ele teve aí o discernimento de pedir pra você se afastar, então porque realmente não dava, né? Mas eu entendo seu sentimento, né? Quantas pessoas que ele não está enganando, quantas pessoas ele não está destruindo a vida… Espero que você tenha muita sorte aí, muita luz na sua vida e possa viver bons relacionamentos. Um grande abraço e tchau.

Déia Freitas: Então é isso, gente, um beijo e até breve.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.