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título: faqueiro de pônei
data de publicação: 23/06/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #faqueiro
personagens: rose e simone

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente, cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. E aí? Vocês acompanharam os primeiros dois episódios do podcast “Aliados Pelo Respeito”? Gente, vai lá prestigiar meu trampinho. Essa semana sai o terceiro episódio e é uma história assim, surreal. É o relato de uma moça que tem um ex que começa a stalkear ela junto com a nova namorada — É tenso — e depois tem o quarto episódio também, que é o último da temporada, — Temporada que eu sou a roteirista. — que foi muito legal fazer e que vai falar de cyberbullying ali, a gente pegou uma história do universo gamer, então uma mina ali que é gamer e tá bem, bem bacana também a história. E Bradesco, adorei o convite, manda mais publi, amei roteirizar as histórias pra Naruna Costa. Que atriz, viu, gente? — Que atriz… — E os temas, nossa assim, super necessários, então vão lá, vou deixar aqui o link, prestigiem meu trampinho. E hoje eu vou contar pra vocês a história da Rose e da Simone, quem me escreve é a Rose. 

[trilha]

A Rose conheceu o Eduardo, irmão da Simone, tem uns cinco anos e eles namoraram, a coisa foi meio rápida assim, eles namoraram, noivaram e marcaram o casamento, e um pouco antes disso quem se casou foi a Simone e quem ajudou em todas as coisas da Simone, tudo o que tinha que fazer do casamento foi a Rose. E ótimo, elas se tornaram amigas. E agora era vez da Rose se casar, e a Simone se prontificou a cuidar de tudo, e também ajudar. E deu tudo certo, gente, o casamento foi impecável, maravilhoso, eles viajaram de lua de mel. Porque assim, um pouco antes da cerimônia, — Uns dias antes — vão chegando os presentes, né? As pessoas vão mandando os presentes e, como a Rose não ficava muito em casa, estava correndo pra cima e pra baixo com a mãe, os presentes chegaram todos na casa da Simone. E a Simone enquanto o casal estava em lua de mel, levou os presentes pra casa da Rose, pra a hora que a Rose chegasse depois com calma ali, os noivos iam abrir os presentes e fazer aquele cartãozinho lá de agradecimento, nã nã nã, “Obrigada pelo presente e pela presença, nã nã nã”, enfim. E isso aconteceu, né? O roteiro até ali da vida feliz estava seguindo perfeitamente. 

Só que quando a Rose começou a abrir os presentes, ela deu falta de um presente em especial, a Rose tem uma amiga que é aeromoça, que faz voos internacionais… — A gente tá falando de uma história bem, bem, bem, pré-pandemia. — E essa moça, aeromoça, [riso] falou pra Rose assim: “Olha, eu vou comprar o seu presente em Dubai, lá tem um faqueiro muito diferente, lindo e eu vou trazer esse faqueiro pra você”. E a Rose ficou super empolgada, era um faqueiro bem diferente, eu não posso falar aqui, a Rose pediu pra eu não dar as características do faqueiro. Então a gente vai imaginar aí que seja um faqueiro de pônei. — Na temática pônei. — Então a Rose estava ali muito empolgada pra receber o faqueiro de pônei, a aeromoça amiga da Rose quando estava lá em Dubai comprou o faqueiro e abriu a caixa, né? Pra conferir se estavam todos os itens e aproveitou e tirou uma foto e mandou a foto pra Rose, então a Rose já sabia exatamente como era o faqueiro de pônei que ela ia ganhar.

E aí no dia que ela estava ali abrindo os presentes, ela falou para o Eduardo, falou: “Amor, eu acho que ficou um faqueiro lá na casa da Simone, e a Simone deve ter esquecido de entregar aqui, né?”, aí eles terminaram ali de ver, ela tinha recebido mais dois faqueiros, mas faqueiros assim, nacionais, né? Nada diferente, não tinha nenhum faqueiro de pônei ali. E aí depois que eles terminaram tudo, ela pegou o telefone e ligou pra Simone, falou: “Simone, então, eu não tô achando aqui o faqueiro que a minha amiga trouxe”, e essa amiga, aeromoça, ela tinha ido no casamento. — Então ela trouxe o presente realmente, né? — E aí a Simone falou: “Não, não ficou nada aqui, né? Tudo o que eu recebi pra você eu levei aí”, e aí ela pegou o telefone de novo e ligou pra essa amiga e essa amiga falou: “Não, Rose, eu entreguei nas mãos da Simone, a Simone ainda comentou que a caixa era muito bonita”, porque a caixa do faqueiro é uma caixa de madeira, né? “Uma caixa de madeira muito boa e tal, ela falou que ia colocar numa caixa de papelão pra proteger pra ninguém, né? Ali, não cair nenhum presente em cima e riscar a madeira, não sei o quê… E a gente teve essa conversa inclusive”. 

Rose pegou o telefone de novo, ligou pra Simone, e Simone falou: “Nossa, eu não lembro disso não”. — Então veja bem. — Faqueiro de pônei sumiu e Rose inconformada, porque o faqueiro de pônei era dela, ela queria o faqueiro de pônei. Aí ligou pra sogra, a sogra falou: “Não, não recebi nada, né? Chegou tudo lá na casa da Simone”, Simone que já era casada, né? Morava na casa dela com o marido, ela falou: “Não, aqui não chegou nada”, e aí deu uma espalhada nas famílias de que o faqueiro de pônei tinha sumido. Aí num almoço ali, passou mais umas três semanas, Simone e Rose que se conversavam todo dia pararam de conversar, porque a Rose não se conformava e teve um almoço na casa da mãe do Eduardo e a primeira coisa que a Rose fez, né? Comentar do faqueiro, “Gente, meu faqueiro sumiu, meu faqueiro de pônei, ele é muito diferente, eu quero meu faqueiro, nã nã nã”, encheu o saco no almoço.

Estava assim, estava os familiares e tal da Simone e do Eduardo, né? Porque era na casa da mãe deles, e tinha uma tia lá da Simone e do Eduardo que uma hora deu um jeito de Chamar Rose no canto e falar: “Olha, o seu faqueiro está com a Simone sim, e tá lá em cima do guarda-roupa dela, pôs numa caixa de papelão, tá lá. Ela tem a mesma diarista que eu, todo mundo estava sabendo dessa história do faqueiro já e a diarista viu lá e contou pra mim, e eu não vou fazer briga na família, mas saiba que o seu faqueiro está lá”. Rose ficou com o demônio no corpo, só que ela resolveu não fazer nada, ela estava com tanto ódio e, assim, né? Da mentira deslavada da Simone, e sem necessidade, porque ela falou pra mim assim: “Andréia, essa minha amiga ela sempre faz voos pra Dubai, se a Simone falasse pra mim “Amei o seu faqueiro de pônei” eu seria a primeira no próximo aniversário dela, no Natal, a comprar um faqueiro de pônei pra ela”. — Então, né? Não precisava dela fazer isso. — 

E aí passou mais um tempinho e Rose resolveu fazer um jantar na casa dela e receber Simone e fazer as pazes com Simone, Eduardo ficou meio em choque assim, e falou: “Ué, mas do nada?”, ela falou: “Não, eu quero fazer as pazes com ela, né? Eu fui injusta com a Simone, né? Eu quero fazer as pazes”. E aí veio Simone, veio o marido de Simone, era um jantar ali só para os quatro, né? Quando Simone, [risos] quando Simone olhou na mesa quem estava lá de protagonista da mesa? O faqueiro de pônei. Isso significa que? A Rose entrou na casa da Simone e pegou o faqueiro de pônei, gente. — Sério, eu fiquei chocada. — A Rose tem a chave da casa da Simone, a Simone tem a chave da casa da Rose, tanto que a Simone colocou os presentes lá na casa da Rose e a Rose pegou essa chave, entrou lá, pegou o faqueiro, deixou a caixa de papelão no lugar, a caixa de papelão vazia e estava dando o jantar com o faqueiro de pônei, e aí assim que a Simone viu, ela ficou surpresa, né? De repente pensou “Será que é outro faqueiro de pônei?”, e a Rose falou pra ela: “Olha, eu quero te pedir desculpas, eu achei o faqueiro de pônei, e eu fui muito injusta com você, nã nã nã”. [risos] — Falou um monte, um monte, um monte. —

Aí a Simone ficou meio em choque assim, mas aí eles passaram a noite, jantaram, e aí a Rose falou assim: “Olha, então agora vamos tomar um café, né? Daqui a pouco já tá na hora de ir, tá ficando tarde, amanhã a gente trabalha”, e veio com a xícara de café assim numa bandeja, [risos] que era uma bandeja que a Simone ganhou de casamento. — Gente, vocês não estão entendendo, a Rose além de pegar o faqueiro que era dela, ela pegou a bandeja da Simone. [risos] — E a Simone viu a bandeja e não se ligou, tomou o café e foi embora. Primeira coisa que a Simone viu é que o faqueiro não estava lá. — Ela deve ter chego em casa e foi ver isso, mas ela não podia falar nada. — E aí ela não sentiu falta dessa bandeja até mais ou menos ali quase final do ano, quando ela recebe na casa dela, faz as coisas de Natal lá e aí vem a família do marido dela, e aí que ela foi procurar a bandeja, cadê a bandeja? Não achava a bandeja, e aí ela teve um lampejo lá de memória e ela viu que a bandeja estava na casa da Rose. 

E até hoje a Simone não falou nada, elas não se falam mais, mas assim, foi morrendo, né? A amizade. E a bandeja tá até hoje com a Rose, a Rose não devolveu, falou pra mim que não vai devolver nunca mais e que trocou a fechadura também, a Simone não tem mais acesso. [risos] Mas olha que sangue frio, gente: entrar na casa, pegar o faqueiro e ainda dar o jantar pra mostrar o faqueiro, é muito sangue frio, é muito sangue frio, eu não sei nem se eu teria coragem de entrar na casa, vocês teriam coragem? [risos] Então aproveita, gente, e deixa recado de voz. 

[trilha]

Assinante 1: Meu nome é Nicole, eu sou de São Paulo, e assim, né? O que dizer deste ícone vingativo, desta Musa da Justiça, da Rainha da Estratégia, a genial Rose, [risos] gênia essa mulher, gênia. Fiquei de cara com a solução que você arrumou pra esse problema e pra te ser bem honesta assim, cara, fez bem demais. [risos] O arquitetar, o jantar com o faqueiro de pônei pra que Simone, esta peçonhenta mentirosa não pudesse falar um “A”, né? Porque ela sabia o que fez, essa bandida, olha, genial Rose, você é maravilhosa, eu estou aqui impactada, preciso de gente como você na minha vida, me ensine a ser menos trouxa, Rose, por favor. Conte comigo para tudo. 

Assinante 2: Oi, Rose, oi, Andréia, oi, todo mundo, eu sou a Nina Lessa do Rio de Janeiro. E, olha, Rose, sinta meu abraço onde quer que você esteja neste país, neste mundo, você é maravilhosa, eu tô chocada. Eu nunca, nunca na minha vida pensaria em entrar na casa da pessoa e pegar de volta, me achei inclusive muito lerda, e eu não me considerava uma pessoa lerda, então assim, te agradeço por isso porque a partir de hoje é isso que eu vou fazer, porque não… Acho que todos nós já passamos por isso, né? De alguém “Ai, não tá comigo não”, e depois você olha no Instagram, olha no Facebook, uma rede social, a pessoa usando sua roupa, a pessoa usando, sei lá, o que não pagou, né? A sua dívida. Então, Rose, sinta meu abraço, estou profundamente tocada pela sua história, você é muito maravilhosa e tu se livrou dessa cunhada pentelha. Que bom que o casamento se manteve, eu fiquei curiosa só pra saber se o seu marido sabe, mas ele deve saber, né? Ou não? Não sei, fica aí, vai que rola um depois. Um beijo, tchau, tchau.

Déia Freitas: Um beijo e eu volto logo.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta] 

Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.