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título: fernandinha
data de publicação: 20/07/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #fernandinha
personagens: fernandinha, bruna e cara engraçadão

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publi… — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está comigo de novo é o Tempo Quente, o novo podcast original da Rádio Novelo. A Giovana Girardi que apresenta o podcast é jornalista e cobre a área de meio ambiente há mais de 20 anos, e ela sabe tudo — gente, tudo — sobre mudanças climáticas. Mas tem uma coisa que sempre deixou a Giovana com uma pulga atrás da orelha: Como é que o Brasil, um país desse tamanho e com um potencial imenso pra ser uma potência ambiental, continua ficando pra trás no combate a crise climática? A Giovana decidiu investigar de perto quem é que ganha enquanto a gente tá perdendo essa briga.

Em um dos episódios ela destrincha tintim por tintim como funciona lobby do agronegócio em Brasília. — Gente, babado… — Eu vou deixar os links do Tempo Quente aqui na descrição do episódio. E hoje eu vou contar pra vocês a história da Fernandinha. Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]

A Fernandinha trabalha na recepção de uma empresa aí, uma empresa pequena — que a gente pode chamar de Pônei Serviços Gráficos — e, na Pônei Serviços Gráficos são ali 15 funcionários. — Então é uma empresa de porte menor, né? — Todo mundo se dá bem… Só que tem um cara ali que ele é o engraçadão. — Sabe aquele cara que é o engraçadão? — E às vezes ele é meio folgado. E a Fernandinha disse que ele é gato, então ela já saiu com ele algumas vezes, assim, nada sério, ele é um cara separado — que tem uma filha de dez anos, enfim… — e eles já saíram algumas vezes. — Não é segredo pra ninguém ali e vida que segue. — Um dia entrou uma mocinha ali pra trabalhar na Pônei Serviços Gráficos. O nome dessa mocinha: Bruna. Ela entrou pra uma área específica ali de serviços gráficos. Só que, como era uma… — Eu não quero falar o que ela fazia… — Mas assim, ela estava ali do lado da recepcionista ali, perto assim… — É um escritório, enfim, né? —

Então ela estava ali na recepção, meio que junto com Fernandinha. E aí elas começaram a ter uma amizade, só que Bruna muito, muito, muito tímida, muito na dela, só que uma mocinha legal, né? — Uma mocinha mais jovem e tal. — E Fernandinha fez ali uma pequena amizade com Bruna. Até que um dia, a Fernandinha voltou do almoço e viu que Bruna estava, assim, muito chateada, com o nariz assim, meio… — Sabe quando você chora e o nariz fica meio estranho, assim? Meio avermelhado, meio inchadinho… — E aí Bruna estava com nariz assim, Fernandinha percebeu que ela tinha chorado e perguntou, né? “O que foi? O que aconteceu?? e ela falou “Ah, não, nada, né?” e continuou triste… Só que Fernandinha, muito comunicativa, muito falante, muito… [risos] Muito tudo, né, Fernandinha? Fernandinha falou: “Não, você não vai ficar aqui triste no nosso departamento, me conta o que aconteceu”. — Gente, o que aconteceu? — 

A menina Bruna gosta muito de, vai, tomar suco e aí, pra não ficar indo até a copa pra tirar o suco da geladeira e tomar e, de repente, deixar o suco lá e alguém tomar, ela comprou uma garrafinha — uma garrafinha térmica — para botar o suco. E não foi uma garrafinha barata, foi uma garrafinha de uns 80 reais. [efeito sonoro de caixa registradora] — Dessas que são térmicas e tal. E aí você vai me dizer: “Déia, uma garrafinha 80 reais?”, sim… — Eu estou adentrando agora ao mundo das garrafinhas porque, paralelamente, estou levando uma vida fitness e garrafinhas são caras… E eu vou dizer que eu estou fascinada por garrafinhas. — Então Bruna foi lá e comprou a garrafinha dela térmica, botou o suco, deixou um pouco na geladeira pra ficar ainda mais gelado pra depois pegar e tomar. E, quando ela foi pegar, a garrafinha dela não estava mais lá.

E ela nova, né? Na firma, não comentou nada com ninguém. Ficou triste e foi chorar. E aí Fernandinha ficou uma arara… Fernandinha falou: [efeito de voz fina] “O que? Pegaram sua garrafinha? Quem foi?”. Começou a perguntar, perguntar, descobriram que quem estava com a garrafinha da Bruna era o engraçadão, aquele cara lá. E aí Fernandinha falou: “Ah, é ele? Pode deixar”. E o cara era representante, então ele saía e, sei lá, voltava no dia seguinte ou dali dois dias… E assim aconteceu… Ele levou a garrafinha da Bruna embora, e aí a Bruna também falou pra Fernandinha: “Deixa, né? Eu não vou querer mais… Ele já tomou na minha garrafinha, não vou querer”. A Fernandinha não se conformava com isso, tipo: “Como assim o cara pegou a garrafinha?”. E aí, como ela já tinha saído com ele, eles tinham uma certa intimidade, ela falou pra ele, falou: [efeito de voz fina] “Ô, você pegou a garrafinha da menina?”.

Aí falou, ele respondeu pra ela, rindo, né? [efeito de voz grossa] “Esse aí é o batismo… É o batismo da firma”. Fernandinha falou: [efeito de voz fina] “Desde quando que roubar é batismo? Eu vou falar para ela ir reclamar lá pro seu Pereira”. — Tipo, o dono, sabe? “Eu vou falar pra ela reclamar lá com o seu Pereira”. — E aí o cara, o engraçadão lá, sabia que a moça não ia ter coragem, né? Que a Bruna não ia ter coragem de reclamar. E aí ele falou: “Ah, agora já dei a garrafinha pra minha filha, já era”. E aí Fernandinha, ainda inconformada, falou pra Bruna, né? “Ô, Bruna quanto você pagou nessa garrafa?”, — Achando que, sei lá, fosse uns 20 conto… — Quando Bruna disse que foi 80 reais e mostrou a notinha para a Fernandinha, Fernandinha enlouqueceu. [risos] Fernandinha falou: [efeito de voz fina] “Ah, mas ele vai te pagar… Ele vai te pagar”.

E aí lá foi Fernandinha pensar no que ela poderia fazer pra esse cara pagar… — Porque agora a garrafinha já estava com a filha do cara, né? —  E aí Fernandinha falou com ele primeiro e ele falou: [efeito de voz grossa] “Não vou pagar”, a hora que ela falou que a garrafinha custava 80 reais o cara também assustou, porque ele não achou que fosse caro assim. — Quem não é do mundo das garrafinhas… Eu, como pessoa aí adentrando ao mundo das garrafinhas, vou falar para vocês… Garrafinha é caro, mas eu estou fascinada por garrafinhas. — E aí ele falou: “Imagina, né? Tudo isso e não sei o que lá”, [efeito sonoro de captura de foto] ela mandou um print da nota, ele ficou quieto, não respondeu mais nada… E Fernandinha sacou que ele não ia pagar. — E aí Fernandinha resolveu fazer uma coisa, gente, que aqui eu não concordo, mas Fernandinha disse que era a única maneira dele pagar. —

Fernandinha muito irritada porque Bruna realmente ficou triste de perder aí… — E ela não queria mesmo falar com o seu Pereira, ela estava começando na firma, enfim… O cara é um maldito, né? Não o seu Pereira, o cara que pegou a garrafinha. — Fernandinha mandou a seguinte mensagem pro cara: “Se você não devolver o dinheiro pra Bruna, eu vou contar uma coisa aqui na firma que você vai se arrepender muito”. E aí ele respondeu: “Que coisa?” e Fernandinha não respondeu mais. Quando ele chegou lá na firma, ele foi direto na Fernandinha pra tentar saber. — Gente, olha o que a Fernandinha falou… [efeito sonoro de suspense] Fernandinha falou pra ele assim: [efeito de voz fina] “Olha, então… Você fez uma sacanagem com a moça que acabou de entrar, você roubou dela oitenta reais e mais o frete, então é uns cenzinho. E, se você não der esses cem reais pra ela, eu vou espalhar aqui a partir de amanhã que você tem um pau pequeno… Que o seu pau é menor do que esse apontador de lápis aqui e que você é brocha. Então vê aí o que você quer fazer”.

E aí ele assustou, começou a rir… Ela falou: [efeito de voz fina] “Não tô brincando, não… Não tô brincando. Eu vou espalhar… E aí ou você vai ter que botar seu pau pra fora aqui pra todo mundo ver ou todo mundo vai acreditar em mim, porque você sabe que eu vou falar de um por um que seu pau é pequeno, até pro seu Pereira eu vou dar um jeito de falar que seu pau é pequeno”. — Então mexeu aí com a [risos] masculinidade do maldito lá, ladrão de garrafinhas. — E o cara ficou na dele, foi embora… Fernandinha voltou a trabalhar ali com um sentimento de alegria. [risos] — Ô, Fernandinha… [risos] Eu achei, gente, totalmente errado o que Fernandinha fez, eu acho que o certo seria ter ido no RH mesmo e falado, e eu acho que o RH era o seu Pereira, enfim… E eu acho que o seu Pereira, sei lá, resolveria? Não saberemos. —

Chegou ali na hora do almoço, na mesinha da Bruna, estavam ali duas notinhas de 50 reais. [risos] E aí a Bruna não entendeu, mas depois o cara passou lá e pediu desculpas pra ela. E aí ela entendeu que aquele dinheiro era o dinheiro pra comprar uma nova garrafinha. [risos] Coisa que ela fez, comprou e Fernandinha deu um aviso geral ali: “Essa garrafinha é da Bruna, ninguém mexe”. [risos] — Gente, eu achei muito errado esse final, assim, mas resolveu, né? — Então, Fernandinha, escreveu pra gente para saber aí o que vocês acham. Ela não se arrepende, ela não quer saber, assim, “ah, você fez errado”, [risos] ela não tá muito ligando, sabe? [risos] Ela só quer saber se vocês fariam o mesmo ou se vocês fariam outra coisa aí no lugar de Fernandinha. E agora Bruna está feliz, elas são muito amigas agora. 

O cara é representante, ele nem trabalhando lá tá mais… Mas resolveu, né, gente? Resolveu… E eu vou te dizer que o mundo de garrafinhas, se me pegam aí uma garrafinha… — Eu encomendei uma garrafinha, estou esperando chegar… Peguei uma promoção que vem duas, vamos ver como é que é. Estou empolgada esperando aqui minha garrafinha chegar. Entendo o sentimento de Bruna de chorar pela garrafinha. 

[trilha]

Assinante 1: Oi, pessoal, aqui é a Ana, moro em São Paulo. E, olha, Fernandinha, eu estou contigo. [risos] Minha mãe sempre fala um ditado que eu acredito muito: “Remédio de doido é outro na porta”, como diz o meme, né? “Quando o feminismo for legalizado cenas como estas serão comuns”. [risos] Viva a amizade feminina e manda um beijo pra Bruna. E é isso… 

Assinante 2: Oi, gente, meu nome é Beatriz e eu queria dar os parabéns pra Fernandinha. No lugar dela, eu falaria a mesma coisa, e mais: Ainda falaria que deixei de sair com ele por causa disso. Então ninguém teria como duvidar… Tem muitos lugares que o gestor ele não gosta de ser incomodado com esse tipo de problema, né? A maioria dos gestores não gosta e prefere que os funcionários resolvam entre si, por mais que seja, de certa forma, uma obrigação, uma parte do trabalho deles, então eu acho que foi correto… Por mim, ela resolveu o problema e está ok. 

[trilha]

Déia Freitas: O Tempo Quente está disponível gratuitamente em todas as plataformas de podcast e também no site da Rádio Novelo: radionovelo.com.br. Um beijo, gente e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.