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título: fiador
data de publicação: 03/06/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #fiador
personagens: robson e um cara

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje eu vou contar para vocês a história do Robson. — Ê, Robson… [risos] — Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]

O Robson ali pelo Facebook da vida, acabou conhecendo um amigo de um amigo e rolou um clima legal e nã nã nã, eles começaram a conversar ali pelo Facebook mesmo, marcaram um primeiro encontro, deu super certo, marcaram outros encontros, resolveram namorar… E aí depois dali uns oito meses de namoro, eles resolveram morar juntos. Só que tinha uma questão: o Robson morava com dois irmãos e esse cara morava com os pais. Então, pra morar junto, eles teriam que alugar um lugar, mobiliar esse lugar… — Então não seria tão fácil. — Os irmãos ali do Robson resolveram tipo: [efeito de voz mais fina] “Ah, pode levar essa geladeira, a gente compra outra aqui pra casa porque a gente tá em dois e nã nã nã”. Então, a casa foi mobiliada ali meio que com coisas que eram do Robson, coisas que os irmãos do Robson deram para ele e coisas que os pais do cara deram para o cara.

E assim eles montaram uma casinha ali, — que não estava tão equipada — tinha o básico, dava pra sobreviver legal e foram morar juntos… Acontece que esse cara, ele estava acostumado com a mãe fazendo tudo pra ele, né? — Em casa. — E ali com o Robson agora, eles dividiam as tarefas. Só que esse cara não fazia nada e o Robson ficava super sobrecarregado e tal das coisas que tinha que fazer em casa e esse cara sempre inventava uma desculpa. E eles foram levando esse relacionamento dessa forma por um ano e meio… Depois de um ano e meio, o Robson falou: “Olha, não dá mais… Pra mim não dá mais, tá complicado, você não faz nada, não ajuda em nada”. E, bom, eles resolveram que eles iam se separar. O Robson resolveu voltar pra casa dos irmãos, só que esse cara resolveu ficar na casa e chamar dois amigos pra morar com ele.

Só que o Robson tinha várias coisas dele na casa, né? E agora, voltando pra casa dos irmãos, ele não ia precisar daquelas coisas. — Geladeira, fogão, essas coisas… — E aí foi combinado que esses dois amigos, — que agora ex do Robson — iam comprar as coisas e eles realmente compraram e pagaram direitinho e deu tudo certo. Então, o Robson saiu de lá desse apartamento e foi seguir a vida dele ali com os irmãos. Um ano se passou, Robson já estava ali seguindo a vida dele, fazendo as coisinhas dele, até que um dia ele recebe uma carta… E essa carta era uma notificação extrajudicial. [efeito sonoro de tensão] — O que dizia nessa notificação? — Que ele estava sendo chamado pra negociar no escritório lá X de advocacia e tal, Pôneis Associados, [risos] que ele estava sendo chamado pra negociar uma dívida de um ano de aluguel. Aí o Robson falou: “Não, isso deve ser engano… Porque quando eu saí lá do apartamento, o meu ex combinou de passar pro nome dele… E mesmo assim, se fosse isso, ele também devia ser citado, porque nós dois estávamos no contrato, nós dois alugamos”.

E aí nisso, o irmão do Robson estava com ele quando ele recebeu essa notificação e falou: “Bom, a primeira coisa que você tem que fazer é levantar a papelada que você tem, né?”. E aí ele pegou as coisas que ele tinha, ele realmente tinha uma cópia do contrato, entregou na mão do irmão pro irmão dar uma olhada… — O irmão não era advogado, nada, mas o irmão queria ver se podia ajudar de alguma forma. — E quando esse irmão começou a ler, ele falou: [efeito sonoro de voz mais fina] “Robson, vem cá… Você falou que vocês tinham alugado os dois, né? Aqui no contrato está como ele o locatário e você o fiador. Você era o fiador do apartamento… Ele alugou e, provavelmente, ele não pagou o aluguel e agora tá caindo isso aí sobre você”. E o Robson ficou em choque, porque o Robson foi assinando as coisas achando que os dois eram ali… E ele não sabe como ele assinou um negócio sendo fiador, assim…

O cara, sei lá, que pegou os papéis, o ex dele e foi dando pra ele assinar e ele assinou achando que os dois estavam alugando, que não precisava de fiador e tal. — Gente… — Na hora ele ligou pro ex [efeito sonoro de chamada telefônica] pra saber direitinho antes de brigar e o ex já veio com uma conversinha que “ah, não tinha conseguido pagar e nã nã nã” e ele falou: “Meu, mas você me botou de fiador”, e aí ele deu outra desculpinha… “Ah, não fui eu, foi a imobiliária e nã nã nã”, enfim… O Robson teve que ir nesse escritório e ouviu lá que os caras queriam receber tudo de uma vez, enfim… Ele falou que não tinha e nã nã nã, foi embora, consultou um advogado e, gente, não tem pra onde correr… O Robson teve que fazer um acordo e começar a pagar esses aluguéis. E aí ele foi atrás dos amigos do ex, — porque os amigos também moravam lá — falou: “Pô, pelo menos eu vou dar uma pressionada nos caras”… E os caras mostraram as transferências que eles faziam pra conta desse ex do Robson. — Então, quer dizer, os caras pagavam… — 

O ex do Robson não colocava a parte dele, né? — Pra entregar pra imobiliária. — Ficava com dois terços do valor do aluguel e ainda os caras achavam que estavam seguros, assim… Tanto que depois desse um ano, quando eles foram despejados, os caras também foram pegos de surpresa. — Olha esse ex do Robson… — O Robson teve que parcelar o valor e pagar, gente, não tinha o que fazer, assim, ele era realmente o fiador daquele imóvel lá, daquele aluguel. E ele até hoje tem dúvida se ele realmente assinou aqueles papéis ou se o ex falsificou, ou se ele assinou e o cara foi enfiando papel no meio ali pra ele assinar, enfim… O golpe foi dado e o Robson caiu. O Robson já pagou a dívida, isso já tem uns anos e ele sempre teve essa dúvida, se ele poderia processar o ex. — Ele não quer processar o ex. — Essa história já passou e ele não quer reviver isso, tendo que encontrar o ex de qualquer forma, mas ele tem a curiosidade de saber se, sei lá, será que ele poderia. 

Na época, dois advogados que ele consultou ali falaram que não, que ele não poderia processar o ex porque ele tinha assinado os papéis de fiador e tal e que eles tinham um relacionamento, enfim… Foi colocando várias coisas lá, vários adendos, dizendo que, assim, ele até podia, porque você pode processar por qualquer coisa, — foi isso que o advogado falou — mas dificilmente você vai ganhar e tal… Mas pela relação também que vocês tinham, o relacionamento que vocês tinham e tal… Então não tem como você provar que você não quis ser o fiador, né? Será, gente? Será que não podia cobrar isso depois do ex? Achei muito injusto, hein?

[trilha]

Assinante 1: Oi, gente, eu sou Aline de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro. Robson, entendo a sua situação, porém, acredito que esse golpe tenha sido configurado quando você assinou esse contrato sem avaliar o que tava assinando. Eu recomendo a todas as pessoas que: quando forem assinar um documento que gere um vínculo jurídico, financeiro ou não, que fiquem pelo menos vinte quatro ou quarenta e oito horas com estes documentos… Se tiver alguma dúvida, procure um advogado ou um amigo que tenha conhecimento jurídico mais avançado… Mas que não assine sem ter certeza de todo o conteúdo que tá nesse contrato. Da mesma forma com que foi um contrato, poderia ter sido uma procuração e teria tirado um prejuízo financeiro até maior, tá? Um abraço, espero que você já tenha se recuperado e que fique aí a lição.

Assinante 2: Olá, Não Inviabilizers, aqui é o Pablo, de São Paulo. Não sou especialista nessa área, mas até onde eu sei, o fiador tem direito de cobrar do afiançado tudo que ele pagou decorrente da dívida. Isso se chama “direito de regresso”, e tá garantido pelo Código Civil. Inclusive, é artigo 831. Só que eu não sei quantos anos faz isso, porque existe uma coisa chamada prescrição e, o prazo que o fiador tem pra cobrar do afiançado, é o mesmo prazo que o locador teria pra cobrar também. Então, se faz muitos anos isso, pode ser que já esteja prescrito. Não sei se esses advogados que orientaram você antes tem outra experiência nessa área, então eles têm um conhecimento que eu não tenho… Mas o meu pitaco jurídico pra você é que você teria sim o direito de regresso, tá?

[trilha]

Déia Freitas: Comentem lá no nosso grupo do Telegram, se tiver algum especialista aí e quiser dar uma palavra pra gente. Tamo junto. Um beijo e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.