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título: filha do meio
data de publicação: 10/11/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #filhadomeio
personagens: cida e suas filhas

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publii… — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje é o Itaú, com dicas de segurança contra golpes e fraudes. — Sim, vamos prestar aí esse serviço… — Hoje em dia qualquer pessoa está sujeita a cair num golpe, ainda mais que a maioria da nossa interação acontece hoje de forma virtual, né? 70% dos golpes podem ser evitados e o Itaú está aqui hoje porque fez uma série de vídeos pra te ensinar a reconhecer os sinais de perigo. Eu vou dar um exemplo aqui… Tem um golpe onde o golpista te liga, [efeito sonoro de toque de celular] — como se fosse uma central do banco ou uma central de cartão de crédito — e pede pra você confirmar os seus dados pessoais e pede a sua senha. Primeiro que, a não ser que seja o seu gerente, uma pessoa do banco que você já conhece ou o retorno de uma ligação que você tenha feito e solicitado atendimento, nenhuma central de banco ou de cartão vai ligar pra você pedindo seus dados assim, do nada. Nunca. — Sério, nunca. —


Esse golpe pode ainda ter o desdobramento de pedirem para você cortar o seu cartão ao meio, e aí eles falam que vão buscar o seu cartão em casa. — Gente… Nenhum banco, nenhum cartão de crédito, nenhuma operadora de cartão vai pedir pra você entregar o seu cartão na sua casa… Não tem nem logística para isso. Imagina quantos cartões de crédito, de banco, milhões, milhões e milhões existem, se eles fossem buscar cada cartão em casa… Então, assim, esse serviço não existe. Eles não vão buscar nada em casa… Nem banco e nem cartão de crédito. Então, é golpe. — Se você atender uma ligação e for esse conteúdo, desliga o telefone. [efeito sonoro de chamada na linha] E cuidado também porque às vezes o golpista te liga e, pra te passar uma credibilidade maior, ele fala “ah, você pode desligar e você mesmo ligar para o seu banco ou cartão”. —Esse golpe acontece de uma telefone fixo. —  


E aí você bota o telefone no gancho e, quando você tira pra ligar pro seu banco pra conferir, você nem percebe que aquele golpista ainda está na linha… Então, muito cuidado a isso também… Quando você receber qualquer tipo de ligação assim, você desliga o telefone e, se tiver que fazer alguma ligação pra conferir se o seu banco ou seu cartão tá te ligando mesmo, não faça daquele telefone fixo que você atendeu o golpista, porque ele pode estar ali segurando a sua linha ainda. Eu vou deixar aqui na descrição do episódio os vídeos que o Itaú fez com as dicas de segurança, lá nesses vídeos eles simulam como são esses golpes, tá muito facinho de entender. São vídeos curtinhos e vale muito a pena ver, gente… Ver, compartilhar, espalhar pras pessoas… — Porque, assim, às vezes as pessoas pensam que só os idosos caem em golpes e, não, a gente cai também… Uma distração que a gente tem, a gente cai no golpe. — Então, assistam aí os vídeos, são curtinhos e bem importantes. —


E hoje eu vou contar para vocês a história da Cida. Então vamos lá, vamos de história. 


[trilha]


A Cida ela se casou com o José e teve três filhas. Quando as filhas estavam ali na adolescência, o José faleceu, a Cida ficou viúva e ele deixou a família numa boa situação financeira, assim, né? Então, assim que ele morreu, foi feito o inventário tudo certinho, cada filha recebeu ali o que que seria de herança do pai, né? E como elas eram menores, isso ficou numa conta delas para que elas pudessem sacar na maioridade e tudo certo. E aí cada filha deu um destino para o dinheiro. Uma filha investiu nos próprios estudos, a outra foi viajar, fez intercâmbio, enfim… — Gastou, assim, conhecendo outros países, estudou também fora, enfim… — E a outra gastou no que ela quis, assim, em balada, roupas caras, maquiagem e tal… Essa que gastou tudo em maquiagem, roupas e tal era a filha do meio e sempre foi a mais apegada a Cida. Então, as duas muito grudadas, muito unidas e a Cida sempre falando para ela: “Não gasta seu dinheiro assim, né? Toma cuidado e nã nã nã”, mas, enfim, gastou… O dinheiro era dela, né? Herança do pai… — Enfim, ela fez o que ela quis com dinheiro. —


E a Cida sempre muito, muito, muito apegada a essa filha do meio, né? Com um bom relacionamento com as outras duas, né? Só que a mais nova tinha sido a que foi estudar fora… — Então sabe assim aquele jovem que já se joga no mundo e tal? E a mais velha também, noiva, casou, deu tudo certo… Então, assim, ficou ali ela e a filha do meio mais assim, bem juntas… E elas duas sempre conversando sobre tudo, mãe e filha, um relacionamento muito bacana, assim, fazendo tudo juntas, né? A filha cuidando da mãe, das coisas da mãe… Tudo, assim, muito bacana mesmo. Até que chegamos a março desse ano, a Cida estava em casa lá fazendo umas coisas — uma tarefa qualquer de casa — quando o celular dela toca [efeito sonoro de celular tocando] e, do outro lado da linha, era o gerente do banco dela. — Que a gente vai chamar aqui de PôneiÚ. E aí o gerente do PôneiÚ disse que estava ligando pra confirmar uma série de saques que havia acontecido ali na conta dela durante a semana, mesmo sendo saques que era pra uma conta que ele sabia da filiação, né? — Que era para conta da filha. — Eram saques altos, a conta dela foi zerada… [efeito sonoro de tensão]


A Cida tinha 123 mil reais na conta. E esse é um dinheiro que vinha desde a época que o marido faleceu, ela aplicou, enfim, né? Ela vivia desses juros… — Com os jurinhos ali desse dinheiro ela pagava uma continha ou outra… Enfim, né? — E aí ele estava ligando porque a conta estava praticamente encerrada, estava zerada… E o gerente estava ligando… — Ele não quis falar que ele detectou uma atividade suspeita porque era filha da Cida, né? Mas mais ou menos isso. — E como era uma conta que às vezes rolavam transferências pequenas de 100, 200, 300 reais pra filha pagar algumas contas da casa… — Eu acho que o gerente ligou pra dar um toque tipo “Se liga, sua filha zerou sua conta. É isso mesmo?”, sabe? — Mas, segundo ele, estava só verificando essa movimentação atípica, já que a Cida era uma cliente antiga e nã nã nã… A Cida falou pra ele assim: “Olha, eu acho que tem um engano… Minha filha não sacou nada da minha conta, né? Eu vou falar com ela e vou aí no banco”. — E, assim, né? Não tinha como ser engano porque o cara estava ligando pra ela e não era uma pessoa aleatória, era um gerente que ela conhecia, que a Cida conhecia. Então, não tinha nem como ser golpe ou alguma coisa assim, né? —


E a Cida, todo começo de mês tirava um extrato, enfim, né? Ela não é muito dessas coisas da tecnologia, então ela ia no banco, tirava um extrato e tal… — Aquela rotina dela. — E aí, quando ela foi falar com a filha, porque a filha supostamente estaria naquele horário trabalhando, né? Então ela mandou uma mensagem para a filha, a filha não respondeu… Quando foi a noite e a filha não chegava, ela foi até o quarto da filha e aí ela reparou que a filha tinha levado o computador — o laptop — e todas as roupas, sapatos… Tipo, deixou o quarto vazio, gente, até a roupa de cama ela levou. E sim, ela tinha ido embora e ela tinha levado as coisas dela e, até aquele ponto, a Cida não tinha certeza, mas ali, depois que ela viu que as roupas não estavam, tinha levado uma poupança da vida da Cida. Porque ali tinha a maioria do dinheiro do marido, mas tinha dela também, né? Que ela economizou e não importa, era o dinheiro da Cida, não era dinheiro das filhas.


E aí essa filha do meio aí ela não respondia mais a mãe, né? A Cida ficou desesperada e avisou as outras duas filhas o que tinha acontecido. E aí a mais nova, que não mora no Brasil, conseguiu falar com essa filha do meio aí, com essa irmã dela e ela falou que ela tinha realmente usado o dinheiro da mãe para investir no próprio futuro, que ela estava com um namorado, que ninguém conhecia esse namorado e que esse namorado fazia uns investimentos, umas aplicações e ela foi morar com ele. E aí essa filha mais nova xingou ela de tudo quanto é nome, gritou… — Enfim, né? — A filha mais velha, por outro lado, foi atrás de saber onde era a casa desse cara e conseguiu encontrar a casa desse cara. Conseguiu encontrar a irmã… E aí, gente, ela deu uma surra na irmã, deu polícia, enfim… — Uma coisa mais, assim, a coisa da violência. Mas ninguém morreu, ninguém ficou muito ferido. —  Mas ela bateu realmente na irmã, mas não adiantou, né? Esse dinheiro já tinha ido embora.


Na cabeça dessa filha do meio, ela sabia que era um investimento arriscado, mas ela achava que ela ia conseguir devolver o dinheiro para a mãe em três meses… Que o namorado dela tinha dito que depois de três meses ela ia recuperar esse dinheiro. — Só que, gente, passou aí os três meses, né? [risos] — Três meses se passaram e o cara realmente deu um golpe nessa filha do meio e sumiu com o dinheiro e botou ela para fora da casa dele ainda, né? — Porque foi ela que quis investir, né? — A Cida não aceitou essa filha de volta em casa, mas não por ela, pela pressão das outras duas filhas que disseram que, se ela aceitasse a menina de volta, as outras duas filhas iam romper com ela. Aí essa filha do meio foi morar com umas amigas, só que a Cida ajuda a bancar… E aí a Cida escreveu pra gente porque as outras duas filhas não… Nem desconfiam que ela que ela banca essa filha do meio e ela tinha dado um cartão e colocado… — Sabe quando você consegue ajustar o limite do cartão no aplicativo? Ela tinha conseguido aprender isso, a Cida… — 


Tinha colocado um limite de 300 reais pra filha, que é a ajuda que ela dá para a filha… — Porque a filha trabalha também, né? Pra a filha comer e tal… — E essa filha, a Cida não sabe explicar como, mas a menina com certeza entende mais de tecnologia que a Cida, conseguiu acesso nesse aplicativo e colocou limite máximo lá… E gastou, tipo, 3.800 no cartão da Cida, que agora a Cida vai ter que parcelar pra pagar e ela também não contou isso para as filhas. Então, a Cida, assim, é filha e tal, não tem nem o que a gente dizer aqui, mas a Cida está muito, muito, muito mais decepcionada agora do que com 123 mil, assim… — Porque ela deu uma segunda chance para a filha, né? — Ela meio que rompeu de vez com a filha, mas a filha fica mandando mensagem, sempre pedindo dinheiro, né? E a Cida disse que ela não está envolvida com drogas, nada, que ela gosta de ter um padrão de vida que não que não é deles, assim. Por exemplo, a Cida falou que ela tem uma bolsa lá que uma das filhas falou pra ela que custa 15 mil reais. Então, ela gosta de pagar de rica, saca? E aí pra isso ela está fazendo isso com a Cida. 


Eu acho que a Cida tem que parar de passar a mão na cabeça dessa filha, mas como eu não sou mãe, eu fico meio assim de falar “faz isso, faz aquilo”. Mas também acho que ela tem que abrir o jogo para as outras duas filhas… Até porque eu acho que a Cida precisa sim de alguém falando “olha, não faz”, porque escondido ela faz, né? E as filhas meio que sabiam que já ia dar nisso… Tanto que deu, né? Agora a Cida está sem as economias de uma vida toda e sem crédito na praça, porque sujou o nome dela, agora ela tem que parcelar para conseguir pagar e limpar o nome, né? Então ela escreveu pra gente, porque ela queria conselhos de como lidar com essa filha… Que ela sabe que a filha só procura ela quando precisa de dinheiro, mas antes, sei lá, um tempo atrás, não era assim… Elas eram parceiras e tal, mas a filha mais velha acabou falando pra Cida que essa filha do meio sempre foi assim, é que a Cida nunca foi de olhar as contas direitinho, mas que ela sempre deu pequenos golpes dentro de casa.


E essa mais velha, principalmente, acha a filha do meio, a irmã dela, mau caráter real assim, cortou o contato da vida… Inclusive, não deixa nem os próprios filhos, que são os netos da Cida e sobrinhos dessa daí, chegar perto dessa moça aí. A família está mesmo rompida. Então, a Cida queria conselhos… Eu acho que a primeira coisa é terapia, né, Cida? Pra você se entender melhor e entender melhor a sua relação com essa filha, e com as outras duas também, enfim… Eu fico meio sem jeito de dar conselho assim, porque filho é filho…  


[trilha]


Assinante 1: Oi, meu nome é Silvana, eu falo aqui de São Paulo. Poxa, Cida, eu vou te falar um depoimento como se eu fosse a filha mais velha, porque eu passo pela mesma situação aqui com a minha mãe. A minha irmã do meio não está envolvida aí com golpes financeiros, mas ela dá muito trabalho para os meus pais. A minha irmã mora com eles, acabou de ter o segundo filho, não trabalha, não ajuda em nada com as coisas da casa, com as tarefas e vive aí numa situação de encosto mesmo nos meus pais, que já são dois idosos, né? Então, eu posso falar aqui como a filha mais velha que está passando aí na sua história, sabe? Se você não der um basta nisso, as suas outras duas filhas vão se sentir preteridas, eu acho que você tem que pensar numa situação de que você também tem outras duas filhas e como as outras duas se sentem nessa situação. Eu já pensei diversas vezes em romper com a minha mãe, com meus pais, por conta da minha irmã do meio. Eu sou mãe, eu tenho dois filhos, não sei o que vai ser porque os meus ainda são pequenos… Não sei o que vai ser no futuro, mas sei que o que eu passo com meus pais, com relação a minha irmã no meio, não é uma coisa agradável. Eu trato isso em terapia também e o meu conselho é que você dê um basta, dê um basta… Porque não é justo com as outras duas filhas. Sinta-se acolhida, não é fácil, mas espero que você encontre aí o seu caminho. Um beijo.

Assinante 2: Oi, Não Inviabilizers, aqui é Jaque de São Paulo. E, Cida, sinto muito por tudo o que aconteceu com você. Não imagino o tamanho da decepção que você está sentindo, mas é hora de parar, né? Ela precisa entender que você não é o caixa eletrônico dela e ela não está com tantas coisas pra resolver? Não está pedindo tanto dinheiro e ela não tem coisas caras que ela comprou? Que ela venda essas coisas. Uma bolsa de, sei lá, 15 mil? Vende e resolve os problemas dela. Ela precisa aprender isso, urgente. Você não vai estar sempre aí pra poder ajudá-la. Então, ela precisa aprender a arcar com as consequências das coisas que ela faz, das escolhas dela. E eu estou com a irmã mais velha, teria feito a mesma coisa… Mas é isso, espero que você fique bem e que dê tudo certo. Estou na torcida aqui por você, viu? Um beijo.

[trilha]

Déia Freitas: Por favor, gente, assiste aos vídeos pra saber aí os golpes e fraudes que estão rolando hoje em dia. O Itaú quer você seguro de todos os lados. Vem para o movimento Juntos Nós Protegemos em Dobro. Itaú e você contra golpes e fraudes. — A gente precisa ficar esperto, gente, sério. — Um beijo e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.