Skip to main content

título: galinho do tempo
data de publicação: 26/01/2023
quadro: luz acesa
hashtag: #galinho
personagens: elizabete e elton

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Shhhh… Luz Acesa, história de dar medo. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. E cheguei pra mais um Luz Acesa. E hoje eu vou contar pra vocês a história da Elizabete. Então vamos lá, vamos de história.


[trilha]


A Elizabete trabalhando aí numa grande empresa fez ali dentro boas amizades. Então, eles faziam um revezamento de carona, eles faziam churrasco ali uma vez por mês. Era uma turmona boa, que englobava ali uns dois, três departamentos. E nesses departamentos tinha uma pessoa específica que se dava muito, muito bem com Elizabete. O nome dele: Elton. E o Elton casado… — Eles não tinham nada, assim, não tinha nenhum clima entre eles, eles eram amigos assim. É uma coisa bacana. Amizade, amizade… — E aí eles estavam sempre juntos, rindo e conversando, enfim, e falando de várias coisas. E um dia eles estavam conversando sobre infância — sobre coisinhas aí do passado — e Elizabeth falou: [efeito de voz fina] “Poxa, na época que eu estava na escola, eu lembro que de manhã eu gostava de olhar um galinho do tempo”. — Gente, eu amo galinho do tempo… Eu acho que nem vende mais, né? Se eu achasse, até comprava um… Porque ele vai mudando de cor conforme está frio ou calor, enfim. —


E ela falou isso para o Elton, falou: “Olha, eu gostava muito de ver antes de ir para a escola como que estava o clima, mesmo sabendo que estava frio ou calor, eu gostava de olhar o galinho do tempo e tal” e conversaram sobre isso aí, sobre esse galinho do tempo. Um tempo passou, eles sempre juntos, teve um churrasco, todo mundo foi, a esposa do Elton também — que a gente pode chamar de Márcia também — foi, super legal… E acabou o churrasco, cada um foi para a sua casa, trabalharam ali a semana toda e, no sábado, o Elton falou assim pra Elizabete: “Meu, eu tenho uma surpresa para você. Eu ia te falar lá no churrasco, mas aí também tinha um monte de gente. No sábado eu vou passar na sua casa, vou deixar um negócio na sua casa”.

E aí a Elizabete que, diferente de mim, ama surpresa, falou: “Pô, o que será, né?”— . Assim, não pensando em nada, gente, nada, nada, nada. — Trabalharam a semana toda, o Elton na sexta feira na hora de sair ainda falou pra a Elizabete que no sábado ia passar lá pra deixar uma surpresa para ela… Ela foi embora pra casa, chegou no sábado, sábado passou, ela meio que esqueceu e Elton também não apareceu. Domingo de manhã ela até lembrou, falou: “Nossa, Elton falou que vinha aqui ontem e não veio e tal, né?”. E também passou domingo… Segunda ela já ia ver o Elton e ia falar: “Pô, você falou que ia passar na minha casa e não passou, hein?”. Ela tinha uma rotina, assim, de passar creme na mão e nos cotovelos antes de deitar, assim, ali sentada na cama. E ela estava passando creme… Quando, na frente dela, se materializou o Elton. O Elton tava com as roupas muito rasgadas, principalmente do lado direito do corpo, muito ensanguentado… Só que não condizia a aparência dele com o jeito que ele estava, porque ele falava assim pra Elizabete: “Beth, você precisa pegar sua surpresa, tá no meu carro, não esquece… Pega a sua surpresa, tá no meu carro. Vem pegar sua surpresa”. 


E a Beth sem entender o que ela estava vendo… Porque, assim, ela estava sentada na cama dela, não tinha dormido ainda e a luz estava acesa… E o Elton estava dentro da casa dela, à noite, todo ensanguentado, de roupa rasgada, falando com ela. E aí ela já deu um grito com a mãe dela, a mãe dela que já estava dormindo, acordou e veio correndo. Falou: “O que foi, menina?”. Ela falou: “Mãe, pelo amor de Deus, eu vi o Elton aqui dentro e tal”. Aí a mãe dela falou: “Ah, você deve ter sonhado”, ela falou: “Mãe, eu tava sentada com o creme na mão” e falou: “Bom, será?”. E aí foi dormir angustiada, não conseguia dormir… No outro dia cedo foi trabalhar. Chegando no trabalho, o Elton não apareceu. E aí Elizabete ficou preocupada. E aí, conversando ali com a galera, ele não tinha dado satisfação nenhuma… Ele tinha marcado também com outro cara lá da firma, que depois de passar na Beth, ele ia passar no cara, não passou, não avisou… E aí resolveram ir na casa do Elton. 


Chegaram na casa do Elton, a casa totalmente fechada… Eles não tinham nenhum bicho, cachorro, gato, nada, não tinha não tinha como acessar a casa, nada… Bateram, bateram, a vizinha falou: “Olha, eles saíram no sábado e acho que eles viajaram, porque eles não voltaram”. Aquele clima ruim, ninguém sabia deles… Aí pelo RH, acharam lá um telefone de contato de emergência do Elton, que era de um irmão dele, e aí pelo irmão dele descobriram que a família só deu falta do Elton e da Márcia no domingo, porque eles tinham também combinado um negócio, eles não apareceram, mas também ficou naquelas “ah, sei lá, de repente deu preguiça e ninguém veio”, era uma época ainda que a gente não tinha celular, essas coisas, né? E aí o irmão tinha passado lá também… Logo depois deles, tinha passado lá também, não tinha achado, tava todo mundo procurando. E aí o irmão tinha ido na delegacia e, na delegacia, ficaram sabendo que tinha rolado um acidente no sábado e que esse carro tinha rolado… Um carro tinha rolado a ribanceira e que só foi encontrado no domingo, quando as pessoas iam fazer uma trilha pra chegar numa prainha lá… O carro rolou, assim, tipo ladeira abaixo… E aí no carro estava o Elton e a Márcia. [efeito sonoro de tensão]


Eles morreram na hora. Morreram no sábado e foram encontrados no domingo. E aí, até então, ninguém tinha nenhum… Ninguém da família tinha sido notificado, não sabiam pra quem notificar, né? E aí o irmão que foi contactado pela firma, tinha acabado de saber e aí contaram lá na firma, né? E aí, nossa… Foi uma coisa horrível pra todo mundo na firma. Foi muito triste o velório dos dois, velórios junto… Foram enterrados juntos… Enfim, um clima horrível. E aí, passada ali um mês, teve missa de sétimo dia, depois teve missa de um mês… Na missa de um mês a Elizabete resolveu conversar ali com os parentes tal e perguntar se nos pertences do Elton alguém tinha achado um galinho do tempo… E no carro eles tinham achado o galinho do tempo e estava embrulhado num pacotinho e tal, junto ali com as coisas que estavam no carro e foi devolvido pra eles esse pacotinho do galinho do tempo. E aí a Márcia contou essa história e o irmão do Elton depois mandou pra ela o galinho do tempo que era dela. 


É uma história muito triste, né? Uma historia de saudade da Elizabete, desse amigo que era muito amigo dela, o Elton… E foi a única vez que ela viu alguma coisa ligada ao sobrenatural assim, e foi o Elton… E ainda assim ela não conseguia ligar tipo: “Será que ele está morto e sofreu um acidente?”, na hora ela não conseguiu pensar em nada disso, assim, não vinha essas coisas na cabeça dela, né? Márcia não se manifestou, pelo menos não para ela, né? Mas o Elton sim. Que louco isso, né? Ele, sei lá, podia se manifestar para alguém da família, avisar onde estava o carro na ribanceira, né? Mas não, a preocupação dele era o galinho do tempo ali com a Elizabete… — Doideira, né? —


[trilha]

Assinante 1: Oi, Não Inviabilizers, tudo bem? Aqui é Giulia de São Paulo. E, nossa, que amizade, né? Uma coisa triste é que ele pareceu… Ele ficou mais confuso do que você, na verdade, né? Porque nessa aparição ele provavelmente não deve ter entendido a sua reação e nem a própria condição dele. E o que mais importava realmente era o que ele estava carregando nesses últimos minutos, provavelmente, era a expectativa de te entregar o presente. Você falou que ele faleceu no sábado e ele ia encontrar você no sábado, então provavelmente os últimos pensamentos dele estavam direcionados a você e espero que, de alguma forma, o galinho faça você se conectar com ele. Te desejo tudo de bom. Um beijo. 

Assinante 2: Oi, gente, sou Rayane aqui de São Paulo. E, Elizabete, que história, meu Deus… Fiquei tocada. Luz acesa é um quadro assim que eu gosto bastante da Déia, porque ele não me assusta… Algumas histórias me impressionam, mas ele não me assusta. E essa sua história do galinho do tempo eu achei muito tocante, porque o Helton poderia realmente ter se comunicado com qualquer pessoa da família dele, mas não, ele pensou em você e ele foi até você, espiritualmente falando, para te falar que ele estava com o seu presente. E espero que ele receba até hoje muita luz nessa caminhada dele pelo outro plano. Um beijo pra tu, Elizabete. 

[trilha]

Déia Freitas: Bom, você pode estar se perguntando como a Elizabete foi lá perguntar do galinho… A Elizabete, depois que ela teve a visão do Elton, ela começou a ter sonhos com ele e com ele falando desse galinho. E aí, depois de vários sonhos ela não viu mais o Elton lá na casa dela, nada, mas ela teve vários sonhos aí falando desse galinho, pra ela procurar esse galinho… E aí ela foi até a missa e perguntou ali pra família do Elton sobre o galinho e o galinho está com ela até hoje. Essa é a história da Elizabete, comentem lá no nosso grupo do Telegram. Sejam gentis… Um beijo e eu volto em breve.

[vinheta] Luz Acesa é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.