título: gerente
data de publicação: 20/11/2020
quadro: picolé de limão
hashtag: #gerente
personagens: cláudia e júnior
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Bom dia. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. Hoje eu vou contar pra vocês a história da Cláudia e do Júnior, quem me escreve é a Cláudia.
[trilha]A Cláudia conheceu o Júnior na empresa, eles trabalham numa empresa muito, muito grande, e num desses simpósios aí, dessas palestras internas, só pra gente da empresa eles se conheceram. Eles são engenheiros, e aí ela é da mesma área que ele, mas de uma equipe numa fábrica e ele numa equipe em outra fábrica, e por causa disso nunca teve problema nenhum de eles namorarem na empresa, inclusive eles avisaram o RH porque os dois tem cargo de chefia, né? Então eles avisaram ao RH, tudo tranquilo, namoro belezinha, tudo lindo, maravilhoso. Aí eles casaram, Júnior pediu Cláudia em casamento, eles casaram, tiveram o primeiro filho, tiveram o segundo filho e os dois trabalhando… Quando chegou no segundo filho, o Júnior começou a falar pra Cláudia se ela não queria só ficar em casa e, óbvio, que ela não queria só ficar em casa, do mesmo jeito que ele como engenheiro e um excelente profissional, ela também.
Então os dois estavam crescendo bem na empresa não tinha porque ela sair, ela tinha a ajuda necessária pra cuidar das crianças. — Quer dizer, os dois tinham, porque não é só a função dela, era a função dele também, por que que ele não saiu, né? Que ele então: “Ah, tem que dedicar 100% as crianças”, ele podia sair também e dedicar 100% as crianças, mas então, ajuda para os dois… — Eles tinham escolinha meio período e tinham a mãe da Cláudia que cuidava das crianças de manhã, e assim a coisa foi caminhando até que a empresa deles resolveu juntar as duas fábricas num projeto muito, muito grande e que eles iam trabalhar juntos, mas neste projeto só, depois voltava cada um pra sua área lá, pra sua empresa. E, nesse projeto grande, tinha um diretor e tinha dois coordenadores, a Cláudia e o Júnior. — Então, assim, eu acho complicado trabalhar com parceiro ou parceira amorosa assim porque sei lá, mas era o que tinha, né? E era isso.
Aí o que acontece? A Cláudia quando ela chegava, ela tinha ainda que fazer as coisas das crianças porque o Júnior não ajudava muito, então ela fazia tudo que ela tinha que fazer e depois que as crianças estavam dormindo ela ia para o computador e ali para a mesa do escritório da casa dela pra rascunhar as ideias que ela tinha, pra levar para esse diretor, que assim, era projeto grande e que eles ainda estavam estruturando para apresentar para o cliente da empresa, que era também uma empresa muito, muito grande, vai, tipo… — Não é a Petrobras — Mas tipo a Petrobras. E aí ela fez por dois meses um projeto assim fantástico, um negócio que ela fez sozinha e deixou lá no computador, quando ela marcou de apresentar isso para o diretor… Assim, ela deixava as coisas ali no computador, ela e o Júnior conversavam sobre o projeto, mas cada um tinha suas ideias, então eles combinaram de cada um apresentar a sua sem influenciar o outro. — Gente, pensa, o seu marido, você com dois filhos do cara — quando ela foi apresentar o projeto o diretor falou: “Olha antes de você apresentar o seu, eu vou te mandar o projeto do Júnior por e-mail pra você dar uma olhada, porque se for na mesma linha a gente já adianta alguma coisa porque eu gostei do que ele fez, eu acho que vai ser isso — Quer dizer, o cara que é o diretor, que é homem também, viu o projeto do Júnior e já nem queria ver o projeto dela.
Quando ela recebeu o projeto do Júnior… — Gente.. — O projeto do Júnior era o projeto dela. — E não é que assim, que ele copiou umas partes, tipo, pega o trabalho da escola e copia, mas faz diferente, não… — Ele copiou do computador dela e entregou, tirou o nome dela — Tirou o nome dela… — e colocou o nome dele, tipo, até o coloridinho do projeto. — Gente, ele fez isso — Aí a coisa ficou feia, porque a Cláudia ficou muito puta, ligou pra ele na hora. — Porque eles tinham um horário assim meio, às vezes um estava em casa e outro estava na empresa, sabe? — e exigiu explicações, e sabe o quê que ele falou? Falou: “Olha, Cláudia, eu acho que já deu de você trabalhar, eu acho que as crianças precisam de você em casa e eu achei que o seu projeto estava bom e resolvi apresentar como nosso, mas eu tirei o seu nome”. — Quer dizer “nosso”, que só você fez, mas eu tirei o seu nome — porque eu acho que já tá na hora de você ficar em casa. — Gente?
A Cláudia ficou tão possessa, mas tão possessa que o quê que ela fez? Ela desligou, respirou e resolveu ligar pra ele de novo e gravar, e ela gravou a conversa e ele falando que realmente fez isso, porque queria que ela ficasse em casa, que ela não trabalhasse mais e ela falando: “Mas você pegou meu projeto inteiro Júnior e entregou como se fosse seu, você nem tinha lido meu projeto, você nem participou de nada”, e assim, ela gravou tudo e o quê que ela fez? Entregou na mão do diretor. — A Cláudia, [risos] eu achei ótimo… — Quando ela fez, ela pensou que o resultado seria: os créditos do projeto viriam pra ela, né? Porque o projeto era dela, o resultado foi: os créditos do projeto vieram pra ela, ela virou gerente geral das duas áreas, só que o Júnior foi demitido por justa causa. — Meio em choque, né? Ela também ficou em choque — porque ela não esperou que fosse chegar nesse ponto e chegou.
Então o Júnior, que fez essa sacanagem com ela, já tinha feito outras pequenas sacanagens durante o projeto, porque quando estava cada um numa fábrica, não tinha como ele sacanear ela, mas nesse projeto tudo que ele podia fazer pra sacanear, ele sacaneava porque ele queria ela em casa. E aí agora ele estava mais puto do que ela estava. — Ela não fez nada errado na minha opinião, ela foi lá corrigir uma injustiça — Só que aí a família toda caiu matando em cima dela, a família dele também, uma brigaiada, resultado: separação. Eles separaram, o Júnior foi escrotíssimo, queria a guarda das crianças, não conseguiu. Isso tem três anos, quando foi outubro do ano passado, o Júnior resolveu procurar a nossa amiga Cláudia novamente. E aí, o que vocês acham que ele queria? O bonito queria dinheiro emprestado, alegando que tinha sido mandado embora por justa causa e não tinha recebido nada e o fundo de garantia dele tinha ficado retido, só que a Cláudia ela tinha conseguido por meio do diretor dela tirar a justa causa da rescisão dele e ele não sabia que ela intercedeu.
E ela confirmou no RH, ele não foi mandado embora por justa causa, então ele recebeu uma bolada, que inclusive parte dessa bolada tinha que entrar parece que no divórcio — Não sei como funciona isso. — e ela se fez de boba assim, porque ela estava sentindo meio culpada também. Aí ele veio pedir dinheiro emprestado pra ela, alegando que agora ela era a gerente geral lá da equipe, que não sei o quê, e ela disse que não, que não ia emprestar e que ele tinha família, ele que se virasse, que ela já tinha até combinado um valor baixo lá de pensão e, que se ele não conseguisse pagar, ela não ia colocar ele na justiça, enfim… Aí chegamos agora à quarentena, e mês passado ele chamou ela do nada e falou: “Olha, eu tô começando aqui a passar necessidade”. — Só que, gente, o cara ele era um alto executivo, ele ganhou muito dinheiro, não tinha como ele ter usado tudo, não tem como — e ele começou a mandar mensagem que ele estava passando necessidade, que não estava dando certo mais o apartamento que ele alugou… — Só que ele tem um irmão que mora sozinho, ele pode ir morar com o irmão, né? E que como ela não tinha emprestado o dinheiro pra ele, que ele tá a ponto de ser despejado e agora o bonito quer que ela aceite ele de volta apenas pra morar na casa até passar a pandemia e ele se recolocar e enfim. —
Eu acho que isso é um papinho pra ele voltar, que a hora que ele estiver dentro de casa, ele não vai querer sair mais, vai querer reatar. A Cláudia antes não via isso como uma possibilidade, mas agora de tanto ele falar que tá passando necessidade, ela tá começando a ficar com dó, eu não tenho dó, me desculpa, não tenho dó, e acho que se ela aceitar ele de volta em casa vai ser uma cagada, não tem outra palavra, então… Eu não aceitaria. Ela acha que pelos filhos, que talvez ela deva isso, por tudo que foi feito, mas ela não fez nada de errado, né? Acabou em demissão porque a empresa resolveu demitir, mas o projeto era dela, inteiro dela, não tinha um dedo dele no projeto. Então eu acho que ela não tem que se sentir culpada por causa disso, né? Minha opinião.
Em relação às crianças, as crianças ficavam com ele antes da quarentena, agora só por vídeo em assim, ele já trabalhava muito, ele ficava pouco com as crianças, então ela acha que as crianças não estão sentindo tanto, mas que ele dentro de casa o tempo todo vai ser melhor para as crianças. Só que tem um detalhe: a empresa dela não voltou, está em home office, então ele dentro de casa, ela dentro de casa trabalhando com coisas importantes da empresa com um cara que já roubou um projeto dela, você confiaria? Eu não confiaria. Então… Aí ele tem família, tem irmão, ele não vai pra rua, se fosse o caso da pessoa ir pra rua a gente até podia pensar, mas não vai pra rua. Então eu, na minha opinião é: não, não dá essa brecha.
Agora, não sei, ela tá na dúvida, o quê que vocês acham? Então deixem aí seus recados para Cláudia. E eu quero mandar um beijo enorme, enorme, enorme aqui, pra Beth e pro Dourado que são os moderadores do nosso grupo lá do Telegram, então se você não tá ainda no Telegram joga lá na busca “Não Inviabilize” e entre no nosso grupo, que se não fosse pelos dois não teria mais grupo, porque eu quase não tenho tempo, e… É muito gostoso entrar lá e ver que tá todo mundo conversando sobre as histórias, é muito bom, eles mantêm o grupo de um jeito impecável, então um beijo Dourado, um beijo Beth e amanhã eu tô aí de volta, beijinho.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]