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título: gorda
data de publicação: 23/03/2023
quadro: amor nas redes
hashtag: #gorda
personagens: paula

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Amor nas Redes, sua história é contada aqui. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais uma história do quadro Amor nas Redes. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii. — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje é Monange. Nesse mês de março, Monange incentiva as mulheres a traçarem aí um caminho de autocuidado e aceitação dos seus verdadeiros corpos, entendendo que o cuidado e o carinho consigo mesmas se manifesta de forma diferente para cada mulher. Monange te oferece uma dose a mais de autocuidado com o hidratante Monange Detox, que é revigorante, energizante e refrescante por conta aí da combinação de ingredientes naturais como capim limão e gengibre. Monange Detox possui ainda uma exclusiva tecnologia antipoluição, que reduz o acúmulo de poluentes do ar na sua pele em 99,6% e previne dos radicais livres e do envelhecimento precoce. 

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Hoje eu vou contar para vocês essa virada da chave da Paula. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

A Paula sempre foi uma criança muito magrinha, mas quando ela fez ali os seus seis aninhos, a Paula começou a engordar. — E aí, assim, gente, anos 80, 90 que é minha época de criança, anos 80… Se você era uma criança fora de padrão, então gorda ou muito magra, você era zoado, você sofria bullying, assim, todos os dias. Eu, na época, tinha uma melhor amiga e essa minha melhor amiga era gorda, então ela era gorda e eu era muito magra, mas muito magra mesmo, assim, uma coisa bem magra… E aí a gente era chamada, por causa dos Trapalhões, a gente era chamada de Reco Reco e Bolão, que nos Trapalhões era Reco Reco, Balão e Azeitona. E eu era o Reco Reco, obviamente, e ela era o Bolão. Então, por muito tempo a gente foi xingada na escola e, assim, e ela era por ser gorda, muito mais xingada que eu e eu tentava proteger, enfim, né? Era minha melhor amiga, mas era muito sofrimento, assim, a escola não tinha nenhuma regra, nenhum controle contra bullying. —


E a Paula passava também por tudo isso na escola, por todos esses apelidos, esses xingamentos… Então ela foi crescendo no ambiente escolar assim, sendo muito ridicularizada por conta de seu peso. Tanto que quando a Paula chegou ali na adolescência, com seus 13 anos, ela resolveu fazer a sua primeira dieta. — Gente… Com 13 anos. — Era muito sofrido, porque, gente, adolescente come pra caramba, criança gosta de comer, né? E ela chorava muito, porque chegava até no final de semana e ela não podia tomar nem um sorvete, assim… Quando você faz uma dieta, você é adolescente, além de você ser privado da comida, você é privado do ambiente social também, né? Porque seus amigos vão sair pra comer e, se você não come, primeiro todo mundo vai falar: “Alá, gorda de dieta, não vai comer” e se você come, você quebra sua dieta, então você acaba não indo, não frequentando mais os espaços que você devia estar frequentando.


E aí, nessa fase da adolescência, a Paula começou a escutar aquelas clássicas frases: “Ah, seu rosto é tão lindo, por que você não emagrece?”, “olha, cuidado com a sua saúde, hein?” ou assim: “Nossa, ninguém vai querer namorar com você, você precisa emagrecer”. E aí a Paula morava numa cidade do interior, assim, boa parte da adolescência dela ela morou nessa cidade e estava na época que todas as amigas dela ficavam com alguém e ninguém queria ficar com a Paula. E aí ela focou ali o tempo dela… Ela gostava muito de dançar, então ela fazia aula de balé, de jazz… Mesmo sendo gorda ela ultrapassou essa barreira e foi fazer o que ela gostava, que era a dança, mas ainda assim ela estava fora do padrão, até das outras bailarinas e tal, ela não tinha o biotipo do que, entre aspas, se espera na dança, mas ainda assim ela passou dez anos aí — entre a adolescência e começo de fase adulta — dançando. 


Mas era só isso, era isso… Não tinha um namorado, não conseguia estar inserida em todos os grupos e assim a Paula foi levando a vida. Ainda pra complicar tudo, era uma época — ali anos 90 — que roupa pra gente gorda era roupa de senhora, não tinha moda plus size… — Gente, não tinha nada, tinha nada… — E aí a mãe da Paula que costurava as roupas pra ela. Então, assim, tinha a questão também: “ah, tá todo mundo com aquela roupinha da moda e, se não fosse uma coisa que a mãe da Paula conseguisse costurar, ela estava fora da moda” e ainda tinha a questão da Paula ter uma irmã magra, então rolava comparação praticamente todo dia: [efeito de voz grossa] “Poxa, mas você é gorda, sua irmã é magra, o que aconteceu, né?”.


E aí, com isso, a Paula fazia de tudo para se esconder, para passar desapercebida, sabe? Dos lugares. E ela tinha o cabelo volumoso, enfim, e ela alisava o cabelo para parecer ainda mais discreta. Usava só roupa preta, porque afinal — como dizem até hoje — “o preto emagrece, né?”. E, quando ela conseguia estar inserida num grupo, ela fazia questão de ser engraçada… A pessoa gente boa, a mais agradável de todas pra poder estar naquela turma, né? Era como se fosse um favor tê-la naquela turma, então ela fazia de tudo para ser uma pessoa agradável. E o que era mais louco na cabeça da Paula é que ela se olhava no espelho e ela se sentia bem gorda. Não era uma questão para ela. Só que todo o exterior, todas as pessoas, todos os lugares faziam questão de dizer que ela não estava ok, que ela não estava adequada para o ambiente ou para as pessoas.


Então ela tinha muito esse conflito, tipo: “Eu estou bem, eu me sinto bem, eu gosto do meu corpo, eu gosto de mim assim”, mas ninguém aceitava. Então a Paula começou a mudar, pra caber nas coisas, nos lugares, no espaço que as pessoas cediam pra ela, né? E isso foi moldando a personalidade da Paula, a ponto dela achar que ela tinha que ser perfeita em tudo, afinal de contas, ela já era gorda… — Ela já tinha um defeito, entre aspas, que a sociedade achava aí uma coisa horrível. Então, em todo o restante, Paula tinha que ser perfeita… — Até que um dia, Paula foi convidada para ir à praia… Paula morava no interior e ela foi convidada aí para ir até a praia. — E aí, gente, começou uma nova saga… —

Como encontrar um maiô onde Paula ficaria menos gorda e não chamasse atenção das pessoas? — Porque tinha isso… Você tinha que escolher uma roupa de praia que as pessoas não ficassem reparando em você na praia. Afinal, você é gorda… Apesar do mar ser infinito, praticamente, e areia ter quilômetros, você gorda não cabe naquele espaço. — E aí ela foi e levou vários maiôs, né? Porque assim: “meu Deus do céu, qual que vai ficar, ai meu Deus, mais discreto em mim, né?”. E aí, depois de muito conflito, muita coisa, Paula foi lá, vestiu seu maiô e foi pra praia. — Já tensa… — Quando ela chegou na praia, ela notou que na praia que ela estava tinha muita mulher e tinha muita mulher, assim, gorda ou nem tão gorda quanto ela, ou mais gorda que ela, de biquíni… Ué, não estava ninguém tentando se esconder… O pessoal estava lá na praia tomando sol.


Ah, tinha o pessoal padrão? Tinha, mas também tinha gente com corpo parecido com ela e tava de biquíni. E a Paula ali naquele maiô, falou: “Ué, acho que eu quero um biquíni”. E aí Paula deu um jeito ali na praia, depois daquele primeiro dia, de achar uma loja e comprar um biquíni… O primeiro biquíni da vida de Paula. E aí a Paula se encheu de coragem, botou seu biquíni e foi para a praia. — E, gente, que delícia… — Fresquinha… Paula tomou sol da barriga descascar. [risos] — Ê, Paula… [´risos] — Mesmo com protetor, Paula tomou sol até a barriga dela descascar, ficou no sol, foi na água, felizona de biquíni… E depois outras vezes voltou novamente à praia, e aí não levou um biquíni, levou três logo, sabe? E aí, esse foi o click na vida da Paula, esse biquíni… Tipo: “Mano, é meu corpo… Tem outras pessoas com corpos como o meu que também estão aqui na praia de biquíni, então eu vou usar biquíni sim. E quem não quiser me ver de biquíni, que olhe para o outro lado, a praia é enorme”. 


Mais ou menos nessa mesma época, Paula começou a fazer terapia e passou a entender ainda mais sobre essa questão da opinião dos outros e que por que a opinião dos outros estava movendo a Paula, sendo que, poxa, ela estava saudável sim, gorda com os exames ok e saudável, ela estava se sentindo bem com o corpo dela, então pra que que ela estava tentando emagrecer, né? Só que pra chegar nessa aceitação maior, assim, e não só do seu próprio corpo, mas o seu lugar na sociedade, foi aí muita terapia… E depois de realmente fazer muita dieta, tomar remédio pra emagrecer, se esconder aí atrás daquele maiô e tal, e também de outras roupas, tipo, para ser mais discreta, então você não põe uma regata para não mostrar o seu braço, mas aí você morre de calor… Então ela foi se aceitando, assim, ela já se aceitava para ela, mas você não quer olhar para o meu braço de regata? Você olha para o outro lado. 


Hoje Paula veste o que ela quer e também come o que ela quer, não tem vergonha de comer em restaurantes, essas coisas… Recebe olhares tortos até hoje? Recebe sim, mas aí é a pessoa que vai ter que lidar em aceitar ou não, problema da pessoa, porque aquele espaço está ocupado assim por uma mulher gorda. Hoje a Paula tem uma filhinha de sete anos e, durante a pandemia, a filhinha de Paula engordou também e começou a ouvir as mesmas coisas que a Paula ouvia lá atrás nos anos 80. Só que hoje é outra época, né, gente? Então a Paula já tem como conversar com a filha dela e abordar isso de outro jeito e cobrar posicionamento da escola e tal… Mas é uma luta diária, enfim, né? E de fortalecer também a filhinha dela nessa questão. 


Eu queria encerrar essa história contando uma pequena história sobre minha prima Janaína. [risos] Minha prima Janaína sempre foi gorda e, na escola, ela sofria muito bullying e aqui na nossa rua — que a gente mora na mesma casa há uns 40 e tantos anos — ela também sofria bullying. E a gente tinha um vizinho — que eu não vou dar o nome dele aqui, mas até hoje a gente odeia ele. [risos] São 40 anos de ódio, ó, que lindo… — e ele chamava ela de gorda, assim, muito, muito, muito mesmo. E aí a Janaína foi nutrindo um ódio por esse garoto que sempre chamava ela de gorda e sempre xingava ela e tal. E a nossa vizinha da frente fez um aniversário e chamou todas as crianças da rua… Janaína tinha seis ou sete anos na época, eu acho… — Eu acho que era isso, porque eu tinha oito… É, ela tinha seis anos. — Janaína, com seis anos, arquitetou uma vingança. 


Esse menino ele tinha uma hérnia [risos] perto da virilha… Tinha um problema de hérnia, era isso e todo mundo sabia que você não pode, sei lá, tacar uma bola nele por causa dá hérnia, né? Janaína arquitetou a sua vingança aos seis anos de idade. O que Janaína fez? Minha prima… [risos] Enquanto todo mundo cantava parabéns, esse menino que era mais atentado ele tava meio fora, meio fora do parabéns, né? Meio perto da garagem. Janaína viu a oportunidade que ela precisava para se vingar. Janaína com seis aninhos foi lá e deu um murro na hérnia do menino. [risos] Esse menino caiu no chão gritando de dor. Janaína, com seis anos — sem nenhum adulto presente — atravessou a rua, chamou aqui a mãe dela, a mãe dela abriu o portão enquanto o menino gritava e eu estava lá na festa… E aí todo mundo saiu para ver o menino chorando, gritando no chão e eu vi a Janaína entrando… Ainda vi o corpinho dela bonitinho… [risos] — Porque Janaína era muito bonitinha, ainda é uma mulher muito linda, mas era uma criança muito bonitinha, gordinha, fofinha, assim…  — E eu vi aquele corpinho entrando, correndo em casa [risos] e se escondendo no quarto dela. 


E aí ele contou para todo mundo que ela tinha dado um soco nele. E aí ficou por isso mesmo, que ele xingava ela sempre, né? E as pessoas sabiam. E meio que morreu aí essa história, mas depois ele parou de xingar a Janaína. [risos] Não estou aqui fazendo apologia da violência, [risos] mas Janaína, com seis anos, de tanto bullying que ela sofreu, ela realmente decidiu reagir e deu a letra aí, mandou o recado dela. [risos] Então deixo aqui esse símbolo aí de paz. [risos] Janaína, te amo, um beijo. É isso, gente… [risos] Essa é a história da Paula, que bom que ela está bem, que ela está feliz, que ela se aceitou. E é isso…

[trilha]

Assinante 1: Oi, Não Inviabilizers, aqui é a Naelly, eu falo dos Estados Unidos. Paula, ouvir a sua história foi ouvir a minha história. Cada detalhe, cada sentimento que você passou, eu compartilho da mesma história… Eu tenho uma irmã gêmea que era magra, claro, ela é… A minha vida inteira a gente sempre foi comparada, eu sempre fui a irmã feia, a irmã gorda, a bonita só de rosto, como as pessoas falavam. Muito obrigada pela sua história, foi muito bom e maravilhoso quando eu olhei no espelho e falei: “O que as pessoas pensam de mim é problema delas… Eu não vou deixar de comer uma coisa, não vou deixar de vestir algo porque alguém vai olhar para mim e vai achar feio”. Se você não gosta do que você vê, é só você fechar o olho. [riso] Um beijo… 

Assinante 2: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, aqui é Loyane de Ribeirão Preto. Eu queria que todas as pessoas pudessem escutar… A gente alimenta um padrão de beleza inexistente. A gente alimenta uma imagem corporal que é muito distante da maioria das pessoas. Eu sou nutricionista e eu estudo muito comportamento alimentar, imagem corporal e quanto isso influencia psicologicamente na vida de tantas pessoas… Nem vou entrar no padrão na história do bullying, porque a gente sabe o quanto que isso pode fazer mal, mas eu acho que a gente devia exaltar a questão do não ser necessário que a Paula visse outras mulheres de biquíni para também ficar de biquíni, né? Apesar de ela se aceitar dentro da casa dela, ela demorou para aceitar na sociedade. Porque a gente alimenta esse padrão, né? E a gente precisa entender que é possível ter saúde com todos os tipos de corpos, que muitas outras mulheres e homens possam se identificar dessa forma. Um grande beijo. 

[trilha] 

Déia Freitas: Então, gente, lembrando: Monange Detox pode ser usado aí em todos os contextos. E aí eu quero deixar aqui o meu depoimento pessoal com o Monange Detox. Quem me acompanha no Twitter sabe [risos] que eu gosto de tomar banho e depois ficar um tempo pelada deitada, assim, [risos] secando, refrescando… E eu gosto de passar o Monange Detox depois que eu tomo banho e aí eu dou aquela deitada pelada. [risos] É muito refrescante, gente, é muito, sabe assim, fresco… [risos] Eu amo e eu me cuido assim, e você? [risos] 

Experimente a linha Monange Detox, sinta a textura leve e a sensação de refrescância. Gente, é uma delícia… E como nosso cupom NAOINVIABILIZE10, tudo junto em letras maiúsculas, você ganha 10% de desconto em produtos Monange, somente durante o mês de março. Valeu, Monange, pela parceria… Um beijo, gente, e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Amor nas Redes é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.