Skip to main content

título: guadalupe
data de publicação: 11/10/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #guadalupe
personagens: mila, dona guadalupe e pablo

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei para mais um Picolé de Limão e, assim, [risos] a história de hoje podia ser minha. Fácil. — Fácil… — Inclusive, vou dizer como eu resolveria isso. — [risos] Vamos lá. — A história que eu vou contar para vocês hoje é a história da Mila, da dona Guadalupe e do Pablo, quem me escreve é a Mila. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

A dona Guadalupe sempre morou em outro estado, então Mila e Pablo num estado e dona Guadalupe, mãe de Pablo, em outro estado. Até que veio a pandemia, e aí dona Guadalupe precisou devolver a casa alugada onde ela morava e veio morar com o filho, porque assim eles dividiriam o aluguel e, enfim… Estava dando super certo. Mila namorando Pablo aí seus dois aninhos, tudo perfeito, Pablo um cara bacana, dona Guadalupe bacana até onde Mila sabia, né? E a vida foi seguindo. 

Chegou a pandemia, o Pablo dá aulas… — Ele é professor. — Então ele ficou de home office, né? Dando aula em casa e é um trabalho bem estressante, né? Então ele que dá aula para adolescentes, várias turmas todo dia, computador dando problema, então, assim a vida do Pablo não estava lá tão felizinha. Dona Guadalupe, no estado dela, ela tinha… Ela vendia COXINHA, FAZIA coxinha e essas coisas para vender. E aqui, como ela não conhece ninguém, ficou mais complicado, né? Ela até fez uma vez, mas não conseguiu vender tudo e ficou chateada… E ela querendo ajudar o Pablo ali nas contas… 

E a Mila trabalha num supermercado, então, o supermercado nunca parou e ela continuou ganhando o que ela ganhava, enfim… — A vida da Mila, tirando as questões óbvias aí da pandemia, não mudou muito. — E aí dona Guadalupe resolveu que o ideal seria ela vender produtos de beleza — E higiene. — por livrinho. Então, ela pegou aí vários livrinhos, de várias marcas e virou uma consultora. — Então a gente vai botar o livrinho da Pônei Kay. — Então ela virou uma consultora da Pônei Kay, Pônei Kay com aí umas maquiagens muito boas, uns cremes daora assim… — E, gente, mulher em mercado gosta de creme, gosta de maquiagem e compra mesmo. — 

Então o que Mila achou? Mila achou que era uma boa ajudar a sogra dela, dona Guadalupe. E Mila se ofereceu para levar o livrinho — Da Pônei Kay — no mercado e tirar os pedidos para dona Guadalupe. — Gente, uma coisa que totalmente eu faria, ainda mais depois de ver a mãe do meu namorado ali triste porque tentou vender coxinha e não rolou. — A Mila foi passando o livrinho ali da Pônei Kay para todo mundo, pessoal anotando e ela falou: “Pra ajudar dona Guadalupe, eu recolho os pedidos e o dinheiro, e depois eu faço as entregas. Faço uma listinha aqui para facilitar para mim, tipo, ‘ah, vendeu para Jussara do caixa”, “vendeu para namorada do Gerson que é da padaria do mercado ali’”, enfim… E Mila fez isso, gente… 

Mila vendeu dois mil e cem reais de Pônei Kay pra dona Guadalupe e ela estava super feliz de ajudar. E o Pablo lá dando as aulas dele, — Se matando lá, fazendo as coisinhas dele. — Não foi uma coisa que, tipo, o Pablo falou para ela: “Olha, vende os produtos da minha mãe”, não foi uma coisa que dona Guadalupe pediu para ela fazer, ela se ofereceu, dona Guadalupe topou e rolou. Ela pegou os pedidos, ela pegou o dinheiro… — Por que ela pegou o dinheiro antes? — Porque ela ficou com medo… Como era muita gente, de tomar calote. E ela falou: “bom, eu vou pegar o dinheiro antes da galera, porque aí está tudo pago e eu já entrego para dona Guadalupe, já fica certo, né?” E assim ela fez. 

E aí tinha ali três semanas para chegar os produtos da Pônei Kay. Com três semanas não chegou, demorou mais uma semana e um mês a Mila falou: “bom, galera já está começando a me cobrar, né? Deixa eu falar com dona Guadalupe”, que ela foi falar com dona Guadalupe, dona Guadalupe deu um mini chilique assim tipo: “Ah, mas o que você está me cobrando? Que isso, que aquilo” e Mla falou: “não, eu estou falando que as pessoas estão me pedindo os produtos… Já chegaram? Posso ir aí pegar?”. E aí ela deu umas broncas assim na Mila e desligou o telefone. Mila falou: “não… Deve tá numa hora estressada”. Passou mais ali uma hora e mandou mensagem de voz… 

“E aí, dona Guadalupe, me fala se eu já posso passar aí pra pegar os produtos e tal, preciso entregar”. Dona Guadalupe não responde. Aí Mila foi falar com Pablo, aí Pablo falou: “não estou sabendo de nada, né? Vou falar com ela aqui e te fala”. E aí falou com a mãe dele, não falou com a Mila durante a tarde porque ele tinha várias aulas… Quando foi à noite ele falou: “Mila, a gente precisa conversar”. — Eita…. Olha, essa mulher… Essa dona Guadalupe. — Ela pegou os livrinhos da Pônei Kay para vender, e ela depois que ela estava com os pedidos e o dinheiro, ela viu que ela ia ficar com 30%. — Então, vai, vendeu dois pau e pouco, ela ia ficar com seiscentos e pouco e ia ter que pagar os produtos. Óbvio, né? — E ela não achou certo. — Ela não achou certo. — 

E aí o que ela fez? Ela devolveu os livrinhos e ficou com o dinheiro. — Sim. — Dona Guadalupe deu um golpe na Mila de dois paus e cem. Pablo estava desesperado porque com o que ele ganha estava dando só para pagar as contas ali. — Tipo, a mãe dele foi inventar isso… — Ele pediu dinheiro para ela, ela não entregou, não deu o dinheiro para ele e a Mila agora estava numa situação, devendo pra galera do mercado. O que a Mila fez? — Uma coisa que eu faria, gente… Então eu não vou criticar a Mila porque eu faria a mesma coisa. — A Mila fez um empréstimo e devolveu o dinheiro para todo mundo. Ficou com esses dois mil e cem que virou quase quatro mil, — Porque empréstimo, né? Com juros e tudo… — mas resolveu o problema no mercado. 

Então agora o problema dela era com a dona Guadalupe. O Pablo não tinha como pagar isso para ela, porque senão ia ficar devendo aluguel… Tipo, ele já estava pagando as coisas da mãe dele ali e a mãe dele não entrega esse dinheiro, gente. O Pablo já está estressado com ela a ponto de falar para ela voltar lá pro Estado de onde ela veio e morar com uma tia lá, com uma irmã dela, porque ele não aguenta mais essa situação, ele está bem decepcionado… E ela não tá nem aí. — A real é essa assim… Ela não tá nem aí. — Ela não devolve o dinheiro, ela não ajudou… Porque o Pablo falou: “se ela me der esse dinheiro na mão pra ajudar aqui nas coisas de casa, eu te dou, porque eu estou pagando as coisas aqui e eu te dou”, mas ela não deu o dinheiro pro Pablo, não ajudou em casa, não pegou os produtos e pagou da Pônei Kay… Ela nem pegou… — Ela só pegou os livros e o dinheiro. — 

E agora a Mila está desgastadíssima assim, ela e o Pablo até brigaram por causa disso… Mas eu não sei… O Pablo não tem culpa assim. Eu, pelo menos penso assim, ele não tem culpa. Tudo bem, é a mãe dele… — A mãe dele foi uma pilantra? Foi uma pilantra. — Mas ele não estava nem sabendo, ele nem acompanhou a história, e agora ele também não tem dinheiro para cobrir. E aí a Mila gostaria de qualquer coisa, gente… De um conselho, de uma palavra… Porque ela está assim, ela tá puta com esta mulher que não vai embora e vai ficar aí com o Pablo, isso tá estremecendo a relação dela com o Pablo, porque ela não consegue digerir, sabe? — Eu entendo super a Mila, é uma coisa que eu estaria como ela assim agora, com ranço da dona Guadalupe, com um pouquinho de ranço do Pablo por ser filho dela [risos]. — Também teria feito um empréstimo — Teria mesmo. — pra ficar tranquila no mercado. 

Porque as pessoas confiaram nela, né? Deram o dinheiro, compraram os produtos porque sabiam que era ela que estava ali pegando, né? Então eu acho que essa parte do empréstimo ela fez certinho, e agora tem que azeitar e entubar esse empréstimo e pagar. Não acho que dona Guadalupe vai devolver, porque ela se faz de sonsa mesmo e desconversa. Até o Pablo está sem paciência. E não sei, gente… Eu acho que é uma história que meio que está resolvida assim, né? Que agora ela tem que tentar ficar de boa com o Pablo, porque acho que ele não tem culpa pela mãe dele assim, ele não tem como pagar isso. Ele também não tinha sugerido para ela fazer um empréstimo… Ele não se meteu. 

Tipo, ele está com várias coisas na cabeça assim, ele tem que pagar as contas, ele tem várias turmas de aluno de criança, então ele está num estresse, está no pico de estresse dele… E aí isso veio pra piorar as coisas. E aí ela está preocupada, né? A Mila ela está preocupada que isso até estremeça mais o relacionamento deles. — Que pode acontecer, né? — Então não sei, gente… Dona Guadalupe é mau caráter, para mim é mau caráter… Porque pegou bem o dinheiro, sabe sim, não entregou o dinheiro para o filho para ajudar nas contas, se esse era o intuito dela… — Fez o que com esse dinheiro? — Não devolveu o dinheiro pra Mila, ela teve que fazer um empréstimo e então vai pagar quase o dobro… Mau caráter, né? Dona Guadalupe é uma idosa mau caráter. Então, gente, deixem seus conselhos. 

[trilha] 

Assinante 1: Oi, Não Inviabilizers, aqui é a Maria Clara de Brasília. Mila, que situação chata… Você estava ali com a sua boa-fé e, infelizmente, caiu no caminho de uma estelionatária que é isso, né, que dona Guadalupe é agora. Então você pode, de repente, avaliar se vale a pena tentar entrar com um processo contra dona Guadalupe. Sou uma pessoa leiga, viu? Não sei como funciona a lei, não sei se isso é um processo que vale a pena, mas com certeza essa opção abalaria mais ainda sua relação com o Pablo. Talvez seja a hora de, né? De amargar mesmo o que aconteceu, pedir um tempinho para Pablo para botar as coisas e as ideias no lugar… Ele também não está recebendo a ajuda da mãe dele, está aí também amargando a presença da mãe dele… Então acho que ele entenderia. E a hora que ele mandar a dona Guadalupe aí pro rumo dela, aí vocês se resolvem e falam de novo. Fica bem, viu, querida? Beijo. 

Déia Freitas: Oi, pessoal, aqui quem fala é a Luciana do Guarujá, litoral de São Paulo. Mila, negócio é o seguinte: eu acho que você tem que pegar um dia de folga, ir lá na casa do Pablo e sentar com ele e com a dona Guadalupe, botar as cartas na mesa e falar: “olha, o negócio é o seguinte: eu fiz pra ajudar e agora eu estou com um prejuízo de um empréstimo nas minhas costas, porque eu não ia ficar no meu serviço mal falada e sendo cobrada por uma situação que não é nem minha. Então, o que nós vamos fazer? Dona Guadalupe, a senhora vai dar um jeito de me pagar? Vai ser prestação? Como que vai ser? Vai me ajudar a pagar esse empréstimo? Porque eu não posso ficar com esse prejuízo sozinha”. Põe as cartas na mesa e vê o que acontece. Pode ser que dê muito errado, mas pode ser que dê muito certo. Boa sorte, espero que você fique bem. Um beijo. 

Déia Freitas: E é isso, gente. Um beijo. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.