Skip to main content

título: indefesas
data de publicação: 18/05/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #indefesas
personagens: cidinha, dona nena e um cara

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publi. — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje é a Dani Calabresa. [risos] Mentira, bem que eu queria. — Dani, te amo. — Quem tá aqui comigo hoje não é a Dani, mas é um novo podcast dela. Aqui no Picolé de Limão a gente tá super acostumado a ouvir histórias de encontros fracassados, né? Então… Agora vocês terão aí um novo podcast especialista no assunto. [risos] A Dani Calabresa está no comando do podcast “Posso mandar áudio?”, o podcast sobre os piores dates dos famosos. Tem áudio do Fábio Porchat, da Pequena Lô, da Fe Paes Leme… — Inclusive, vocês já viram a Dani Calabresa imitando a Fe Paes Leme? [risos] Você não consegue distinguir quem é quem, [risos] elas são idênticas. —  

No episódio dessa semana, a Dani traz o áudio da nossa eterna rainha dos baixinhos, a Xuxa. — Obviamente. — E a Xuxa vai mostrar que até ela passa perrengue com boy. [risos] — Que ódio… [risos] — Um spoiler: Você também é dessas que toma perdido aí no dia seguinte? Pensa… Alguém aí — que não sabemos quem — deu um perdido na Xuxa no dia seguinte. [risos] Então, é tudo muito vibe assim do Picolé de Limão mesmo, vocês vão adorar. E, assim, gente, eu não preciso fazer propaganda de Dani Calabresa, né? Ela abre a boca eu já tô rindo. Eu vou deixar o link aqui na descrição do episódio, vocês, por favor, cliquem e vão lá prestigiar aí o novo podcast da Dani Calabresa. E hoje eu vou contar para vocês a história da Cidinha e da sua mãe, dona Nena. Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]

Essa história tem muitos anos… — Mais de 30. — E a Cidinha morava só ela e a mãe — Dona Nena viúva já — e ela conheceu um cara. Ela foi numa festa de uma amiga e conheceu ali um carinha… E começou um relacionamento com esse cara. E esse cara era um pouco mais velho aí, uns oito, nove anos que Cidinha. E aí ele, assim, ele agia como se ele estivesse sempre preocupado, porque Cidinha e dona Nena morando sozinhas, tão indefesas e nã nã nã e ele tinha sempre esse discurso, né? De querer proteger aí Cidinha e dona Nena. O tempo foi passando, eles fizeram um ano de namoro e ele começou a falar em casamento. — Só que o que ele queria? — Ele queria abrir uma quitanda, um comércio aí de frutas e tal, só que ele não tinha dinheiro. — Pra isso, né? —

E, pra ele pegar um empréstimo no banco no valor que ele precisava, ele tinha que ter alguma garantia. Então, o que esse cara sugeriu? — Mesmo antes de se casar com a Cidinha? — Ele falou: “Bom, [efeito de voz grossa] vocês têm aqui essa casa própria, né? A gente podia fazer um acordo… Eu vou casar mesmo com a Cidinha, um dia isso aqui vai ser dela e eu preciso muito do empréstimo, mas eu teria que ter um bem no meu nome. A gente podia fazer esse bem bolado, que vai ser bom pra todo mundo, eu vou abrir um negócio e nã nã nã”. E aí Dona Nena ficou olhando para ele, falou: “Mas fazer o quê?”, ele falou: “Ah, passar temporariamente a casa para o meu nome”. E aí dona Nena e Cidinha se olharam ali e dona Nena falou pra ele que ia pensar no caso. E ele com aquele discurso que “ah, a hora que ele abrisse a quitanda e tal aí sim eles poderiam casar e nã nã nã”, enfim… Tentando convencer aí Cidinha e dona Nena de que isso era uma boa.

E aí dona Nena pensou ali — por uns dois dias — e falou pra Cidinha trazer o rapaz que ela ia falar ali a decisão dela, né? E a decisão dela era que sim… — Dona Nena ia passar a casa para o nome desse rapaz. — Ficou combinado de que isso ia ser feito, só que dona Nena falou para o cara, falou: “Olha, pra passar a escritura dessa casa para o seu nome, vai mais…”, — Eu vou falar números de hoje, tá, gente? Não sei quanto foi naquela época pra converter, então vou falar em números de agora… — “Você vai precisar aí de uns 10 mil reais pra fazer toda a documentação e passar a escritura… Eu não tenho esse dinheiro. Então, eu aceito passar essa casa pra você, mas como é que a gente vai fazer?”. E aí o cara se empolgou, porque era uma casa boa, uma casa grande, assim, né? Muito ampla, muitos quartos e tal. E aí ele ficou de levantar esse dinheiro… — Esses 10 mil. — E aí ele foi lá no banco e conseguiu esses 10 mil. — Sabe se lá como, mas conseguiu. —

E falou pra dona Nena: [efeito de voz grossa] “Tá aqui os 10 mil, pode fazer, né?”. Aí dona Nena pegou os documentos dele e tal pra fazer a escritura e falou: “Olha, eu deixei tudo no cartório, daqui um tempo a gente tem que ir lá pra assinar”. E aí o tempo passou, dona Nena falou para ele que “ah, o cara lá do cartório é meu amigo e eu trouxe aqui a documentação pra você assinar”. E aí esse cara assinou todos os documentos e dona Nena falou: “Bom, agora a partir de agora a casa é sua. Como é que você vai fazer? Vai fazer o empréstimo lá e vai colocar a casa como garantia? Mas como é que vai ser, assim?”. — Ela queria saber detalhes, né? Porque ela tinha acabado de passar a casa dela pra ele. — E aí, depois que ele assinou as coisas que a dona Nena deu para ele e ela também assinou, esse cara pegou as vias que eram dele ali e mudou o discurso. [efeito de tensão]

Falou para dona Nena assim: “Ah, eu não sei… Eu vou ver ainda lá no banco como vou fazer”, mas assim, super grosseiro já… — Foi só assinar. — E aí a dona Nenê ficou olhando pra ele assim, sem entender e falou: “Mas por que você tá bravo? A gente acabou de fazer uma coisa boa e tal, né?”. E aí ele não respondeu e foi embora. No dia seguinte… — Era uma época que ainda não tinha celular. — A dona Nena e a Cidinha elas tinham telefone em casa e esse cara tinha também telefone na casa dele, ele morava sozinho, mas ele tinha telefone e tudo. [efeito sonoro de telefone tocando] E aí elas ligaram, ligaram, ligaram e nada do cara atender… Ligaram o dia todo, ele não atendeu. E aí, no dia seguinte, a Cidinha foi até o emprego dele — pra saber o que tinha acontecido — e ele tinha pedido as contas.

Ele tinha pedido as contas… Ela ficou uma semana, a Cidinha, sem saber desse cara. Quando deu uma semana, ele apareceu lá na casa. E aí Cidinha e dona Nena falaram: “Nossa, mas você sumiu… Eu passei a escritura pra você e você sumiu”. E aí esse cara virou pra elas e… — O óbvio aconteceu, né? — Falou pra elas que elas tinham cinco dias pra sair da casa. [música de suspense] E aí a dona Nena virou para ele e falou: “Eu quero ver quem vai me tirar daqui”. E aí esse cara falou: [efeito de voz grossa] “Eu vou arrumar advogado, eu chamo a polícia, mas agora essa casa é minha e eu quero vocês fora da minha casa”. E aí o cara foi realmente atrás de um advogado e, uns dias depois ele voltou lá na casa da dona Nena, sozinho, puto da vida, porque toda a documentação que dona Nena tinha dado pra ele assinar era falsa. [risos] A Dona Nena pegou os 10 mil reais, — dinheiro de agora, né? — os 10 mil reais do cara e não fez nada. — Porque assim que o cara pediu a casa pra elas, elas sacaram que ele era um golpista. —

Só que elas eram muito espertas, porque o marido, o falecido marido de Dona Nena, era investigador de polícia. — Então já viu, né? — E aí elas resolveram… Dona Nena tirou umas cópias da escritura dela mesma e conseguiu tirar cópia com papelzinho e apagar o nome, datilografar o nome dele, enfim… Ela fez umas falsificações muito grosseiras que assim que o advogado pegou — na mão—, ele falou: “Olha, isso aqui não é uma escritura, você foi enganado e tal”. E aí ele tinha voltado lá pra pedir os 10 mil dele de volta. [risos] E aí dona Nena e Cidinha falaram: “Que 10 mil? Você não me deu nada… Que 10 mil? E essa documentação? Que documentação? Você falsificou a documentação na minha casa?”, fizeram a sonsa, gente… A sonsa total.

E ele ficou P da vida, tentou registrar boletim de ocorrência, mas aí o delegado fez pra ele a mesma pergunta: “Onde que você conseguiu esses documentos e tal?” e ele falou que tinha sido com a dona Nena, mas não conseguiu provar também. E acabou ficando por isso mesmo… — Gente, dona Nena, idosinha, assim, toda fofinha, deu o golpe no golpista. [risos] Ah, eu amei tanto essa história, tanto, tanto, tanto… Porque conforme eu fui lendo, eu fui falando “Meu Deus, não, não, não, não… Não dá essa escritura, não dá, não”. Sabe quando você vai ficando apavorada? E aí, no final, ela ficou com os 10 mil do golpista e com a casinha delas, né? [risos] E ele falava muito que elas eram indefesas… Indefesas, que ele ia cuidar delas e olha aí as indefesas. [risos] Amo… —

[trilha]

Assinante 1: Olá, Não Inviabilizers, eu me chamo Letícia, eu falo do Rio de Janeiro. E o que dizer de dona Nena? Uma pessoa que mal conheço e já considero pacas, não é mesmo? [risos] Aquela que foi a pioneira nos golpes aos golpistas. [risos] Eu não tô conseguindo acreditar nessa situação, gente… Assim, admirável, admirável mesmo. Eu confesso que junto com a Déia eu fui ouvindo a história e fui pensando: “Ai meu Deus, não…”, “Ai meu Deus, por isso que o nome da história se chama indefesas” e no final teve esse plot twist maravilhoso. Confesso, assim, estou batendo palmas pra dona Nena, porque, olha… Onde já se viu? Dona Nena, parabéns, tá bom? E fica aí a dica, né? O bom do Picolé de Limão é isso, gente, a gente vai aprendendo coisas que a gente nem imaginava que poderiam ser possíveis de acontecer.

Assinante 2: Oi, Não Inviabilizers, aqui é a Ana Cláudia, eu falo de São Bernardo do Campo, São Paulo. Eu estou chocada com a dona Nena que, ao invés de tomar o golpe, deu o golpe. Gente, eu quero a sagacidade desta mulher… Porque, assim, eu jamais, jamais pensaria em fazer o que ela fez, assim… Essa história foi um grande plot twist e, enfim, a dona Nena está de parabéns, ela precisava dar aulas de como não cair em golpes. Eu claramente faria esse curso dela se ela desse. Um beijo.

[trilha]

Déia Freitas: Então, gente, fica aí a dica, podcast novo da Dani Calabresa: “Posso mandar áudio?”. Tenho certeza que vocês vão dar aí umas boas risadas. E tem mais: Dani Calabresa é aqui de Santo André, minha terra, minha conterrânea, [risos] então, por favor, prestigiem. Tem esse bônus aí que ela é do ABC. O ABC tem todo mundo… [risos] Um clima, uma coisa que só quem é daqui sabe. [risos] Então, por favor, prestigiem aí o novo podcast da Dani. E dá pra ouvir grátis no Gshow, na Globloplay e em todas as outras plataformas de áudio. Então é isso, gente, um beijo e eu volto em breve. Beijo, Dani.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.