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título: inquilina
data de publicação: 05/08/2024
quadro: picolé de limão
hashtag: #inquilina
personagens: bruna e um cara

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii… — [efeito sonoro crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje — novamente — é a Wondery e o seu podcast “Só no Brasil”, dos pequenos aos grandes golpes — e eu espero que hoje você já tenha ouvido esse podcast, hein? — as mais absurdas fraudes e as histórias dos golpistas, o podcast “Só no Brasil” está aí para te apresentar esse conteúdo, um conteúdo que a gente gosta… — Com muito bom humor aí e uma narrativa incrível. — O podcast é apresentado pelos comediantes Pedro Duarte e Victor Camejo, o Só no Brasil é voltado para o público que é o público do Picolé de Limão. — A gente não está escolado, vacinado em golpe? – 

Se você é interessado em histórias do mundo dos vigaristas, assalto de banco que só foi denunciado uma semana depois, roubo de viga… — Poxa, o que mais tem no Brasil é golpe, né? [risos] — Os episódios do podcast “Só no Brasil” saem todas as quartas feiras e a gente já tem aí três episódios no ar, estamos indo aí para o quarto episódio. Você pode ouvir em todas as plataformas de áudio — gratuitamente — e também no canal do YouTube da Wondery. — Eu vou deixar o link certinho aqui na descrição do episódio. — E, olha, essa história é uma das histórias mais surreais que eu já contei aqui e hoje eu vou contar para vocês a história da Bruna. Então vamos lá, vamos de história. 


[trilha]

A Bruna — tem mais ou menos aí uns 15 anos — ela conheceu um cara e um cara maravilhoso, um cara incrível… — Daquele jeitinho, sabe? Que a gente fala assim: “Nossa, achei meu príncipe encantado, é daqui que vai sair a minha felicidade”. — Vocês sabem o que eu penso disso, né? Bruna totalmente apaixonada, o cara também apaixonado, mas tinha um detalhe: O cara ele não tinha família, ele não tinha amigos. Por quê? Ele trabalhava embarcado, passava seis meses em alguma plataforma de petróleo e seis meses com a Bruna. Se a pessoa trabalha embarcada, ela ganha bem… — Acredito eu, se eu estiver enganada alguém me corrija aqui, para você trabalhar, porque tem muitas questões assim de insalubridade, sei lá. — E esse cara falava pra Bruna que ele trabalhava embarcado, que além dele ganhar pouco e o serviço ser muito ruim, ele tinha muitas dívidas, estava com o nome muito sujo, que não sei o quê, mas a Bruna falou pra mim: “Andréia, mas ele trabalhava… Se ele fosse um desempregado eu até podia falar: “nossa, vou ter que sustentar esse cara, não vou querer, mas ele trabalhava. Então, assim, dívida por dívida, nome no Pôneirasa, no PôneiC todo mundo já teve um dia, então não ia ser isso que ia deixar que eu seguisse aí com o meu romance”. 

A vida da Bruna era essa, seis meses ela estava com o cara, seis meses ela não estava com o cara… E como ele era todo enrolado em dívidas, logo no começo ele pediu para morar com a Bruna. A Bruna pagava o aluguel e ele falou: “Não, eu te dou a metade do dinheiro do aluguel”, deu o primeiro mês, deu o segundo mês e não deu mais porque estava enrolado lá com as contas dele, a Bruna, muito apaixonada: “Eu já pagava esse aluguel”, não foi que ela saiu de um lugar para ir para outro lugar, ela já pagava o aluguel ali,  não ia mudar nada, o cara ficava seis meses, ia embora seis meses, então não alterava muito os gastos da Bruna. — Então aí a gente já vê que o cara não colaborava financeiramente com aquela casa. — E ele tinha poucas roupas. — Ah, tudo bem, homem tem menos roupa mesmo, mas ele tinha pouquíssimas roupas… — Se ele fizesse uma mala, não tinha nada dele na casa da Bruna. Para mim já é um outro sinal… Mas quando eles estavam juntos era muito bom, muito bom. Querendo ali ter uma família com esse cara, a Bruna: “Poxa, vou investir nesse relacionamento, né? É o que eu quero” e foi tratando o cara bem, tratando o cara bem, sendo carinhosa, não fazendo muitas perguntas… 


Até que um dia, esse cara pediu a Bruna em casamento. [música de romance] Veja, ia ser um passo a mais, né? Agora ia ficar sério, mas o cara não dava um real em casa, Bruna, como que você vai casar com um cara que não me dá um real em casa? Bruna aceitou, eles choraram muito… — Porque “nós vamos ficar juntos para sempre”, eu não consigo me emocionar porque eu não acredito nesse discurso. — E ele deu uma aliança para Bruna e falou assim: “Olha, a gente vai casar, eu não tenho nenhuma religião, então não gostaria de ter uma cerimônia religiosa. Eu queria que fosse uma coisa só nossa, muito íntima e, sei lá, a gente pode ter só a gente, a pessoa do cartório e as duas testemunhas”. — E eu já vi isso acontecer, inclusive eu fui madrinha de um casamento assim… Eu fui madrinha de casamento  de uma amiga minha de faculdade na casa dela e o juiz foi lá, né? De paz. Passou um tempo, o marido dela teve uma coisa e morreu, ficou viúva. Eu fui madrinha de um outro casamento que eu fui no cartório e, na porta desse cartório, aconteceu um tiroteio, atiraram em alguém na calçada do cartório, então foi adiado o casamento. 

Bruna chamou uma amiga dela e ele chamou um amigo — que ela até então nem conhecia — e um juiz ali de paz. Então, o cara um mês antes pegou o RG dela, porque tem que correr os proclamas, tem que ver se você não está casado em nenhum lugar e tal, ele fez tudo direitinho e no dia eles fizeram tipo um jantar, o juiz vai lá, você paga — é um serviço que você paga a mais e você casa, mas assim, é muito estranho para mim que não tenha ninguém, que tenha só uma pessoa do lado dele e uma pessoa do lado dela. Não é estranho? — Casaram… [efeito sonoro de sino soando] E, nossa, que felicidade… Agora casada, na empresa dela ela estava super bem, então ela recebeu os parabéns, mas logo que ela casou essa empresa tinha um plano de demissão voluntária. — Então se você aceitasse sair, você recebia todos os seus direitos e mais um bônus, enfim, porque eles tinham que mandar embora… — E o cara convenceu a Bruna de que seria muito legal se ela tivesse um negócio dela — que ela empreendesse, né? — e a Bruna pegou aquela grana e saiu da empresa. Logo que ela casou… 

Ela estava esperando até chegar à certidão dela de casamento para poder entregar na empresa — tipo assim, sei lá, duas semanas que ela tinha casado, certidão demora tudo isso para… Enfim, cartório demora também, né? —  e ela saiu da empresa. E aí ela estava com uma grana boa ali, né? E aí o cara falou: “Bom, pra você empreender você não precisa investir esse dinheiro”, era uma época que tinha uma linha de crédito para pequenos empresários — no governo Lula mesmo, eu lembro bem dessa linha de crédito — e: “Você pode pegar essa linha de crédito”, eram valores pequenos que você podia pegar para poder começar o seu negócio e, com esse dinheiro aqui, a gente pode dar entrada num apartamento, em vez da gente pagar aluguel. — Pô, o cara tá pensando no futuro. —  Eu vou também botar uma parte e a gente compra um apartamento” e assim foi feito. Só que quando a Bruna viu, era um apartamento muito mais afastado, muito mais longe, que dava a entender que ele usou todo o dinheiro dela e botou só mais um pouquinho dele, sei lá, uma coisa assim. 


Mas mudaram, agora eles estavam casados com um apartamento deles, ela realmente empreendeu e foi uma coisa que deu certo. No ramo que ela escolheu, tinha cartão, ela atendia cartão — não era época de pix, nada — e dinheiro. E esse dinheiro ela não botava no banco, ela deixava ali em casa para pagar as contas da casa, enfim… E meio que desse dinheiro, eles foram juntando e conseguiram comprar uma moto. — Então, olha, já deu ali mais um progresso, agora tinha uma moto, né? — E nisso se passaram ali dez anos… — Dez anos. — Um dia,  Bruna está ali na sua casa, [efeito sonoro de campainha tocando] quando chega um cara, uma pessoa que ela não conhece… Era daqueles prédios que não tem porteiro, então ela teve que descer para saber do que se tratava e era, gente, uma ordem de despejo. [efeito sonoro de tensão] Mas como se o apartamento era próprio? Esse apartamento que eles compraram era um prédio antigo, num lugar muito afastado e todas as pessoas tinham vendido os apartamentos para uma incorporadora e eu falei: “Mas Bruna, você não conversava com a vizinhança?”, sabe? Você não tinha assim um contato para alguém falar: “Pô, a gente está vendendo os apartamentos aqui e tal” e a Bruna falou: “Não, Andréia, eu não tinha contato com ninguém, assim… Ele me colocava muito pânico, do tipo: “ah, eu vou estar fora e um vizinho pode entrar aí e abusar de você””, ele criava umas coisas assim na cabeça da Bruna, que ele não falava com ninguém. 

E ela estava sendo despejada porque aquele apartamento estava só no nome dele, ele vendeu pra incorporadora e umas cartas que estavam chegando, no nome dele — que era pra desocupar o prédio —, ele falou: “Não, Bruna, isso aí é um golpe, nem abre… Precisa nem abrir”. — Gente, vocês confiam 100% nas pessoas que vocês estão junto? A pessoa te falou que é um golpe, você não quer ler pelo menos pra se inteirar desse golpe e ver o que tá acontecendo? — E aí ela estava sendo despejada porque já tinha tido os avisos e ela era a única família que estava ali ainda, né? E tinha uma senhora no andar de baixo que já estava saindo também, mas todos venderam e ele vendeu o apartamento com ela lá, no apartamento que era a maior parte do dinheiro, dela. E ele que usava a moto, então como ele estava embarcado, ele deixava a moto lá na empresa, ia e depois de seis meses ele pegava a moto. — Porque a Bruna não dirigia a moto. — Então ela estava sem nada ali e ela tinha que fazer uma mudança… 

E aí ela entrou em contato com ele e ele falou: “Não, isso deve ser um mal—entendido, deixa eu ver o que aconteceu”. Foi a última vez que a Bruna conseguiu falar com esse cara sem ser na Justiça. Não teve jeito… A incorporadora cedeu um caminhão para mudança da Bruna, ela teve que pegar todas as coisas dela e alugar um lugar às pressas, porque ela não tinha para onde ir. — Ela teve que desocupar mesmo aquele apartamento, a senhorinha já tinha saído de maneira pacífica porque, enfim, ela tinha vendido e a Bruna teve que sair às pressas. E aí, gente, eu não me conformo…  Nenhum sinal? Nada? O cara é um canalha? O cara é um canalha, é o seu marido, mas ele é um canalha… E agora esse dinheiro que ele pegou do apartamento? Cadê? — A Bruna alugou um lugar, continuou trabalhando, ele não respondia mais as mensagens e ela arrumou uma advogada. Ela falou pra advogada: “Olha, eu me casei com ele no civil e nã nã nã”, e aí a advogada pediu o documento dele, ela tinha alguma coisa com os dados dele lá, mas não tinha uma foto do RG. — Eu tive namorados de oito anos, cinco anos, eu sempre namorei firme, sério e eu não tinha o número do RG deles, a foto do RG. Então posso culpar a Bruna? Não posso, porque eu não tinha esses dados assim. Pelo menos não consigo me lembrar assim de ter, meu último namorado sério sim, mas assim, não saberia falar o número, nada… Tivesse, sei lá, alguma cópia de alguma coisa que a gente precisou fazer, que eu também nem lembro o quê. Esse lado eu entendo a Bruna, ela tinha um papel ali, um número, sei lá, de alguma coisa que eles preencheram. —

A advogada pediu a certidão de casamento e, naquela época, ele enrolou e ele nunca entregou a certidão de casamento. A Bruna, perante todos os cartórios, é uma pessoa solteira. Não aconteceu o casamento. — Quem era aquele amigo do cara e quem era aquele suposto juiz de paz que fez ela assinar as coisas? Era tudo falso. Como que alguém consegue fazer uma coisa dessa? — A advogada foi esperta e conseguiu os dados reais desse cara depois de um processo onde ela conseguiu os dados pelo número do telefone, que a Bruna conversava com ele — para saber de quem era aquela linha e isso é um trampo, gente, não é assim “ah, você pede pro juiz” e ele vai te dar, você tem que explicar o que está acontecendo, que você não consegue citar a pessoa, que você não consegue achar a pessoa —, e aí, achou—se este cara depois de muito tempo pelo número desse telefone que estava registrado no nome dele. Porque também se fosse no nome de uma outra pessoa, dançou… Então ele deixou esse rastro. O cara era casado, nunca trabalhou embarcado na vida, tinha dois filhos, dizia para a Bruna que não podia ter filhos — provavelmente o cara tinha uma vasectomia porque eles transavam sem proteção porque ela queria ter um filho com ele, né? Para que ela engravidasse e ela nunca conseguiu engravidar, então provavelmente ele era vasectomizado —, tinha esposa, tinha casa própria e estava com a moto que foi do dinheiro do negócio da Bruna ali, mas a moto estava no nome dele.

Ela não sacou de nenhum lugar, era um dinheiro que ela juntava dos pagamentos em dinheiro, que aliás, a advogada falou pra ela que isso é sonegar, que o certo seria ela depositar num banco ou declarar esse dinheiro que ela tinha em espécie que ela ganhava e ela não sabia também, enfim… E ela não tinha provas nenhuma, ela tinha a amiga dela que foi testemunha do casamento, mas como era amiga dela, ficava naquela: “Sua amiga vai falar o que você quiser”. Não tinha provas que eles eram casados, não tinha provas que eles tinham, sei lá, uma união estável… Nada. — Nada, gente… — O cara era liso. E quando a mulher dele foi comunicada — porque a advogada da Bruna foi falar com a mulher do cara —, parecia que ela sabia. “Ah, ele é assim mesmo, ele é fogo… Mas ele é meu marido. Tá aqui a minha certidão de casamento com ele, certidão dos meus filhos, nossa casa própria, a moto é dele”. E a Bruna passou dez anos achando que ela era casada com esse cara no papel… Não era. O cara contratou alguém? Era um amigo dele? Jamais saberemos… Porque ele nega.


Ele fala que isso nunca aconteceu, que a Bruna é louca, que a amiga da Bruna é louca. “Eu nunca casei com ela”, “Dormi uma noite ou outra com ela”, e a Bruna tinha uma conta de internet, tinha algumas coisas naquele endereço que realmente com ela e que ela era inquilina dele. — Inclusive, apresentou até um papel lá de aluguel que Bruna disse que nunca assinou, mas tinha a assinatura da Bruna. — A Bruna não conseguiu provar que era casada, não conseguiu provar a união estável, não conseguiu provar nada. Tipo, ela era uma inquilina que às vezes transava com o cara, com o dono da casa, do apartamento… Não conseguiu provar que foi o dinheiro dela que comprou aquele apartamento, porque ela não transferiu. Tudo ele fazia a Bruna sacar. “Vai sacando, quando tiver o dinheiro todo aqui é melhor, que a gente dá para o cara”. — 

Como que você não desconfia de uma coisa dessas? Tudo bem, eu entendo que tem gente que é muito sedutora e muito, sei lá, te enrola, mas a gente tem que ficar um pouco esperta, gente… Nessa daí do casamento do juiz fake eu acho que até eu caía, mas depois eu ia ficar em cima para querer a certidão de casamento. E, outra, eu ia querer mudar meus documentos pra casada, sei lá. Então, assim, na minha cabeça não entra tamanha ingenuidade. Eu sei que a culpa não é da Bruna, mas 5%, Bruna… Sabe? Que é da gente ter responsabilidade pelas nossas próprias coisas, pelo seu dinheiro suado. Então, é um dinheiro seu, uma indenização sua ou é o dinheiro do seu empreendimento que você está ralando todo dia, que você tem que valorizar… Você não pode colocar na mão de alguém assim, sabe? Você tem que dar valor ao seu dinheiro, no mínimo. —

O cara já não colaborava em casa, então assim, você vai casar com um cara que não te ajuda nas despesas da casa? “Ah, mas ele tem dívida”, então não é hora de casar, concorda? “Vamos casar você puder dividir as contas comigo. “Ah, vou deixar ele ajeitar a vida dele e eu vou bancando”. Vai… — Não faz seu pé de meia não pra você ver… Aí ó…  Eu sou contra, gente, vocês sabem que eu sou contra… Eu sou contra até tipo uma pessoa do relacionamento largar o trabalho pra ir correr atrás do sonho. Não se anula para o outro correr atrás do sonho ou para o outro pagar as dívidas dele. Você não devia nem ter casado com um cara cheio de dívida. Das dívidas você sabia… E dívidas essas que eu acho que é mentira, porque ele só não queria dar dinheiro porque ele tinha uma casa com uma esposa e dois filhos para bancar. —  E, segundo a mulher dele, que para mim é outra pilantra, ele tinha outras mulheres, então provavelmente ele tirava dinheiro de outras mulheres também. — Vai saber quantos casamentos fakes ele não inventou, né? —


Essa é a história da Bruna, ela demorou muitos anos para se recuperar minimamente. Ainda não consegue confiar em ninguém, ainda faz terapia duas vezes na semana por conta de tudo que ela passou. — Para mim é surreal, o cara inventou o casamento no civil, falso, o cara inventou que trabalhava embarcado. Agora qualquer um que fala que trabalha embarcado, a gente já tem que desconfiar. E provavelmente ele não trabalhava em nada, porque quando ele estava com a Bruna, ele não trabalhava os seis meses. Aí, assim, eu pensei que, sei lá, se eu ficasse embarcado, mas quando você estivesse em terra, você trabalhava, sei lá, em algo administrativo. Não é assim? Quando a pessoa trabalha embarcada ela trabalha seis meses e folga seis meses? É isso? É assim mesmo o regime? Porque a gente desconfia de tudo agora. Mas a Bruna disse que o cara era muito xavequeiro, assim, muito sedutor… Uma fala mansa, um carinho, sabe aquele que você fala “jamais faria”? “Não, fulano jamais faria isso” e ele fez. — Então eu fiquei chocada com essa história, porque envolve outras pessoas na mentira e como ele conseguiu deixar a Bruna tão embriagada de amores, de não sei o que, que o apartamento ele conseguiu vender… 


A Bruna não conseguiu nem ver os rumores no prédio, porque é impossível, gente, que você esteja num prédio que todo mundo vendeu pra uma incorporadora e você não trocar uma palavra com ninguém. “Ah, mas ele achava que era perigoso falar com as pessoas”, isso é um dos traços de abuso, quando o cara tira toda sua comunicação com seus amigos, com sua família, com seus vizinhos, tem que prestar atenção nisso também. Começa a botar defeito nas coisas, com quem você fala, começa a falar que tudo é perigoso… O perigoso é ele. O que vocês acham?


[trilha]

Assinante 1: Joice, aqui de São Paulo. Bruna, eu ouvi sua história e, assim, gente, que difícil, né? Como que as pessoas conseguem ser más umas com as outras… Eu sinto muito que isso aconteceu com você e eu acho, honestamente, que agora não é a hora de falar: “Ah, você tinha que ter sido mais esperta”, “você tinha que ter desconfiado mais”, realmente, né? Isso tudo deveria ter acontecido, mas acho que você já sabe disso, né? Obrigada por ter contado sua história, sei que deve ser algo que dói pra você, né? É difícil falar sobre as nossas mazelas, né? Fica um alerta para todas nós, todos também: Desconfiar um pouco mais, não achar que todo mundo é boa pessoa como a gente. Eu sei que você está num momento difícil, Bruna, mas desejo muita felicidade pra você e que você passe por tudo isso. Um beijo. 

Assinante 2: Oi, Não Inviabilizers, oi, Déia, aqui é a Gabriela, advogada de Família e Sucessões de Campinas. Eu sinto muito, Bruna, por tudo o que você passou, eu imagino o quão complicado seja, principalmente a questão de comprovar, né? Mas é muito importante que essa história sirva de lição para quem vai constituir um casamento, uma união estável, que se quebre o tabu sobre a conversa patrimonial. É preciso que a conversa sobre o patrimônio, como as coisas vão ser acertadas ao longo do casamento, esteja presente na relação, buscando uma advogada para fazer um pacto antenupcial… Porque é o próprio nome, né? Ele antecede o casamento… Conversar sobre os bens que eles já têm, decidir como que vai ser o regime de bens, se parcial, comunhão universal… Mas que isso seja um assunto e não seja um tabu. E se o outro cônjuge demonstra algum tipo de incômodo, desconfie. 

[trilha] 

Déia Freitas: Conheça o “Só no Brasil”, que conta histórias dos mais absurdos golpes, fraudes, golpistas… — Enfim, nosso mundinho. [risos] Amo… — O podcast é da Wondery e é apresentado pelos comediantes Pedro Duarte e Victor Camejo e já tem três episódios pra você ouvir aí, rumo ao quarto, e eles estão disponíveis em todas as plataformas de áudio gratuitamente. — É só clicar e ouvir. — E também no canal do YouTube da Wondery, eu vou deixar os links aqui na descrição do episódio. Então é só clicar e ouvir, tá bom? Um beijo, gente, e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.