título: iponei
data de publicação: 09/03/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #iponei
personagens: marcos, namorado e amigo
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje eu vou contar pra vocês a história do Marcos. — Ê, Marcos… [risos] — Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]O Marcos ele namora há três anos e meio… — Nesses três anos e meio já rolou aí algumas brigas, separou, voltou e nã nã nã… Aquela coisa. — E aí agora eles estavam numa fase ótima, assim, uma fase muito boa. E o Marcos mora com os pais ainda — na família dele lá — e o namorado dele mora sozinho, numa quitinete. Só que esse namorado dele tem muitos amigos, assim, amigas… E, de vez em quando, tem uma galera que dorme lá. E para o Marcos tudo bem, assim, nunca foi uma questão, ele não é ciumento… Já rolou uma traição desse namorado com um amigo, mas o Marcos perdoou. — E aquilo que eu falei, quando a gente perdoa uma traição, a gente tem que seguir… Bola pra frente e não pensar mais naquilo, senão você não vive, né? O relacionamento vai ficar uma merda. —.
E aí, beleza… Tudo isso superado, eles numa fase super boa… Até que um dia esse namorado do Marcos liga pra ele desesperado… — Por que o que aconteceu? — Uma amiga dele foi dormir lá na casa… — Tipo, uma semana antes lá na casa desse namorado do Marcos. — E essa moça foi dormir lá na casa dele, ficou uns dias na casa desse namorado do Marcos e, depois que ela foi embora, passou um tempo o vaso sanitário ali você dava descarga, ele voltava. [efeito sonoro de descarga] — A água voltava. — E o que aconteceu esta menina ela estava jogando os absorventes dentro do vaso… — Ô, gente… Sabe? E não dá nem para falar: “Ai, porque ela aprendeu isso nos Estados Unidos”, porque nunca saiu do Brasil, nunca saiu daqui, né? Podia ali enrolar certinho e jogar no lixo, né? Mas jogou no vaso, e aí a coisa foi indo… Quando voltou foi aquela coisa… —
Só que tinha um detalhe: entupiu não só ali no vaso, como no cano… E a parte que entupiu estava dando já no apartamento de baixo, então teve que fazer uma obra… Quebrar pra tirar. E a mira não tinha um tostão furado. E aí o namorado do Marcos pediu uma ajuda para ele e pediu ali um montante de quatro mil reais… E aí o Marcos foi lá ver o que tinha acontecido e, realmente, estava um caos… E tinha que fazer a obra de qualquer jeito porque o síndico ainda falou: “Eu mesmo vou mandar fazer a obra porque está afetando o apartamento de baixo e você vai ter que pagar”. — “Se você não arranjar um pedreiro seu para fazer”, enfim… — Aí foram lá e fizeram a obra com os 4 mil reais do Marcos. Então, a traição foi perdoada, vida que seguiu… Só que agora, com esse empréstimo, as coisas complicaram um pouco…
E que o namorado do Marcos tinha falado para ele? Que ele ia pagar e se o Marcos poderia receber isso em, sei lá, em quatro, cinco parcelas. O Marcos falou: “Tudo bem, contanto que você não esqueça que a gente tem essa dívida. Eu não quero que isso fique entre nós no relacionamento e nã nã nã”. — Falou lá aquele texto básico, né? De tipo: “olha, pra você não esquecer que você tem essa dívida, eu não quero ser o cara que fica cobrando e nã nã nã”, beleza… — Passou ali um mês e tantinho, o Marcos, realmente… Não é que ele esqueceu, mas ele ficou esperando… — O namorado, sei lá, depositar alguma coisa na conta dele, né? — E aí o namorado chegou um dia lá para eles irem jantar fora e ele estava com um tênis novo… E um deles ali de uns, sei lá, 700 reais. — Né? O namorado dele não usa tênis baratinho. —
E aí o Marcos olhou pro pé dele e falou: “Bom, não vou comentar nada, né? Vou esperar chegar dia 10 para ver se ele vai depositar alguma coisa”… Chegou dia 10, dia 15… Cadê? — Você viu? Nem o Marcos… — E aí ele foi lá e comentou, falou: “Então, amor, você já tem aí uma parcela do dinheiro para me devolver?”, ele falou: “Ai, amor, ainda não tenho”, e aí o Marcos comentou do tênis, né? Ele falou: “Poxa, mas eu vi você com um tênis novo”. Aí ele respondeu assim: [efeito sonoro de voz grossa] “Ai, amor, mas o tênis eu parcelei em 12 vezes”. — Poxa, mas mesmo assim… Você tem uma dívida com seu namorado e você está fazendo dívida de tênis que você nem precisa? —
E aí o Marcos ficou quieto e falou: “Bom, mas mês que vem você vai me dar alguma coisa, né? Você lembra? A gente combinou… Eu falei para você que eu não queria virar esse chato”. Aí ele já respondeu meio atravessado: “Ah, você não querer virar esse chato, mas você virou esse chato, né?” — [suspiro] Ai, olha… Eu não posso falar muito do Marcos porque eu sou a pessoa que empresta dinheiro e depois passa por esse mesmo tipo de situação que o Marcos tá passando, sabe? Com namorado, com amigos… Até com desconhecidos. [risos] Eu sou essa pessoa, eu sou o Marcos, sabe? Tipo, o Marcos. — E aí o Marcos ficou ali na dele e falou: “Não, eu não vou ser essa pessoa… Eu vou aí dar mais um mês para ele, ver se ele me deposita alguma coisa”.
Passou mais um mês, lá chegou o dia 10, nada… 12, 13, 14, [risos] 15, nada…. E aí o Marcos já foi ficando meio irritado, mas ele falou: “Bom, eu não vou falar, eu quero ver até onde ele vai”. — Porque aí o ressentimento já estava ali instalado, entendeu? [risos] Já tava lá. — E aí passou mais um mês e, um dia, um belo dia, o namorado dele chega pros dois saírem lá e ele estava simplesmente com um… — Não posso falar a marca, né? — Um iPônei… Um celular iPônei… — Gente… — E não era, assim, ah, um iPônei usado, era um iPônei de agora, tipo, de última geração do iPônei. E aí o Marcos surtou, né? Falou: “Como que você está de iPônei? De onde veio esse iPônei?”. E aí o cara deu uma enrolada e quis falar que parcelou… Aí o Marcos na hora pegou a calculadora do celular dele mesmo e falou: “Tá bom, vamos dividir aí… Em quantas vezes você fez isso iPônei? Porque dava pra você me pagar já então… Cadê?”.
Aí quebraram o pau… O cara ficou falando que o Marcos não queria ver ele progredir na vida. [risos] — Ai que ódio… [risos] — E aí eles brigaram ali, né? Tipo, o Marcos ficou puto. — Com toda razão, né? — E aí depois o cara chamou ele pra conversar, falou que ele sempre quis ter um iPônei, e aí teve essa oportunidade de ter um iPônei… Se ele podia entender essa questão do iPônei.. Só que o Marcos ficou uma fera. Agora o cara não pagou, gente, nem 100 reais… Não deu 100 reais, sabe? Falou: “Toma aqui 100 reais, fico te devendo 3.900”. Não… Deu nada… Deu nada. Absolutamente nada. Eles estão juntos ainda e ele já está falando com o Marcos assim: “Ai, amor, pra onde a gente vai viajar no final do ano?” — E, assim, eles sempre viajaram e cada um pagou o seu. — Então, se ele tem pra pagar o dele da viagem, por que não dá esse dinheiro para o Marcos e quita a dívida?
Aí um amigo do Marcos falou para ele fazer assim: Planejar a viagem… — Porque geralmente eles fazem como? Eles planejam, então tem os custos ali, eles compram tipo o pacote e esse cara deposita o dinheiro na conta do Marcos pra eles fazerem a viagem… — E aí um amigo do Marcos deu uma ideia que é para ele fazer assim: Ele planejar a viagem, ver todos os custos lá e tal e, a hora que o cara depositar o dinheiro, — porque geralmente eles fazem viagem internacional — tirar 4.000 desse dinheiro e devolver para ele o que sobra e falar: “Ó, a gente não vai viajar porque minha conta estava negativa daqueles 4.000 e cobriu… Eu estou te devolvendo o restante e a gente vai ficar por aqui mesmo”.
Só que, gente… Isso não é honesto de se fazer. — Assim, não sei, eu estou… — Eu estou na dúvida. Porque, tudo bem, ele vai pegar o dinheiro ali para cobrir a dívida que o cara tem, mas ao mesmo tempo ele vai enganar o cara que eles vão viajar, né? Então eu não sei, não acho certo. O Marcos está bem inclinado a fazer isso. Eu não sei, assim… Ele me contando e eu contando agora para vocês, quanto mais eu penso nisso, mais eu acho errado. Mas, assim, eu posso estar errada eu… Porque o Marcos falou: “Andréia, ele não vai pagar… Ele não vai me pagar. Ele acha que, tipo, eu socorri ele lá com o negócio do encanamento e, tipo, sei lá, minha obrigação socorrer, sabe? E aí agora ele já comprou tênis, já comprou iPônei… Às vezes quando a gente não está junto eu vejo que ele foi comer, sei lá, num lugar que ele gastou 200 reais… Poxa, dá esses 200 reais pra mim”. E ele não deu um real… — Pra dívida. —.
Então, o Marcos está bem inclinado a seguir o conselho desse amigo, a fazer aí todo um roteiro de viagem, passar pra ele os preços e nã nã nã… A hora que ele depositar o dinheiro, vaaal… — Vaaal. [risos] Tira ali 4 mil e devolve o restante pra ele. — Porque o Marcos falou que a gota d’água para ele foi o iPônei… Porque sabe, poxa, mesmo que parcelou… Dava para ir pagando ele então com essa parcela do iPônei, sabe? Mas ele preferiu pegar o iPônei. E aí o Marcos falou que esse iPônei tá dando tanto ranço nele, que quando o namorado posta foto de selfie com o iPônei ele não consegue nem curtir as fotos, ele tá pegando raiva da marca [risos] por causa do iPônei do namorado dele. Então, assim, eu falei pra ele que eu não acho certo ele fazer isso, tipo, enganar o cara com uma viagem e pegar a grana de volta dessa forma… Mas ele gostaria de ouvir vocês, então, por favor, deixem seus conselhos, suas mensagens para o Marcos.
[trilha]Assinante 1: Oi, gente, eu sou Emily de Fortaleza. O meu conselho pro Marcos é o oposto da Déia. Eu entendo perfeitamente que não é ético você pegar o dinheiro dele sem ele saber e tal tal tal, mas também não é ético o que ele fez com você, não é correto o que ele fez com você, Marcos… De pegar o teu dinheiro e gastar em… Gastar, na verdade, com um monte de outras coisas que não são prioridades e não te devolver o teu dinheiro, né? Você não tinha obrigação nenhuma de ajudar ele, obrigação nenhuma de resolver o B.O dele, você foi lá na maior boa vontade, sabe? E aí ele tem dinheiro pra porra de iPônei, tem dinheiro pra viagem, tem dinheiro pra tênis caro e não paga o teu dinheiro? Isso é desrespeitoso. Você está na última das prioridades, ele já deixou bem claro qual é a prioridade dele… A prioridade dele é fazer qualquer coisa que não seja honrar o compromisso dele com você. Isso passa desde a traição até essa questão da dívida. Então, assim, abre o olho, pega o que é teu e sai fora.
Assinante 2: Oi, pessoal, aqui é Adriana de Campo Largo, no Paraná. Marcos, não seja ONG de macho. Ninguém precisa de um namorado pilantra desse, caloteiro… Que pega o seu dinheiro e, depois, em vez de te pagar, assim, que você já pediu para ele pagar, ele fica aí fazendo a pêssega, comprando coisinha, querendo marcar viagem? Nã nã… Não. Não precisa, não, jovem. Eu acho, assim, pega o dinheiro que você conseguir, mesmo que não consiga 4 mil, mas pague o que você conseguir que dê uma aliviada no seu prejuízo e manda esse cara embora da sua vida, entendeu? Porque se agora está assim, depois só piora, sabe? Quanto mais a relação vai ficando estável, mais as pessoas vão se aproveitando, ok? Outra opção é desapegar, mas eu não acho que você está indo nesse caminho, não. [risos] Tá bom? Tudo de bom, boa sorte.
Déia Freitas: E é isso, gente… [risos] — Ê, Marcos… — [risos] Um beijo e eu volto em breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]