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título: loteria
data de publicação: 19/08/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #loteria
personagens: lizandra e um cara

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje eu vou contar pra vocês a história da Lizandra. Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]

A Lizandra estava um dia num café… — Essa história é pré-pandemia. — E ela estava ali, num café desses mais modernosos, assim, meio chiques, olhando o celular, tomando ali o café dela, comendo um biscoitinho e nã nã nã, quando ela viu que em outra mesa tinha um cara olhando pra ela. E o cara ali olhando para ela e tal, assim, paquerando real, só que ela continuou fazendo as coisinhas dela ali, mexendo no celular, tomando café… Quando, de repente, a moça ali da cafeteria trouxe pra ela um bolo… — Um pedaço de bolo. — E, gente… Não tem coisa mais [risos] sexy do que ganhar bolo. [risos] Não, e bolo real, bolo docinho. — E aí o cara tinha mandado pra ela uma fatia de bolo. E aí, já viu, né? — Taurina, fatia de bolo, deu brecha… —

Aí ele veio, sentou ali na mesa da Lizandra, eles começaram a conversar e nã nã nã, ele disse que era um advogado e que ele trabalhava pra grandes empresas na área de falências e que ele fazia aquisições, né? Ajudava aí os grandes clientes dele a comprar e vender empresas e nã nã nã. Parecia que era uma coisa de rico, né? — Assim, pela conversa dele, parecia que era um negócio que envolvia bastante dinheiro. — E de cara ele já falou isso… Já acho estranho, né? Mas tudo bem. De cara ele falou isso, aí eles trocaram telefone e, [efeito sonoro de mensagem no WhatsApp] no mesmo dia, ele mandou uma mensagem dizendo que tinha adorado conhecer a Lizandra, que ela era linda e nã nã nã e sugerindo um jantar, né? Um segundo encontro.

E aí a Lizandra aceitou o convite pro jantar e ele passou na casa dela.  [efeito sonoro de campainha tocando] Lizandra, morando ainda com os pais e não entrou, nada, né? — Detalhe: ele estava de carro de aplicativo, ele disse que não gosta de dirigir e nã nã nã. Então passou, pegou a Lizandra ali de carro de aplicativo e foram pra um restaurante. — Ele escolheu o restaurante Pônei 6. Aí lá foram eles para o Pônei 6. — A Lizandra achou meio exagerado, né? Mas enfim… — Comeram lá as comidinhas do Pônei 6, comeram a sobremesa lá do sorvete que vem enfiado num negócio lá. [risos] Enfim, comeram as coisinhas lá do Pônei 6. Na hora de passar o cartão, ele falou: “Não, eu convidei, né?”, eu pago. Botou o cartãozinho dele lá, recusado… — Cartão com problemas. Que problema que é esse que o cartão tem? [risos] Só tem um problema que a gente sabe… —

Ela falou “Não, imagina, eu passo aqui, depois a gente acerta, né?” — Ela pensou assim: “Metade… Ele pagando a metade dele… Mas também se ele não pagar, tudo bem, ficou um jantar”. E ela pagou ali o Pônei 6. — Não foi barato. — Ela não sabia dos preços do Pônei 6. E aí, quando ela passou o cartão, ela falou: “Jesus amado”. [risos] E aí o cara de ali de buchinho cheio de comida do Pônei 6 sugeriu que eles fossem pra um motel. E aí a Lizandra falou que não… Primeiro que ela achava muito desconfortável entrar num motel com um carro de aplicativo e, segundo, o cartão dele deu problema, né? Então, quem pagaria o motel seria ela. Então ela falou: “Não, vamos pra casa e tal”. E aí ele pediu o carro novamente de aplicativo, deixou a Lizandra em casa e foi embora.

Eles conversaram mais uns dias ali no zap, né? E aí esse cara, de repente, ele sumiu por três dias. Quando ele reapareceu, ele pediu desculpas e falou pra Lizandra que, olha, ele tinha um segredo [risos] pra contar pra ela, que tinha acontecido nesses três dias, né? E que ela não poderia contar pra ninguém. — Ô, gente, você conheceu a pessoa, sei lá, pouquíssimos dias, você acha que realmente ela te contaria um segredo? Assim, uma coisa muito relevante? Esse cara disse que ele tinha um segredo e que ia contar pra ela… E a Lizandra ficou meio preocupada, né? “Segredo? Sei lá, né? Geralmente não é uma coisa boa”. Só que o segredo dele era uma coisa boa… Esse cara disse que ali, há três dias, ele ganhou um prêmio na loteria. [risos] — Ô, gente… [risos] Quem que ganha na loteria e conta assim pra um estranho, uma estranha, sabe? — Que ele ficou esses três dias, assim, fora do ar, sem saber como lidar, porque era coisa de 3 milhões. [risos]

Nisso, a Lizandra já tinha que ter, sei lá, se tocado, né? Que era um golpe, alguma coisa assim. Mas ela ficou assim… Ficou: “Gente, o cara ganhou 3 milhões… Tipo, estava namorando com o cara que o cartão não passou e agora ele é milionário”. Então ela ficou nessa vibe, né? E aí a gente tem vários tipos de pessoa lidando aí com quem ganha na loteria, né? — Se eu estou saindo com um boy e ele ganha na loteria, a primeira coisa que eu faço é terminar, me afastar, porque aí são mundos completamente diferentes, né? E eu não quero ser a pessoa classe C que tá saindo aí com um milionário, então para mim não dá, ia ser um relacionamento incompatível. — Aí tem gente que acha neutro: “Ah, ok, o cara ganhou dinheiro, não é meu”. E tem as pessoas que se interessam mais por aquele cara, porque agora ele é um milionário, né? Só que a Lizandra não era essa pessoa, a Lizandra era a pessoa neutra, tipo, ele ganhou, problema dele. — E o golpista ele não consegue enganar uma pessoa neutra, ele tem que ir atrás das pessoas que são gananciosas, que querem aí tirar uma vantagem no caso dele que tinha acabado de ganhar na loteria. —

E aí ele começou a falar das coisas, do dinheiro, que ele estava muito preocupado em deixar aquele dinheiro só na conta dele… — Olha a conversa… — E que aí ele queria saber se a Lizandra podia ficar com parte desse dinheiro na conta dela e que, pra isso — se ela aceitasse — pra ele ter certeza que ela não ficaria com o dinheiro dele, se ela poderia, tipo, simular uma compra num cartão, alguma coisa assim, pra ele ter os dados e guardar como se fosse… Como se diz, assim, uma garantia… — Gente, isso nem faz sentido. Isso nem faz sentido. Mas é assim que o estelionatário é. — E aí de cara a Lizandra saiu fora, falou: “Não, imagina… Não, na minha conta, não. Fica aí de boa com o seu dinheiro, pede pra algum familiar, é mais seguro pra você e nã nã nã”, e aí o cara meio que deu uma murchada com ela. Deu uma murchada, não respondia mais, fala um “oi” aqui, um “oi” ali e sumiu…

Isso era ali perto de festas de final de ano. Passaram as festas de final de ano, Lizandra foi pra uma praia e tal… E aí ela tava na praia, quem que ela vê na praia? O cara… — Num lugar assim, num quiosque que seria mais quiosque de gente rica. — E aí ela ficou naquelas, né? “Nossa, o cara sumiu e tal, não falou mais comigo… Mas será que devo falar um “oi”, será que não devo?” e como ele estava acompanhado, estava com uma mulher, ela falou: “Não, não vou fazer isso, né?” e passou batido. Ela ia ficar 15 dias naquela praia e todo dia indo pra praia, encontrando com ele algumas vezes… Ele a viu e fingiu que não conhecia. Então ela falou: “Bom, eu vou ficar na minha também, né?”. Quando deu ali pelo quinto dia de praia, — que você acaba conhecendo as pessoas… Onde você toma mais caipirinha, você conhece ali o dono do quiosque, você conversa… — Começou um burburinho sobre um cara que tinha dado um golpe numa mulher ali da praia e tinha conseguido levar da conta dela quase 200 mil reais… — Quase 200 mil reais… Gente, a Lizandra não ligou o cara a esse golpe. —

E aí ela ficou sabendo os detalhes e tal… Quando a mulher apareceu na praia, — porque não se sabe se ela morava lá na praia ou se ela estava só passando, sei lá — ela apareceu lá, o cara do quiosque fofoqueiro foi lá cutucar a Lizandra pra falar: “Então, foi aquela ali”. E aí ela viu que era a mulher que estava com aquele cara que ela já tinha saído e nã nã nã… E aí ela se ligou que quem tinha dado o golpe tinha sido ele. E aí ela ficou em choque, ela falou: “Gente, será que eu falo alguma coisa? Tipo, eu saí com ele e ele me deu um golpe também no Pônei 6”. [risos] Mas ela resolveu não falar nada, ficar na dela. E, durante a história toda, a Lizandra não sacou que ela estava saindo com um golpista, ela só achou que fosse um cara que agora tinha ficado rico e que não queria mais saber dela, né? E aí, obviamente que esse “ganhar na loteria” dele aí era uma mentira, era a história que o fofoqueiro lá do [risos] quiosque contou pra ela, que ele tinha falado que ganhou na loteria, que ia passar parece que 2 milhões pra conta dessa mulher, mas ele precisava de uma prova e nã nã nã e ela deu pra ele esses quase 200 mil reais. — Tipo, sei lá, pra provar confiança, não sei… Gente, não sei, o estelionatário, né? Ele consegue e te enganar aí de várias formas. —

E essa mulher foi enganada desse jeito, dizendo que ia sim ceder a conta pra ele. — Uma coisa que não é pra vocês fazerem, não sejam laranjas de ninguém, não emprestem suas contas pra receber dinheiro de ninguém. Isso é muito importante. Vocês podem acabar aí envolvidos num crime. Não emprestem a conta, não façam nada, só namorem e fiquem espertos. 

[trilha]

Assinante 1: Oi, gente, oi, Déia… Meu nome é Lorena, eu falo aqui de Aracaju e eu tô chocada com o novo golpe na praça da loteria. Não conhecia essa. Eu acho que a Lizandra deveria se considerar que ela ganhou na loteria por ter se livrado de um cara como esse. Porque, gente, como que pode uma pessoa fazer isso com outras pessoas dessa forma e sair impune, né? Espero que esse cara já esteja preso a uma altura dessa e não esteja fazendo mais vítimas por aí. Beijo, gente, até a próxima. 

Assinante 2: Oi, Déia, oi, Não Inviabilize, aqui é a vitória de Ipatinga, Minas Gerais. E, Lizandra, como é que é a nossa própria honestidade pode nos salvar da desonestidade dos outros… Porque se você fosse uma pessoa que estivesse interessada para se relacionar com esse cara, talvez o seu estresse emocional e financeiro seria muito grande. E, como a Déia disse, né? Esse golpe acaba sendo um golpe bobo, mas infelizmente os golpistas eles acabam tentando puxar de um, puxar de outro e uma hora alguém acaba caindo. Essa moça provavelmente o desgaste emocional dela, o cansaço foi muito grande… Mas eu fico muito feliz por você, que você conseguiu ser esperta o suficiente, não se interessou pela grana do cara e acabou pulando fora desse possível relacionamento, que não chegou a ser um relacionamento. Mas é isso, beijo a todos e até mais. 

[trilha]

Déia Freitas: Então essa é a história da Lizandra, ela me escreveu mais pra alertar, né? Mas eu acho muito pouco provável que muitas pessoas caiam nesse golpe da loteria, porque é quase aquele golpe do bilhete premiado na porta do banco, sabe? Só cai quem é mais ganancioso, assim, que acha que vai ficar com uma parte do dinheiro e tal. Então acho mais difícil as pessoas caírem, mas fica aí a dica. Era um cara muito bonito e um cara que, provavelmente, tem aquela aparência de riqueza e roupas boas pelos golpes que ele dá. Então fica aí a dica da nossa amiga Lizandra. [risos] Cuidado com o golpe da loteria. É muito, né? É muita cara de pau dessa galera estelionatária. Então é isso, gente, um beijo e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.