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título: mágoa
data de publicação: 10/11/2025
quadro: picolé de limão
hashtag: #magoa
personagens: mônica e marco

TRANSCRIÇÃO

Este episódio possui conteúdo sensível e deve ser ouvido com cautela. 

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente. Cheguei… Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E eu já não tô sozinha, meu publiii. — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem tá aqui comigo hoje é a Pet Love. A Pet Friday da Pet Love continua… Sabe nas histórias em quadrinhos que sempre tem o personagem que tá em apuros, que não importa onde, o herói aparece? O plano de saúde Pet Love é desse jeitinho. — O plano de saúde Pet Love é o seu herói. — A Pet Love tem uma ampla rede credenciada que está em todo o Brasil, de norte a sul, em todos os cantos. São mais 8 mil veterinários credenciados em mais de 350 cidades por todo o país, é a maior rede credenciada do Brasil com atendimento de qualidade. Planos de saúde Pet Love, se tem pet, tem que ter. 

Clica no link que eu deixei aqui na descrição do episódio e fica comigo até o final que tem um cupom, gente, maravilhoso de desconto. E hoje eu vou contar pra vocês a história da Mônica. Uma história muito dura e muito sensível. Então, vamos lá, vamos de história.

[trilha]

Mônica conheceu o Marco quando eles eram jovens. Marco fazia medicina e Mônica fazia direito. Eles se apaixonaram, mas assim, a vida era muito corrida para os dois, principalmente para o Marco, que ia entrar agora no período de residência. Mônica e Marco seguiram com um namorico — porque não dava pra saber se ia ficar sério ou não , até que Mônica se formou. Depois de dois anos, Marco se formou e, no dia da formatura do Marco, ele pediu a Mônica em casamento. — Então ela passou de um namorico ao noivado. — Eles noivaram por um ano e se casaram. E um casamento, assim, perfeito. Foram batalhando juntos, conseguiram dar entrada num imóvel, dar entrada num carro e foram pagando as parcelas. Os filhos foram nascendo, [efeito sonoro de bebê chorando] dois meninos e uma menina caçula. Uma vida ótima, até que chegamos à adolescência. dos meninos… Os meninos tinham uma diferença ali de três anos e depois a caçulinha ali com um pouco mais de diferença. 

Quando os meninos chegaram na adolescência, o filho do meio começou a dar muito trabalho. Uma família de classe média, um médico e uma advogada, os três estudando numa excelente escola e o filho do meio começou a dar muito trabalho. Ele chegou ao ponto de ser expulso dessa escola, foi para uma outra escola particular. Foi expulso também… Por que ele era expulso? Ele batia nos colegas, ele estourava as coisas com bombinha na escola. — Como ele comprava bombinha? Sei lá. — Era um garoto que dava muito trabalho. A Mônica mais rígida e o Marco tentando entender por que ele tava ficando desse jeito. Colocaram ele no psicólogo, depois tiveram que trocar de psicólogo porque ele um dia lá bateu no psicólogo. Com os amigos dele, ele ficava muito bem, dava risada, aprontava… E a Mônica foi vendo que aquilo era do caráter do filho, infelizmente. 

Ele foi expulso da segunda escola particular e os pais resolveram colocar ele numa escola pública, que ele também foi expulso. Enquanto o filho mais velho, que a gente vai chamar aqui de João, tava se formando ali no ensino médio, o filho no meio tinha parado de estudar, um dia ele disse que não ia mais, só dando trabalho, não queria trabalhar, não queria estudar, ele já tava com um 14 pra 15. — Era uma época que você podia trabalhar com 14 anos, mas ele não queria. — Tinha mais uma questão: Na casa tinha três quartos, o João dormia num quarto sozinho e o filho do meio e a menina dormiam no outro quarto, né? Porque nasceu primeiro o João, ele ficou num quarto e os outros dois no outro quarto. O do meio tava com 15 pra 16, a menina tava com 8 pra 9. Um dia a menina, que a gente pode chamar aqui de Cíntia, veio falar pra mãe que ela não queria mais dormir com o irmão, porque o irmão tinha passado a mão nela. 

Mônica ficou possessa… Rolou uma mega briga, João saiu do quarto dele, o quarto dele passou a ser o quarto de Cíntia e João foi dormir no quarto junto com o filho do meio. Ele não tinha motivo pra nada disso… Ele nunca teve um trauma, nunca teve nada. A Mônica sentia no próprio filho uma maldade. Ao mesmo tempo que o Marco tentava compreender, ele também era firme nos castigos, mas tentava entender. A Mônica já estava num ponto que achava que esse filho do meio era um perigo para a família. — Era esse o ponto. — João terminou o ensino médio, fez um ano de cursinho e entrou numa universidade federal. João se mudou para o estado que ele passou na faculdade. Toda uma vida nova, João foi fazer medicina, assim como o pai, e ficou na casa só a Cíntia, o menino do meio e o casal.

A Mônica não deixava Cíntia sozinha com o irmão em casa. A menina saía da escola e a Mônica ia buscar e levava a Cíntia para o escritório, porque ela tinha medo de deixar a Cíntia com o irmão. O tempo foi passando… Algumas vezes eles receberam ligação da polícia, tipo, ah, sei lá, ele vandalizou não sei o quê, ele brigou na rua. Nunca foi feito um B.O. contra ele… — Aqui a gente está falando de uma família classe média branca e a gente sabe que a polícia trata diferente. Então era sempre assim: “Olha, toma mais conta do seu filho”, porque ele ainda era menor, né? Numa dessas vezes, um PM virou pro casal e falou dessa forma: “O filho de vocês é uma sementinha do mal… Ele não tem jeito. Mais cedo ou mais tarde, ou ele vai cruzar o nosso caminho ou ele vai cruzar o caminho de vocês de uma maneira trágica”. — Um policial militar aleatório falou isso pra família. —

Na hora, a Mônica ficou pensativa e o Marco começou a chorar… Porque ele não conseguia ver maldade nesse tanto, né? Em relação ao filho. Passou… Ele fez 19 anos e agora as questões eram em relação a baladas, drogas que ele usava. Várias coisas… Até uma menina, uma vez, ele bateu na menina. — Deu um tapa na menina. — A Mônica disse para ela prestar queixa, ela não quis. E era sempre isso, sempre algum amigo dele ligava pros pais, eles não davam dinheiro, então ele começou a fazer bico… Ele fazia vários trabalhos só pra ter o dinheiro ou pra usar droga ou pra balada, porque a fonte dele secou já na época que ele soltava bombinha na escola. — Então ele não tinha acesso a dinheiro…  Ele não usava drogas pesadas… Eu acho que cocaína é uma droga pesada, não sei. Ele cheirava cocaína, mas assim, não era a ponto de querer vender as coisas da casa pra comprar drogas, sabe? Ele fazia, sei lá, alguns trabalhos. Mônica acha que ele não roubava, porque ela tinha essa informação de que alguns pais, sei lá, botava ele, sei lá, pra ficar uma semana lá olhando de vigia não sei o que lá, ou carregar caixa não sei o que lá, esse tipo de coisa. —

Causava em casa, quando ele chegava, ele chegou um dia e destruiu o espelho do banheiro, esse tipo de coisa, era uma pessoa que assim, quando ele tava em casa, todo mundo ficava mau… Mas era o filho deles e tava lá, né? Em casa. Um dia, era mais ou menos meia noite e pouco, [efeito sonoro de telefone tocando] o telefone tocou e era um dos amigos do filho do meio… Esse amigo disse que ele estava causando, que o segurança já tinha ameaçado bater nele, que ninguém conseguia botar ele dentro de um carro para levar para casa, e aí eles estavam ali ligando para os pais. Mônica disse para o Marco: “não vá”. O Marco pensou e falou: “O Fulano tá falando que ele tá correndo perigo… Como que eu não vou, Mônica?”. — E aí aqui eu quero abrir um parêntese pra falar como era a vida do Marco nessa época. — Marco era de uma família muito bem estruturada, que tinha condições financeiras excelentes e, quando ele se formou em medicina e casou com Mônica, o pai dele falou: “Filho, eu vou te dar uma clínica médica”.

Nessa época, pelos contatos que a família tinha, pelo status mesmo da família, ele já tinha conseguido um emprego como médico num hospital estilo Pônei Libanês aqui de São Paulo. — Então ele já trabalhava no Pônei Libanês quando o pai dele falou “eu vou te dar uma clínica”. — Marco escolheu montar a clínica médica dele num bairro de periferia, ao lado de uma comunidade… Cobrando uma consulta que hoje seria 20 reais. E aí, amigos dele, médicos excelentes, iam uma vez a cada 15 dias, tinha um rodízio muito grande de médicos na clínica, ninguém fazia pelo dinheiro. Toda aquela população periférica do entorno era tratada nesta clínica. Ele também empregava 10 funcionários nessa clínica, pagos com esses 20 reais. O dinheiro que entrava na clínica de 20 em 20, como o volume era alto, pagava ali os direitos CLTs e os salários dos funcionários. Tudo muito redondinho… A clínica ele tinha para fazer o papel de médico da comunidade, que ele sempre gostou e ele tinha um salário excelente no Pônei Libanês, que era como ele mantinha a casa junto com Mônica. — Porque a Mônica também é uma advogada muito boa. —

Eles tinham uma casa financiada, tinham um carro financiado. “Ah, mas por que o pai dele não deu um carro para ele?”, não, o pai dele dava um negócio, você se formava, ele dava um negócio, era isso, depois você ia seguir sua vida, né? Essa era a vida do Marco no dia que esse telefonema chegou. Marco olhou pra Mônica e falou: “eu vou buscar o fulano, ele tá correndo perigo, eu vou lá”. De pijaminha, botou um tênis, deu um beijo na Mônica e falou: “Daqui meia hora a gente tá de volta”. Ela ainda falou pra ele: “Não vai…”, ele falou: “eu tenho que ir, amor, nosso filho tá correndo perigo”. Marco pegou o carro [efeito sonoro de carro dando partida] e foi até essa balada. Chegando lá na balada, realmente estava uma confusão, porque este filho não queria ir embora. Ele queria ficar, ele queria causar. E o pai chegou, eles estavam já na calçada porque o filho queria voltar pra dentro da balada e os seguranças não deixavam, falavam: “Aqui você não vai entrar mais”. O pai chegou e falou para ele: “Filho, vamos embora… Outro dia você vem, olha o que você tá fazendo, o que você tá causando”.

Sem pensar, o filho empurrou o pai dessas de “me deixa, pai”. Nisso, Marco, que estava bem na ponta do meio fio, se desequilibrou, caiu e um carro passou por cima da cabeça do Marco… A cena foi chocante… O filho. começou a gritar e desmaiou… Caiu e bateu a cabeça no chão. Não adiantava mais chamar o Samu pro pai. — Eu não sei nem se na época tinha Samu. — Chamaram a ambulância para o filho do meio e ele foi socorrido… O mesmo cara que ligou pra falar que era pra ir buscar o filho, agora tava ligando pra Mônica pra falar pra ela ir pra um hospital, porque o filho do meio tinha caído e batido a cabeça. — A única coisa que ele falou. — Mônica saiu para o hospital falando: “Vou dar bronca nesse infeliz. Cadê o Marco que não aparece?”. Era uma época que não se tinha celular ainda… “Cadê o Marco que não aparece? Eu vou chegar lá, vou dar na cara dele, onde já se viu?”. Quando ela chegou, ela encontrou o filho hospitalizado, ia ter que ficar lá em observação, mas naquela recepção do hospital, ela teve a notícia de que o Marco estava morto.

Mônica não se conformava, ela queria saber por que, ela foi pro hospital com a Cíntia. —— Porque ela não tinha com quem deixar… O João estava morando em outro estado, o filho mais velho. — Mônica já começou a gritar, Cíntia também ali passando mal… Os amigos estavam ali e os amigos contaram como foi que aconteceu tudo. Ele não empurrou o pai, assim, por querer, foi tipo um “me deixa”, assim, “me solta”, sabe? E nesse “me solta”, o pai desequilibrou, caiu e morreu. Um carro passou em cima da cabeça do pai. Mônica ficou fora de si… Nesse minuto, ela entrou para ver o filho, ele estava em observação, ele chorava muito, pedia perdão… Mônica bateu nele e disse: “você não é mais meu filho, eu nunca mais quero te ver”. Mônica saiu de lá desesperada, ela queria ver o Marco que era o amor da vida dela. — Eles eram muito, muito unidos… — Não deixaram ela ver o Marco porque o Marco estava sem a cabeça. Ele teve que ir num caixão lacrado. 

Mônica foi para casa, ela tinha que pegar o documento do marido, pegar uma roupa para o marido… Quando ela chegou em casa, ela tirou todas as coisas do filho, todas… Botou em sacos e levou pra casa do amigo do filho e falou: “Ele nunca mais vai voltar pra minha casa. Ele nunca mais vai voltar”. Mônica voltou para o hospital com a roupa, ainda assim, não deixaram ela ver o Marco e foi aí que uma pessoa lá falou pra ela: “Ele está sem a cabeça, ele não tem cabeça mais… E você não vai querer guardar essa imagem pra você”. E aí ela gritou muito porque ele estava na parte onde ficam os mortos do hospital, ele não tinha ido para um IML, nada… Ela teve que pedir para o João voltar, disse que o pai estava muito doente e só quando o João chegou, ela contou. E o João já chegou no velório do pai… Foi tudo muito traumático. 

O filho tentou ir no velório, a Mônica não deixou… Acabando o velório, eles foram pra casa, o João ficou uns dias ali pra cuidar da Cíntia, porque a Mônica não conseguia cuidar de ninguém. A família do Marco culpou a Mônica, dizendo que a Mônica que não deu educação para o filho do meio. Mônica entrou numa depressão… — Mônica trabalhava como advogada, mas assim, é uma profissional liberal. — O Pônei Libanês pagou ali o dinheiro que o Marco tinha para receber, mas a clínica que ajudava muita gente, ajudava uma população imensa, eles conseguiam marcar cirurgias de graça, era uma coisa assim, só de gente. assim, médicos ricos fazendo ali um trabalho na comunidade. A clínica acabou… Quem coordenava, quem ficava com o grosso, que é complicado você coordenar uma clínica, né? Ainda mais uma clínica assim, que tem uma alta rotatividade tanto de médicos quanto de pacientes, a clínica acabou. 

O dinheiro que a Mônica recebeu do Pônei Libanês, ela fez o acerto com os funcionários da clínica. — A clínica fechou… O médico principal da clínica estava morto. Então uma comunidade inteira deixou de receber atendimento. — A prestação da casa sozinha? Mônica não conseguia mais pagar. Ela teve que vender o carro. Nessa época eles tinham só um carro que eles estavam terminando de pagar para juntar com o dinheiro ali da casa, que estava financiada, para tentar fazer alguma coisa. A Mônica não conseguiu manter a casa… Foi feito um inventário que deu, na época, 22 mil para cada filho. O dinheiro do filho dela foi depositado em juízo, ela não sabe se ele pegou, se ele não pegou. Ela acabou dando entrada num outro apartamento pequeno pra ela e a Cíntia. O João voltou para estudar medicina e ela nunca mais viu o filho do meio. O tempo passou, Cíntia virou fisioterapeuta, João médico, Mônica continuou ali na área dela do direito e a vida passou e 20 anos se passaram sem que Mônica tocasse no nome do filho do meio, era proibido dizer o nome do filho do meio.

Mônica, quando era casada com o Marco, ela fazia o café da manhã, eles tomavam o café da manhã juntos, era uma rotina deles. E, por muito tempo, ela continuou fazendo a mesa pra ela e ele, pros dois tomarem café, né? Depois de 20 anos, no meio desse tempo, isso se perdeu. Um dia Mônica acordou e ela sentiu vontade de botar a mesa de novo para dois. — E agora aqui a história vira um Luz Acesa. — 20 anos depois, Mônica coloca a mesa para duas pessoas. — Seria ela e o marido. — Nesse momento, ela vê o marido dela na frente dela, sentado na mesa, com uma aparência ótima, com uma camisa azul clarinha, assim, sorrindo pra Mônica. A Mônica, na hora, não consegue nem respirar. Ele parecia humano mesmo, não era assim como se fosse um fantasma. E, nisso, o Marco fala pra Mônica: “Mônica, eu preciso que você procure o nosso filho. Ele precisa da sua ajuda”. O semblante dela que estava emocionado, feliz, agora endurece e ela diz: “não” e ele desaparece na frente da Mônica. 

Mônica, nesses 20 anos, nunca quis saber do filho… Se ele está vivo, se ele está morto, se ele mora com alguém, se ele não mora. Ele tentou contato nos primeiros anos e ela jamais quis contato. Os irmãos também não sabem dele. E a partir desse dia, Marco aparecia algumas vezes para ela pedindo para que ela procurasse o filho que ele estava precisando de ajuda. Mônica contou para uma amiga, a amiga dela falou: “vai num centro espírita que tem ali perto, não sei o que lá”. Mônica foi, ficou ali pra ver se vinha alguma psicografia do Marco e não veio nada, foi de novo.. Na terceira vez, ela foi tomar um passe e ela foi chamada… Era um médium que tinha um recado de um familiar dela, tipo uma avó, dizendo que se a Mônica não perdoasse o filho nessa vida, ela ia passar muitas vidas com esse filho e a Mônica disse que não perdoava. Agora ela colocava a mesa todo dia do café, às vezes o marido aparecia e ele só falava isso. Até que um dia, a Mônica pensou: “É bom que eu não vou mesmo procurar o meu filho, porque assim o Marco vem me ver todo dia”. A partir desse dia, o Marco não apareceu mais.

Mas ela passou a sonhar com o filho dela, com aquele rosto de quando ele tinha 19 anos, porque ela não tem ideia de como ele tá, gente. E a questão é: O filho dela destruiu a família e ele era uma pessoa ruim. Ele tentou molestar a irmã mais nova. — Molestou, né? Porque passou a mão. — Ele atormentava e deixava amedrontado o João, o filho mais velho… Ele enfrentava o pai, ele enfrentava a Mônica. — Pode ter sido sem querer, mas numa atitude inconsequente, ele matou o pai. Acabou com a clínica. Acabou… A família perdeu todo o patrimônio…. Porque a família no Marco não ajudou, ficou com raiva da Mônica. — Ela não consegue perdoar. E não é nem que ela não consegue, a Mônica não quer perdoar. Não quer saber do filho, não quer saber se ele está precisando de ajuda, se ele não tá, ela não vai ajudar, ela não vai atrás, ela não consegue tirar essa mágoa que esse filho causou na família toda. 

A Mônica falou pra mim: “Andréia, ele destruiu a nossa família. Mesmo o João agora médico, a Cíntia fisioterapeuta, eles têm uma tristeza”. E, assim, vocês podem pensar: “Ah, mas a Mônica então vive desse jeito amargo?”, eu conversei com ela, gente, e assim, ela não é uma pessoa amarga. Ela vive a vida dela, ela seguiu em frente. É como se… Ela me falasse uma coisa: “Naquele dia, o Marco morreu e o meu filho morreu. Eu só tenho dois filhos. Eu não tenho três filhos, eu tenho dois filhos. Eu não pude me despedir do meu marido. Meu marido estava no caixão sem a cabeça porque ele queria voltar pra balada pra encher o saco dos outros. Pra causar, pra beber mais…”. Então, assim, é uma história dura, uma história difícil… A Mônica me escreveu pra falar dessa… Ela me mandou um e-mail escrito “Luz Acesa”, pra falar que o marido dela aparecia agora pra ela, pra pedir que ela ajudasse esse filho desaparecido. Essa era a história. 

Mas eu quis saber todo o Picolé de Limão antes do Luz Acesa, né? E agora o marido parou de aparecer, porque ela teve esse pensamento de que era bom que ele aparecia porque ela nunca ia procurar o filho. E aí vocês vão me dizer: “ah, ela faz terapia?”, a Mônica faz terapia há 20 anos… Já trocou umas 3, 4 vezes de terapeuta, mas ela nunca faz terapia pra tentar perdoar o filho, porque ela não quer perdoar o filho. Ela faz terapia pra tentar aliviar a saudade que ela tem do marido, que era a alma gêmea dela, era o amor da vida dela. Os filhos, o João, ela contou para o João e a Cíntia que ela viu o pai e que talvez o irmão estivesse precisando de ajuda e os irmãos também não querem saber dele. Ela não tem ideia de onde ele está, se ele está preso, se ele está num hospital, se ele mora na rua, se ele refez a vida… Nada. E ela não vai. Ela falou: “Andréia, nem quando começou a internet, apareceu o Google, essas coisas, eu nunca nem joguei o nome do meu filho no Google, eu não tenho interesse de saber onde ele está”. 

Então, ela escreveu pra gente pra falar que o marido aparecia pra ela, mas eu achei todo esse enredo por trás também muito importante de trazer aqui pra vocês. E aí eu expliquei pra Mônica, falei: “Talvez no grupo as pessoas não concordem com você. Tudo bem pra você? Porque a gente sempre pergunta isso” e ela me falou: “Andréia, eu já perdi tudo… Não é um grupo do Telegram que vai me fazer mudar de ideia. Só eu sei o que eu passei desde que o meu marido morreu do jeito que morreu, dessa maneira violenta”. Pra vocês terem uma ideia, a Mônica falou para mim: “Depois que eu enterrei o meu marido, eu voltei na frente da balada, e eu, Mônica, achei pedaços da cabeça do meu marido naquele meio fio”. Então assim, não tem como a gente medir a dor da Mônica e falar: “ai, perdoa seu filho, vai atrás, vai ajudar ele”, ela falou pra mim ainda: “se tiver realmente, se eu tiver que pagar com ele em outras vidas, ou voltar com ele em outras vidas”, porque a Mônica acredita nisso de vidas, “eu posso voltar, mas eu não vou perdoar ele nunca”. O que vocês acham? 

[trilha]

Assinante 1: Oi, nãoinviabilizers, aqui é a Alexia, eu falo de Brasília. E, Mônica, essa sua história é tão profunda, tem tantas camadas e ela é tão trágica… Eu quero primeiro dizer que eu sinto muito, ninguém devia passar por uma coisa dessa, perder o amor da vida, lidar com um filho assim… Perder a casa, lidar com o preconceito da família, ainda ter força para ter uma carreira e criar os filhos, seguir em frente… Não consigo imaginar o que é isso, mas eu queria te dizer que você não tem obrigação de perdoar ninguém. Nem nessa vida e nem em vida nenhuma. Porque eu nem acredito nisso de outras vidas, mas eu venho de uma família que acredita que as coisas voltam se você não perdoar agora. Então que venha e, que se for pra ter um resultado diferente em outras vidas, que ocorram, mas a gente tem que lidar com a vida que a gente tem agora. E se você não sente dentro do seu coração que é isso que você devia fazer, não faça. Muita força pra você, viu? Sinto muito. 

Assinante 2: Oi, gente, aqui é a Elô de Curitiba, Paraná. Essa história da Mônica realmente é muito forte, faz todo mundo que escuta ficar bem impactado e sentir a dor dela. Mas um dos meus primeiros pensamentos foi que é o amor da vida dela… Ele voltou depois de 20 anos para fazer esse pedido para ela. Tentando me colocar no seu lugar, tentando entender toda a sua dor, penso que você não precisa voltar a ser mãe desse menino, você não precisa fazer isso por você ou por esse filho, mas talvez fazer pelo Marco, procurar esse menino, ver o que ele precisa. Você não precisa incluir ele na sua família, você não precisa perdoar ele de imediato, mas talvez esse pedido do Marco seja a chavinha pra que alguma coisa mude dentro de você e você possa realmente superar de alguma forma. Te desejo toda a sorte do mundo. 

[trilha]

Déia Freitas: Em qualquer lugar do Brasil onde o seu pet precisar, tem plano de saúde Pet Love. A Pet Love tem a maior rede credenciada do país, contando com mais de 8 mil veterinários em mais de 350 cidades. Contrate já o plano de saúde Pet Love e seja o herói na vida do seu pet. E usando o nosso cupom exclusivo: PONEI100 — amo, “pônei” em maiúsculo, sem acento, 100 em numeral —, assinante novo ganha 100% de desconto na primeira mensalidade nos planos de saúde Pet Love. — Sim, isso mesmo que você escutou aí… 100% de desconto na primeira mensalidade. Exclusivamente para você que é aí um nãoinviabilizer. Amo… — Contrata agora, porque o nosso cupom é válido até 31 de novembro de 2025 ou enquanto durarem aí os estoques. — E é preciso consultar, tá? Os termos e as condições. As carências promocionais são liberadas após a microchipagem do seu PET, tá? — Planos de saúde Pet Love, se tem pet, tem que ter. — Pet Love, te amo. — Um beijo, gente, e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]