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título: mamãe
data de publicação: 11/09/2021
quadro: luz acesa
hashtag: #mamae
personagens: karina e déia freitas

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Shhhh… Luz Acesa, história de dar medo. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente. Cheguei. E cheguei para mais um Luz Acesa. [efeito sono de crianças rindo ao fundo] E antes de começar esse Luz Acesa, eu vou contar uma historinha — Minha. — de quando eu era adolescente. [música triste ao fundo] Bom, eu perdi a minha mãe muito cedo, ela faleceu quando eu tinha dezesseis anos e foi um baque, né? Porque era só eu e ela, meu pai tinha morrido já uns anos antes… E eu fiquei bem ruim da cabeça. — Mesmo. — Umas duas semanas depois que ela tinha falecido, eu resolvi que eu ia tirar as coisas dela do armário, porque assim, minha mãe ela era uma pessoa muito vaidosa e com muito bom gosto para roupas e sapatos. Ela tinha uma coleção de sapatos. — E sapatos, inclusive, que eu devia ter ficado com eles pra mim, porque eram sapatos maravilhosos. —

Mas na época, tanto as roupas quanto os sapatos, mesmo sendo excelentes e lindos, etc, me causavam muita dor. Então, uma maneira que eu encontrei para aliviar um pouco essa dor era doar pra um brechó, e não era nem um brechó, acho que era uma ONG que fazia brechó e ia fazer um bom dinheiro com aquelas roupas e com aqueles sapatos. Era doar tudo. Então eu fiz, encaixotei, né? Chorando muito, enfim… — Assim, um clima horrível. — E deixei as caixas pra no outro dia a ONG vir buscar. E, nessa noite em que eu fui dormir depois de encaixotar tudo, eu estava passando uns dias na casa da Janaína minha tia, mãe da Janaína era viva ainda… — Que também já faleceu, mas faleceu bem depois. —

E eu tive um sonho, — Muito vívido. — que a minha família acha que não era sonho, que era realmente a minha mãe. — Mas eu acho que era sonho. — E minha mãe apareceu para mim muito brava e reclamando, né? Que eu ia doar coisas dela. E aquilo foi um sonho tão vívido pra mim que eu acordei assustada. — Mas eu estava sentada na cama, enfim… — E a Janaína, minha tia, todo mundo achou que realmente a minha mãe veio. — Mas eu achava que não, que isso não tinha acontecido. — Mas durante muito tempo eu fiquei cismada, porque eu sempre falei para todos os meus parentes que, assim, enquanto tá vivo eu amo, eu quero do meu lado… Morreu? Eu amo, mas eu não quero ver nunca mais… Nem se for pra dar boa notícia, não aparece pra mim… 

Então eu sempre deixei isso claro. — Pros meus parentes. — E eu acho que minha mãe não apareceria pra mim justamente porque ela sabia disso, né? E acho que ela não faria isso comigo, enfim… Porque ela sabia que eu sou uma pessoa cismada. [risos] E a história que eu vou contar hoje para vocês é uma história nesse naipe. É a história da Karina, então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

A Karina, ela também perdeu a mãe cedo, ela tinha 23 anos… Só que a mãe dela… — A minha mãe morreu em um ano, minha mãe teve câncer de mama. Em um ano ela faleceu. O tratamento ela fez, enfim, mas não deu resultado. — E a mãe da Karina teve um processo mais longo, de uma outra doença e, digamos que ela se preparou para a morte. E a relação da Karina com a mãe, nessa questão de “apareça para mim”… — Como eu falava: “Gente, parente nenhum, não aparece para mim, não quero saber. Morreu, acabou. A relação da Karina era outra. — Ela e mãe elas combinavam de que a hora que a mãe partisse, porque a mãe já sabia que ia partir logo, que a mãe voltasse pra falar com ela e para contar como estava e nã nã nã. — E, assim, gente, sério mesmo, eu não entendo quem pede para ver as pessoas depois de morta assim…. Mas era o que a Karina queria. —

Então aí a mãe da Karina faleceu, toda aquela coisa que a gente já sabe… Quem passou, quem viveu sabe como é dolorido você perder os pais e tal, né? E aí ela ficou um ano mau, mau, mau… E quando ela começou a melhorar, a sair daquele estado de luto e tal, ela achou que era a hora dela começar a chamar pela mãe. E pedir para que a mãe aparecesse pra ela. — Não entendo o conceito, acho assustador, mas… — Seria um alento, né? Para Karina ali, uma passagem reconfortante se a mãe dela aparecesse e falasse com ela, enfim… E aí ela começou toda a noite enquanto ela fazia as orações dela, a pedir pela mãe, até chamar pelo nome da mãe… Chamando a mãe dela pelo nome. 

E ela fez isso ali umas duas semanas e nada aconteceu. Mas um dia ela estava saindo de casa e, assim, morava ela, o pai e o irmão… E um dia ela estava saindo de casa à noite para colocar o lixo… Na casa dela tinha um quintal com árvores assim, umas árvores mais baixinhas, e ela viu um vulto atrás da árvore. E, de cara, ela não ficou com medo… Era tipo umas dez horas da noite, ela foi pôr o lixo na rua, que o caminhão passava para pegar mais assim, tipo, meia noite. E ela viu um vulto atrás dos arbustos. Não ficou com medo e ficou feliz, falou: “mãe?” só que esse vulto sumiu. E ela botou o lixo e voltou toda felizinha pro quarto, começou a rezar de novo e falar: “ai, mãe, você veio, pode aparecer pra mim, sem medo. Eu quero te ver, eu quero te abraçar. Mãe, mãe, mãe”… 

Aí no dia seguinte ela levantou de manhã, e ela levantou muito cedo, o pai dela já tinha saído para trabalhar, o irmão dela estava dormindo e foi pra cozinha para tomar café, enfim, se preparar para trabalhar. E esse vulto estava na cozinha… — E vocês sabem como me assusta espíritos de manhã. Acho bem mais assustador. — Não tinha forma de homem e nem de mulher, era um vulto assim, um espectro… Num tom que a Karina descreveu como uma fumaça escura. [música de suspense] E ela viu… E na hora ela sacou que aquele vulto, aquele espectro de fumaça densa não era a mãe dela, de forma alguma… — Olha, eu estou contando e tô até arrepiada. Não era a mãe dela. — E ela sentiu um mal-estar… 

Imagina assim, ela passou do quarto pelo banheiro, passou o corredor e chegou na cozinha. Ela parou na entrada da cozinha e o vulto estava lá perto da pia… E o vulto ficou estático lá, tipo olhando pra ela, mas não tinha olhos… Mas estava olhando para ela. E ela não conseguia mais se mexer e ela sabia que não era a mãe dela. O que Karina fez? Karina, assim, ela ficou um tempo parada, assim, aterrorizada… E ela virou e saiu correndo de volta para o quarto [efeito sono de passos] e, conforme ela… Foi muito rápido. Ela falou que ela saiu, voltou correndo e ela sentiu que o negócio estava atrás dela… — Sabe grudando? — E aí ela correu… Sabe quando você pula na cama deitada já assim e se encolhe? E fechou bem o olho e começou a rezar. 

Ela não conseguiu mais abrir o olho de tanto medo que aquele espectro, aquela coisa estava no quarto com ela. E aí, assim, em vez de, sei lá, ela rezar… — Gente, não sei. Pra Jesus, pra Buda, sei lá, Oxalá, não… Ela ficava: “mãe, mãe, mãe”. — E aí conforme ela rezava e falava “mãe, mãe” o negócio piorava assim, ela sentia que, tipo, aquilo estava mais perto dela. E ela ficou um tempo lá rezando pedindo para a mãe dela tirar aquele negócio, mas nada resolvia. Até que o irmão dela acordou e entrou no quarto, porque ela começou a rezar alto, né? E aí quando ele entrou no quarto, ele viu também. 

E o que ele viu? Ele viu a Karina na cama encolhida e, como se fosse uma nuvem bem fininha em cima dela. E aí ele não entendeu, ele estava meio sonado e bateu a mão na luz assim, que estava tudo fechado ainda… — Mas já era de manhã. — E ele falou: “Karina, o que está acontecendo e tal?” E aí ela abriu o olho, porque ela ouviu a voz do irmão e aí tudo sumiu. Aí eles conversaram sobre, o irmão dela não acreditando muito em nada, mas ele viu e falou: “Eu vi, tinha tipo uma fumaça em cima de você. Eu achei até que você tava, sei lá, começou a fumar narguilé na cama, sabe? Essas coisas assim… Parecia um vapor, uma coisa estranha”. 

E aí a Karina depois disso resolveu que ela não ia mais pedir pela mãe dela, chamar pela mãe dela porque ela viu que não era a mãe dela. Ela nunca recebeu nenhuma comunicação da mãe dela, mas ela passou algumas semanas aterrorizada aí por esse espectro. — Ela me contou algumas histórias… Então, se vocês quiserem, depois eu posso depois detalhar, né? Uma história por vez, porque tem três histórias dela com esse espectro. — E as coisas só melhoraram depois que ela pediu na igreja lá de uma amiga dela para vir uma galera lá fazer oração. E aí melhorou… Depois piorou e depois ela conseguiu resolver chamando mesmo uma Mãe de Santo, que era também Mãe de Santo de uma outra amiga dela, e aí resolveu… 

E essa Mãe de Santo falou que ela mesmo que tinha chamado, porque ela ficava rezando, pedindo para alguém aparecer… E aí, de certa forma, ela abriu um canal e… — Eu até esqueci o nome que ela falou. — E tipo um Egum, alguma coisa assim, atendeu a esse chamado dela e veio. De alguma forma se conectou com ela. Depois disso ela resolveu. Então, né? Eu acho que o recadinho que fica é: gente, pra que chamar? Já morreu… Reza, olha a foto, sente saudade, mas não fica chamando, sabe? Não precisa chamar ninguém. 

[trilha]

Assinante 1: Oi, pessoal, aqui é o Gustavo Goiás e eu queria dizer para Karina que, assim como a Déia aconselhou, não é bom ficar chamando porque pode acontecer duas coisas: ou ela atrapalhar a evolução do espírito da mãe dela, que talvez possa ter sido isso, a mãe tentando evoluir e ela não conseguia ir para um plano mais evoluído, né? Ou então ela ficar dando abertura para a entrada no campo espiritual dela de espíritos obsessores que ficam trazendo as energias negativas, né? E não trazem coisas positivas pra ela. Então fica esse conselho, né? De não ficar chamado. E sempre pensar… Pra mãe dela ter paz, né? Descanso… E é isso… 

Assinante 2: Oi, meu nome é Hanna do Rio de Janeiro. E, assim, esse Luz Acesa foi muito importante pra mim, foi quase um marco. Eu, infelizmente, já pouco tempo perdi minha mãe, assim de maneira repentina e eu sempre ficava pedindo pra ela aparecer em sonho pra me dizer que tava tudo bem, se ela estava em paz… E quando eu escutei essa luz acesa, eu fiquei muito impactada, porque eu realmente nunca tinha pensado de, de repente, estar atraindo outras coisas por estar com uma vibração baixa… Enfim, né? E aí desde que eu escutei esse episódio eu nunca mais pedi isso. E aí fica a lição, né? De que a gente não sabe o que está do outro lado. Eu acredito, mas a gente nunca saber o que a gente está chamando, né? Então esse episódio além de ser assustador, foi educativo. Um beijo. 

Déia Freitas: Então essa é a história da Karina, que a gente pode desdobrar em mais algumas histórias que ela teve com esse espectro aí até conseguir resolver. Então é isso, gente, um beijo e até a próxima. 

[vinheta] Luz Acesa é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta] 

Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.