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título: maninho
data de publicação: 15/04/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #maninho
personagens: leandro e irmão

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje vou contar para vocês a história do Leandro. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

O Leandro ele mora com os pais e o irmão. — O Leandro tem 29 e o irmão dele tem 26. — E, assim, o Leandro desde muito cedo sempre quis estudar e trabalhar. Então ele foi ali fazendo as coisinhas dele, trabalhando, estudando e hoje ele tem aí um emprego bacana e tal, ganha bem… E o irmão dele, por outro lado, nunca quis saber muito assim de estudar e trabalhar, então é o irmão que meio que vive na cola dos pais. Só que o irmão dele sempre foi muito bacana, assim, então não rola uma pressão, sabe? Dos pais, pra que ele, sei lá, procure um emprego e, sei lá, conclua os estudos. Então ele fica por ali, pela casa, fica muito na internet, gosta de jogar online… — Essas coisas. — E o Leandro lá, levando a vida dele, fazendo as coisinhas dele… — E o que acontece? — Como em toda família que tem irmãos, o mais novo sempre acaba herdando as coisas do mais velho, né? Então, na família deles sempre foi assim com roupa e sapato, por exemplo. 

Então, quando eles eram pequenos, o Leandro usava, aí ficou pequeno no Leandro e passava para esse irmão… E vida que segue… Até que um dia, o Leandro resolveu trocar de celular, pegar um celular aí mais bacana. E o que ele fez? Ele deu o celular dele — que ele usava — para o irmão, que o do irmão já estava velhinho e tal… — E o irmão também sempre na aba, já tinha ficado com o celular do pai e da mãe, né? Quando o pai e a mãe trocaram. E agora ele ia ficar com o celular do Leandro. — E beleza… Ele ficou com o celular do Leandro, com o celular dele ninguém sabe que ele tinha feito com o celular que ele tinha, se ele vendeu pra ficar com um dinheirinho, enfim… Ninguém se preocupou com isso. E o tempo ali foi passando… 

De repente, o irmão do Leandro conseguiu aí um empreguinho online, seria um bico, né? Pra ele comprar ali as coisinhas dele. E começou a dar certo… Então ele não tinha essa pressão de ajudar em casa, — porque os pais, os dois trabalhando — o Leandro trabalhando, então eles meio que deixaram o cara à vontade. — Mas ele também não se ofereceu pra pagar nenhuma conta… E aí ele foi lá, comprou um tênis bacana, [efeito sonoro de máquina registradora], comprou uns óculos bacanas, [efeito sonoro de máquina registradora] comprou umas roupinhas, [efeito sonoro de caixa registradora] trocou ali videogame. [efeito sonoro de caixa registradora] — E tudo muito rápido, né? — Então parecia que ele estava ganhando até uma grana boa, assim, né? Pra um bico e tal, dando pra comprar um videogame, tênis, essas coisas… 

E aí o pessoal ficou meio que, assim, com orgulho dele, né? Poxa, agora sei lá, acho que vai engrenar, vai fazer alguma coisa aí da vida. Só que a rotina dele continuava mesmo, assim, ele acordava — sei lá — uma hora da tarde, comia ali o seu cereal matinal [risos] e depois ia jogar, ficava na internet, enfim… Mas como o trabalho dele era na internet, né? Ninguém tinha muito o que dizer… Passaram-se ali uns três meses. — E aí, gente… — É agora que vem a bomba. Três meses depois começa a chegar ali umas cartas… Só que as cartas não eram em nome desse irmão do Leandro, era no nome do Leandro. E aí foi a mãe do Leandro que pegou as cartas, né? Porque o correio passa lá no bairro deles de manhã e o irmão do Leandro estava dormindo, então ela que pegou as cartas, entregou pro Leandro… E aí o Leandro viu que tinha um monte de aviso de inclusão do nome dele no Serasa. — Por coisa ali que ele tinha comprado e não tinha feito o pagamento, tipo, cartão e essas coisas que ele gastou e não pagou. — 

E aí ele falou: “Nossa, fraudaram o meu nome, né?” — Fraude, certeza. — E aí começou a entrar em contato, bater as informações e ele alegando fraude, fraude, fraude… — E aí, gente, vocês não vão acreditar… Ou melhor, vocês já devem até desconfiar. — O irmão dele, a primeira coisa que ele fez: comprou um chip no nome do Leandro, ativou esse chip, colocou no celular que era do Leandro… — Que o Leandro tinha zerado, tinha tirado os dados dele, mas ele não sabe como, talvez ele não tirou direito, sei lá, o irmão conseguiu recuperar, conseguiu fazer alguns cartões de crédito e gastou… — Tudo online, né? Tudo digital… E gastou aí nesses cartões e os avisos iam pra esse celular, pra esse chip no nome do Leandro. Então, o Leandro só ficou sabendo mesmo quando a coisa estourou, ele foi verificar e tudo batia… 

E aí deu, assim, um estalo nele e ele falou: “Puts, é meu irmão”. E aí aquela coisa, né? Em alguns lugares ele foi até orientado a fazer o boletim de ocorrência, só que ele foi falar com os pais, né? Falou: “Ó, tá acontecendo isso, isso e isso, ele gastou isso, isso e isso no meu cartão, não sei o que lá”. — Isso tudo rolou o princeso ainda estava dormindo… — E aí o pai foi lá, acordou o rapaz e tal pra ter essa conversa, o Leandro queria bater nele… — Aquela coisa, né? Aquela treta familiar. — E aí o cara começou a chorar [efeito sonoro de pessoa chorando] e falar que, ah, ele fez isso porque ele queria as coisas.— Ô, gente… 26 anos, não é uma criança… “Queria as coisas”, eu também queria as coisas… Você não quer também as coisas? Todo mundo quer as coisinhas. Agora fazer isso aí, pelo amor de Deus, isso aí é coisa de bandido. — Aquela briga e tal… 

Ele não tem como pagar. — Porque ele não trabalha. — E aí, os pais, pra passar um pano pra esse filho ainda, falaram que a gente paga parcela é paga e Holanda falou quer saber vocês estão passando a mão na cabeça dele. Falaram: “Ah, a gente paga… A gente parcela e paga”. E o Leandro falou: “Quer saber? Vocês tão passando a mão na cabeça deles, vocês que incentivam ele a ficar aí o dia inteiro dormindo na internet, então vocês vão pagar sim”. — “Quero que paga”. — E aí pegou o celular de volta, pegou o chip e aí o cara ficou lá choramingando. — Porque agora ele tá sem celular, né? — Pra ver tudo que ele tinha comprado e tal… E isso ameaçando, o cara falou: “Se você não me der tudo, eu vou fazer B.O”, e aí acabou que resolveram lá em família e o Leandro tá sim cobrando os pais. — Porque, assim, ele achou que os pais iam ficar pelo menos do lado dele, né? Mas os pais meio que quiseram apaziguar a situação e passar um pano mesmo… Falar: “Ah, seu irmão tem problema, ele é muito problemático, a gente vai pagar e nã nã nã”.

E o Leandro agora desconfia que ele já deve ter feito isso antes, porque os pais não ficaram muito surpresos, sabe? Então o Leandro tá achando que ele já fez isso com os pais e meio que os pais abafaram e não contaram pra ele. E aí o Leandro também já falou que vai se organizar para sair de casa, não quer mais morar lá com eles, enfim… Tá aquela luta. E aí eles têm um grupo grande da família, o Leandro contou no grupo, aí a mãe do Leandro foi lá e apagou. Eles discutiram por causa disso, e aí umas pessoas do grupo — Agora todo mundo tá sabendo, né? Da família… — ficaram do lado do Leandro e outras, assim, achando “ah, ele está sendo muito duro com os pais”. — “Porque são seus pais, como você vai cobrar seus pais e nã nã nã”. — E aí o Leandro está, primeiro que muito decepcionado com o irmão, né? Porque ele nunca cobrou também nada do irmão, tipo, “ah, vai trabalhar, vai estudar”, né? 

Porque ele falou: “Pô, não é problema meu… Eu pago minha parte das contas da casa e o restante é com ele, né?” — “E com meus pais”. — Mas ele está muito chateado com essa passada de pano, assim, porque eu concordo com ele, foi uma coisa bem grave… Só que os pais lidaram como se fosse, assim, tipo, “poxa, coitado vamos resolver isso e tal”, minimizaram a coisa, sabe? Então ele está se sentindo pouco acolhido pela família, né? — Pela família dele… — Tá os pais e o irmão de um lado e ele, como se ele fosse o errado, do outro… Ele que trabalha, estuda e paga as contas de casa junto com os pais, né? E tá tipo um clima, assim… E aí ele queria ouvir vocês e saber se ele fez certo. Eu acho que você fez o certo, provavelmente eu também não faria o B.O., mas eu cobraria sim dos meus pais pela atitude que eles tiveram, né? Tipo, de tentar minimizar as coisas tal. 

[trilha] 

Assinante 1: Oi, pessoal, oi Déia, aqui é a Paula e eu falo de Florianópolis. Leandro, você pode registrar um B.O sem gerar processo. No final do preenchimento de um B.O virtual tem um tópico chamado “procedimento policial” e ele pergunta o seguinte: “Se a vítima deseja que seja instaurado procedimento policial pertinente para apuração dos fatos comunicados”, não marcando essa caixa, você vai conseguir registrar o B.O. normalmente, porém a polícia não vai instaurar nenhum procedimento de averiguação, ou seja, não vai entrar em contato com você para dar prosseguimento. No entanto, o B.O ainda existe, ainda há um documento que você pode, inclusive, solicitar, autorizar a instauração do procedimento policial em até seis meses a partir da data que você abrir o B.O. e, de qualquer maneira, você vai ter esse registro para caso o seu irmão faça alguma coisa no futuro. Você já registrou isso aí e você fica precavido e ninguém fica sabendo, ok? Um abraço e boa sorte. 

Assinante 2: Oi, aqui é Aline de Mogi das Cruzes. Eu estou pouco surpresa com a história “Maninho” porque eu já passei por uma situação parecida, mas foi pior ainda porque foi com uma pessoa que nem da minha família é, ela é irmã do meu marido. E, assim como na história Maninho, os pais passaram a mão na cabeça. Ela me furtou dinheiro, da minha bolsa, [risos] seis vezes… E da última vez, eu fiz questão de fazer todas as contas e mandei uma mensagem pra ela dizendo que ou ela me pagava ou então eu ia na delegacia. Fiz questão de registrar por mensagem para que ela respondesse e eu tivesse isso como prova, ela consentiu e, no dia combinado, na verdade quem pagou foi a mãe dela, porque obviamente que ela não tinha dinheiro. E, assim, eu acho que se eles resolveram passar a mão na cabeça então eles têm que arcar financeiramente sim. Concordo e é isso. Um beijo. 

[trilha] 

Déia Freitas: E é isso, gente. Deixem seus recados lá pro Leandro no nosso grupo do Telegrama. Se você ainda não está no nosso grupo, é só jogar na busca “Não Inviabilize” que o nosso grupo aparece, tá bom? Um beijo e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.