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título: mano
data de publicação: 22/10/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #mano
personagens:  pablo, diego e cindy

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para mais um Picolé de Limão e hoje um picolé meio polêmico, hein? [risos] Meio polêmico, mas vamos lá. Hoje vou contar para vocês a história do Pablo, do Diego e da Cindy. E quem me conta a história é o Pablo. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

O Pablo ele é irmão do Diego, Diego casado com a Cindy e, assim, Diego veio para a capital muito antes que o Pablo e ele foi fazendo as coisinhas dele aqui, fazem a vida dele aqui… Estudou, trabalhou, conheceu a Cindy e casou. [efeito sono de sino de igreja tocando] E aí quando ele estava estabelecido aqui já, o Pablo morava no interior — Com os pais. — e pediu para ficar na casa do Diego pra terminar os estudos. Ele tinha feito já uma faculdade na cidade lá deles, e aí ele queria ir para uma capital, né? Para um lugar maior, para fazer ali uns cursos específicos que ele precisava para a área dele. E o Diego prontamente falou: “Mano, vem pra cá, tamo junto”. 

E quando o Pablo veio, a Cindy estava grávida de quatro meses. Então, assim, na casa deles eram três quartos, e aí tinha o quarto do casal, tinha o quarto do bebê que ia nascer e um quarto ficou para o Pablo. O Diego montou o quarto lá e falou: “Olha, cara, você pode ficar o tempo que você precisar para se estabelecer e fazer sua vida”. — Eu já sou meio contra… O casal novinho, casado novinho, o irmão vai morar por tempo indeterminado? Tinha que ter dado um prazinho aí, três meses, sei lá, se vira e segue a vida. Mas o Diego, muito bacana, falou: “cara, é nós, tamo junto”. — E aí o Pablo começou a estudar, fazer as coisas que ele queria, e procurando um emprego, né? — Que ele precisava também. — Não conseguia achar emprego, o Diego nunca cobrou ele, tipo, “ah, você está comendo aqui”, “você está gastando eletricidade, água e nã nã nã”. Nunca falou nada. 

E aí nasceu bebezinho… — Cindy teve o bebezinho. — E as coisas foram caminhando, gente… E o Pablo ele meio que ficou de boa ali. Como o irmão dele falou que ele podia ficar, ele ficou. E o Diego sempre ali trabalhando bastante pra manter a casa, pra manter tudo… Porque a Cindy era autônoma, né? Então quando ela teve o bebezinho ela deu uma parada ali de trabalhar e estava tudo ali na mão do Diego, né? — Tudo pra ele pagar, enfim. — E o Pablo ali cursando as coisas que ele tinha que cursar, fazendo as coisas que ele tinha que fazer, mas também não estava conseguindo trabalho. O Diego saía muito cedo para trabalhar, chegava muito tarde e ia ficar com o bebezinho um tempo e tal e, assim, a vida ficou muito corrida para o Diego. E quem estava ali, que estudava de manhã e ficava a tarde toda ali, um pedacinho da noite até o Diego chegar com a Cindy, era o Pablo. 

E aí, gente… Um romance surgiu entre Pablo e Cindy. [suspiro] — E aí, né? Na visão do Pablo, o “ah, amor aconteceu, nã nã nã, essas coisas acontecem, que isso, que aquilo”. — E eles resolveram, Cindy e Pablo, levar ali um relacionamento paralelo sob o mesmo teto do Diego. — Aí vocês vão me dizer: “Ai, Déia, meu Deus, mas você está contando a história do Pablo… Poxa, a gente quer… A gente vai odiar o Pablo. E sim, foi o que eu falei pro Pablo e, assim, eu não concordo com o Pablo, estou contando a história dele aquilo porque eu acho que é válido a gente ter esse outro ponto, né? Assim, seria muito mais corriqueiro nos e-mails que eu recebo contar a história da visão do Diego, mas eu estou aqui para contar a história da visão do Pablo mesmo não concordando com nada do que ele fez. — 

E aí Pablo e Cindy resolveram continuar aí esse romance — Paralelo. — ali de baixo do teto do Diego. Só que duas coisas aconteciam: Cindy, provavelmente… — Porque eu não vou falar muito de Cindy aqui porque ela não está aqui para falar a versão dela, então falarei pouco de Cindy, eu estou focada mais nos dois irmãos. — Cindy tinha acabado de ter um bebezinho, gente, e não é fácil ter um bebezinho… Sair um ser humano de dentro de você. E tudo muda, né? Seu corpo muda, sua cabeça muda, seus hormônios estão ali malucos e eu não sei porque que a Cindy naquele momento tomou essa decisão. — Não vou falar de Cindy, eu vou falar do Pablo… Que foi acolhido pelo irmão e que podia fazer mil coisas, mas ele resolveu investir ali na Cindy que estava fragilizado, então já é um ponto que me incomoda muito assim no Pablo. E ele sabe disso, e eu falei pra ele disso. E outro ponto é que, porra, seu irmão te colocou dentro da casa dele, está te dando de comer, entendeu? Está te ajudando a pagar curso, está trabalhando a mais, fazendo hora extra para te manter e você vai lá e sai com a mulher do cara…. Do teu irmão… Então, Pablo, assim, sabe? Não tem como te defender, né? — 

Então duas coisas aconteciam: Cindy que a gente não sabe o que ela estava sentindo naquele momento, — Que ela não está aqui pra contar para a gente. — e Pablo o que ele estava sentindo. Pablo estava sentindo que “ah, ele encontrou o amor da vida dele”. — Que já era o amor da vida do irmão dele. E aí vão dizer: “ah, mas Pablo novinho, Pablo não conhecia o amor… Não, Pablo é um ano e pouco ali diferença dos dois, não tem nada de Pablo novinho, não… Pablo já tinha tido namorada bastante tempo, já que já sabia das coisas sim. —

E aí esse romance teve um tempo, que foram seis meses e depois desses seis meses, gente, a Cindy, ela não quis mais. Caiu uma ficha lá que a gente não sabe qual na Cindy e ela resolveu contar pro Diego. Então imagina o tamanho da merda que foi, né? Porque o Diego foi parar no hospital, teve uma arritmia lá, um treco no coração de tanto que ele foi pego de surpresa, né? — Para mim isso é coração partido mesmo. — Porque ali era a esposa dele, que ele amava, tinha acabado de ter o bebezinho dele, com o irmão que ele também amava, que ele fez tudo pelo irmão e… — Porra, eu estou ali 100% com o Diego, sabe? —

E aí depois que o Diego se recuperou, ele ficou cinco dias — Cinco dias… — no hospital. Que ele se recuperou, ele conversou com a Cindy e ele perdoou a Cindy. — E é aquilo que eu falo sempre aqui, gente… Todo mundo pode trair, todo mundo pode ser traído? Todo mundo pode trair e todo mundo pode ser traído… Perdoa quem quer. E se perdoa, tem que esquecer, né? Então foi isso que aconteceu. — O Diego perdoou a Cindy, foi a Cindy que contou pra ele… — Porque, provavelmente, se a Cindy não tivesse contado, tivesse só acabado ali o relacionamento, ia ficar por aquilo mesmo… — Mas ela resolveu ser honesta, contar e ele perdoou. — Então temos aqui a relação de Diego e Cindy resolvida. Tenho nada pra falar do casal, resolveram… “Ah se a gente vai gostar da Cindy, se a gente não vai gostar da Cindy… “ah, porque a Cindy fez isso”… — Resolveram. 

Agora, Diego não perdoou Pablo. E aí é por isso que o Pablo escreve, porque na cabeça do Pablo, ele não consegue entender como que ele perdoou a Cindy e continua com a Cindy e estão bem juntos e não perdoou ele, que é irmão, que é sangue e nã nã nã. — E aí, gente, eu estou fechada com o Diego 100%, falei isso para o Pablo, falei que… Sabe? Eu não tenho como contar a história aqui e falar que eu vou ficar do seu lado se eu não vou ficar do seu lado, eu estou contando o que você quer que eu conte. E eu entendo muito o Diego, porque a traição ali homem e mulher é uma coisa, mas traição do irmão… É muito mais difícil de perdoar. Pode ser que o Diego perdoe um dia? Pode ser. Se fosse eu, não perdoaria, mas as pessoas são mais evoluídas que eu, entendeu? — 

Pode ser que sim, Pablo, que ele te perdoe, mas poxa, o cara tem o tempo dele. “Ah, mas isso já tem uns quatro anos”, pô, quatro anos não é nada. [risos] — Eu como rancorosa que sou, te disso que isso pode nunca acontecer. — Porque aí o que aconteceu? A família ficou sabendo, né? O Diego não abriu, tipo, não apostou nas redes sociais, nada, mas pra família, para os pais e algumas pessoas ali da família ele contou. Então a família se dividiu também, uma parte ficou chateada com o Diego porque ele perdoou a Cindy e e não perdoou o Pablo, e outra parte entende que ele não perdoe o Pablo, mas ainda assim não entende porque ele perdoou a Cindy. Tipo, ninguém da família mais agora gosta da Cindy. 

Então o Diego comprou essa briga também, né? De ficar com a Cindy, que eles se resolveram, que estão bem. Pablo disse que eles estão bem, então, né? Aquilo que eu falei, não tem nada o que falar, não é o Diego que está me escrevendo, né? Agora em relação ao Pablo… Então assim, se tem uma festa e o Diego vai, o pessoal até aceita que a Cindy vá, mesmo não gostando dela mais. — Porque acham que a Cindy separou os irmãos… E, gente, não é, Pablo tem uma parcelona aí de responsabilidade também. — É aí só que aí o Pablo não vai, porque o Diego não fica onde ele está. — Não adianta. — Não fica… 

E aí o Diego teve Covid e o Pablo queria ir lá, e o Diego falou: “olha, gente nem se me entubarem, eu já estou avisando antes. Eu não quero o Pablo aqui”. E, gente, tem que respeitar. — Eu aqui na condição de pessoa rancorosa, eu entendo 100% o Diego. Tem várias pessoas, inclusive, eu falei isso essa madrugada no Twitter, que eu tenho uma lista de parentes meus que eu não perdoo nem… Se eu fosse para o BBB e aparecesse parente meu pedindo perdão, eu já ia deixar a lista aqui fora de quem eu não perdoo para não ter isso já, para não dar brecha. — E aí o Pablo tá nessa agora, porque ainda bem, o Diego se recuperou, né? Tá bem já, mas foi brabo ali quando ele pegou Covid. 

E o Pablo achou que, nesse momento, que ele estava mais fragilizado, que ele estava doente e tal, ele ia perdoar, mas não perdoou. E, Pablo, o que eu posso te dizer é paciência. Paciência… Pode ser que ele te perdoe? Pode, mas pode ser também que não, né? Eu você já sabe, te falei o que eu acho… Você quis que eu contasse sua história, a gente — Óbvio — vai te acolher no nosso grupo do Telegram, se você ainda está lá nosso grupo do Telegram, gente, entra lá, a gente comenta as histórias… É um grupo só pra comentar as histórias, a gente não tem assunto paralelo ali. Então a gente vai te acolher lá, Pablo, mas assim… — Falar que você não vai ouvir umas verdades? Ninguém vai te ofender, ninguém vai te ofender, mas… —

A real é: seu irmão te colocou dentro da casa dele, te deu tudo, pagou seus cursos, te ajudou e, enquanto ele estava ralando, trabalhando a mais, você se aproveitou do momento que eu acho foda assim, que foi também da fragilidade da Cindy que tinha acabado de ter neném pra ter um caso com ela, sabe? Então eu acho você ainda mais errado que a Cindy. Eu acho… É a minha opinião, tá? A vida também não se resume só a isso, só a relacionamento, não estou dizendo aqui que você não tem nenhum lado bom, você está aí, você está levando a sua vida e nesses quatro anos também você conheceu outra pessoa, conheceu uma moça e está morando com essa moça… E tudo bem… A vida segue, você está certo, você tem que levar a sua vida, fazer suas coisinhas… 

Mas você tem que também entender o Diego não querer conviver com você, não querer saber de você mais, porque poxa, ele te tratava que nem você mesmo me falou, como um rei, e você foi lá e fez isso. Então o Diego tem as razões dele, né? Então como eu disse, nessa eu estou fechada com o Diego 100% e não sei, acho que você tem que aceitar. Ainda bem que você está fazendo terapia e está podendo lidar com a sua responsabilidade também, porque, gente, não é só “ai, aconteceu, foi o amor”… Não tem essa, não, gente, tem resposta também, tem responsa, sabe? A mulher do seu irmão que tinha acabado de parir, que estava fragilizada, você estava dentro da casa do cara, sabe? O contexto aí é pesado, né? 

Que bom que você está lidando com as suas responsabilidades e agora é trabalhar isso na terapia, porque Diego não é obrigado a nada, não, porque ele e seu irmão de sangue como você disse, tem nada a ver isso aí, não. — Pelo menos pra mim, né? — Então, gente, deixem aí seus recados para o Pablo. 

[trilha]

Assinante 1: Fala, Pablo, beleza? Ricardo aqui de São Paulo. Cara, você fez uma burrada, mas eu acho que você fez essa burrada há mais de quatro anos atrás, então um ponto para você levar para terapia é como você consegue aprender isso e perdoar seu passado. Não acho que ninguém precisa levar esse rancor no peito por tanto tempo, ou essa culpa por tanto tempo. Então tenta ressignificar isso em você e perdoar seu passado, quem sabe assim você não consegue pedir perdão para o seu irmão e tentar construir uma nova relação com ele, já que a última foi destruída. Desejo muita sorte para você e segue aí, cara, segue em frente. 

Assinante 2: Oi, eu sou a Emily de Fortaleza. E, Pablo, eu só tenho uma coisa pra te dizer: o seu irmão não te perdoou justamente por aquilo que você disse, porque você é sangue do sangue dele. Como é que você, que é sangue do sangue dele, que cresceu com ele, que ele acolheu, botou pra dentro de casa, te apoiou pra você crescer na sua profissão, você cometeu uma traição dessa com ele, sabe? Você sacaneou muito o seu irmão, a traição que você cometeu com ele é muito maior, muito maior e muito mais grave do que a traição que a mulher dele fez com ele. Eu acho que você tem que parar de se colocar no papel de vítima, de que não recebeu o perdão do seu irmão e se colocar no seu lugar. Você sacaneou com ele, você fez ele bater no hospital, sabe? Então se coloca no seu lugar porque você não é vítima aqui. Pablo, você não é vítima, então pare de pensar no paredão que você não recebeu e pense na traição grande que você cometeu, viu? 

Déia Freitas: E é isso, gente… Não tenho mais assim o que dizer. E é isso, então, um beijo. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.