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título: montanha
data de publicação: 14/10/2024
quadro: picolé de limão
hashtag: #montanha
personagens: tatiana

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]


Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii. — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje de novo é a EBAC — que eu amo —, a Escola Britânica de Artes Criativas e Tecnologia. A EBAC oferece mais de 150 opções de cursos online para você estudar aí no seu tempo, onde e quando você quiser, com acompanhamento individual personalizado — feito aí por tutores — que já atuam no mercado para corrigir as suas tarefas e tirar dúvida. — Enfim, você vai ter todo o suporte aí durante todo o curso. — São mais de 145 mil alunos atendidos em uma plataforma de ensino própria da EBAC, que é uma plataforma confortável, fácil de usar e interativa… 

Alguns cursos da EBAC tem garantia de emprego… — Sim. — Assim que você já termina o curso, você já pode estar empregado. — Assim, você pode transformar o seu futuro e entrar aí já direto no mercado de trabalho. — Vai lá no site da EBAC conferir tudo o que eu estou dizendo aqui em: ebaconline.com.br. Eu vou deixar aqui na descrição do episódio, lá você também vai ver disponível todas as possibilidades de pagamento, eu vou deixar o link certinho aqui na descrição do episódio. E agora a gente tem um novo cupom, nosso cupom hoje é: “publinaoinviabilize” — eu amo, tudo minusculo, sem acent —, com esse cupom “publinaoinviabilize”, você ganha R$200 de desconto em qualquer curso, corre lá: ebaconline.com.br. E hoje eu vou contar para vocês a história da Tatiana. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 


A Tatiana, uma moça muito esforçada, terminou aí a faculdade de administração já trabalhando num banco e, no banco, ela conseguiu ali duas promoções a muito custo. Tatiana em 10 anos de trabalho já tinha dado entrada no apartamentinho dela, já tinha um carro também financiado, mas um carro bom… — E quando você está dentro do banco, você consegue o financiamento, né? Você sabe, você entende das taxas e essas coisas, né? — E era uma época que a Tatiana já tinha terminado a faculdade — então ela estava mais livre a noite — e Tatiana resolveu ir para um barzinho com amigas. Nesse barzinho, tinha um cara muito gato, pensa num cara gato… — Bonito mesmo. — E Tatiana também uma moça muito bonita, tá? E aí pintou um clima… 

E aí eles começaram a conversar na roda das amigas da Tatiana. Então, todo mundo ali conversando, ele junto e tal, né? E aí uma hora a Tatiana perguntou que ele fazia, ele estava ali na balada e tal, e aí ele falou que no momento ele não estava trabalhando, mas ele estava ali porque um amigo tinha convidado e tal… E aí as amigas já começaram a falar pra Tatiana: “Pô, ele não está trabalhando, sai fora”. [risos] — Eu aqui vou ficar calada, ok? [risos] Vou ficar calada porque eu tenho toda aí uma filosofia minha, né? Eu, por exemplo, quando eu não estou trabalhando, passei boa parte do tempo da minha vida ou procurando emprego, ou desempregada, fazendo bico, não namorava… Porque namorar exige um custo. — As amigas já começaram a falar pra Tatiana sair fora, mas a Tatiana ficou interessada naquele cara e ele também ficou interessado nela. Eles trocaram contato ali na balada, não ficaram… — Mas por pressão das amigas da Tatiana, né? —

Naquela noite mesmo, na madrugada, o cara já mandou mensagem para ela, dizendo que ela era muito linda, que ele tinha ficado pensando nela e nã nã nã… Eles marcaram um encontro num bar, e aí foram para esse bar, conversaram bastante, ele pediu ali uma batata, umas cervejas e, na hora de pagar a conta, ele falou para Tatiana: “Você sabe, né? Eu não estou trabalhando, então você se importa?”, mas eu acho que isso tinha que ter sido falado antes, né? Mas não foi… Ele deixou pra falar ali pra ela. E aí Tatiana pagou e dali eles começaram a sair, começaram agora ela a convidar ele para ir na casa dela…

— Tatiana já com seu apartamento financiado… Ia pagar em 30 anos? Ia, mas era dela, né? — E ele começou a frequentar o apartamento dela, porque aí eles não gastavam, né? E um namoro surgiu… — Então, veja, Tatiana que trabalhava bastante no banco e tal, agora tinha em sua casa um ficante, que até então não era namorado fixo, que não trabalhava… Então por exemplo, quando eles marcavam na casa da Tatiana, então ela já passava no mercado, comprava cerveja, comprava carne, comprava as coisas para eles comerem na casa dela… Então, veja, ela parou de pagar coisa no bar, mas ela estava fazendo despesa, né? Mas tudo bem. —

Tatiana estava feliz, até que este cara pediu Tatiana em namoro. — Então agora não era mais um ficante que que ela estava saindo e tal, era o namorado de Tatiana. — Tatiana na época — o Facebook bombando — resolveu fazer aquela coisa quando você junta os perfis e faz um post, marcando, marca ele, bota foto dos dois… E fez isso… Uma galera deu parabéns, outra galera que já sabia que o cara estava na aba dela, porque ela contava para as amigas, né? Deu só uma curtida ali, mas não comentou nada… O tempo foi passando e esse cara ele tinha um sonho… — E aqui… [risos] Gente, eu tenho muita raiva de cara que tem sonho… [risos] Desculpa… [risos] Porque, assim, quando você é da classe trabalhadora, da classe C, enfim, você tem sonhos, todo mundo tem, sei lá, vontade das coisas… — Esse cara tinha um sonho de escalar montanhas. — Eu vou fazer um parênteses para falar de um cara que eu gosto muito, que é o Pedro Hauck, de um canal que chama Alta Montanha no YouTube… Ele tem uma loja também chamada “Alta Montanha” e ele é um ótimo contador de histórias… Então, se você gosta de histórias bem contadas, você pode procurar o canal Alta Montanha. Isso aqui não é um publi, eu gosto muito dele e da esposa dele também, que também é uma montanhista… Eles dão cursos e tal… A Maria faz trilhas e expedições só com mulheres, é bem legal… —

E aí esse cara tinha esse sonho… — Só que, gente, montanhismo é pra todo mundo, mas assim, se você não tiver os equipamentos certos, dependendo da montanha que você vai escalar, você morre… Se os seus equipamentos são mais precários, você tem que saber até onde você pode ir, em qual montanha você pode ir, né? Então é muito complicado isso. Inclusive, o Pedro Hauck ele tem umas histórias no canal ali que ele faz esse esse recorte de classes, principalmente lá no Everest, no Nepal e tal… E ele fala do Sherpas, uma etnia de lá, que eles viraram os carregadores… Então, as pessoas ricas vão pra escalar o Everest e colocam um sherpa, um nativo lá e tal para carregar todo o equipamento da pessoa. Então, quando pessoas brancas escalam o Everest… Sei lá, a primeira pessoa que “ah, chegou no cume”, mas você está falando da primeira pessoa branca, a primeira pessoa ocidental, porque os sherpas eles vivem naquelas montanhas, por exemplo, né? E outros povos também… Então eles já fizeram o cume muitas vezes. Então, a “primeira pessoa” devia ser então a “primeira pessoa branca”, “primeira pessoa ocidental”, mas as pessoas tentam apagar os os próprios moradores do local e se tornam aí as primeiras pessoas a fazer cume de montanha, enfim… [risos] Eu sei muito de montanha, assim, jamais subirei, jamais farei, mas como eu acompanho bem o trabalho do Pedro Hauck, eu sei bastante coisa… Então, quando a Tatiana me contou que ele tinha esse sonho de escalar a montanha, eu já pensei, falei: “Se empregado você já não consegue, porque você precisa de equipamentos caros dependendo do que você quer fazer, de que montanha você quer escalar, né? Desempregado então você não vai conseguir”. —

E o tempo foi passando, Tatiana aí namorando e, de tanto ele falar desse sonho, desse sonho, desse sonho, a Tatiana foi lá e deu pra ele um curso… Um primeiro curso de escalada de montanha. — O curso em si já é uma coisa mais cara, tem certos acho que esportes e certas aventuras que é pra quem tem dinheiro… A gente tem que falar isso… Inclusive, o Pedro tem um vídeo lá de um brasileiro que, poxa, Josenildo Correia da Silva, ele era um uma pessoa que não tinha essa tradição de montanha, ele era do nordeste, mas ele fez o curso, ele treinava, ele escalava, achava lugares no nordeste para poder treinar, escalar, um cara muito esforçado, só que ele não tinha os equipamentos tão bons… E aí ele teve um acidente subindo uma montanha, acho que até na hora de descer a montanha no Aconcágua e, parte disso que aconteceu com ele foi também por conta de equipamentos mais precários, assim… Se ele estivesse melhor equipado… E a questão toda era grana, ele não tinha grana, né? Talvez ele não tivesse morrido. Então é muito injusto, né? Mas é o que eu estou dizendo, é uma coisa que você precisa ter dinheiro para fazer, porque isso também determina até onde você pode ir e também até que ponto você vai chegar na montanha. Às vezes você não consegue fazer aí o que eles chamam de “ataque ao cume”… Uma coisa que é até meio coach, mas que o Pedro Hauck fala, é que quando você chega no cume da montanha, é a metade do caminho… Então, não é só você dar todo o seu esforço para chegar, porque a maioria, sei lá, não sei uma porcentagem, mas sei lá, 90% das mortes acontecem na descida, quando você está voltando.

Só que no curso mesmo você já começa a entender as coisas que você tem que comprar pra poder levar isso aí esse seu hobbie… — Ou se você vai fazer disso uma profissão. — Porque no caso desse cara, ele já estava falando para Tatiana que talvez fosse isso que ele quisesse fazer para a vida dele inteira, assim… Fazer o curso, ficar melhor e dar aula. — Só que como você vai dar aula se você está começando, né? Se tem aí montanhistas importantes e tal, que depois de 15, 20 anos que estão dando aula, né? — Então, a ideia dele era se especializar aí, em escalada, começar com trilha… Porque também os caras não querem começar… Sei lá, vai fazer alguma coisa que você possa capitalizar, sei lá… Se você faz esse curso de montanha, depois você pode levar pessoas em trilhas mais fáceis, sei lá… — Eu vou querer fazer com um guia que conhece o local e que tenha um pouco de experiência, que fosse… Não vou nem consultar currículo, a pessoa me prometer que eu vou voltar viva já tá bom. — Esse cara foi lá e fez o curso, só que a partir do momento que ele fez o curso, ele começou a atormentar a vida da Tatiana. 

Digamos que no banco ela ganhasse 6 mil… Ela tinha ali parcela do carro, isso e aquilo… Digamos que sobrasse pra ela, depois de pagar tudo, 2 mil… Esses 2 mil ela dava pra ele comprar equipamento e as coisas. — Porque era o sonho dele… Se ele conseguisse se equipar, ele ia conseguir trabalhar na área, o que é mais complicado… — E esses 2 mil não foram sendo suficientes… Então, aí ela pegou um empréstimo no banco — pra ele comprar equipamentos aí pra fazer as coisinhas de montanha que ele queria fazer — e o tempo foi passando… Só que o tempo foi passando e foi passando muito… Quando Tatiana percebeu, ela já estava com quase cinco anos de namoro onde esse cara nunca trabalhou. — Nunca procurou um bico, nada para fazer… — E a essa altura do campeonato, ele já morava no apartamento de Tatiana. E, nesses cinco anos, ele convenceu a Tatiana a trocar de carro para um modelo que ele gostava mais — um modelo mais de luxo — sendo que ela que estava pagando tudo, hein? 

E agora ele levava a Tatiana no trabalho e às vezes ele não buscava, falava para voltar ou de táxi ou de carro de aplicativo e ele ficava com o carro. Ele não deixava nem a chave em lugar, assim, exposto, para ela não pegar o próprio carro. Nesses cinco anos ele foi comprando bastante equipamentos, então em cinco anos ele tinha, sei lá, uns 100 mil reais em equipamentos. [efeito sonoro de caixa registradora] — Quem comprou todo o equipamento? Tatiana. — Quando você está muito inserido num contexto, num esporte, num hobbie e tal, a sua tendência é sair e ficar com pessoas do mesmo meio… E Tatiana não era desse meio. Tudo o que acontecia nas escaladas, nos eventos que tinha, sei lá, nas choppadas, na noite da pizza que a galera fazia, o pessoal de escalada, ela não participava, ela não ia… Ela ficava fazendo hora extra no banco, [risos] às vezes até altas horas da noite para poder bancar aí o estilo de vida… — Estava errada? Estava errada, mas ela estava tão dentro daquele contexto e tão apaixonada, que ela não percebia isso, né? — Então, ela não sabia de fato o que acontecia, ela só via as fotos, né? Ela pagou algumas viagens pra ele escalar montanhas fora do país enfim… 

Esse cara botou na cabeça que ele precisava escalar o Kilimanjaro. O Kilimanjaro ele fica na Tanzânia, na África… — Então, pensa, para você participar da expedição é em torno de 4 mil dólares… Só para você ter gente que vai te acompanhar lá, pra você fazer parte da expedição. Só que, fora isso, você tem que pagar a sua passagem, ida e volta, tem que pagar talvez uns dias de hospedagem antes e depois de começar… Aí você tem todo um trabalho que você faz de aclimatação antes de subir, enfim, você tem que ficar um tempo lá na África, lá na Tanzânia… Então era uma grana. — Ele queria porque queria, eles iam fazer cinco anos de relacionamento e ele pediu pra Tatiana de presente essa viagem. — Então, era uma coisa cara que ela ia ter que parcelar bastante, né? E trampo nada… É isso que eu fico pensando, Tatiana, cinco anos… Trampo nada? Trampo nada… — E aí lá foi o bonito para o Kilimanjaro. [efeito sonoro de avião decolando] E, se eu não me engano, segundo os vídeos que eu lembro do Pedro Hauck, acho que acho que tem 6 mil metros… Então é assim, gente, não é fácil, não é uma montanha tão difícil, mas, assim, eu chegar lá para subir…. Se tiver um guia e tal, você sobe, mas enfim… 

E aí ela ficou um pouco preocupada e começou a meio que a olhar o Facebook da galera que foi com ele da expedição. Porque eles fizeram uma foto quando eles chegaram na Tanzânia e tal, que seria a expedição, as pessoas que que fariam essa escalada, essa subida e todo mundo foi marcado ali e ela começou a olhar as páginas, para ver: “Poxa, será que está todo mundo bem?”, enfim, ela não entendia nada do rolê. E aí, no segundo dia que eles já tinham começado a subir e tal e, sei lá que chegaram lá no alto, tinha uma moça que ela tava… Ela tinha feito aquele negócio que a Tatiana fez, tinha feito há cinco anos, sabe? Juntar as fotos… E era uma foto do praticamente marido de Tatiana, que já tava morando junto, né? No alto da montanha, pedindo essa moça em casamento. — Como é que é isso? Ele pediu a moça em casamento… — Tatiana, na hora, meio sem entender, mandou o link para uma amiga, e aí a amiga começou a stalkear e viu que realmente era aquilo… Era o cara pedindo uma moça que também escalava montanhas em casamento… — O cara não trabalha… Cinco anos sem trabalhar, sei lá, já vinha sem trabalhar antes, pedindo gente em casamento? Olha a autoestima desses homens héteros brancos… Fala sério… — 

Tatiana ficou transtornada… Transtornada. Só que aí ele tava lá na Tanzânia, ia demorar ainda um tempo pra voltar, mais uns 10 dias pelo menos. E aí a amiga da Tatiana convenceu ela a não falar nada… Não falar nada e stalkear a moça. E stalkeando a moça, elas descobriram… — A gente pode chamar essa amiga da Tatiana de, sei lá, de “Mari”… — Ela e a Mari acabaram descobrindo que, logo depois que ela fez essa postagem, ela fez uma outra, convidando todos para dali 15 dias para essa festa de noivado. — Festa de noivado… — Elas resolveram ficar caladas porque, assim, do dia que ele voltasse até o dia do noivado, seriam cinco dias e a ideia foi — muito ali influenciada por mari, sua amiga — a Tatiana ver esse cara o menos possível, porque senão ela não ia aguentar, ia acabar batendo nele, sei lá, ia fazer um escândalo… E ir nessa festa de noivado. Aparecer lá para que ele visse a Tatiana. Ele voltou, ela trocou pouquíssimas mensagens com ele. Tatiana foi ficar na casa dessa Mari, mentiu pra ele que a Mari tinha feito uma cirurgia e tal e precisava de uma companhia. 

E aí, um dia antes do noivado, esse cara inventou que ele tinha que ver a mãe, que a mãe não estava bem e nã nã nã… — Porque a família dele morava numa outra cidade… — E ele foi provavelmente buscar a família dele para o noivado. — Reparem: Para o noivado com outra moça. — E aí, nesse dia, a Tatiana aproveitou e trocou as fechaduras ali do apartamento dela, porque ele tinha a chave. Quando ela foi para casa da Mari, ela foi com o carro, porque o carro tinha ficado, ele tinha viajado para África… Quando ele foi pra casa da mãe dele, ele pediu o carro e ela falou: “Olha, eu não vou poder ceder o carro pra você porque a Mari… Eu tô levando ela pra fazer fisioterapia, tô levando ela pra fazer as coisas, então eu preciso do carro, não tem como”. E muito a contragosto, reclamando, ela alugou um carro para ele… Inicialmente ele pediu que ela alugasse por três dias e ela falou que sim, só que ela alugou o carro tipo por um dia já e para devolver num tal ponto… O que ela falou o que pra ele? “Quando você chegar na cidade da sua mãe, você vai ter que ir lá na concessionária trocar de carro”. 

E aí quando ele chegou na concessionária para trocar de carro, o cara falou: “Ah, só tá pago aqui um dia, né? Esse carro aqui tá pra devolução”. E aí ele ligou pra ela e ela falou assim, a Tatiana falou pra ele: “Olha, eu estou aqui com a Mari, ela não tá bem, eu não tô podendo falar agora… Acho que foi alguma confusão, vê o que você consegue resolver aí”. E, nesse ponto, o cara já tinha um cartão adicional da Tatiana. — Gente, a gente sabe que a Tatiana tá toda errada, mas quando você está dentro de uma relação que você acha que o cara, sei lá, vai ser seu marido… Eu não concordo com nada disso que ela fez, mas ela fez, né? — E esse cartão também ela já tinha cancelado. E aí ela falou: “Ah, eu esqueci de te avisar que tinha uma compra suspeita, eu acabei cancelando esse cartão, mas vai chegar outro na semana que vem, fica tranquilo”. Ela não sabe como esse cara alugou um carro ou se ele pegou algum carro emprestado de parente pra poder ir para o noivado. — Então, nesse ponto, veja: O cara já não estava com o cartão adicional, o cara já não estava com o carro dela e o cara tava, sei lá, com uma mochila com algumas roupas que ele levou. —

Tatiana já tinha mudado a fechadura da casa com todo o equipamento dele de escalada na casa dela. — Equipamento que ela pagou, né? E ela ia aparecer nesse noivado… — E qual era a ideia? Aparecer pra ele ver que ela estava ali… E agora ela não sabia se os parentes do cara iam ou não, porque os parentes do cara também sabiam dela, mas não sabiam até que ponto ele falava que era um relacionamento sério também, né? Porque ela não convivia com os parentes do cara. E aí o dia chegou, Mari e Tatiana se arrumaram bem lindas e foram para a festa de noivado que aconteceria num restaurante. Chegando lá e vendo a mesa com todos os parentes dele, dela e os dois pombinhos na ponta da mesa se beijando, Tatiana não aguentou em só aparecer, porque a ideia era aparecer e dar um parabéns e ir embora, toda fina… E ela resolveu chegar na mesa do cara, batendo palma. [palmas] “Parabéns… Parabéns, casalzinho”. [risos] E daí para frente a Tatiana fez um escândalo… Falou que que o cara morava com ela ainda, naquele minuto, há cinco anos e que estava noivo de outra com o dinheiro dela. 

Tatiana foi na moça e, de maneira muito brusca, arrancou o anel do dedo dela e, na mão de Tatiana, tinha uma fatura de cartão que ela entregou para o pai da noiva dizendo: “Aqui, ó, ele comprou o anel da amante dele no meu cartão. Esse anel é meu, a nota fiscal está no meu nome, então eu quero esse anel agora ou eu vou chamar a polícia”, mas ela já tinha arrancado da mão da moça e foi um barraco… Mas um barraco, assim, homérico… E aí Mari ali junto, sustentando o barraco, xingando… Tatiana xingou toda a família dele, ofendeu mãe dele… Baixaria real… Falou: “Ó, você tá vendo onde você vai se meter? Essa família dele toda aqui de pilantra, porque todo mundo sabia que eu morava com ele… Eu já ajudei a sustentar essa família um ano também quando o pai dele ficou desempregado… Bando de vagabundo”. Enfim, Tatiana xingou a mãe do cara… — A loira ficou vermelha, assim… — A moça só chorava, chorava, chorava… Ela arrancou o anel da moça e falou: “Eu vou olhar a minha fatura com calma, se tiver qualquer jóia aqui na minha fatura, eu vou atrás de você com a polícia, porque eu quero todas as minhas coisas”. Enfim… 

E aí o cara, em determinado momento, ele saiu fora… Ninguém sabia mais onde ele estava, porque aí tinha chegado a hora dela bater nele., mas por sorte dele e também por sorte dela, a coisa já estava horrível, Tatiana foi embora. E aí o cara já tinha aparecido no prédio, o porteiro não tinha deixado ele subir… — Porque não tinha mais ordem para ele subir. — E ele queria só pegar as coisas dele, só que ela falou: “Que coisas? Todos os equipamentos, todas as suas roupas, todas os seus sapatos fui eu que te dei… Eu não vou te dar nada. Você vai sair daqui com o que você já saiu, com a mochila, que também eu que paguei… Então, se você me encher muito o saco, eu vou querer até a mochila de volta e com as duas camisas que você levou, a calça e o sapato. É isso que você vai ficar, porque nem as suas cuecas eu vou devolver”. E aí Tatiana pegou aqueles 100 mil em equipamentos e fez uma página para vender tudo, pelo Facebook mesmo… E vendeu… — Porque, tipo, sei lá, uma coisa que custava 7 mil, ela estava vendendo por 3 mil… E, assim, gente, bota é caro, os equipamentos são caros, as barracas… Que também não é a barraca, tipo, você vai aqui no supermercado que tem loja de departamento e compra, não… É tudo muito especial para coisa e tal. —

E aí ela vendeu tudo, ela falou: “Andréia, sei lá, eu recuperei uns 48 mil assim de coisa… E as roupas dele eu também vendi, dei, enfim…”, então os 50 mil, de um prejuízo de sei lá, de 150 mil, ela conseguiu de volta, né? E aí esse cara sem os equipamentos, sem as roupas, ele entrou em depressão… E sem a noiva também, né? Porque provavelmente ele estava gostando da outra moça e a outra moça largou ele, largou… — Sorte dela também, né? — Aí ele entrou numa depressão assim e a família dele começou a culpar Tatiana, né? Eles alegavam que tudo o que ela deu foi presente pra ele e que era dele. E ela falou: “Então vai, me bota na justiça, me bota na justiça, vamos resolver isso na justiça então”, e só ameaçaram e tal, ninguém processou ninguém, ficou por isso mesmo… Dizem, amigos em comum, que o cara nunca se recuperou, assim… Que ele depois ele começou a beber e tá bem zoado mesmo de saúde, mentalmente, e a família atribui isso ao que a Tatiana fez… Então essa é a zona cinza, né? Será que ela precisava fazer tudo isso? E como que é questão de presente quando você pega uma traição, você tem direito a ficar com os presentes que você deu? Assim, tudo foi ela que foi dando… Mas também o cara ele ostentava até pra moça, a noiva lá… Ele ostentava uma vida de luxo que ele não tinha… Ele andava para cima e para baixo com carro de luxo que não era dele, era da Tatiana, pagando com muito esforço, assim…

Ele tinha equipamentos caríssimos para fazer escalada e quem tá na área vê, né? “Pô, o cara tem equipamento bom e tal”, que era tudo ela que tinha também dado, né? Então, ele ostentava uma vida que não era dele. Talvez quando ele perdeu tudo, ele entrou nessa depressão e tal, mas também pela coisa agora, como ia ser a vida dele… Porque ele teve que voltar pra casa da mãe dele, que era uma casa simples e tal, de interior… Então ele perdeu também o contato que ele tinha com essa galera que fazia escalada, que era uma galera de mais grana e a moça que também fazia escalada largou dele, continuou fazendo escalada… Então o cara ficou mal, né? A Tatiana não se arrepende… Se ela pudesse, ela pegava até a mochilinha que ele levou. [risos] Ela não entregou nada, nem roupas, nem o laptop que ele usava que ele tinha comprado com o cartão dela… — Gente, ela não deu nada, nada pra ele… Nem as meias, cuecas… Nada, nada, nada, nada. Do jeito que ele saiu com a mochilinha pra ir para casa da mãe dele pegar a família dele pro noivado, foi só o que ele ficou. —

Então, aí as pessoas falam hoje que ele bebe muito, enfim, virou meio que um alcoólatra e agora que não trabalha mesmo e tal, é um cara depressivo, um cara triste e tal e que sente falta da montanha e da vida que ele tinha. — Só que aquilo, gente… Pô, não podia dar um trampo? Cinco anos… Seis, porque já estava um ano desempregado antes, né? Então, poxa, também… Faz qualquer coisa. Eu já fui babá de gato, anos, porque não conseguia nenhum outro emprego e me sustentei, ajudei aqui as contas da casa, das coisas com isso… Então, sabe? Trabalhar não é vergonha. — E é isso, gente, vocês acham que a Tatiana exagerou? Que ela foi ruim? Porque muita gente acha… Que ela, sei lá, de repente, pelo menos as roupas que ele tinha… Mas eram roupas caras que ele comprava no cartão dela, que ela dava… Ela errou em dar tudo para o cara? Errou, mas a hora que ela pegou a traição, ela tirou tudo. Então, presente se toma? O que vocês acham? 

[trilha]


Assinante 1: Oi, gente, eu sou a Gisele de São Paulo. Tatiana, não errou em nada, não… Eu também já fui ONG de macho e às vezes a gente leva um tempinho para a ficha cair, mas quando cai a gente sabe fazer as coisas certinho. Pelo valor dos itens que você presenteou, já não eram presentes, já eram bens. E se você tinha tudo com a nota fiscal em seu nome, é seu, fez muito bem em recuperar pelo menos parte do prejuízo. E quanto a ele estar depressivo, sinto muito, amigo, cada um colhe aquilo que planta, nunca fez por merecer. E, Mari, que amiga… 

Assinante 2: Oi, Déia, oi, pessoal, eu sou a Gabriela, falo de Bento Gonçalves no Rio Grande do Sul. Eita, que reviravolta, hein, Tatiana? [risos] Não julgo, inclusive super concordo com tudo o que você fez. Se ele foi homem para sustentar dois relacionamentos, inclusive com seu dinheiro, ele também precisa ser adulto pra encarar as consequências das próprias decisões. Existe uma expectativa na sociedade de que nós mulheres, devemos ser passivas, perdoar e aceitar os erros dos homens, mas tudo o que ele fez foi premeditado. Ele tinha plena consciência do que ele estava fazendo. Então é isso, colheu o que plantou. Um beijo. 

[trilha] 


Déia Freitas: Na EBAC você conta com um corpo docente de mais de 300 professores que são profissionais renomados no mercado. Além disso, você conta com uma plataforma de ensino própria, confortável, fácil e interativa para os mais de 150 cursos online disponíveis na EBAC. São mais de 145 mil alunos estudando na EBAC… E com o nosso cupom “publinaoinviabilize” — tudo junto, minúsculo, sem acento —, você ganha R$200 de desconto em qualquer curso. — Eu vou deixar o link e o cupom aqui na descrição do episódio. — E você também pode parcelar o curso aí em 21 vezes no cartão ou até 36 vezes no boleto. Aí você tem que entrar lá no site para conferir as condições de pagamento, tá? Em ebaconline.com.br. — Valeu, EBAC, pela parceria… Gosto muito. — Um beijo, gente, e eu volto em breve. 


[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]