título: motoca
data de publicação: 19/12/2023
quadro: picolé de limão
hashtag: #motoca
personagens: celinha e um cara
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. E hoje eu vou contar para vocês a história da Celinha. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]A Celinha, namorando um cara aí durante dois anos, resolveu acatar um pedido dele de tirar uma moto no nome dela. [risos] — A gente já falou aqui, né? Sobre isso… — A ideia era que ele pagasse a moto, então ia demorar ali dois anos pra ele pagar essa moto. — E tudo bem, né? Contanto que ele pagasse, beleza… — Celinha tirou a moto, era pro cara trabalhar aí atendendo aplicativos, né? E ele começou a trabalhar e usar a moto [efeito sonoro de moto dando partida e buzinando] e a pagar direitinho. — Ele pagava super direitinho… — E aí a vida foi passando, Celinha com esse cara, né? Junto ainda… E ela trabalhando numa padaria… De repente, ela foi mandada embora da padaria. E aí, beleza, não ia gastar aquele dinheiro que ela recebeu da padaria, guardou o dinheiro, tudo certinho.
Celinha ficou em casa, de boa, esperou dois meses aí até para começar a procurar de novo emprego e ela encontrou de novo um emprego… E esse emprego era numa floricultura e era, assim, muito suave. Ela tinha um horário de manhã pra entrar, que era o horário que chegava as flores e tal… — Então, ela tinha que fazer essa conferência das flores ali de manhã. — E, na parte da tarde, ela ia entregar essas flores, Celinha não tinha carro, mas tinha carta e dirigia. E aí ela ia entregar essas flores à tarde. — Então, assim, era um serviço suave, ela ia ganhar um pouco mais do que ganhava na padaria, tava tudo certo… — Só que tinha um detalhe: Antes de começar ali no trabalho novo, a nossa amiga Celinha teria que renovar sua carteira de motorista. Então era uma coisa rápida, ela podia fazer ali num poupa tempo da vida pra renovar sua carteira.
Só que chegando no Poupatempo, as coisas mudaram… Celinha descobriu que ela tinha… — Eu vou falar aqui um número pra não falar o número que ela tinha… — Ela tinha 200 pontos na carteira… — Vocês não vão acreditar… — Este carinha que namorava Celinha, ele tomava multa quase todo dia e a Celinha diz que agora parece que as regras mudaram, mas na época que isso aconteceu era assim: Se você completasse os 20 pontos e não fizesse nada, não caducava, porque parece que, assim, se você fizer até 19, vira o ano, tipo, caduca. Você paga multas, mas você não perde a carteira. Mas se você passar dos 20 pontos no ano, eles vão se acumulando, é aberto um processo administrativo e você tem a sua carteira suspensa, tem que fazer um curso de reciclagem e você pode ficar de um mês até um ano sem carteira. — Mais ou menos isso que a Celinha me explicou. — O processo dela já estava correndo e ela não tinha sido notificada de nada, porque o endereço que estava na CNH dela era de um outro lugar que ela morava e ninguém nunca mandou nada pra ela, não tinha contato mais… Tipo, ela tinha mudado e não tinha contato.
O cara sabia que tinha levado multa, nunca falou nada pra ela, nada… E as multas estavam ali, naquela placa da moto, né? Que a moto era dela. A Celinha não conseguiu esse emprego — que seria um emprego muito bom pra ela, assim, bem suave — e esse cara não pagou as multas, todas as multas estavam no nome dela, tinha um prazo pra ele transferir as multas para o nome dele, né? Como condutor, mas isso também não foi feito e isso tá um rolo até hoje. A Celinha teve que arrumar um advogado, conseguiu tirar a moto desse cara, mas esse cara também arrumou advogado porque foi ele que pagou todas as parcelas da moto, só que ele tem uma dívida aí, né? — De multas. — E que o bonito não quer assumir… Teve a coragem de mentir que a Celinha também usava a moto. Então, em alguns lugares que tem multa que tem foto, ela teve que conseguir junto com o advogado ali pra mostrar que era ele o condutor. — Olha que cara maldito… —
Detalhe: o cara sabia das multas porque ele não conseguia mais licenciar a moto. E, pior, o nome da Celinha está na dívida ativa da União, tipo, é como se fosse o Serasa do Governo, assim, ela não consegue fazer empréstimo, ela não consegue fazer nada. Ela já tinha o nome sujo? Tinha, mas era pouca coisa, tipo um crediário, que a hora que ela voltasse a trabalhar, ela voltava a pagar. Mas agora o nome dela está na dívida ativa, enfim, né? A moto está toda encalacrada e o cara querendo a moto de volta, o bonito… Ou querendo que ela devolva o dinheiro, sendo que, gente, que que usou a moto e que gerou essas multas todas. É muito revoltante, né? Celinha tá com advogado, o processo tá correndo, mas é aquela coisa, né? O advogado falou: “Olha, não tem muito pra onde correr, você vai ter que pagar essas multas e a gente levar esse processo contra o seu ex” — que agora é ex, né? — “pra ver se ele te ressarce das coisas… Ou se o valor da moto vai compensar o valor que você vai pagar lá na dívida da União e tal” e é isso, gente… Pensa…
E ela perdeu o emprego, teve que pegar um emprego piorzinho pra se manter e agora está com esse monte de processo, esse monte de coisa por causa desse cara. A Celinha falou que se ele tivesse sido honesto e falado: “Fui multado, não tenho grana pra multa e tal”, ela tinha um prazo pra, tipo, se defender, sabe assim? Num eventual processo e tal e ele nunca contou nada pra ela. Nunca… Ele tinha noção das coisas e ele nunca contou nada pra ela, então ele deixou correr e deixou a bomba estourar, saca? — Olha, sei nem o que dizer desse cara. –
[trilha]Assinante 1: Oi, pessoal, oi, Déia, aqui é a Gisele de São Paulo. Ê, Celinha… O engraçado dessa história é que comecei a escutar e falei: “Ah, certeza que esse cara não vai pagar as prestações, o nome dela vai ser negativado”, mas o buraco foi muito mais embaixo, não é mesmo, pessoas? Enfim, as histórias mudam, os detalhes, etc e as lições continuam as mesmas, né? Não sejamos ONG de macho. A gente tem que apoiar o sonho dos nossos parceiros, mas não se envolver tanto nesses sonhos, né? A gente não tem que colocar nosso dinheiro, a gente não tem que colocar nosso nome, a gente tem que dar nosso carinho, nosso apoio… A gente pode sentar junto, pensar, etc, mas a gente tem que manter uma distância segura pra evitar esse tipo de situação. Boa sorte, Celinha, espero que dê tudo certo pra você. Beijão.
Assinante 2: Oi, gente, oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, sou a Adriana do Rio de Janeiro. Celinha, eu fiquei chateada de ver até onde vai o mau caratismo das pessoas, né? Foi-se o tempo em que a palavra tinha valor. Quando eu comecei a escutar a história, eu achei que ele não ia arcar com as prestações e tal e até que pagou direitinho, mas deixou uma dívida, se bobear, até maior se você colocar aí tanto o valor quanto o tempo que você vai gastar para poder resolver isso e limpar o seu nome perante o departamento de trânsito e tudo mais, é tempo e paciência. É incrível como as pessoas infelizmente são mau caráteres hoje em dia, enfim, zero responsabilidade com o outro. Um beijo, gente.
[trilha]Déia Freitas: Então deixem seus recados lá para Celinha no nosso grupo do Telegram. Se você ainda não tá no grupo, é só jogar na busca “Não Inviabilize” que o grupo aparece. Então é isso, gente, um beijo e eu volto em breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]