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título: noivazilla
data de publicação: 24/09/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #noivazilla
personagens: silvia e marina

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje vou contar pra vocês a história da Silvia e da Marina. Quem me escreve é a Silvia. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

A Silvia e a Marina elas são melhores amigas há muitos, muitos anos. — Há bastante tempo mesmo. — E elas já passaram perrengues juntas, muita coisa boa, algumas tristezas, enfim… Elas são bem amigas. Acontece que a Marina vai casar no final do ano, se tudo der certo, né? E tiver liberado aí para pequenas aglomerações Marina casará e, desde sempre, Silvia foi escalada como madrinha. Então, quem seriam as madrinhas de Marina? Silvia, a irmã de Marina e uma amiga da faculdade da Marina. Então três madrinhas. E tudo perfeito, a Silvia felizinha que ia ser madrinha e nã nã nã. 

Até que agora, mês passado, a Marina disse: “Olha, agora a gente já tem que começar a ver as coisas e tal”, — Ela tem um cronograma lá pra seguir. — E aí ela decidiu que as madrinhas vão usar azul e um determinado tipo de vestido. — E tudo bem, né? Acho que a noiva tem direito a escolher e tal. — Só que tem um detalhe, a Sílvia desde que começou a pandemia, ela foi mandada embora, então ela não tem dinheiro agora pra gastar agora no vestido azul que a Marina quer, nem fazer o cabelo com flores no lugar que a Marina quer contratar. E tudo isso cada um vai pagar o seu. Então a Silvia tem que pagar o dela, a irmã ela vai pagar, né? A irmã da Marina e a outra moça também. 

Só que a Silvia não tem como pagar isso. E aí logo que a Marina falou pra ela, ela falou: “Olha, eu não tenho como, né? Você sabe que eu estou desempregada, que eu tô na minha mãe, então eu não tenho como fazer isso”. E aí a Marina falou pra ela assim: “ah, você não pode pegar o cartão da sua mãe, parcelar e fazer?” — Gente, como que a Silvia pai vai pagar as parcelas, né? Poxa, pedir pra amiga que está desempregada pegar o cartão da mãe… E, tipo sabendo que a Silvia não tem como pagar, que vai sobrar para a mãe dela que também ganha pouco, né? — E aí a Marina entrou numa de tentar achar mil soluções para Silvia pagar pelas coisas. — Pelo vestido, cabelo tal e maquiagem. —

E aí a Silvia falou: “olha, não vai rolar… Não vai rolar. Eu não tenho como”. E aí em vez da Marina entender que, né? — Se ela quer tanto, ela que pague, né, gente? Já escolheu, exigiu o modelo de vestido, cor do vestido… Se você deixasse a madrinha livre, a Silvia ia fazer o cabelo em casa, maquiagem em casa e por um vestido que ela tem de festa que não é preto, nem branco… Então já dá pra ela ser madrinha. Mas como… Pelo menos eu penso assim, como a Marina quer tudo do jeito dela, então eu acho que ela tem que pagar, né? Ou não? Estou errada? Não sei como funciona isso. —

Aí elas tiveram algumas brigas por causa disso, né? Porque a Marina não quer entender de jeito nenhum, acha que a Silvia não está se esforçando. E aí as outras duas madrinhas vendo esse impasse, né? Essa situação, elas se ofereceram, as duas, para dividir cabelo e maquiagem da Silva, pra aliviar um pouco. Acontece que o vestido que a Marina quer, é tipo… — Meu, um padrão assim que não dá pra Silvia. — Custa 600 reais. Para fazer o vestido do jeito que a Marina quer, na cor que a Marina quer, com os detalhes que a Marina quer… Esses 600 reais já tem um negócio lá que é tipo um mini buquê que elas vão entrar na mão e, assim, não adianta… Aliviou, vai, de mil… — Sei lá, duzentos cabelo e duzentos maquiagem… — Aliviou de mil para seiscentos, mas a Silvia não tem nada, ela está desempregada. 

E aí depois disso que as duas moças ofereceram o cabelo e maquiagem, piorou. Porque aí agora a Marina acha que é má vontade da Silvia, que a Silvia não está colaborando… Aí o papo já escala para: “você não quer me ver feliz, porque você tá me causando ansiedade, você tá me causando angústia… Eu não estou te pedindo muito”. — Não é questão de ser muito ou pouco, é questão que a Silvia não tem. Então, assim… — A Marina não quer entender, não tem a menor abertura para tentar entender… — Não precisa, muito, né, gente? Está desempregado e não tem dinheiro, não tem muito assim o que entender, né? —

Na última discussão que a Marina e Silvia tiveram, a Marina falou coisas horríveis. — Pra Silvia… Que eu não vou repetir aqui. — E deu um ultimato. Falou que até o dia 20 desse mês agora ela tem que dar uma resposta… — Vai ter que dar uma resposta. — Se ela vai fazer o vestido ou não. Porque se ela não for fazer o vestido, então ela não vai ser madrinha mais, e aí a Marina vai colocar uma outra moça no lugar dela. E falou assim, bem insensível mesmo, tipo: “você tem até o dia 20 pra me falar se você vai ou não”. 

E aí a Silvia está muito dividida, porque ela está magoada, né? Com tudo o que ela ouviu da Marina. Mas por outro lado, a Marina é a melhor amiga dela… Então, dinheiro ela não vai ter pra fazer isso, pra fazer o vestido. Então vai chegar o dia 20 e ela vai falar: “Olha, eu até queria ser sua madrinha, mas eu não tenho dinheiro”. E aí ela acha que sim, que a Marina vai colocar outra no lugar dela. E aí ela vai ficar mais magoada ainda, né? Tipo, a Marina não está aberta a nada, né? Ela quer as coisas do jeito dela, porque é só um dia… — E quanto a isso ela tem razão, é só um dia, mas… [suspiro] —

Até que ponto as noivas podem exigir as coisas das pessoas que vão participar do casamento assim? Dos amigos e dos parentes? Eu não sei se existe uma tradição, qual é comum de se fazer assim… O que normalmente as noivas pedem… Mas eu acho que a Marina tá errada de exigir, mesmo que a Silvia tivesse empregada e tal, você chegar pra uma madrinha e falar: “você vai gastar mil reais”. — Gente, não é esquisito? — E sem contar que, assim, madrinha ainda tem que dar presente bom, então além dos mil reais que você vai gastar aí para estar lá do jeito que a noiva quer, vestida do jeito que a noiva quer, cabelo e maquiagem do jeito que a noiva quer, você ainda tem que dar um presente bom. Você não vai casar, você vai só gastar… Então qual é o limite? 

Vocês acham que a Silvia que não tem… — Porque assim, a Silvia não tem nem como se endividar, porque se ela pegar o cartão da mão dela, a mãe dela não vai ter como pagar. O nome da mãe dela vai parar no SPC, e aí elas nem crédito vão ter pra fazer mercado. Então não dá para pagar. — Então, ela vai ter que pedir para alguém que não precise do dinheiro agora e… Gente? Não, né? Pelo menos eu penso que assim, eu não faria… — Eu não faria. — Nem por amiga nenhuma, nem pela minha prima… Gente, olha a situação que a gente está no país, como que agora você vai pedir dinheiro emprestado pra fazer vestido e vai falar: “Olha, eu não sei quando eu vou poder te pagar porque tô sem emprego”. É duro, né? 

A Silvia ela precisa de conselhos, ela não gostaria de interromper a amizade com a Marina. Apesar que eu já estou achando essa amizade da Marina aí um pouco duvidosa, hein, Silvia? Mas ela acha que no dia 20, quando ela falar que ela não vai pegar o dinheiro com ninguém, a Marina vai romper com ela. Então também não sei se adianta… Mas ela queria aí alguns conselhos. 

[trilha]

Assinante 1: Oi, gente, eu sou a Flávia de BH. Minha irmã vai casar agora em setembro e ela só exigiu a cor das madrinhas, porque, normalmente, a noiva ela exige a cor. Quando exige modelo, eu acho que tem que perguntar para todo mundo se todo mundo tem uma condição boa e tal pra ver se dá pra fazer. Mas no caso da história, eu achei que essa noiva foi muito sem noção e já que são muito amigas, ela podia ter se oferecido para pagar também pra amiga. Porque você vai ali colocando nas contas do casamento, por mês ela dando um pouquinho, não ia ser tão trabalho assim… Eu acho que não é tão amiga… Então fica aí a dica, né, amiga? De, talvez, desfazer essa amizade aí seria uma boa. 

Assinante 2: Olá, eu sou Fernanda, eu falo do Rio de Janeiro. O meu recado é pra Silvia: Silvia, eu te falar do lugar de uma pessoa que foi noiva, que também solicitou coisas para as madrinhas… Eu tinha muitas idealizações estéticas sobre o meu casamento, mas ao contrário da sua amiga, eu fui flexibilizando geral para poder ter as pessoas mais importantes pra mim ali no meu dia, do meu lado… Mas sua amiga parece que não está pronta para isso. E aí eu acho que cabe realmente a você seja tirar, explicando os motivos, dizendo pra ela tudo certinho, porque que não está rolando, não é má vontade, é realmente uma questão econômica e, né? Provavelmente ela não vai compreender agora, porque ela já não está compreendendo antes, só que depois que o casamento passa, o estresse também que o casamento causa, vai junto. ele passa. E aí a gente tem capacidade de racionalizar melhor as coisas e de pensar melhor o que é importante, de fato, para a gente. Tá bem? Um beijo e não se endivide. 

Déia Freitas: E é isso, gente, um beijo. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.