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título: pai folgado
data de publicação: 22/09/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #paifolgado
personagens: renata

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para mais um Picolé de Limão. — E hoje eu vou dar seguimento a aquelas histórias de mães cansadas. — E a história de hoje é a história da Renata. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

A Renata conheceu o Pedro tem uns oito anos. Eles namoraram, noivaram, ficaram um ano noivos e casaram. E, assim, era tudo ótimo, os dois trabalhando fora, um casamento felizinho, eles viajavam bastante e tal. Até que eles dois decidiram — Em comum acordo. — ter um filho. A Renata parou de tomar remédio e eles começaram a tentar. Renata engravidou e nã nã nã, tudo belezinha. Nasceu o garotinho Pedrinho. [efeito sono de bebê chorando]. Porque colocaram aí o nome do pai. — Sou meio contra, mas colocaram… —

Quando o Pedrinho nasceu a Renata não sabia nada assim de maternidade. Ela teve ali o apoio da mãe e da sogra um tempo e depois aquela vida. Aí ela reparou numa coisa… Os dois trabalhavam fora e o bebezinho, o Pedrinho, ficava numa creche. Quando eles chegavam juntos, eles passavam juntos para pegar o Pedrinho, chegavam juntos… A Renata a primeira coisa que ia fazer era tirar leite porque ela fazia mamadeiras com o leite dela e aí a cuidar do Pedrinho, dar banho, né? Ele já vinha da creche meio… Já vinha limpinho e tudo, mas ela ia dar banho, ficar um pouco ele, dar mama, fazer alguma coisa de casa e o Pedro sentava em frente à TV e lá ficava. Só saía pra ir tomar banho. Nem olhava mais para o bebê, porque quando ele pegava na creche era ele que entrava para pegar. Porque, além de tudo, só a Renata dirige. E aí era o tempo que ele ficava com o bebê assim, ele e o bebê… O tempo que ele pegava, ia caminhando até a creche enquanto ela estava dentro do carro, pegava o bebê, botava na cadeirinha e ia atrás com o bebê… — Era esse o tempo. —

De manhã ela tinha que aprontar tudo para ele ir para a creche, né? Então você precisa fazer aquela malinha com as coisinhas dele e tal. Enquanto isso o Pedro tomava outro banho, tomava café, via um pouco de jornal ali e também só tinha interação com o nenê quando saía do carro ali e deixava na creche. E isso tudo foi incomodando a Renata, até que a Renata chamou ele para conversar, né? E ele falou que ficava muito cansado, que trabalhava… — Só que detalhe: os dois trabalham, são bancários em bancos diferentes. E eles fazem a mesma coisa. Então a Renata também ficava cansada, né? Só que ela arrumava tempo pro bebezinho e ele não. — De final de semana também ele queria ficar jogando vídeo game, vendo série, e aí ela botava o bebê ali naquele, tipo, moisészinho, né? Do lado dele, e ele ficava e tal, mas não dava muita atenção. E Isso foi irritando a Renata. 

Aí ela teve outra conversa com ele e falou: “olha, a partir de agora, quando o bebê chorar, você vai lá que eu não vou mais. Eu estou fazendo tudo”. Aí teve que dar mesmo um chilique, como ela disse, pra ele se mexer. [efeito sono de bebê chorando ao fundo] Aí ele começou a ai ir, né? O bebê chorava ele ia, pegava, mas pegava e acordava a Renata. — Pedindo tipo, “o que eu faço?” — Aí ela fez, tipo, botou na geladeira com imã tudo o que ele tinha que fazer. —Tipo passo a passo mesmo pra ver se ele não acordava mais ela. — Aí um belo dia a Renata estava lendo um livro, os dois sentados no sofá, ele vendo TV e ela lendo um livro. E o bebê começou a chorar e ele falou: “Você não pode ir lá?” e ele estava, tipo, zapeando, mudando de canal. E ela falou: “Olha, eu tô aqui lendo, vai você”, e aí ele foi muito emburrado e pegou o bebê e tal. E aí depois ela viu uma mensagem no celular dele que ele escreveu assim para o amigo: “Pô, a Renata não tira a bunda do sofá. A criança chorando e ela lendo livro”. Desse jeito, gente… Desse jeito. 

Aí passou… Na hora pegou a mensagem, mostrou, esfregou na cara dele, enfim… Saiu um barraco. E aí ele falou pra ela que realmente ele achava que ela estava fazendo pouco, que tudo sobrava pra ele… — Tudo sobrava pra ele. — Aí estremeceu, mas depois se ajeitaram. E aí chegou a pandemia. Aí o bebezinho Pedrinho já mais crescido aí como seus quatro anos… — Demanda uma atenção, né, gente? — Então os dois de home office… Só que, assim, como é banco eles não ficaram muito tempo em home office. O banco chegou lá em uns acordos, tipo, então um mês a Renata ficava em casa e um mês ele. Só que no mês dele, ela chegava em casa e a casa estava uma zona… Ele não fazia nada. O Pedrinho estava todo sujo. Se o Pedrinho rabiscasse uma parede ou riscasse a geladeira ele não falava nada. 

E aí a Renata foi ficando de saco cheio, de saco cheio… Eles tiveram uma mega briga e ela resolveu que seria melhor separar… Porque já que só ela cuidava da criança, era melhor que ele fosse embora. E ele quis, ele achou ótimo ir embora. Em um mês ele estava com uma moça. E aí a Renata ficou mal, porque ela achou que a separação seria provisória, né? Foi uma briga mais feia e tal, os dois exaustos ali da pandemia… — Ele não sei exausto do que, né? Porque ela continuava fazendo tudo. — Isso no ano passado, né? Assim que ele arrumou a moça, a moça engravidou. — Então, primeiro que a Renata tem dúvida se era um relacionamento recente, né? —

Enfim… Ela não estava mais com ele, ela ficou mal, mas seguiu a vida. Agora em junho, mês passado, o bebezinho dele com essa moça nasceu… E não é que ele está pedindo pra voltar com a Renata? — Fala sério. — Renata, obviamente, disse que não, nunca, jamais… “Se vira aí com seu filho”. Mas ele estava querendo voltar, porque aí depois quando pegasse o bebê, o que a Renata pensou? E ela acha que é isso que ele está pensando… Se ele se separasse da moça lá, quando ele pegasse o bebê no período que o bebê teria que ficar com ele, era ela que tem que cuidar. E eu também acho. Não é um maldito? E aí essa é a história da Renata, ela queria compartilhar com a gente… Que agora o péssimo pai Pedro tem dois filhos e desde que eles se separaram ele mal pegou o Pedrinho, porque ele diz que: “ah, não tem logística, não tem como”. Então ele ia lá… Ele vai lá, né? Na Renata e vê o Pedrinho lá, fica tipo duas horas com a criança de sábado e vai embora. — É assim a visita dele. — Ele não fica o final de semana com o Pedrinho e, provavelmente, não vai ficar com esse novo garotinho que nasceu, né? Já que ele quer voltar com a Renata e a Renata não vai voltar. 

Então, assim, a Renata fala que devia ter separado dele quando viu ali a mensagem do livro, que ele estava descascando ela pro amigo e tal, falando que ela não fazia nada, que ela ficava com a bunda no sofá vendo livro enquanto a criança chorava… — Desaforo, né? — Então ela deixou aí essa mensagem pra gente do arrependimento que ela tem de não ter separado já lá no negócio do livro. 

[trilha] 

Assinante 1: Olá, Não Inviabilizers, eu sou a [Nani] de Santo André. E minha solidariedade de hoje é pra Renata e também até pra atual do ex dela, né? Que, pelo visto, continua um pai folgado. Eu também sou mãe e acredito que todas nós já fomos Renatas convivendo com Pedros. Uns mais folgados, outros menos… Uns maduros interessados em melhoras e outros piores, né? Como a gente pode ver. Infelizmente nossa sociedade sempre apoiou pais folgados, mas que bom que isso está mudando aos poucos. Torço para que você continue firme em sua sábia decisão de não voltar com esse folgado, né, Renata? Não se sujeite a passar raiva com macho acomodado. Você é maravilhosa, vai criar seu filho para ser melhor do que esse pai folgado. 

Assinante 2: Oi, Renata, aqui é Natália de Petrópolis falando. Então, querida, não sucumba às investidas do pai “Erói” com E, sempre que você for pensar em mudar de ideia, da ideia que você tem hoje, sobre ele, lembre daquela mensagem de texto que você pegou no celular dele e lembre o quanto a alma desse Pedro é sebosa e você tem que se lembrar disso. Tô te falando porque também sou mãe, sou separada e comungo contigo desse dilema. Então, minha querida, dá essa força pra gente e não deixa passar nada. Cuida de você, do Pedrinho e vá à luta minha querida. Corre do Pedro Pai, o famoso pai Erói com E.

Déia Freitas: E é isso, gente, um beijo e até amanhã. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.