título: papel higiênico
data de publicação: 06/02/2023
quadro: picolé de limão
hashtag: #papelhigienico
personagens: rebeca e um cara
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii. — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje é o Paramount Plus e o seu novo lançamento Teen Wolf: The Movie. — O filme da franquia Teen Wolf. — A história tem um grande retorno após cinco anos desde o lançamento do último episódio. No novo filme, a gente vai ver o Scott reunindo aí os seus amigos e aliados para retornar à cidade de Beacon Hills e proteger aí essa cidade de uma nova e aterrorizante ameaça. Essa ameaça vai trazer com ela a volta de todas as criaturas mágicas com as quais os heróis lidaram nas seis temporadas de Teen Wolf.
Eu vou deixar o link do trailer aqui na descrição do episódio. Eu amo quando série volta assim, em filme, amo… Teen Wolf de volta… E hoje eu vou contar pra vocês a história da Rebeca. — Ê, Rebeca… — Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]A Rebeca nasceu e sempre morou em Santa Catarina, ela foi crescendo ali, estudou, terminou o ensino médio, entrou numa faculdade lá, cursou a faculdade lá… — Digamos que ela tenha feito Letras. — Fez a faculdade de Letras lá em Santa Catarina e, o sonho dela, sempre foi vir para São Paulo pra trabalhar em São Paulo. Só que ela não conhecia ninguém aqui, não tinha essas oportunidades e nã nã nã e o tempo foi passando. Até que nossa amiga Rebeca conheceu um carinha… — Lá em Santa Catarina. — E esse carinha estava de férias, este ano ele foi passar férias em Santa Catarina, conheceu a Rebeca e eles começaram a ficar ali meio que nesse climão de férias, né?
Rebeca recém formada, ainda não trabalhando e eles faziam vários passeios pela cidade, ficavam juntos. Então um clima muito bom, relacionamento, assim, começando gostosinho. E aí, quando esse cara tava pra ir embora — voltar pra São Paulo — ele falou pra Rebeca assim: [efeito de voz grossa] “Meu, seu sonho não é morar em São Paulo e trabalhar em São Paulo? Vem morar comigo. Você passa um tempo morando comigo até você se ajeitar, e aí você fica em São Paulo”. — Gente, você acabou de conhecer o cara… Você acabou de conhecer o cara. Tá num clima gostoso? Tá, porque é férias, né? — Rebeca sem ter grana — sem nada, só tipo, sei lá, com um pouco de dinheiro pra passagem — conversou com a mãe, a mãe falou: “Olha, [risos] não vai. Vai dar errado isso aí”. — Mãe sempre sabe, gente. —
Rebeca falou: [efeito de voz fina] “Nossa, mãe, você não torce por mim, você não me apoia e nã nã nã, mas eu vou”. E Rebeca fez ali uma mala de coisas essenciais para se começar em São Paulo e veio… [efeito sonoro de carro dando partida] Veio junto com esse cara, esse cara estava de carro, então eles fizeram essa viagem de volta juntos, de carro e foi, assim, muito legal. E aí chegaram aqui em São Paulo, o cara morando num apartamento super ajeitadinho, assim, mega moderno, mas muito pequeno assim, né? Um quarto e sala somente, pequeno. E ele já chegou meio que ditando as regras pra Rebeca… — O que eu não acho errado, gente… É o apartamento do cara, ele tem as regras do cara… — E aí ela veio, assim, sem grana, sem nada. — Gente… Como assim? Como que você vem com a cara e a coragem, sem dinheiro pra passar um mês, sabe? Ô, Rebeca… Ô, Rebeca…. Enfim. —
Então, o cara tinha as regras… — Que Rebeca, inclusive, ia comer na aba do cara, né? Então pensa, se você chega na casa de uma pessoa e, sei lá, a pessoa não tem fogão, não tem micro—ondas porque ela só come coisas cruas e você não tem dinheiro, você vai ter que comer coisas cruas, concorda? Esse não era o caso, né? Mas poderia ser. — E entre as regras do cara… [risos] Tudo bem, tinha coisas ok, né? Manter… O que você achou limpo, manter limpo, enfim… Isso não era uma questão pra Rebeca. Tinha uma regra do papel higiênico… — Eu nunca vou entender pessoas… Eu já conheci uma pessoa que também era nessa vibe… Pessoas que racionam o papel higiênico. Elas têm uma coisa com papel higiênico que você não pode gastar o papel higiênico. — E aí, esse cara ele separou pra Rebeca o papel higiênico em quatro quadradinhos por vez pra ela usar. [risos] — Gente, quatro quadradinhos não dá pra nada… E olha que eu uso aquele folha tripla. Bom, hein? Eu sou adepta do papel higiênico bom, sabe? Quem veio do papel higiênico rosa, [risos] não sei se da época de vocês, [risos] o Primavera Rosa… Eu sou da época do Primavera Rosa. Jamais voltarei pro Primavera Rosa. [risos] Ai que saudade… Era uma menininha de maria chiquinha, assim, uma loirinha na embalagem do papel higiênico Primavera Rosa. Será que existe ainda? Depois vou pesquisar. [risos] —
E a Rebeca falou que eram quatro quadradinhos de folha dupla, que era o que ela podia usar por vez no banheiro. — Eu não entendo isso, gente… — E aí o cara não deixava o rolo no banheiro, ele deixava os montinhos de quadradinho. — Gente? — E aí a Rebeca pra não ser uma hóspede mala, fazia tudo, limpava, enfim, né? Pra não dar trabalho pro cara, comia pouco e nã nã nã. E ia atrás ali de um trabalho pra poder viver a vida, né? E uma coisa que eu acho que o cara fez certo, ele falou pra Rebeca: “Olha, eu vou te abrigar por dois meses, esse é o prazo. Então, dois meses dando certo, você vai estar trabalhando, já vai poder arrumar um cantinho pra você em outro lugar, dois meses, dando errado, você volta para sua casa. Beleza?”. — Eu achei ótimo esse combinado, porque, assim, tem prazo… Tanto a Rebeca sabe que ela tem que se mexer e pode se organizar e tanto o cara já deu ali o limite dele, né? Que são dois meses. — Pra Rebeca também estava tudo certo com o prazo…
Só que ali, gente, depois de mais ou menos umas três semanas, o cara já começou a mudar. Aí não era só o papel higiênico… O cara começou a racionar comida, forte… Então, assim, as coisas foram acabando na geladeira e ele não repunha. Então tinha dia que, poxa, não tinha nada, nada, literalmente nada pra comer. E aí, quando ela falava alguma coisa, porque, poxa, já que o cara também se propôs, gente, sabendo que ela não tinha grana, ele se propôs, concorda? Então ele que chame e fale: “Olha, não tô dando mais conta, vamo encurtar o prazo”, do que fazer isso e deixar a menina com fome também, né? E aí, quando ela falava, ele ia comprava pão, um leite, assim, coisa muito pouca. E aí Rebeca acabou pedindo um pouco de dinheiro pra mãe e comprou ali um arroz, um feijão pra poder fazer, porque o cara não comprou. Era nítido que o cara queria que ela saísse antes da casa. E aí aqui tá o ponto da Rebeca…. — Por que ela me escreveu? — Porque, assim, ela ficou nesse perrengue pelos dois meses e não deu certo, não conseguiu um trabalho… — Porque realmente acho que dois meses também é um prazo muito curto, você precisa ter sorte na hora de conseguir um trabalho, conseguir se ajeitar e morar aqui. —
E ela teve que voltar pra casa, — da mãe — voltar pra Santa Catarina. E aí a questão dela é: Ela devia ter voltado lá naquela terceira semana… Porque até então, aquela terceira semana ele tinha essa neura com papel higiênico de quatro quadradinhos por vez, mas eles eram ainda, tipo, namoradinhos. A partir da terceira semana, ele já pediu pra Rebeca dormir no sofá. E não tinha outro quarto, não tinha outro lugar, entendeu? A não ser o sofá ou com ele. Com ele, ele não queria mais. Ele tirou comida, sabe assim? Ele trocou a senha do wifi… E aí ela tinha que pedir pra mãe dela botar crédito pra ela poder ter internet. Ele combinou dois meses, mas ele não aguentou três semanas. E aí ele começou… Em vez dele falar também: [efeito de voz grossa] “Olha, não dá mais”, ele começou a querer dar toques pra Rebeca sair fora. Só que ela falou: “Eu não vou sair, vou ficar esses dois meses” e ficou lá sofrendo, gente… O cara não falou pra ela ir embora. E, quando ela saiu de lá, para vocês terem uma ideia, ela saiu, tipo, nem tchau ela deu pro cara…
Mas ela estava na casa do cara também, né? E aí ela escreveu pra gente porque ela acha que ela está certa e que a única questão dela é se ela devia ter voltado antes. — Eu acho que ela não devia nem ter ido. Porque você não vai, gente, sem dinheiro pra outro estado nas costas de um desconhecido. Você ficar dois meses na casa de alguém conhecido, na aba, sem ter um real já é puxado… Imagina na casa de uma pessoa que você viu menos de um mês na vida e, sei lá, de repente convidou por educação e você pegou sua mala e foi, sabe? Eu acho que muitas vezes a gente tem que adiar um sonho ou reprogramar as coisas pra dar certo. Acho que do jeito que foi feito desde o começo, como dizia lá a mãe da Rebeca, ia dar errado, né? E acho que você também não devia ter insistido… A hora que você viu que três semanas ali o cara já estava, poxa, te deixando sem comer nada. Sabe? Podia ter se tocado, pega suas coisinhas e volta pra casa… Porque não é assim “ah, eu não tenho casa”, “não tenho onde ficar”… Pô, você tem sua casa, tem sua mãe, sabe? —
Então, eu não concordei com a Rebeca, em nada. O cara também todo errado, por que como você convida também uma desconhecida para ficar na sua casa, uma pessoa que não tem um real e aí depois você não quer dar o mínimo, sabe? Então também um cara péssimo, enfim… Achei tudo errado. Desculpa, Rebeca, eu sei que você tem essa vontade de vir pra São Paulo e tal… Reorganiza, planeja as coisas um pouco… Trabalha aí em qualquer coisa, junta um dinheirinho e vem, enfim… Tenta organizar de outra forma, porque assim com desconhecido você viu que não deu certo. — E podia ser bem pior, né, gente? — A gente não falou aqui… O cara não cometeu crimes, né? De repente, você sai do seu estado pra ir pra casa de um desconhecido e o cara é um bandido. — Vai saber, né? — Então, deu sorte que era só um cara péssimo, mas que não fez nenhum mal maior aí pra Rebeca, né? Então, gente, fica atenta, faz essas coisas, não. Eu morro do coração… [risos] Meu Deus do céu… Se eu tenho uma filha e ela fala: “Mãe, vou morar com um desconhecido em outro Estado, sem um real”. Ah, não deixo ir… — Amarro… [risos] —
Assinante 1: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, aqui é a Fernanda de Curitiba. Ê, Rebeca, hein? Que irresponsabilidade, menina… Imagine… A tua sorte é que o pior não aconteceu, porque é muito complicado você sair da tua cidade, ir pra casa de uma pessoa que você não conhece numa cidade como São Paulo, que é tudo loucura, correria… Devia ter ouvido sua mãe… Mas passou, então o meu conselho para você é que você se estruture, que você se organize, que você, a partir daí da tua cidade, você comece a procurar emprego em São Paulo. Torço para que isso aconteça, torço para que você consiga e, da próxima vez, não se deixe levar tanto assim pela emoção, pensa um pouquinho mais e ouve sua mãe, porque mãe sabe demais das coisas, tá bom? Beijo.
Assinante 2: Oi, Não Inviabilizers, oi, Déia, aqui é a Tatiana do Rio de Janeiro. E eu acho que a Rebeca é muito corajosa e sortuda, ainda bem que nada de mal aconteceu. Agora, é surreal sair de casa onde a gente tem tudo pra ir com uma pessoa que a gente nem conhece direito, sem estar trabalhando, sem ter um lugar pra gente morar independente dessa pessoa… Ser maltratado e insistir nessa relação. Que bom que está tudo bem, que ela voltou pra casa sã e salva. Fiquem atentos, fiquem alertas, nada de morar com uma pessoa que você nem conhece direito… Ainda mais depender dessa pessoa para tudo, pra comer, para morar, num outro estado, num lugar que você mal conhece. Então, um grande beijo aí pra todos. Um abraço pra Rebeca e é isso.
[trilha]Déia Freitas: Assista Teen Wolf: The Movie com exclusividade no Paramount Plus e assine agora que você vai ganhar 7 dias grátis aí pra testar: paramountplus.com. — Obrigada, Paramount Plus pela parceria, tô muito feliz aí, espero que vocês voltem sempre… — Um beijo, gente, e eu volto em breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]