título: parmegiana
data de publicação: 01/07/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #parmegiana
personagens: lúcia, lucas e marido
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi gente… Cheguei. Cheguei pra mais um picolé de limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publi… — Quem está aqui comigo hoje é o podcast Cena Aberta, apresentado por três especialistas em cinema: a minha queridíssima Mikannn, — Mika com três N’s no final — que tem um canal no Youtube que fala de cinema, séries, animações, cultura pop… — Eu amo a Mikann, amo… — Tem também o PH Santos, que é um youtuber de Fortaleza de responsa aí, um cara muito legal. O PH é membro da ACECCINE, Associação de Críticos de Cinema do Estado do Ceará. E tem também o Max Valarezo, que é do canal EntrePlanos, que é um canal de análise crítica aí sobre cinema. — Então a gente já vê aí que o podcast Cena Aberta é apresentado por três feras, né? —
E esse podcast, Cena Aberta, é o podcast oficial sobre filmes e séries do Gshow, mas ele não fala só de coisas da Globo, não, o podcast fala de todos os streamings aí e tudo mais do universo do cinema. Vou deixar o link aqui na descrição do episódio, vão lá ouvir. E hoje eu vou contar pra vocês a história da Lúcia. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]A Lúcia é casada há 20 anos com um cara aí e, desde o começo, quando eles ainda namoravam, esse cara fazia pra Lúcia — especialmente pra Lúcia — uma parmegiana lá… Ou às vezes era uma carne, às vezes era uma berinjela. — Amo berinjelinha, assim, gratinada com molho de tomate, hein? Hum… — E ele fazia, assim, como um mimo mesmo, de amor, uma coisa especial para a esposa. Então, sempre que ele queria ser romântico, ele fazia essa parmegiana pra Lúcia. — Eles tiveram três filhos… — Quando ela teve os filhos, ele fez parmegiana. Em aniversário de casamento o cara fazia parmegiana, enfim… Em todos os eventos, assim, às vezes quando eles brigavam e ele queria pedir desculpas, mas não sabia como falar, ele fazia a parmegiana. — Então, assim, sempre foi uma coisa muito significativa entre os dois, né? —
E, com o tempo, com os anos de casamento, essa tradição — do cara fazer parmegiana — foi espaçando. Então, vai, nos últimos cinco anos, ele fazia a parmegiana ali só no dia de aniversário de casamento deles… — Mais nada, assim. Ele não, sei lá, não tinha mais nenhuma outra data romântica que ele quisesse fazer, mesmo a Lúcia às vezes cobrando, né? E querendo que ele fizesse a parmegiana e tal. — Eles fazem aniversário de casamento logo depois do Ano Novo, assim, — eles casaram bem depois do Ano Novo — ano passado ele não fez a parmegiana e falou que: “ah, não tinha clima, Covid e nã nã nã”, sendo que, no ano anterior, que também foi Covid, em 2020, ele fez. Então, começo de 2020 ele fez, começo de 2021 ele não fez.
E aí a Lúcia ficou muito chateada, porque ela esperava… — Por aquela parmegiana, né? Ali do começo do ano. Que pelo menos era a única coisa romântica que tinha sobrado ali, né? Na relação deles. — E aí tudo bem, passou, né? Passou janeiro, ele não fez a parmegiana, passou fevereiro… Chegou março. Em março, uma amiga da Lúcia — que mora no Paraná — foi passar um tempo na casa dela… E aí a Lúcia ficou feliz porque, assim, né? Era uma grande amiga, praticamente uma irmã pra Lúcia, né? E a Lúcia recebeu muito bem essa amiga. Essa amiga estava chegando em São Paulo pra ver se ia dar certo a coisa dela do mestrado aqui e tal e ela ia ficar um tempinho na casa da Lúcia até tudo se resolver. E elas muito amigas, assim, muito chegadas e essa mulher ia ficar na casa dela até final de junho… — Então bastante, né? —
E o tempo foi passando… Quando chegou ali final de abril, do nada, esse marido da Lúcia fez uma parmegiana. — E tinha isso também… — Quando ele fazia parmegiana, ele não fazia nem para os filhos, era uma coisa que ele fazia só para a Lúcia. — Então era um lance deles. Sabe quando você tem um lance com aí a pessoa que você ama e é uma coisa só de vocês? Eu acho isso muito fofo, acho muito importante ter isso. — E isso era um lance… — Um lance só dos dois. — E aí, nesse final de abril, um belo dia, do nada, esse cara fez a tal parmegiana, só que fez para a Lúcia e para a amiga. E na hora aquilo, nossa, doeu demais no coração da Lúcia, porque ele não fez a parmegiana no começo do ano no aniversário de casamento deles e agora, em abril, estava fazendo a parmegiana para a amiga da Lúcia. Tipo, ela comentou né? — Porque todo mundo sabia dessa coisa da parmegiana. — E ela falou: “Nossa, eu sou muito curiosa pra comer essa parmegiana e tal, né?” E aí a Lúcia até brincou no dia, falou: “Ah, mas ele só faz para mim e nã nã nã”.
E o cara foi lá e fez a parmegiana para a amiga da Lúcia provar. Então a Lúcia ficou muito mal, mas enfim, comeu à parmegiana. — Ela falou que ela não lembra nem do gosto, assim… — E a amiga ficou toda animada… — Com isso da parmegiana. — E aí, digamos que, praticamente todo domingo este homem começou a fazer parmegiana. E aí todo mundo comia, né? A Lúcia, ainda tinha… Dois filhos da Lúcia já estudam fora e um ainda estava lá, então esse filho da Lúcia comia, a Lúcia comia e a amiga ali tecendo muitos elogios… — À parmegiana do cara, né? — E aí, quando chegou no Dia dos Namorados, dia 12 de junho, a Lúcia pensou: “Bom, ele não vai fazer a parmegiana no Dia dos Namorados, né? Porque não teria nem cabimento”, mas eles sempre assistiam um filme juntos, romântico e nã nã nã… — Eles tinham os rituais deles ali, o casal. —
E no dia 12 de junho, essa amiga dela ainda estava lá e a Lúcia falou pra ele logo cedo, falou: “Hoje a gente vai assistir um filme e tal, né?”, ele falou: “ah, vamos fazer uma coisa mais animada, nós três e nã nã nã”. — E aí a Lúcia até deu uma assustada, né? Pensou que ele até ia propor ménage, [risos] mas não, ele só tava falando mesmo do jantar… — E ele fez a parmegiana, ele fez… E tem um detalhe, que essa moça… Eu não vou falar o ingrediente, né? Mas, por exemplo, quando ele fez a parmegiana a primeira vez, ele fez igualzinho ele fazia pra Lúcia. Então, digamos assim, que a Lúcia gostava muito de salsinha, então ele botava bastante salsinha. E essa moça disse que não gostava de salsinha, então, a partir da segunda vez que ele fez a parmegiana — que era o prato dele com a Lúcia — ele começou a fazer sem a salsinha… — Porque a moça não gostava de salsinha. — E a Lúcia, que é a esposa dele, amando salsinha. Então ele falou: [efeito de voz grossa] “Aí você põe a salsinha no seu prato, né?”. — Gente… [risos] Pode ser simbólico, né? “Ah, é só uma parmegiana”, mas tem toda uma coisa, né? —
E aí, no Dia dos Namorados, ele fez a parmegiana sem a salsinha. E aí a Lúcia já ficou… Ali deu um click nela. Antes não tinha dado, ela só estava magoada, mas ali deu um click nela. Porque na hora de sentar na mesa, — Pensa assim: O cara sempre senta na ponta da mesa, a Lúcia senta de um lado e a moça sentou do outro. — ele botou a Lúcia na ponta da mesa. Na hora de sentar, ele falou: [efeito de voz grossa] “Ah, senta aqui, amor” pra Lúcia e ele ficou… Cada um de um lado da mesa, né? Ele de um lado e a moça do outro, assim, se encarando. Então a Lúcia falou: “aí tem, aí tem…”. Só que a moça já estava pra sair da casa dela, né? Porque já tinha dado certo as coisas do mestrado, ela já tinha alugado um apartamento e ela ia sair.
O marido da Lúcia trabalha em home office, então ele mal sai de casa. Só que, a partir do momento que essa moça foi morar em outro lugar, esse cara começou a arrumar desculpa pra sair de casa. Então, ah, se tinha um mercado pra fazer, se tinha alguma coisa, ele falava: [efeito de voz grossa] “Não, pode deixar que eu vou”. Começou a inventar umas caminhadas, uns passeios, enfim… E a Lúcia desconfiada, mas não a ponto de fazer alguma coisa, assim, só desconfiada. Só que, durante todo esse processo da parmegiana, o filho dela, — que nós vamos chamar de Lucas — de 16 anos, também se ligou… — Lucas, 16 anos, se ligou. — E tudo que a mãe dele não fez, que talvez ela gostaria de fazer, — que é, sei lá, seguir o marido e ver no que ia dar — o Lucas fez. [trilha animada] E este jovenzinho de 16 anos montou um dossiê da traição do pai com a amiga da Lúcia.
A Lúcia não sabe nem como ele conseguiu tudo o que ele conseguiu, mas ele tirou fotos… Ele conseguiu tirar foto dos dois na rua se beijando, conseguiu tirar foto do pai dele entrando no prédio da amiga da Lúcia. — Gente, o menino de 16 anos montou um dossiê… E você pensa que ele entregou para a Lúcia separado? — Não, ele entregou pra Lúcia, pra mãe, né? Na frente do pai. E aí chamou o pai de hipócrita, enfim, né? Teve aquela briga em família. Ele entregou tudo na frente do pai… — Porque ele achava, o Lucas achava que, se ele entregasse na frente… Entregasse só para a mãe, a mãe talvez não confrontasse o pai e ele queria confrontar o pai. — E ele confrontou o pai, o pai foi pego de surpresa e começou a chorar… [efeito sonoro de pessoa chorando] E aí confessou, né? Que sim, que estava saindo com essa amiga da Lúcia. — E aí a Lúcia fez o quê? Ela tinha duas opções: Ou conversa e perdoa ou bota pra fora, né? —
E a Lúcia resolveu conversar e perdoar. Ela perdoou o marido, o Lucas não perdoou o pai… Não perdoou e, provavelmente, vai levar um tempo ainda. — Ele é adolescente, enfim… — As coisas ainda não se ajeitaram entre Lucas e o pai, mas temos um detalhe agora: A ex amiga da Lúcia — porque a essa altura do campeonato é ex amiga — agora está atormentando o casal. E aí a Lúcia não está sabendo como lidar porque, assim, ela telefona lá, ela vai lá, ela faz escândalo com o marido da Lúcia, enfim, né? E o Lucas acha que eles não terminaram, que de vez em quando… — O Lucas acha isso. — E ele falou pra mãe que agora ele não vai mais atrás de nada, não vai provar, ela que se vire já que ela perdoou, né? — Foi a Lúcia que me escreveu, não foi o Lucas. Então, o que eu estou contando aqui do Lucas é a versão que a Lúcia me contou. —
E que ela não sabe mais o que fazer pra essa mulher parar de atormentar os dois. E eu, sei lá, eu acho que isso aí é bucha do seu marido. Você já rompeu, ela não é sua amiga mais, ela não é nada sua… Se ela aparecer na porta da sua casa fazendo escândalo, chama a polícia. — tô nem aí… Sabe assim? — Seu marido que se vire, né? “Ah, mas ela faz escândalo, chama ele e tal e me afeta”, tudo bem, te afeta, mas você tem que ver que isso não é seu, isso é dele, é bucha dele… Senão você vai resolver mais essa, né? E aí, agora o cara pra dar uma quebrada, voltou aí fazer a parmegiana e botando salsinha pra Lúcia, né? E quando o Lucas vê a parmegiana ele fica mais revoltada ainda. [risos] Eu entendo o Lucas, porque adolescente é assim mesmo, né? Mas se a esposa perdoou, né? — Porque ali a gente está falando de uma relação marido e mulher, no caso, marido e esposa, sei lá. Enfim, X… —
O Lucas meio que é filho, então, se a mãe perdoou ele não pode fazer nada, não tem o que ele possa fazer, né? Mas o Lucas segue revoltado. E agora a parmegiana, que sempre foi um prato que era de extremo amor, virou uma coisa que até pra Lúcia tá constrangedor. Eu acho que você pode pedir pra ele parar de fazer, né? Já que você tá percebendo que ele está fazendo só pra, sei lá, se redimir e ele já fez pra outra lá… — Então, eu acho que esse prato perdeu o significado, assim, arrumem uma outra coisa pra substituir essa parmegiana aí, né? — Porque aí eu concordo com o Lucas, tá ridículo assim, né? — Toda hora que ela vai lá fazer um escândalo, depois o cara faz uma parmegiana pra ver se dá uma quebrada no clima. — Então nessa aí eu tô com o Lucas, né? Concordo com você, perdoou, tá perdoado, não tem que ficar falando mesmo. E você perdoou seu marido, não perdoou sua amiga e acontece, é isso mesmo…
Pra mim é pior uma traição de amigo do que uma traição de relacionamento amoroso, sabe? De amigo pra mim é pior. Então eu entendo bem você não perdoar sua amiga também. E a Lúcia escreveu pra gente pedindo dicas de como ela pode afastar essa ex amiga dela do convívio ali, de ficar fazendo escândalo… — Porque ela tá, assim, tá atrás do cara… O cara sai pra ir na farmácia ela tá lá… Ela brota do chão, parece, sabe? — Então eu acho só isso… Acho que não é um problema seu, Lúcia, fala pro seu marido: “Se vira, né? Se vira aí. O problema é seu, você que arrumou pra sua cabeça, né?” Eu também vejo um pouco de razão aí no Lucas, quando ele fala que o seu marido ainda sai e aí passa um tempo, assim, uma calma… Ela não aparece para fazer escândalo. — Então será que ele não foi lá? Será que de vez em quando ele não está indo lá? Não sei… — Eu não confiaria mais, mas, né? Eu sou a pessoa que não me perdoa… — Então não sou parâmetro. —
[trilha]Assinante 1: Oi, pessoal, aqui é a Clara, moro em São Paulo. Primeiro eu queria falar do aplicativo, eu amei… Aqui tá funcionando super bem e eu até já adotei a cor roxinha… Parabéns, Déia, parabéns a toda equipe Não Inviabilize, tô super feliz com o aplicativo. E sobre a história: Lúcia, eu sou totalmente Time Lucas, mas respondendo a sua pergunta, se eu fosse você, eu mandaria o meu marido resolver isso. Eu acho que é um B.O. dele, eu acho que é ele que tem que agora se virar. Eu vi aqui na internet que perseguir e assediar é crime, pode dar detenção de seis meses ou dois anos… Então, põe ele pra resolver isso. Eu acho que também vai ser uma boa forma de você ver se ele tá realmente comprometido com você ou se ele ainda tá com ela. Espero que te ajude, boa sorte e, enfim, fique bem.
Assinante 2: Oi, Déia, oi, pessoal, aqui é a Camila e eu falo de Brasília. Lúcia, eu acho que é responsabilidade do seu esposo colocar limites nas ações da sua ex amiga, porque foi ele, de uma forma independente, que escolheu criar essa relação, então é responsabilidade dele colocar limites. Eu acho que o que você pode fazer é investir na comunicação entres vocês dois pra que fique muito evidente, né? Quais são as dificuldades em colocar os limites. Se é porque de alguma forma ele quer ter algum tipo de vínculo com ela, como seu filho suspeita ou não, se ele tá fazendo tudo o que é possível, de fato, e aí você, de forma alinhada, também tomar alguma decisão, como, por exemplo, chamar a polícia, que foi o que a Déia falou. Certo? Eu acho que a comunicação pode ser um instrumento muito forte pra essa situação com você e seu esposo… E o tempo também ajudar. Acho que esses dois pontos podem ajudar na relação pai e filho também, tá bom? Te desejo boa sorte e é isso. Um beijo.
Déia Freitas: Ouça o podcast Cena Aberta gratuitamente no Gshow, Globoplay e todas as plataformas de áudio. Eu vou deixar aqui na descrição a indicação de dois episódios, um sobre a vida e obra do Nicolas Cage e outro que fala sobre quandos filmes viram inspiração aí na vida da gente. — Algum filme já te inspirou aí em algo? — Então é isso, gente, um beijo e eu volto em breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]