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título: paternidade
data de publicação: 16/12/2020
quadro: picolé de limão
hashtag: #paternidade
personagens: cássia e renato

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… História de hoje é da Cássia e do Renato.

[trilha]

A Cássia e o Renato eles se conheceram numa balada, estavam muito bêbados, ficaram juntos e trocaram telefone. Ali uma semana depois… Começaram um pouco antes a conversar por WhatsApp e resolveram se encontrar, se encontraram, transaram… — E aqui eu volto a repetir pra vocês: como que vocês acabaram de conhecer uma pessoa, isso vale para os dois lados, acabou de conhecer a pessoa e você vai transar com essa pessoa sem camisinha? Como? Sério? — Então Cássia e Renato achando que eles eram as últimas duas bolachinhas do pacote sem doenças… — Porque quando a gente transa sem camisinha a gente tá sujeito… — Transaram sem camisinha e, pra Cássia, poxa, foi uma transa bem mais ou menos, ela não achou o Renato tudo isso e, ah, não se empolgou, acontece, né? — O lado do Renato não sei, porque estou contando aqui o lado da Cássia. —

Ela não se empolgou, falou: “Bom, ah, não sei, se eu não tiver nada pra fazer até que poderia vez ou outra sair com o Renato, mas assim, pra ter uma coisa firme, não me empolgou. — Não entrou pra jogo aí o Renato. — E aí passando ali uma semana que eles saíram, o Renato continuou conversando com ela por WhatsApp, mas essa coisa foi morrendo dos dois lados. A Cássia quebrou o pé e, assim, teve uma fratura feia no pé e ela ficou quase cinquenta dias de molho em casa, usando aquela botinha e fisioterapia, e isso e aquilo, e nesse tempo ela não saiu com mais ninguém, e aí quando ela já estava com o pé melhor ela começou a se sentir mal, adivinha? — Quem transa sem camisinha, o quê que acontece? Ou doencinha ou bebezinho, né? — Cássia engravidou do cara que ela mal conhecia e que ela não tinha gostado tanto, aí ficou assim apavorada, “Quê que eu vou fazer? Quê que eu vou fazer? Resolveu que ia ter. 

Aí ligou uma chave na cabeça da Cássia, já que ela ia ter a criança, agora então ela queria namorar, noivar e casar com o Renato antes dos nove meses. — E, gente… Não é assim que a coisa funciona, né? Ela primeiro tinha que contar para o Renato, e podia acontecer mil coisas, né? Ela falou: “Poxa, eu posso falar pra ele porque já passou praticamente dois meses que a gente se encontrou, eu posso falar e ele pode perguntar se ele é o pai, pode um monte de coisa, né?”, ela falou: “Bom, eu vou mandar mensagem e seja o que Deus quiser”, ela mandou a mensagem, ele visualizou e eles tinham conversado sobre o pé dela, que ela tinha quebrado o pé, e foi assim, eles foram conversando mais assim esporadicamente, né? E na hora ele telefonou pra ela e aí falou: “Bom, tudo bem, né? Quê que a gente faz?”, ela falou: “Bom, eu quero ter”, e aí ele falou: “Tá bom, o quê que eu faço? Eu tô meio perdido aqui também, em choque”. 

Aí nisso ela já ficou brava com ele porque ele perguntou o quê que ele devia fazer, sendo que ela queria já que ele pedisse ela em namoro. — E aí já acho errado, porque assim, eles mal se conheciam, o cara tá perguntando ali o que ele faz, o que ela queria que ele fizesse. — E ela falou: “Ah, não faz nada” e desligou. E aí ele mandou uma mensagem pra ela falando: “Eu entendo que você estava nervosa, mas assim, eu tô te perguntando quais os próximos passos agora, né? O quê que você precisa? Você tem convênio?”, porque eles não tinham nem essa intimidade de saber um do outro, “Você tem convênio? Se você não tiver, eu faço um plano pra você porque tem uns planos aí que dá a carência, a gente paga a carência”. — Então, assim o cara, na minha visão, o cara embarcou. Bom, “Você vai ter?”, porque a decisão é da mulher, né? Que eu penso assim, a decisão é dela, se não quisesse ter, ela não teria; “Bom, você vai ter? Então eu tô nessa aí, você precisa do quê? De um convênio, uma coisa?” O suporte que ele ofereceu pra ela inicialmente foi então um suporte financeiro e assim: “Tô aí, tô com você”, mas a Cássia queria o romance, e… Gente, desculpa, eu não acho que o Renato tá errado, não achei que ele foi errado nesse ponto.

E aí ele mandou mensagem pra ela falando: “Ah, eu entendo que você tá nervosa, mas me fala o que você quer que eu faça, né? Eu tô perdido aqui também, né?”, e aí ela respondeu pra ele meio malcriada, mas depois mandou outra mensagem falando que ela queria namorar com ele. E, gente, ele já estava com uma outra pessoa, ele já estava com uma outra moça, e estava gostando da outra moça, e ela sabia porque eles tinham conversado esporadicamente e ela acompanhava ele pelo Instagram e ela viu que ele estava com outra. E aí ele lembrou pra Cássia, mas a Cássia já sabia, “É… olha, eu tô com a fulana, né? Eu gosto dela, a gente se gosta, isso não significa que eu vou te deixar na mão de nenhum jeito, mas não tem como a gente namorar agora”. — Eu entendo a sensibilidade da Cássia naquele momento, mas era real, né? —

E aí pra Cássia foi assim, uma ofensa, e aí ela não queria nada dele, ele teve que insistir, e aí entrou a família deles no meio tentando ali consertar as coisas, e aí ele queria ir junto com ela na coisa do ultrassom lá no pré-natal, ela não queria… — E aí eu acho que ela tá certa também, porque ela não é obrigada, né? — Por mais que ele quisesse acompanhar pra saber do filho, ela falou: “Olha, depois eu te mando o que a médica falou, eu te mando o ultrassom, mas eu não quero você comigo lá”. — E ela tá na razão dela. — E assim foi pelos nove meses até que o parto foi marcado, cesárea porque deu umas complicaçõeszinhas lá na saúde da Cássia, então tinha dia e hora pra acontecer, e ele pediu pra ir, pra estar com ela no parto e ela também falou que não. — Que também acho que ela tá certa, ela não é obrigada, o corpo é dela, tudo que ia acontecer ali era com ela e depois que nascesse, vê o que faz, então não acho que ela errou nessa parte, ele ficou muito chateado porque ele queria acompanhar o parto, né? Mas aí também paciência, Renato. O corpo é da Cássia. Não quer você lá num momento tão íntimo já que vocês não ficaram íntimos, né? E ela queria a mãe dela junto e é direito dela, não acho que ela errou aí. —

Aí nasceu a bebezinha, tudo lindo e a Cássia, ela quis fazer o exame de DNA pra depois não ter ninguém falando. — Ela quis. — E aí ela fez e deu que era filha dele mesmo, né? E aí ele registrou, não teve nenhum problema em relação a isso, nada. Aí, gente, passou ali dois anos, e aí a menininha ficava entre a Cássia e o Renato, o Renato casou com a moça, a moça que ele estava lá namorando, Cássia ficou chateada, mas assim, ela já estava namorando um outro cara também, e agora a Cássia, no ano passado, casou. O cara é muito legal, o cara que tá com ela, e aí, gente, é que tá a coisa… A Cássia começou a incentivar a menininha a chamar o cara de pai porque ela acha que pai é quem cria… — Eu falei: “Não, então tudo bem, o Renato é um pai ausente? Ele não pega a menina, como que é?”, ela falou: “Não, ele paga pensão, é guarda compartilhada, ele pode pegar quando ele quiser, ele fica com a menina bastante tempo, eu fico também e tudo certo”, falei: “Então ele é pai, então ele tá criando, né? E você tá fazendo a menina chamar o outro de pai?” 

E aí saiu uma confusão por causa disso, porque ela quer que o pai da menina seja o cara que tá com ela e ela me escreveu, achando que ela tem razão, que ele não ficou com ela, que ele não estava do lado dela durante a gravidez, mas eu falei: “Não estava como do seu lado?”, “Ai, não estava comigo, não era meu companheiro, meu parceiro”, “Então, mas ele estava com você, ele queria ir no pré-natal, ele pagou as coisas que você permitiu que ele pagasse, ele queria saber da saúde da criança e sua saúde”, quer dizer, ela queria um relacionamento e, como ela não teve, ela acha que agora como ela tá com esse outro cara e tem um relacionamento, ela tem esse direito de fazer a filha chamar o cara de pai e eu acho que ela tá errada. 

Essa é a primeira história que eu acho que a pessoa que me escreveu tá mais errada do que o outro lado, isso porque eu só tô lendo a versão dela, não acho que seja bom nem pra criança, porque ela tem o pai, e o pai está presente, só não tá com ela, só não tem o amor que ela queria de relacionamento homem e mulher, porque ela falou que eles até se dão bem assim, não tem atrito, né? E aí ela me escreveu nesse sentido, que agora eles estão brigados, né? Ele continua, lógico, pegando a menininha, mas a menininha também, às vezes, agora estava chamando ele de Renato, poxa vida, né? Não dá, é o pai. E aí eu falei pra ela, falei: “Olha, se eu for contar sua história, eu vou contar do ponto de vista que eu tô recebendo aqui a história, e tô achando que você tá errada, tudo bem?”, ela falou: “Não, tudo bem, de repente eu preciso mesmo ouvir outras opiniões”. 

A família dela não se mete porque ela é meio brava assim, eu falei: “Bom, eu vou contar lá sua história, eu acho que Renato é o pai, e não é pai ausente, ele cuida da menininha também, não tem porque você ficar colocando na cabeça dela que o pai dela é esse outro cara só porque você tá com ele, ele ama você e você ama ele, tem nada a ver uma coisa com a outra, paternidade é uma coisa, seu relacionamento amoroso é outra”. Então, eu acho que ela está errada. Por mais que ela tenha mágoa que o Renato não queria ficar com ela, mas se vocês forem olhar, é uma situação atípica, eles saíram, transaram, ela engravidou, tipo não tinha um relacionamento afetivo ali, não é obrigado também, né? Eu estaria aqui contra ele se ele tivesse fugido da responsabilidade, não sei, ele ofereceu o afeto que ele tinha e a parceria que ele podia. 

Então, inédito no canal… Não acho que Renato está errado não, né? Porque ninguém é obrigado a amar outra pessoa, você cumpre ali com as suas responsabilidades. Ainda perguntei pra ela, falei: “Mas ele ama a menininha? Como é que é?”, ela falou: “Não, ama, mas eu quero que o pai dela seja o outro”, falei: “É, mas aí entre você querer e as coisas serem corretas, é outra coisa”. Então, gente, sejam gentis com a Cássia porque a gente não tá aqui pra julgar ninguém, mas eu acho que ela não tem esse direito de tirar a paternidade do Renato só porque ele não quis ficar com ela, né? E não foi uma coisa assim, “Ah, a gente namorou, ela engravidou, ele largou”, não. Eles mal se conheciam e aconteceu. 

Então é isso, deixem lá suas mensagens pra Cássia, de repente… Eu não sou mãe, então também, de repente, eu posso estar equivocada, não sei, mas pra criança eu posso dizer como psicóloga que não é legal isso, não é legal, ela tem um pai, vai confundir a cabeça da nenezinha, pra quê? Sabe? O Renato é o pai. Então, gente, conversem com a Cássia, deixem recados pra ela. Um beijo e até amanhã.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.