título: paupel
data de publicação: 27/05/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #paupel
personagens: joelma e marido
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje vou contar para vocês a história da Joelma. [risos] — Eu acho que essa não é uma história pra criança, então se você tiver uma criancinha aí, bote fone de ouvido ou ouça depois sem a criancinha. E é isso. — Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]Bom, a Joelma conheceu um cara aí, se apaixonou e casou com esse cara. [efeito sonoro de sino de igreja] E tudo ia super bem, até que eles tiveram dois filhos e o cara ficou mais distante. Então, como é que era a configuração da casa da Joelma? Era um sobrado, então embaixo tinha a sala, cozinha, banheiro e um escritório. Esse escritório era, exclusivamente, do cara. Então era tipo um refúgio, um santuário do princeso onde as crianças não podiam entrar, onde a Joelma também só entrava para limpar. — O bonito não limpava nem a própria sujeira e era assim e estava tudo bem pra Joelma. — Tipo, ah, as crianças ficam atormentando ele, então ele fica lá no escritório e nã nã nã. Os anos foram passando, as crianças ali com média de dez… Um dez e o outro doze anos, aí que eles não podiam entrar mesmo no escritório, o pai proibiu, né?
E um belo dia a Joelma entra pra limpar o escritório e ela acha uma folha de papel sulfite com sangue. — É uma dor horrível, né, gente? Sabe quando você corta o dedo no papel e sangra? Porque, geralmente, a gente corta o dedo e não chega a sangrar, né? Raramente, mas algumas vezes sangra. — Então ela achou um papel sulfite com um filetinho ali de sangue, parecia sangue, né? E ela deduziu isso… “Poxa, ele cortou o dedo no papel” e ela deu até uma risadinha. — Porque, né? Bem feito. [risos] — E passou… Depois das crianças, ele já era um cara mais distante, inclusive, da Joelma e não era uma coisa assim que Joelma então fazia tanta questão. Então, eles tinham uma dinâmica de relacionamento, — de casal ali, homem e mulher — muito complicada. Eles não brigavam, mas ele era um cara distante da família, enfim… Um cara ausente. — Que estava dentro de casa, mas era um cara ausente. —
E de um tempinho pra cá, além de ausente, ele parecia um cara meio atormentado, um pouco rabugento, mas a Joelma fingia que não estava vendo também… — Tipo: “Ah, ele está com problema? Problema dele. Não vou me meter nisso”. — Assim, a Joelma falou para mim que eles estavam numa fase já que o casamento estava muito ruim… Só que desde depois que as crianças nasceram, pra Joelma o casamento foi ruim, porque ele começou a ignorar ela e ignorar as crianças também, né? — Só que ela tinha aquela esperança que ele voltasse a ser aquele cara antes de ela ter os filhos e tal, que eles eram apaixonados e nã nã nã, mas ele nunca deu essa abertura, assim… Até sexualmente falando, o cara era um estúpido e, enfim, não vou nem entrar nesse assunto, que Joelma não quer, mas era péssimo pra ela. E tudo mudou depois que as crianças nasceram, assim… Vai saber o que aconteceu pra esse cara virar aí esse babaca. Vai ver já sempre foi, né? —
E aí ele muito estranho, muito estranho, assim… Agora ele já ficava menos ainda perto da Joelma, se eles transavam ali uma vez por mês, agora eles não transavam nunca. E ele estranho, estranho, estranho… Até que um dia este cara não aguentando mais de dores, — sei lá o que — ele começou a passar mal… Começou a passar mal, Joelma começou a perguntar o que ele tinha, porque pensou, né? “Sei lá, um infarto, né? Vai infartar aqui… O que é? Vou chamar o SAMU”, e ele não queria deixar chamar o SAMU… E ela não dirige, ela falou: “Vou chamar o SAMU sim”, e chamou o SAMU, SAMU demorou duas horas para chegar, mas chegou… E aí ele não queria dizer… Porque ele estava com febre. — Ele estava com uma febre muito alta. — E aí ele não queria dizer pro SAMU o que era, o que era, o que era… E a Joelma ali. E aí uma hora lá o socorrista pediu pra Joelma dar licença e tal e acabou descobrindo, gente, o que esse cara tinha… E vocês não vão acreditar… [risos]
Este cara estava com um corte — infeccionado — no pau… [música de tensão] E aí ele não cuidou, não tratou e o cortezinho infeccionou e agora estava lá com o pau todo… Praticamente caindo. Com pus e o caramba. [risos] E aí foi lá, tratou esse pau… — Precisou ficar internado dois dias, gente, para ver o tamanho dessa infecção de pau. — O que o médico falou pra Joelma? Que, assim, às vezes a pessoa se corta e nada acontece, cicatriza e às vezes você nem limpa, sei lá, nem lava e o seu organismo dá um jeito. Mas pode acontecer de alguma vez você se cortar e tudo ser propício pra proliferar ali alguma bactéria e tal e dar ruim, por mais que você lavou, enfim… E foi o que aconteceu. Só que Joelma estava inconformada, porque assim, como que ele cortou o pau? E era um cortezinho pequeno, que virou um vulcão de pus. — Que nojo… Mas é isso. — Esse cara com medo de perder o próprio pau, de morrer, sentindo muita dor e a Joelma que ia ter que cuidar dele e tal, acabou confessando… — Escuta essa… —
Um belo dia no escritório, esta criatura, de pau duro, escreveu assim numas folhas de sulfite, pegou uma folha de sulfite e escreveu: “Quer casar comigo?” e, para não ficar muito transparente, ele pôs mais folha atrás. — Então pegou duas folhas de sulfite ali, escreveu em uma e pôs uma atrás… — E fotografou… — [efeito sonoro de disparo de câmera] Se fotografou com esse papel em cima do pau. [risos] O pau duro, ele pôs o sulfitinho, assim, em cima do pau, segurou com uma mão e com a outra mão ele fez uma selfie. [risos] Mas não do rosto, tipo, do peito pra baixo e escrito “quer casar comigo?” e o papel em cima do pau. Só que a hora que ele terminou, que ele puxou a folha, [efeito sonoro de faca raspando em algo] a folha cortou o pau dele… E aí ele jogou fora a folha que estava escrito “quer casar comigo?” e deixou a outra folha ali, que tinha um sanguinho na lateral. — Que foi um pequenino corte no pau… — Deixou ali pra usar a folha. — Que nojo também, né? Usar a folha ensanguentada como rascunho… [risos] —
E a Joelma tirava o lixo lá do escritório, mas não ia mexer no lixo, né? Enfim… — Se não ela tinha achado ali o papel escrito “quer casar comigo?” — e ele tinha escrito isso pra uma moça que estava namorando, porque sim, ele falava aí para essa moça que ele era um viúvo… — Um viúvo com dois filhos. Ó que belezinha, pobre viúvo. E a Joelma lá, viva e cuidando desse traste. — E aí ele contou tudo, falou da moça e falou que estava arrependido e nã nã nã. E aí ela começou a fuçar melhor e descobriu, assim, que ele tinha outras moças, né? Que ele traía ela com outras e que, no caso dessa que ele pediu em casamento… — Ele pediu em casamento… Então a moça achava que ele podia casar, né? Porque ele era viúvo. E a moça queria, inclusive, casar na igreja. A Joelma foi atrás da moça, contou que ela era a esposa defunta que tinha morrido e a moça ficou mal, porque a moça não sabia de nada, né? E a moça falou que conheceu ele, ele saindo de um outro relacionamento, de um outro namoro. Então, assim, ele sempre teve namoradas este cara. —
A Joelma, em consideração aos filhos, resolveu ainda tratar dele até o pau ficar bom. [risos] Mas como ela disse, “o pau ficar bom pra outra, porque eu não queria mais”, foi o que ela disse… E aí ela pediu o divórcio, pediu o divórcio, ele não causou problemas… Então, a casa ficou ali no nome das crianças, com ela podendo usar aí até o fim da vida dela e deu tudo certo, assim, né? E foi bom pra Joelma, porque agora ela está… — Isso já tem um tempo, né? Foi antes da pandemia. — E agora ela tá namorando… Pouco antes mesmo da pandemia ela conheceu um cara e tal e tá com esse cara até hoje, tá super bem. — E o cara aí do papel no pau [risos] se lascou… — Porque, assim, é muito difícil depois de uma certa idade você mudar a sua rotina e querer achar alguém pra fazer as mesmas coisas pra você. Então, assim, ele teve algumas namoradas, mas elas não topavam, tipo, ser a diarista dele, sabe? E certas coisas que a Joelma topava. Então, o cara tá meio que pastando aí sozinho e eu acho é pouco. [risos]
Então, essa foi a história do pequeno cortezinho de papel no pau, que deve ter doido pra caramba… Se no dedo dói, no pau deve doer mais, né? E ainda bem que foi, assim, no corpinho do pau, né? Porque acho que se fosse na cabeça do pau, doía mais… Vocês não acham? Cortar, assim, flau… Nossa… E infeccionou porque acho que a região ali, a umidade, tudo, né? Sei lá. Eu gosto de pensar… [risos] Eu gosto de pensar que, assim, ele pôs ali o papel, tirou a foto de pau duro e tal, mandou pra ela… Aí ela deve ter começado a falar umas sacanagens, ele foi ali, se masturbou no escritório com o pau cortado e eu acho que foi daí, de repente, a mão dele estava suja, não sei… E ele pegou no pau ali e pegou no corte. — Eu acho que é uma boa teoria essa, de que ele foi se masturbar depois do corte de papel no pau e deu ruim. [risos] — E você vê? O cara não falou, só falou quando estava morrendo… Por que não foi num médico, sozinho, olhar esse pau? — Que ódio, nem isso… Enfim. —
Ainda bem que o SAMU veio, né? Porque dependendo do caso, eles não vêm, né? É muito atendimento, não dá pra ir em todo lugar.
Assinante 1: Oi, Joelma, aqui é a Ludmilla de Brasília. E eu não costumo acreditar em karma, mas não tem como negar que nessa história o karma agiu, né? O cara tava todo errado… Errado por fazer você de empregada, errado por ser tão folgado, errado por privar as crianças do convívio com ele, errado por ter várias namoradas, por falar que era viúvo… Então eu acho que o corte no pau foi o Universo falando assim: “Colega, vamo dar uma pausa aí?”. Como que alguém negligencia uma infecção no próprio pau? Eu não consigo entender, de verdade. E me faz lembrar aquelas campanhas que tem, né? De pedir pros homens lavarem o pau. Se existe a campanha, é porque precisa, espero que você seja muito feliz, Joelma. E é isso aí.
Assinante 2: Oi, Não Inviabilizers, meu nome é Renata. Eu já ouvi essa história do Paupel umas quatros vezes e eu sempre morro de rir com ela, porque eu fico imaginando porque esse cara não falou que prendeu o pau no zíper, porque esse cara não falou qualquer outra história… Mas ele teve que se humilhar contando esse lixo de pedido de casamento, [risos] ele teve que se humilhar, sabe? Mas que bom, né? Ela se livrou dele. E, assim, outra coisa também que eu fico muito curioso é saber como ele pediu a Joelma em casamento. [risos] Eu queria muito saber disso, eu sou muito curiosa pra saber como foi o pedido de casamento da Joelma. [riso] [trilha]
Déia Freitas: Então, um beijo e eu volto em breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]