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título: pavê ou pacumê?
data de publicação: 21/12/2020
quadro: picolé de limão com passas – especial de natal 2020
hashtag: #pave
personagens: tatiane e chefe do rh

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei, cheguei junto com o Coentro Nenê pro nosso especial de Natal. [risos] Eu queria muito, muito mesmo ter feito uma especial de Natal pra vocês só com história de amor, um Amor nas Redes assim, cheia de história bonita de Natal, e aí eu pedi lá no Twitter e o que eu recebi? Apenas histórias toscas [risos] de Natal. Então a gente vai ter o especial de Natal que a gente — Merece? — que a gente pode? Um especial de Natal possível? [risos] Então vamos lá, a gente vai ter um Picolé de Limão de Natal, um Picolé de Limão com Passas, porque sim, eu amo passas e serão aí cinco histórias. Então eu vou começar hoje com a história da Tatiane. Tatiane e o Natal na Pônei Contabilidade, vamos lá, vamos de história.

[trilha]

A Tatiana trabalha na Pônei Contabilidade há quatro anos, essa história é do Natal do ano passado. Eles sempre faziam lá, — Fazem ainda, né? Bom, esse ano não vai ter obviamente por causa da pandemia, mas… — todo ano é assim, eles fazem uma festa de Natal, tipo no dia vinte e três, ou no último dia antes da empresa parar de funcionar ali para as festividades de Natal e Ano Novo. E assim, o quê que é combinado? Cada um leva um prato, tem a pessoa que leva a torta salgada, tem a pessoa que leva sei lá um salgadinho, aí tem a pessoa que leva os refrigerantes, alguém que leva ali uma cachacinha, um negocinho discretamente, e assim vai, né? Eles separam as pessoas só assim em doce e salgado pra não ficar tudo doce, ou tudo salgado e cada um leva o que quer, não tem assim uma especificação do prato que você tenha que levar. E aí todo mundo levou as coisas, e a Tatiane, a mãe da Tatiane é boleira, — Delícia. — então ela faz muito doce assim, ela é quituteira também, faz muita coisa gostosa. 

E a mãe da Tatiane fez um pavê de sonho de valsa, então ela falou que era uma travessona assim, pensa na maior travessa de vidro que existe, — Na Terra [risos] — e a mãe dela fez, e a mãe dela foi muito, muito, muito incisiva em dizer: “Tatiane, você vai levar essa travessa e, hoje mesmo, você vai trazer a minha travessa de vidro de volta”, e eu entendo muito bem isso, porque todo mundo sabe o quanto é importante ter uma boa travessa de vidro com tampa, maravilhosa, grande assim retangular, e era dessa aí, daquela firmeza que vai no forno, você tira já põe na água, o negócio não quebra, é essa aí. E aí lá foi a Tatiane com o pavê de sonho de valsa, e como todo mundo sabe, lá na Pônei Contabilidade que a mãe da Tatiane trabalha com isso, tipo faz bolo, faz doce, faz tudo, é sempre o prato mais assim consumido, que o povo leva pra casa, então a Tatiane nunca teve problema de trazer a travessa vazia de volta no mesmo dia porque todo mundo come tudo.

Perfeito, Tatiane foi, todo mundo esperando o pavê de sonho de valsa, né? Já era ali o evento do pavê. E na Pônei Contabilidade ali há uns seis, sete meses, tinha sido contratada uma nova chefe no RH e, né? O RH pode tudo, a chefe do RH é a chefe do RH. — E eu não quero dar nome pra essa chefe do RH, porque comida pra mim é uma coisa muito séria, então não vou dar nome para a chefe do RH da Pônei Contabilidade. — E aí essa chefe do RH, ela tirou ali que ela tinha que levar um prato doce e ela passou numa padaria aí qualquer da vida e comprou ali uns profiterolezinhos. — Que é gostosinho também, adoro, né? — Mas não foi nada que ela fez, ou que ela, assim, não era nada especial, era uma coisa que a gente podia comer na padaria ali qualquer dia. E a gente que é a classe trabalhadora, [risos] tudo o que a gente pode comer assim do dia a dia, a gente deixa para segundo plano. — Detalhe, não é que a gente não vá comer… — Primeiro a gente come as coisas mais gostosas e que a gente não vê sempre, porque senão acaba, [risos] então a gente tem essa prioridade. — Eu pelo menos sou assim, se eu tô ali numa festa e eu vejo, poxa, aquele negócio ali eu não como sempre, eu vou nele primeiro pra depois ir nas coisas que sempre tem, né? —

E todo mundo estava assim com o pavê, e aí tem o lance do amigo oculto, né? Todo mundo numa sala lá pra fazer amigo oculto e na outra sala as coisas de comer, né? E aí, gente, assim, imagina, era uma festa de umas trinta pessoas, não é pouco, e não tem como você ficar vendo o que tem de comida ali, o que não tem de comida, né? Então fizeram lá o amigo oculto e depois todo mundo foi comendo, foi comendo, mas a gente via ali um burburinho de tipo “Ô, você chegou a comer o pavê? Já acabou o pavê da Tatiane? A Tati trouxe, mas e aí? Você comeu, estava bom?”, assim, rolou um zum-zum ali sobre o pavê, mas assim, de fato a gente não via ninguém, uma testemunha que tivesse comido o pavê, não tinha. E aí a festa foi, foi, foi, foi, foi acabando, aí vai embora um, vai embora outro, aí aquele que trouxe uma cachacinha estava ali já estava meio mamado com outro conversando e tal, de repente a gente vê que a chefe do RH ela tá saindo pra ir embora com a bolsinha dela, as coisinhas dela e uma caixa de papelão, o quê que você imagina? Sei lá, caixa de papelão tem o que dentro? Documentos importantes aí da empresa? Porque eles fizeram a festa num dia, no outro dia eles trabalhariam ali até meio-dia, então de repente ela está levando as coisas pra casa pra adiantar, porque no dia seguinte até meio-dia não vai dar tempo? Então olha que chefe de RH excelente, né? Pensaram alguns, outros não pensaram nada, ela simplesmente saiu ali com a caixa de papelão. 

E aí a festa foi acabando, foi miando, e o último que sai da festa é o Seu Cássio, Seu Cássio o vigia da Pônei Contabilidade, então é o cara que tá ali, que dá uma olhadinha nas câmeras, que tem que fechar toda a empresa e que faz as coisinhas ali dele de vigia, e antes de ir embora, porque assim, a Pônei Contabilidade é uma contabilidade muito grande, que tem contabilidade, tem escritório de advocacia ali junto, tem serviços assim legais aí, atrás da Pônei tem o estacionamento da Pônei, então se você é um funcionário da Pônei, você pode deixar lá o seu carro, sua moto, sua bicicleta, o que você quiser, você pode deixar no estacionamento da Pônei Contabilidade. O Seu Cássio ele dá sempre aquela olhadinha nas câmeras antes de fechar tudo, pra ver se tá tudo bem por ali, dá uma olhadinha, quando ele olhou as câmeras tinha um carro ali que era um carro que ficava lá, que é um dos donos da Pônei contabilidade, era o único carro que estava lá e ia ficar lá, então não significava que tinha alguém dentro da empresa. 

Ele viu ali no chão, no chão do estacionamento uma caixa grande de papelão, e assim, pela câmera não dava pra ver o que tinha dentro da caixa de papelão e aí o Seu Cássio saiu ali da câmera e foi até a caixa de papelão, era uma caixa de papelão da empresa, tipo uma caixa de colocar documentos e ele viu que a caixa estava vazia, ele recolheu aquela caixa de papelão para dentro da Pônei Contabilidade e falou: “Poxa, esquisito uma caixa de documento vazia no estacionamento? Vou dar uma voltadinha nas câmeras aqui pra ver o que aconteceu, né?”, e aí o Seu Cássio voltou ali as câmeras pra dar uma olhada, pra ver se ele via a câmera do estacionamento, específica do estacionamento até que ponto estava a caixa, quando ele achou a pessoa que estava indo para o estacionamento com a caixa, a pessoa que tirou de dentro da caixa uma grande e suculenta travessa de vidro e a pessoa que jogou a caixa vazia no estacionamento, e essa pessoa era quem? Obviamente a chefe do RH. — Que além de ladra de pavê é porca, né? Porque largou, jogou a caixa de papelão no estacionamento, não sabe nem cometer crime, né? Porque tinha que levar na caixa, se vamos falar aqui de crime, chefe do RH tinha que ter levado a caixa com a travessa, tira todo o pavê, lava, volta com a caixa com a travessa vazia, depois põe a travessa ali em qualquer lugar, é assim que se comete um crime em relação à alimentação. [risos] Nunca fiz isso, mas se fizesse seria assim, tá? —

E aí a porca largou a caixa, e o Seu Cássio viu, mas assim, até então o Seu Cássio participou da festa, mas ele não estava no zum-zum do pavê, ele estava ali, comeu, conversou e tudo bem, só que na outra ponta, temos Tatiane desesperada — Desesperada… — porque a travessa da mãe dela sumiu, porque tudo bem, ela não comeu o pavê de sonho de valsa, tudo bem, ela come na casa dela que tem sempre, mas alguém tinha levado a travessa vazia, e cadê essa travessa? Cadê essa travessa? Não achou, foi embora com a mãe dela enchendo o saco dela em casa, e no dia seguinte que eles trabalhariam até meio-dia ela chegou cedinho e falou: “Galera, quem ficou com a minha travessa? Eu preciso da travessa da minha mãe, ela faz muita coisa nessa travessa porque é o trampo dela, né? De fazer os quitutes, por favor, gente, devolva aí minha travessa, né? Quem ficou com o último pedacinho”, aí quando ela falou isso o pessoal começou: “Mas eu não comi, eu não comi, eu não comi, eu não comi”, e ninguém comeu, ninguém comeu porque a chefe do RH ela levou o pavê inteiro embora, nem tiraram a tampa da travessa de vidro, ela levou inteiro embora. 

E como que a Tatiane ficou sabendo disso? Esse negócio da travessa, ela foi falando que ela encheu o saco de todo mundo e chegou no Seu Cássio, e o Seu Cássio falou: “Travessa? Aquele negócio de vidro lá de pôr comida? Ah, a fulana lá do RH saiu com uma dessa”. — Saiu com uma dessa ontem… — Aí Tatiane insistiu para o Seu Cássio mostrar pra ela… — E aí, gente… — Era a travessa do pavê, e era a chefe do RH que tinha surrupiado aí esse pavê. Detalhe: no dia seguinte ela não trouxe a travessa de volta, e aí Natal, Ano Novo, a mãe da Tati ali enchendo o saco dela, falando da travessa do pavê. Quando foi janeiro, depois do recesso e tal, que a Tatiane chegou, o que estava lá na cozinha lavadinha, tampadinha, sem nada dentro? A travessa do pavê. Então, realmente, gente, aquela história de é “pavê ou pacumê?”, o pessoal da Pônei Contabilidade só viu e a chefe do RH que comeu.

Então essa é a história de Natal da Tati, uma história de firma, eu amo história de firma, e já volto com mais uma do nosso especial de Natal Picolé de Limão.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.