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título: peidinho
data de publicação: 23/01/2023
quadro: picolé de limão
hashtag: #peidinho
personagens: alessandra e um cara

TRANSCRIÇÃO

Este episódio contém conteúdo sensível e deve ser ouvido com cautela.


[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei ara mais um Picolé de Limão. – E hoje a história ela está num limbo entre Pimenta no dos Outros e Picolé de Limão, é uma história que não é pra criança e ela vai ficar aqui no Picolé de Limão. – A história que eu vou contar hoje pra vocês é a história da Alessandra. Então vamos lá, vamos de história.


[trilha]


Alessandra, ano passado – no começo do ano passado – ela conheceu um cara e começou a namorar esse cara. E, gente, foi tudo bem, assim, tudo lindo… E aí o namoro foi evoluindo, um conheceu a família do outro, eles fizeram algumas viagens juntos… Então pensa bem, ó, tudo bem, né? Tudo tranquilo… Aí virou o ano, esse moço falou pra nossa amiga Alessandra, que agora, em 2022, ele tinha vontade de realizar umas coisas, né? Então a Alessandra pensou, sei lá, em metas, objetivos, sei lá, X, né? Que a pessoa tenha. E o cara falou: [efeito de voz grossa]  “É, mais ou menos isso” e passou…


Quando foi fevereiro, ele chamou a Alessandra pra conversar e expor para a Alessandra um desses desejos dele. Que ele já tinha realizado com outras mulheres, mas que ele só tinha conseguido realizar pagando. – O que era esse desejo desse rapaz? – Ele queria que a Alessandra cagasse nele. – E até aqui, gente, é aquilo que eu falo… Fetiche da pessoa é fetiche da pessoa, contanto que não machuque ninguém, ou seja uma coisa que faça a outra pessoa sofrer, algum animal sofrer, enfim, pra mim tá tudo certo, sabe? – Mas nesse caso, ele queria que Alessandra fizesse cocô nele… – Como é que eu vou dizer isso? [risos] – No rosto dele. E aí, assim, gente… Pensa, você tem um namorado há um ano e aí o seu namorado te conta que esse é o fetiche dele. Aí você tem vários caminhos, – acho que não são só dois, ou larga ou fica – você pode falar: “Olha, eu gosto de você, quero ficar com você, mas isso não me contempla. Não é algo que me vá dar prazer, então eu não posso te ajudar nisso”. – Eu acho que esse é o principal caminho… Quando você está se relacionando com outra pessoa e aquela pessoa tem um fetiche que não vai te dar prazer, você não é obrigado ou obrigada a embarcar nessa. Então eu acho que esse aqui é um ponto que é muito importante, assim, né? Eu recebo algumas histórias onde, principalmente mulheres estão namorando e tal e depois de, tipo, três anos de namoro o cara fala que quer um ménage, quer transar a três, colocar uma outra mulher na relação. Se você não tem esse desejo, gente, não aceita, sabe? Não ultrapassa seus próprios limites, você não é obrigada a nada, você não é obrigado a nada… E aquilo não está errado, é um fetiche da pessoa, mas é da pessoa, entendeu? Não é seu. De repente, aquele relacionamento não é paa você… Ou você pode, sei lá, abrir pra pessoa fazer isso com outra pessoa. Enfim, é importante que você não se sinta violado numa relação, não se sinta forçado, forçada a nada. E aqui, nesse caso, a gente vai combinar que cagar na cara da pessoa [risos] não é fácil. Imaginamos, né? Não deve ser fácil. –


E a Alessandra na hora ela ficou muito chocada, porque ela achou, sei lá, [efeito de voz fina] “será que é uma brincadeirona que ele estava fazendo? Sei lá, né? Não era sério aquilo”. Mas aí ela viu que era sério. E ela falou: “Poxa, não sei se consigo”, mas na hora ela não descartou a possibilidade de fazer cocô no próprio namorado dela. – Então, se ela considerou essa possibilidade, tudo bem. E aí vocês devem estar perguntando: Por que até aqui esse cara não teria nome? Porque, né, gente, é o fetiche do cara… O cara falou pra ela… Por mim ele teria nome aqui. – Só que, a partir do momento que esse cara falou pra Alessandra qual era o fetiche dele, a vida dela virou um inferno… Porque aí ele não queria mais transar com ela. – Um relacionamento que até então era bem ok em relação a isso, né? Em relação a sexo. – E ele passou a não querer mais transar com ela, a querer forçar essa barra e a botar a Alessandra numa posição ali no relacionamento de que: “Olha, você tá me tornando infeliz porque você não quer realizar esse meu desejo”. – Então, a partir daí eu já odeio ele e por isso que ele não tem nome. –


E aí, a Alessandra, diante dessa pressão falou: “Bom, eu vou tentar… Vou tentar”. E ela não estava se sentindo bem com isso, né? A dica que ele deu pra ela, pra dar certo o negócio é que ela tinha que comer bastante, comer coisas que ela não está acostumada, tipo, coisas que, sei lá, vai dar dor de barriga… E aí a Alessandra falou: “Gente, eu não acredito que eu estou aqui comendo várias coisas pra mais tarde cagar na cara do meu namorado”. [risos] – Que horrível… [risos] – E aí, beleza, chegou a hora, o dia de fazer. aí esse cocozinho na cara do seu amor. E aí a Alessandra se preparou, falou: “Bom, como que deve ser, né? Vai rolar uma preliminar, eu vou cagar nele e depois?” e aí ela perguntou isso pra ele e ele falou que a ideia era fazer cocô na cara dele e ele ia se masturbar. – Então, quer dizer, você já vê que é uma coisa que ele vai realizar, um desejo dele e tal onde Alessandra não está à vontade com isso, então ela não devia nem ir, sabe? E depois também, só ele vai se satisfazer ali, porque pra ela acabou ali… Cagou, acabou, né? – E aí lá foi a Alessandra…


Isso foi na casa dele, então eles forraram a cama, coisa que… [risos] Tem um episódio aqui chamado “Um lance”, se você quiser [risos] depois ouvir aí, a mesma temática, mas não forraram a cama, então deu uma complicada e, nesse caso, eles formaram a cama. A ideia era a Alessandra segurar ali na cabeceira… – E isso já implica também que você tem que ter um bom condicionamento nas pernas, né? O agachamento tem que estar em dia, porque você vai ficar agachado ali, né? Não é fácil, gente… Quando você está no vaso, você tá sentado, você tá escorado, né? Agora, ali, suspensa, segurando a cabeceira da cama, seu agachamento, a perna ali tem que estar firme pra você não cair sentada na cara da pessoa também, né? – E aí Alessandra começou a tentar… – Mas, gente, não deve ser fácil realmente… Você não está nem no banheiro, né? E não conseguiu… – 


Quando ela achou que a coisa estava saindo, foi aquele “trá”, sabe? [risos] Uma série de peidinhos ali, que foi o máximo que ela conseguiu. E não conseguiu cagar na cara do namorado dela. – Veja, não é um cara que você conheceu no aplicativo e te chamou pra cagar na cara e te deu um dinheiro… Não, era o namorado dela de um ano e tal, de uma relação construída. – E aí ela saiu daquela posição que ela estava e falou: “Olha, não vou conseguir”, ela já tinha peidado na cara dele… [risos] Que horror… “Não vou conseguir” e o cara ficou bravo… Falou: [efeito de voz grossa] “Olha, você não é uma boa namorada, você não me entende… Porque eu fiquei com você esse um ano esperando que você pudesse também fazer alguma coisa por mim”. – Quer dizer, o cara achou que ele estava fazendo o que por ela? Era um relacionamento de mão dupla ali, né? Um tava pelo outro, mas pelo jeito ele estava só esperando essa oportunidade. –


E aí teve a briga e, no meio da briga, a Alessandra foi sentindo vontade de fazer cocô no banheiro. [risos] Mas achou que seria ofensivo cagar no banheiro quando ele pediu pra cagar na cara dele, então ela ficou segurando… E aí acabou a briga, ela foi embora pra casa e aí cagou no banheiro dela. [risos] E o relacionamento acabou… – Acabou. – Então, a Alessandra me escreveu porque, assim… Ela falou: “Poxa, Andréia, quando o cara me conheceu ele não devia já ter me falado que ele que ele gostava disso? Por que ele foi falar depois de um ano, de uma relação construída, sabe?”. – Tudo bem, vai, pode ser que o cara demorou para ter confiança nela pra falar disso também, que não é uma coisa fácil, mas e aí, gente, como que você sai dessa sinuca então? Você fica, sei lá, um, dois anos com a pessoa e a pessoa te conta uma coisa que para você não vai dar, né? É o seu limite, não vai ter como… E aí? –

E aí ninguém entendia porque o relacionamento deles tinha acabado, né? A Alessandra não abriu pra ninguém. – E eu achei que ela fez certo, né? De não contar pra ninguém sobre o que seria. – Mas o cara deu uma atormentada, xingou ela… O cara, assim, foi péssimo depois que terminou… Até ela falar pra ele, falar: “Olha, eu não vou te atender mais, se você insistir, aí eu vou contar pra todo mundo. Então você fica na sua, eu fico na minha casa e casa um segue a sua vida”. Aí o cara parou de importunar e de ser agressivo com ela verbalmente e tal, mandar áudio… Porque ela falou: “Olha, não dá mais… A gente não vai ficar junto mais” e terminou. E, gente… Eu acho que aqui fica essa reflexão, né? Quando falar se você tem um fetiche, uma coisa diferente, que pode ser que a outra pessoa não tope… Que horas falar? Abordar o assunto? E o pior, né? O jeito que ele lidou quando ela não conseguiu… Porque ela até tentou. Eu acho que se ela não quisesse, ela poderia nem tentar, né? Mas ela quis tentar e não conseguiu.


Então, assim, a reação que ele teve foi ruim. Ele podia ter levado numa boa também, sei lá, eles tentarem resolver isso de outra forma, não sei… E uma coisa que ele falou pra ela na briga é que: “Ah, quem você pensa que é? Você acha que é uma coisa difícil de se fazer?” ele disse que pagando você consegue facilmente isso, assim, que alguém cague na sua cara. E ele quis dizer que, tipo, ela estava se achando demais por não cagar na cara dele, sabe? [risos] Gente, é tudo muito horrível, né? [risos] Bom, no começo eu falei: “Alessandra, não sei se eu quero tocar nesse assunto e tal”, mas depois achei importante essa questão do relacionamento construído e tal, de um namoro estabelecido… E pode, óbvio, aparecer um fetiche, uma coisa pro casal testar junto, mas e quando o outro lado não quer? Não tá confortável com aquilo… Eu acho que você não deve embarcar se você não está confortável, né? E, no caso, a Alessandra até tentou, mas não deu pra ela, não conseguiu passar do peidinho. É a vida, né? 


Então fica aí a reflexão. Essa é a história da Alessandra…  É mais pra gente pensar mesmo no limite, no nosso próprio limite, nas coisas que a gente quer ou não fazer pelo outro ou que a gente acaba fazendo pelo outro sem querer, né? Então, até onde ir… A Alessandra acha que claramente ela ultrapassou um limite dela, ne? Por isso que ela escreveu. E, ah, lidou em terapia com isso tudo, né? Mas enfim, né? É uma coisa ali que rolou. 

[trilha]

Assinante 1: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, aqui é a Stephanie de Aracaju. Alessandra, não é sobre esperar dar um ano, dois anos para falar sobre o fetiche e as coisas darem errado, entre aspas, por causa disso e muito menos sobre chegar falando sobre o assunto… Até porque, como a Déia comentou, às vezes a pessoa tem dificuldade para saber se ela confia em você o suficiente para tocar no assunto e fazer o pedido que o cara te fez. É sobre o que acontece no pós, o que ele faz como reação e o que vocês fariam como um casal para contornar no caso de não ter essa vontade das duas partes. E o que ele fez foi péssimo, ele foi um maldito e… Enfim, ainda bem que terminou, mesmo que tenha durado um ano. E eu espero que você consiga estabelecer uma próxima relação muito boa de confiança, tá? Tudo de bom pra você. Um beijo. 

Assinante 2: Oi, gente, aqui é a Dayane de São Bernardo, espero que todo mundo esteja bem. Toda vez que eu vejo que eu tenho interesse na pessoa e é mútuo ou quando a gente tá começando a ter assuntos mais picantes, é perguntar se a pessoa já fez o BDSM Test, se ela já fez, eu vejo os resultados, se não fez, melhor ainda, porque aí eu proponho que a gente faça junto… Pra quem não conhece, eu acho que muita gente deve conhecer, mas o BDSM Test é um site que tem esse formulário, ele é bem longo até, acho que uns 20 minutos de respostas e ele pergunta tudo sobre as preferências sexuais, até coisas do tipo “quero ser usado como um urinol”, “meu maior prazer é ser um escravo sexual” e coisas do tipo. [risos] É muito bom para ver o que a pessoa gosta e também pode ser um ótimo gatilho aí pra papos mais picantes, eu gosto muito. Beijos. 

[trilha]

Déia Freitas: Então, comentem lá no nosso grupo do Telegram, sejam gentis com a Alessandra. Um beijo, gente, e eu volto em breve.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.