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título: pérola
data de publicação: 04/04/2022
quadro: patada
hashtag: #perola
personagens:  luísa e pérola

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Patada, dicas para o seu pet. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais uma história do quadro Patada. — Eu já estava com saudade. — [efeito sonoro de cachorro latindo] — E hoje eu não estou sozinha, meu publi. — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje é o movimento Soul Pet. [efeito sonoro de gato miando] A Proteste, maior associação e consumidores da América Latina e a Mars Pet Care, líder mundial de cuidados e nutrição animal, estão lançando o movimento Soul Pet, que tem como objetivo reunir todos os apaixonados por Pet — ou seja, a gente — para garantir direitos básicos como saúde, respeito, segurança, bem estar, acessibilidade e felicidade para cães e gatos aí de todo o Brasil. — Olha, eu já tô aqui torcendo pra no futuro conseguir fazer aí campanhas de castração do quadro Patada em parceria com o movimento Soul Pet, hein? Vamos torcer. 

E para fazer parte do movimento, você precisa assinar o manifesto no site: movimentosoulpet.com.br. Eu vou deixar tudo aqui na descrição do episódio, tá? E sempre que possível, compartilhar aí as ações do movimento Soul Pet nas mídias sociais com a #SoulPet. É “soul” de alma, então s, o, u, l, p, e, t. Aqui no podcast, o movimento Soul Pet promoveu um chamado para reunir histórias e escolheu algumas pessoas aí para receber produtos Mars. — Para os seus pets. — Quem vai ganhar três meses de produtos Mars e teve a história vencedora que vai ser contada hoje aqui no podcast é a Luísa Caetano e sua cachorrinha Pérola Beatriz. [risos] Amei o nome. — Pérola Beatriz, uma cachorrinha que caiu do céu. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

A Luísa, desde pequena, ela implorava para os pais ali para ter um cachorrinho. A mãe dela trabalhava muito e o pai dela passava metade do mês trabalhando fora. Então, ninguém queria ter a responsabilidade ali de ter um cachorrinho em casa. — E isso é muito importante, viu, gente? Você só pode adotar, ter um bichinho aí se você tem um tempo para cuidar dele, precisa ter esse tempo. — Então, a Luíza passava ali os domingos olhando classificados do jornal e vendo um cachorrinho pra comprar… Porque, até então, ela não pensava em adotar um cachorrinho sem raça definida, né? Um vira latinha… Todo mundo que ela conhecia tinha cachorros de raça, então ela, como criança, reproduzia o que ela via. — Então ela queria um cachorrinho de raça. —

Os anos foram passando, ela cresceu, — sem o cachorro — fez faculdade e num dos intervalos ali — de aula — a Luísa resolveu entrar no Facebook. E ali nos grupos de animais para adoção que ela participava, ela bateu o olho numa cachorrinha vira lata — branquinha, assim, com umas manchinhas amarelas, filhote — e ficou apaixonada. A mãe da Luísa já estava aposentada, ela conversou com a mãe… — Que é outra coisa muito importante, quando você vai adotar um animal, as pessoas da família que moram naquela casa, elas têm que estar de acordo com isso, né? Porque o animal ele vai ser inserido ali na rotina de todo mundo, de quem gosta, de quem não gosta, de quem está na casa convivendo… Então, é muito importante isso, que todas as pessoas estejam de acordo ali com essa doação. —

E aí a Luísa foi lá, conversou com a mãe que estava aposentada e, por um milagre, a mãe de Luísa aceitou — adotar essa cachorrinha — e ela foi adotada… E o nome dela é Nina Valentina. [risos] A Nina foi encontrada num bairro de Salvador chamado Armação, e a mãe da Luísa brinca que foi uma armação mesmo [risos] para que tudo funcionasse e a adoção acontecesse. Depois que a Luísa adotou a Nina, ela passou a participar mais ativamente dos grupos de adoção de animais ali de Salvador… — As ONGs, as protetoras independentes que tinham páginas ali no Facebook… A Luísa começou a participar. — E a fazer ali tudo o que ela podia para ajudar essas instituições e essas Protetoras Independentes. E, numa dessas, a Luísa fez um resgate ela mesma… Porque o que eu digo aqui… — Eu sou uma protetora independente, né? — E todos nós temos o dever, a obrigação de trazer benefícios para a sociedade, seja em ações sociais não voltadas para pet ou pra pet… Não é um lugar ok você ficar passiva a tudo o que está acontecendo ao seu redor. 

Então, se você vê um cachorro abandonado e você se sente ali o ímpeto de resgatar, resgata… Depois você pede ajuda nas redes sociais, movimenta aí sua rede de apoio… O que não pode é sobrecarregar as ONGs e os protetores independentes, que todo mundo já está cheio, né? De cachorro e gato que a gente resgata. E aí a Luísa tendo essa percepção, ela mesma fez o resgate de duas cachorrinhas, e aí ela conheceu a Fafá, uma protetora independente ali de Salvador. E a Fafá auxiliou aí — a Luísa, né? — nesse resgate e depois conseguir adotante e tal e a Luísa passou a ajudar financeiramente ali, mensalmente, a Fafá, que tinha vários resgatados e tal e que presta um serviço aí à sociedade. 

E depois desse resgate que a Luísa fez e tal, em que ela conheceu a Fafá, ela queria muito, gente, adotar uma cachorrinha preta. Ela já tinha a vira latinha branca ali e ela queria agora uma vira latinha preta. [risos] Só que a mãe dela achava dois pets em casa muito. E aí a vida foi passando, a Luísa um dia ela teve um sonho… Ela sonhou que uma cachorrinha caía do alto, como se fosse do céu mesmo, diretamente na varanda do apartamento dela… Essa cachorrinha do sonho era pretinha, — do jeito que ela queria — e, no sonho, como ela caiu ali na varanda do apartamento, ela adotava essa cachorrinha. — Ai que tudo… — No sonho, depois que essa cachorra caiu do céu, — do céu mesmo — a Luísa olhava para baixo, — ela mora num apartamento de frente para uma praça — e ela via a mãe passeando com a Nina, que é a cachorrinha branquinha e já junto, passeando com essa cachorrinha pretinha. 

E aí ela acordou e falou desse sonho pra todo mundo ali da casa. E era como se a Luísa soubesse que essa cachorrinha pretinha estava chegando… — Porque a Luísa diz que, geralmente, quando ela sonha, é meio profético. — E aí no mesmo dia que ela sonhou, a noite, a Fafá, — essa protetora independente amiga da Luísa — mandou um vídeo pra ela desesperada. No vídeo, uma cachorrinha tinha sido jogada do alto de um viaduto — por um homem lá, X — e estava sendo resgatada pela Brigada K-9 dos Bombeiros. A cachorrinha era preta e tinha caído do alto… Na hora, a Luísa ficou toda arrepiada e falou: “Meu Deus, é ela, é a minha filha… [risos] É a minha cachorrinha. Eu sonhei com isso, ela caiu do alto”. E aí ela já foi falar com a mãe dela chorando, [risos] aos prantos, que precisava dar lar temporário para aquela cachorrinha. 

E a mãe dela — em mais um milagre — aceitou. Aí no outro dia eles foram ao encontro dessa cachorrinha, né? Ela estava internada no hospital veterinário, mas ela estava muito suja, assim, fedendo muito e ainda não tinham nem feito raio-X nela. — Porque tem uns hospitais veterinários aí que não dá nem para comentar, né? — Como ninguém tinha dinheiro pra pagar, eles não cuidaram dela, deixaram ela lá só com uma dipirona e a cachorra arfando de dor, ela nem latia, não chorava, ela só respirava, assim, ofegante com muita dor, imóvel e com os olhinhos assustados e tal, a língua para fora… E aí a Luísa desesperada tirou a cachorrinha daquela veterinária que estava, né? E colocou em outra. — Porque aquela veterinária dizia que: Ah, não precisa de nada, ela não precisa de nada”. 

E aí ela tirou de lá, colocou em outro lugar, e aí depois que fizeram todos os exames descobriram que ela estava com muita dor… Ela estava com as duas patinhas fraturadas, inclusive os dedinhos das patinhas estavam fraturados também. Então ela só ficava de lado, né? Porque ela tinha o lado direito, as patinhas do lado direito, dianteiro e traseiro, comprometidos ali. Ela provavelmente caiu de lado, né? E aí ficou estabelecido ali que ela ia ser tratada, ser operada e que ela ficaria de lar temporário na casa da Luísa. — Mas a Luísa já sabia que seria definitivo [risos] e a mãe da Luísa também, porque conforme a mãe da Luísa viu a interação da Luísa com a cachorrinha e viu que a Lusa já deu o nome de Pérola Beatriz, [risos] ela falou: “Pronto, né? Nunca mais sai de casa”. [risos]. 

A recuperação da Pérola Beatriz foi longa, né? Ela andava tortinha ali porque não conseguia se equilibrar e tal, ela fez três cirurgias devido à extensão das fraturas, não dava para fazer tudo de uma vez, então ela tomou muitos remédios fortes… Aí com os remédios ela passava mal do estômago e tal, e ela tinha tanta dor, que ela tinha dificuldade para fazer xixi. E o que é mais triste, ela estava com as tetinhas inchadas, então provavelmente ela tinha parido recentemente, né? E não se achou os filhotinhos, enfim… Luísa que passava mal vendo sangue e essas coisas, teve que superar aí essas questões e limpar e tratar dos machucados, fazer os curativos da Pérola Beatriz todos os dias. 

E tudo isso aconteceu em abril de 2020, no auge da pandemia… — Quando a gente não sabia ainda muito, lembra? — Que era, assim, o pior cenário de todos, sem vacina, sem muita informação, sem nada… Foi nesse auge que aconteceu e foi nesse auge que a Luísa resgatou a Pérola Beatriz e tratou… Elas não pegaram Covid. — Fizeram tudo certinho, com máscara, né? Porque a gente ainda higienizava as compras… Lembra disso? [risos] — E foram gastos aí 8 mil reais na recuperação de Pérola Beatriz… Muita gente julgou a Luísa do porque ela estava gastando tanto dinheiro e tanto tempo pra cuidar de uma vira—lata pretinha de rua, né? — Muita gente tem esse pensamento. — Mas ali ela já era a filhinha [risos] da Luísa e nada mais importava. 

Hoje Pérola Beatriz, a Pepe está ótima, ela acorda a Luísa todo dia cinco e meia da manhã. [risos] Faça chuva ou faça sol, é o horário dela, acorda abanando o rabinho… Ela e a Nina se dão super bem, isso é importante. A Pérola Beatriz, provavelmente, tem alguns traumas aí decorrentes de maus tratos, então à noite ela fica num estado, assim, de hiper vigilância e ninguém pode tocar na caminha dela. — A gente não sabe o que ela passou, mas com o tempo… — Essas questões vão amenizando, né? Conforme aí o seu gato ou cachorro resgatado vai sabendo que a rotina dele… Animal gosta muito de rotina. Então, conforme seu cachorro ou seu gato resgatado vai sabendo que aquela é a rotina dele, que ele está num ambiente seguro, tranquilo e feliz, ele vai relaxando também e essas questões vão sendo tratadas de uma maneira mais fácil. 

Com a Nina, a Luísa conseguiu olhar aí para um lado que ela nunca tinha olhado que era dos cachorros e gatos em situação de rua, né? Adotou uma vira lata e, com a Pepe, ela diz que agora ela conseguiu exercitar a sua paciência e aprendeu, nesse resgate da Pérola Beatriz, que o amor e os cuidados curam. E é muito louco isso, né? No dia que ela sonhou que uma cachorrinha caía do céu, uma cachorrinha pretinha caia do céu no apartamento dela, uma cachorra foi jogada, caiu de uma ponte aí e acabou, realmente, no apartamento dela. Hoje Luíza é uma ativista de adoção de animais, então ela não entende mais porque as pessoas compram cachorro. Ela é da minha vibe, né? Não compre, adote. Agora a gente vai escutar um pouco da Fafá, do trabalho que ela faz de resgate de cães e gatos em Salvador. — A Fafá também vai ganhar três meses de produção Mars Pet e depois a gente vai ouvir um pouquinho a Luísa. 

[trilha] 

Fátima Assis: Meu nome é Fátima Assis, sou mais conhecida como Fafá Assis, sou protetora de animais aqui em Salvador, Bahia. Atualmente, nós mantemos 160 gatos e 189 cães. O nosso grupo chama: @grupoamoanimal. A maior satisfação de tirar um animal da rua é saber que ele vai se tornar uma criatura feliz. É incrível como eles conseguem esquecer… E quando você trata com amor e carinho, a recompensa é maravilhosa. Os maiores desafios de ser protetora de animal é, primeiro, o abandono e os maus tratos, são bárbaros e isso dói demais o coração. Você vê o sofrimento deles… Depois, manter com dignidade eles… É muito caro manter um animal saudável e precisamos, realmente, de muita ajuda, que é uma coisa difícil. 

A minha história com Pérola foi a seguinte: Um bombeiro me pediu ajuda pra uma cadelinha que foi jogada do viaduto e que estava na numa clinica de um veterinário. Eu liguei pro veterinário, pedi informações dela e disse que eu iria busca-la, que ela ficaria sob meus cuidados. Nesse período, eu me lembrei de falar com Luísa que mora perto desse veterinário e pedi que ela fosse lá para ver a situação e que, no dia seguinte, porque isso já era de noitinha, fosse lá e expliquei o caso, o que aconteceu, mostrei vídeo e tudo mais. E aí ela disse que tinha tido um sonho com uma cachorrinha assim e tal e que ela iria lá… E eu sei que ela foi com a mãe dela e acabou que ela ficou muito sensibilizada, se apaixonou por Pérola e adotou ela. 

O que eu quero falar para todas as pessoas que estiverem me ouvindo é que cuidar de um animal que necessita é muito gratificante, porque o retorno que ele nos dá é extraordinário. Eles são criaturas fantásticas, são criaturas iluminadas e eles precisam muito de nós, porque para um mundo melhor precisa, realmente, que a gente tenha essa felicidade de servir ao outro. Eu estou à disposição de todos que quiserem ver o nosso trabalho, nos visitar e também peço ajuda a todos… Porque para manter esses animais não é fácil e eu preciso de uma continuidade, eu preciso a certeza de que o amanhã está garantido para eles. Muito obrigada. 

Luísa Caetano: Olá, gente, meu nome é Luísa e eu sou mãe de Nina Valentina e Pérola Beatriz, que são as minhas vira—latinhas. Desde que eu adotei as duas eu me vejo vivendo um amor, assim, que eu nem sabia que era possível, mas que me preenche de uma forma tão bonita. Eu adotei Nininha através de um grupo no Facebook que eu já fazia parte, porque eu já queria há muitos anos adotar um cachorro. Quando eu era pequena eu sempre pedia aos meus pais, só que eles não ficavam muito em casa, então ninguém queria se responsabilizar. Mas aí com o tempo eu fui crescendo, fui vendo essa questão da adoção de animais, do “não compre, adote” que eu sou totalmente militante do “não compre, adote” hoje em dia. E aí eu decidi fazer parte de alguns grupos do Facebook, né? 

Foi através desses grupos que eu achei Nininha toda pequenininha, ela tinha quatro meses na época, e aí adotei ela. Depois que eu adotei Nina eu me vi imersa nesse mundo pet. Passei a fazer amizade com as pessoas da praça que levavam seus cachorrinhos para passear, fiz amizade com o pessoal do cachorródromo, passei a seguir vários perfis que falam sobre esse mundo Pet, né? No Instagram. E vários protetores também, mas eu ainda não ajudava nenhum protetor em específico. E aí eu decidi que eu queria um cachorrinho pretinho, porque sempre falam que nas feiras de adoção e nos abrigos os últimos cachorrinhos a serem adotados são aqueles pretinhos, né? Eles, de alguma forma, acabam sendo preteridos por um padrão de beleza que existe até para os animais, né? Um absurdo isso, mas enfim… Eu decidi que eu queria o meu cachorrinho pretinho… 

Até que um dia eu estava passeando com a Nina e eu achei duas cachorrinhas que tinham acabado de serem abandonadas na porta de um estabelecimento aqui da vizinhança. Uma delas estava grávida e a outra parece que estava meio adoentada… Elas estavam, assim, péssima suja, sabe? E aí eu fiquei desesperada, porque eu nunca tinha feito um resgate, eu ainda não tinha contato com os protetores aqui de Salvador e tal… E aí fui fazendo aquele trabalho de formiguinha, um fala com outro, quem é que vir socorrer… E aí eu recebi o contato de Fafá e Fafá mandou uma moça para socorrer as cachorrinhas. E aí essa moça levou as cachorrinhas para o abrigo que Fafá subsidia e foi assim que eu a conheci. 

E, a partir de então, eu fiquei responsável por doar um valor mensalmente pra Fafá, até porque ela estava abrigando as cachorrinhas que eu tinha achado e a gente começou a se falar com bastante regularidade, né? Então fiquei ciente do trabalho que ela fazia, dos abrigos que ela financiava, enfim… Um trabalho muito bacana. E, nesse meio tempo, eu frequentava algumas feiras de adoção que tinham na praça antes da pandemia e meu amor por animais já tava extravasando, sabe? Eu sabia que eu tinha muito amor para dar e que esse amor poderia ser direcionado a mais um vira latinha. 

Então, eu fui busca-la no veterinário e, chegando lá, a cachorrinha preta que agora vai se chamar Pérola Beatriz, estava encardida, fedida… Eu nunca vi um cachorro tão fedido na minha vida. Estava muito ofegante, com muita dor, ela não conseguia firmar as patas… Estava, assim, uma derrota… Levei ela pra minha casa, porque nesse veterinário não tinha raio—X e ela precisava fazer o raio x das patas e, enfim… Ela precisou passar a noite aqui em casa. Coloquei ela aqui na varanda trancadinha, não sabia se ela tinha alguma doença pra passar pra Nina. Nina não deu um pio, ela só ficou olhando, assim, meio desconfiada, mas eu acho que ela sentiu que a gente estava num momento delicado, num momento de tensão. 

Depois disso eu mandei um direct pra um ortopedista veterinário aqui super famoso, conceituado, Dr. Felipe Purcell, e ele falou que eu podia ir no dia seguinte, assim, no primeiro horário pra fazer uma consulta com ele. Dr. Felipe passou a ser o veterinário de Pérola, ela teve que fazer mais de uma cirurgia, mas no final, graças a Deus, deu tudo certo. Pelo fato de Pepe ter passado uns quatro, cinco anos na rua ela carrega consigo alguns traumas, né? Ela á noite fica num estado hiper vigilância, que eu acredito que é porque quando ela estava dormindo na rua, às vezes mexiam com ela ou chutavam… Enfim, não gosto nem de imaginar, mas a gente sabe que cachorro que vive na rua à deriva é assim mesmo. 

A outra questão é em relação à comida, porque na hora de comer ela fica numa felicidade que eu nunca vi nenhum outro cachorro assim. A gente dá comida para ela três vezes ao dia e, se a gente desse cinco seria a mesma felicidade. Ela samba, ela pula, ela pisa no pé da gente, parece um tremendo desgovernado, é a coisa mais linda de ver. E eu acho que também pelo fato de ela ter passado muito tempo na rua, ao contrário de Nina, Nina passou quatro meses, Pérola passou uns quatro ou cinco anos na rua, é que ela dá muito valor ao lar dela, ela ama estar em casa, sabe? E quando está chovendo ela se recusa a sair para passear. Nina não, Nina ela gosta de passear a qualquer hora, até meia noite ela vai, mas Pérola ela é bem caseira… Sabe aquele típico cachorrinho de apartamento? [risos] É Pérola. 

Então, por isso, gente, não comprem, adotem. Deem uma chance aos vira latas maravilhosas que eu tenho certeza que tem aí na cidade de vocês, que o amor que eles vão direcionar a vocês e o sentimento de você fazer o bem para um ser que precisa, que é um ser tão iluminado e puro, ah, isso faz muito bem para todo mundo. Eu sei que hoje, mais do que nunca, eu sou militante do “não compre, adote”, eu sou completamente apaixonada por vira—latas, estou sempre postando nas minhas redes sociais, tentando estimular a adoção de animais e eu não consigo compreender o fato de pessoas quererem comprar animais ao invés de adotar seres que precisam e que vão te dar o mesmo ou mais amor do que aquele cachorrinho de raça comprado, sabe? 

Eu acho que a gratidão que o vira lata tem por você, principalmente o vira lata que foi maltratado, é a coisa mais maravilhosa. Além do fato de que, quando você adota, você não está contribuindo para essa indústria dos canis, né? Que em muitos canis por ai eles veem os cachorros só como mercadorias mesmo, eles usam as cadelas como matrizes, maltratam, depois jogam fora… É um terror e eu acho que as pessoas acabam sendo seduzidas por aquele cachorrinho de raça pequenininho, mas elas têm que ter consciência de que, por trás daquele cachorrinho de raça, pequenininho, muitas vezes tem um canil assombroso que maltrata demais esses cachorros. 

[trilha] 

Déia Freitas: E, gente, é a partir de um grande número de assinaturas que o movimento Soul Pet ficará conhecido e será completamente implementado. Faça parte desse movimento e assine o manifesto no site: movimentosoulpet.com.br. Eu vou deixar tudo aqui na descrição. Não é necessário assinar o manifesto mais de uma vez, só vai ser considerada uma assinatura por cadastro. Quem não tem pet hoje, mas simpatiza aí com a causa também pode participar da ação e assinar o manifesto. Assinem e compartilhem nas suas redes sociais. #SoulPet. Valeu, gente, um beijo e eu volto em breve. 

[vinheta] Patada é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta] 

Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.