personagem

título: personagem
data de publicação: 05/11/2024
quadro: picolé de limão
hashtag: #personagem
personagens: claudinho

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei aqui para mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii… — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje é a Hidrabene, a marca cor de rosinha da minha vida. Dezembro chegou e com ele vem aí a listinha de presentes de Natal e também os presentes do amigo secreto. — Você já está em alguma lista? E, se eu posso te dar uma dica, anota aí… — Que tal você dar de presente para alguém — ou até para si mesma — um dos meus kits da Hidrabene. — Hein, hein, hein? — O Kit Pôneibene e o Kit Pônei Cara Lavada são aí as opções perfeitas para você presentear. 

Eles foram pensados por mim em uma combinação de produtos de alta qualidade, carinho e praticidade. Com o Kit Pôneibene Benny você vai deixar a pessoa toda feliz com o quê? Ó, máscara facial rosa, a espuma de limpeza facial — que eu digo que é passar uma nuvem no rosto, olha, de longe é a melhor espuma facial que você vai encontrar de limpeza facial, é essa da Hidrabene. — O Vit C Facial Fator de proteção 50 e o Sérum Hyaluronic Filler. — Amo. — Esse é o meu Kit Pôneibene. 

“Ah, a pessoa é mais basiquinha, o que eu dou?”, tem o meu Kit Pônei Cara Lavada. O que tem no Kit Pônei Cara Lavada? Tem o lipstick cereja, então, ah, quer só dar um brilhinho ali na boca, uma corzinha, a boca, a bochecha e até uma sombrinha você pode fazer com o meu lipstick cereja. Aí vem também o Sabonete Líquido Facial Camomila. — Amo… O cheiro, gente, é espetacular. — Tem ainda o Creme Ultra Repair Facial e o Oil Control Facial Fator de proteção 60. — Que também, para minha pele que é oleosa… Mas até pra quem tem pele mista, olha, ele é perfeito gente, ele é, assim, tudo na vida de uma pessoa com a pele que tem o seu brilho. [risos] — 

Acesse agora o site da Hidrabene, hidrabene.com.br e vai conhecer aí os meus dois kits. — Escolhe o seu kit para Natal, por favor, se mima, se dá esse presente ou também presenteie quem você ama, faz aquela presença bonita no amigo secreto, sabe? Sabe aquela que deu presente mais legal? Seja você essa pessoa. — Eu vou deixar o link certinho aqui na descrição do episódio e no final fica com a gente que tem sim cupom de desconto. — E hoje eu vou contar para vocês a história do Claudinho. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

Claudinho, professor no ensino médio, uma coisa que ele gosta muito de fazer, de dar aula. — Profissão que tem que ser mais respeitada, que deveria ganhar, sei lá, milhões, sabe? São aí os professores. É uma classe muito precarizada e que, por vezes, tem trabalhos bem insalubres, né? — O Claudinho trabalha num colégio particular e também dá aula no estado, então ele não trabalha só num lugar. Especificamente nesse colégio particular, ele conheceu um cara… — Quem era este cara? — Este cara ele é coordenador daquele colégio. — Então, um chefe do Claudinho. Então eu já acho um pouco problemático esse tipo de relação, porque o cara é seu chefe e, de repente, ele termina com você e te demite, né? Então já fica uma relação mais complicada. — Esse cara coordenador muito bacana… E eles dois ali na mesma faixa etária dos 35 anos. O Claudinho veio de um relacionamento complicado, porque ele morou junto com o cara e, no final do relacionamento, o cara quis abrir o relacionamento, o Claudinho não queria, mas para tentar que aquele relacionamento continuasse dando certo, ele abriu e foi péssimo… Ele se machucou muito, ele via o marido dele com outros homens e foi horrível, gente, foi horrível… Nem todo mundo consegue ter um relacionamento aberto e tal, e não é para o Claudinho, o Claudinho realmente ele é um cara, assim, do relacionamento a dois, muito família, muito de ficar em casa, enfim, ele é muito na dele. E aí ele conheceu esse coordenador e eles se apaixonaram: — Um detalhe, em todas as escolas que o Claudinho trabalha, todo mundo sabe que o Claudinho é gay e isso não é uma questão, não é um problema. — Nem para os alunos… Ele lida muito bem com, como ele diz, com quem ele. — Todo mundo sempre soube que ele é gay. 

Este coordenador, por outro lado — como Clodovil, sempre dizia: “Boi preto conhece boi preto” —, Claudinho sabia, mas aparentemente naquela escola ele era considerado um cara hétero. Ainda tinha umas crianças, sabe? Falavam: “Tio, e a sua namolada?”, “Cadê a sua namolada?”, e ele brincando: “Ah, a namolada tá em casa e nã nã nã”, rindo, enfim… O tempo foi passando, eles começaram a sair. Uma paixão, um amor, uma coisa… E este coordenador chamou o Claudinho para morar com ele. — Só que aquela coisa, gente, o Claudinho já com a vida estruturada, tinha terminado esse relacionamento e o cara tinha metido o pé, então ele ficou no apartamento, agora ele estava no nome dele o contrato de aluguel… Então, assim, não é fácil também, né? “Ah, larga tudo, vem morar comigo”. Como o Claudinho estava meio machucado ainda do relacionamento anterior, ele falou: “Vamos namorando, vamos levando e se firmar, você também tem essa questão de que você não revela que você é gay, então isso pra mim complica um pouco, porque eu quero ter uma vida com você, mostrar essa vida que eu tenho com você, né?”, e aí o coordenador: “Calma, né? Um dia isso vai acontecer”. 

E aqui, como eu sempre falo: A gente não tem direito de tirar ninguém do armário, a gente não sabe as questões do outro, a gente não sabe o que aconteceu, então a gente não tem esse direito. — Mas ao mesmo tempo, a gente também não é obrigado a ficar numa relação onde você vai ficar escondido. Então a pessoa tem as questões dela, você tem as suas também, os seus desejos… Você quer uma pessoa que você pode postar uma foto junto, que você pode dar um beijo, andar de mão dada, então assim, vamos respeitar o outro também… Não vai sair do armário? Beleza… Quer ficar? Fica, mas então não vai dar para ficar comigo, porque eu quero uma pessoa que me assuma, entendeu? Então a gente também tem que considerar os nossos sentimentos. — E o Claudinho, já escolado do outro relacionamento, ficou naquelas, levando, muito apaixonado e tal. E o tempo foi passando e o Claudinho cada vez mais apaixonado e agora já tentando ver se o cara: “Poxa… De repente, né? A gente pode namorar de fato, as pessoas podem saber” e o cara sempre enrolando. 

E aí tinha a questão das famílias: A família do Claudinho sempre bem acolhedora, o coordenador já frequentava ali as festas, as coisas da família do Claudinho, só que ele não conhecia ninguém, não sabia nada da família do cara e ele ficava chateado porque, assim, o cara num grupo da família, sabe aquele grupo da família atuante que o povo posta piada e todo mundo manda “bom dia”? E o Claudinho ficava meio assim porque era um grupo que estava tipo as pessoas e seus cônjuges, e a vó, o avô, a mãe, o pai, enfim, um grupão familiar e o Claudinho ficava muito chateado de não participar daquilo, que ele era tipo o único que tinha um relacionamento com alguém naquela família que não estava no grupo. — Então isso realmente machuca, né? — Até que um dia, esse cara deu um celular para o Claudinho e falou: “Claudinho, esse celular é para você entrar no grupo da minha família… Eu quero te apresentar no grupo da minha família”. O Claudinho quase desmaiou, gente, imagina a felicidade… O cara que você ama, que você é apaixonado, vai te assumir, vai te botar no grupo da família, vai te apresentar pra família. 

O Claudinho ficou nas nuvens, pegou aquele celular — que já estava todo configurado — e abriu o WhatsApp e aí falou: “Bom, vou pôr uma foto minha aqui mais séria” e, quando ele foi olhar nas fotos, tinha a foto de uma moça, e aí ele virou pro cara e falou: “De quem é esse WhatsApp aqui? Preciso trocar, né? Eu vou ficar com esse número também? Achei que era só o aparelho” e ele falou: “Não… Então, eu já te botei no grupo da família, você pode ir lá dar um “oi”, mas eu criei um personagem para você e o nome desse personagem é “Mirella””. — É isso mesmo que vocês ouviram… O coordenador botou o Claudinho no grupo da família como se ele fosse uma moça chamada Mirella, com uma foto falsa, uma foto de uma mulher X, no grupo… Porque aí o Claudinho ia poder se sentir inserido na família, mas sem mostrar que ele era um homem. O Cláudinho na hora ele ficou tão chocado, tão chocado, que ele não conseguiu responder nada, não conseguiu responder nada. E, ao mesmo tempo, ele tinha curiosidade para estar naquela família, para ver aquele grupo de família. 

E aí ele fez uma coisa que ele se arrependeu amargamente: Ele aceitou. Ele aceitou com muita dor no coração, muita mágoa, muita tristeza, mas ele aceitou ser aquele personagem, Mirella, no grupo da família do cara. E aí todo mundo dando parabéns, “Mirella, como você é bonita”, “Ah, que linda e nã nã nã né”, “Ah, o Fulano escolheu bem, quando é que vocês vão casar?”. — Enfim, o cara tá no armário, enfim, inventando uma mentira para a família, só que ele está te arrastando junto, Claudinho, para essa mentira… [suspiro] — O Claudinho no começo ele respondia bastante no grupo, mas depois aquilo foi magoando muito ele e ele deixou lá, às vezes manda um “oi”, às vezes mando uma carinha quando alguém pergunta alguma coisa para ele. Ele já pensou em mandar um áudio com a voz dele masculina mesmo, contando tudo…. — O que eu acho que ele não deve fazer. — E ele continua com esse coordenador e esse coordenador realmente finge que namora mulheres, e aí eu falo: Ele quer fingir, ele não quer sair do armário? É um problema dele, ninguém tem o direito de tirar ele do armário, mas por outro lado, Claudinho, você não merece isso, você não precisa disso, você não precisa ficar nesse relacionamento. Mete o pé… 

“Ah, mas ele é coordenador, ele vai me demitir”, se ele for te demitir, aí você vai no RH e fala que você está sofrendo assédio e bota a empresa no pau se eles te mandaram embora, é isso. Então, sabe… O cara não vai mudar. Ele vai falar: “Eu terminei com a Mirella, agora estou com um cara”? Ele não vai falar no grupo da família dele. E você vai ficar esperando esse dia acontecer? E se esse dia nunca acontecer? E você aí se magoando, sofrendo por esse cara… Ele criou um personagem para você entrar no grupo da família dele, a Mirella. Não faz isso… A gente tem que parar de fazer isso com a gente, sabe? Não é aceitável, não é aceitável. Para e pense. Não é aceitável. “Ah, mas agora eu já topei”, destopa, devolve pra ele o celular, que ele mesmo se passe por Mirella se ele quiser ter uma fake namorada, um personagem no grupo da família, você não pode ser esse personagem. E vai saindo fora, vai falando… Já que você tem a questão do emprego também, fala numa boa, fala: “Não vai dar mais”. Se você achar que vai pesar, fala: “Eu acho que as pessoas estão desconfiando, é melhor a gente dar um tempo” e se afasta. Vai lá, dá suas aulas para as crianças e mete o pé… Termina. Não aceita. Não tem a menor lógica você respondendo no grupo da família como uma mulher, como a namorada do cara, sabe?

Vamos romper? Quem tiver aí num relacionamento merda, que está se esforçando, só você está fazendo, só você está tentando, só você está se esforçando, só você em presepada… Ó o Claudinho…. Vamos terminar? Vamos terminar? “Ah, depois fiquei mal”, aí você vai para terapia, enfim, vai passear, sai com seus amigos, vai ver séries, chora tudo o que tiver que chorar e passa… Dor de amor passa, gente… Não faz isso com você… Termina. Eu vou fazer essa camiseta, atrás escrito: “Por mim você já sabe” e na frente: “termina”. E a outra “dor de amor passa” e na frente, grande, “termina”. Então é isso… Enquanto não tem a camiseta, vamos agindo. Não precisa de um sinal, o sinal está aí… Termina, Claudinho, termina. O que vocês acham? 

[trilha]

Assinante 1: Oi, nãoinviabilizers, Luan Homanoff de Belo Horizonte. Claudinho, como homem gay e cis, eu sei e entendo a sua dor. Nós, pessoas LGBTQIAPN+, nascemos e muitas vezes crescemos para poder ou atender ou superar as expectativas de quem está a nossa volta, em todas as esferas. E você, como uma pessoa bem resolvida, já passou dessa parte. Então, primeiro a minha torcida é que você pare de amputar partes de você, de quem você se tornou, de tudo que você cresceu para poder caber em lugares e espaços estreitos que não são para você. E, a segunda coisa, é que você procure ajuda psicológica, porque talvez isso possa ser um padrão de repetição, dado que você saiu de um relacionamento que não te fazia tão bem. E qualquer outra pessoa LGBTQIAPN+ que esteja ouvindo que esteja ouvindo esse caso ou ouvindo o meu áudio agora, seja você e procure espaços que sejam ilhas de acolhimento. Um beijo para todo mundo e é isso aí. 

Assinante 2: Olá, nãoinviabilizers, eu me chamo João Vital, sou de Tauá no Ceará. Eu sou um homem gay que se assumiu aos 14 anos. Você deve pular fora desse relacionamento. Nós, enquanto pessoas LGBTs, já enfrentamos muitas violências diárias para que você se permita se violentar por uma pessoa que nega a sua existência e está negando a dela também. Eu não posso entrar no mérito de como são suas questões de autoestima, mas tem um monte de pessoas por aí dispostas a compartilhar a vida delas com você, dispostas a lhe conhecer sem ter nenhum medo, nenhuma vergonha de quem são e de quem você é. Você realmente merece ser amado, você merece, respeitado. Você merece, acima de tudo, ser também apresentado para a família. Não faça essa negligência com você por achar que essa pessoa vai mudar. Talvez ela mude, mas talvez ela não mude. Não cabe a você ser esse guia. Tudo bem  ele não querer sair do armário, é um direito completamente dele, mas não está tudo bem ele querer que você performe um personagem de alguém que você não é, pra se manter escondido e surfando o privilégio no conforto da vida que ele escolheu viver. Enfim, termine, dor de amor passa e qualquer coisa a gente está aqui para lhe apoiar. 

[trilha] 

Déia Freitas: Surpreenda nesse fim de ano presenteando aí quem você ama com um dos meus kits. Sim, o Kit Pôneibene ou o Kit Pônei Cara Lavada. Com os kits da Hidrabene, pensados por mim, você garante uma rotina de limpeza, hidratação e cuidados. Eles são aí um ótimo presente de Natal ou de amigo secreto aí na sua firma, hein? — Vamos fazer essa presença? — E usando o nosso cupom: “PICOLE10” — tudo junto, em maiúsculo, sem acento e o “10” em numeral —, você ganha 10% de desconto em todo as compras do site, exceto nos kits. — Valeu, Hidrabene, tamo junto de novo. — Um beijo, gente, e eu volto em breve.  

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]