título: pixuquinho
data de publicação: 17/03/2025
quadro: picolé de limão
hashtag: #pixuquinho
personagens: pietra
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para mais um Picolé de Limão. – E hoje eu não tô sozinha, meu publiii. – [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje? – Gente, olha como a gente tá chique… – É o Museu do Amanhã. O Museu do Amanhã tem uma arquitetura impactante e uma ciência diferente, localizado no coração do Rio de Janeiro, no centro da cidade, em dezembro agora de 2025, ele completa 10 anos de existência. E agora em cartaz até o dia 27 de abril, O Ministério da Cultura apresenta a nova exposição: “Sonhos, História, Ciência e Utopia”, que tem a curadoria do professor e neurocientista Sidarta Ribeiro – que eu amo -, autor dos livros “O Oráculo da noite”, “A história e a ciência do sonho” de 2019 e “Sonho Manifesto: 10 exercícios urgentes de otimismo apocalíptico”, livro de 2022. A exposição apresenta o poder transformador e revolucionário de sonhar e fica em cartaz até o dia 27 de abril.
Para visitar, adquira o seu ingresso no site: museudoamanha.org.br e, ó, tem desconto: Cariocas pagam meia entrada e ouvintes do Não Inviabilize utilizando o cupom: SONHOSCOMPONEI – [risos] eu amo, tudo junto em maiúsculo – também pagam meia. Ó, vai navegando aí no site do Museu do Amanhã enquanto eu vou contando aqui a história. E hoje eu vou contar para vocês a história da Paula. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]Paula estava namorando um cara já há três anos. – Como era o namoro da Paula? – Paula e o namorado morando, trabalhando e estudando no Maranhão, digamos, né? E a mãe do cara morando no Piauí, mesmo em estados diferentes, a sogrinha ligava dez vezes por dia para o filho. – Não importava se ele estava com a Paula ou não. – Ela fazia chamadas de vídeo surpresa, onde a mãe pedia para o cara mostrar onde ele estava. – Tá bom pra vocês? Então, assim do nada, pápápápá, você olhava lá e sua mãe no vídeo querendo que você dê uma geral assim, ó, com o celular, pra ela ver aonde você tava. – Às vezes ela aparecia de surpresa para ficar semanas na casa do filho. Como ela aparecia de surpresa para ficar na casa do filho, Paula quando dormia lá – porque, assim, não dormia sempre -, ele acordava no meio da noite assustado, com barulho de carro, achando que era a mãe dele que estava chegando. E aí eu falo, eu pergunto: “Paula, e se fosse a mãe dele chegando? O que este homem ia fazer? Ele ia te empurrar sem roupa para fora do apartamento?”. – Porque tudo isso tá ligado a religião deles, que assim, nada podia. E a Paula também acha que teria algumas questões por ela ser negra. Então, assim, gente… [risos] –
E tinha mais, por exemplo, se eles iam numa lanchonete, alguma coisa, a mãe limitava o que ele podia comer. Pensa: Você está com seu namorado adulto, você fala, sei lá: “Vamos comer um podrão?” e ele fala: “Ah, minha mãe não deixa”. [risos] – Gente, olha… Eu fico tão chateada com vocês, tão chateada… – Com absolutamente tudo o que esse cara ia fazer, ele pedia para a mãe dele, em vídeo ou em áudio, sei lá… E esse namoro da Paula já durava três anos. – Três anos… – Três anos meio que sem planos de futuro. Primeiro que a Paula não seguia a religião dele – tinha isso também -, a mãe dele ligava, sei lá, se ele tinha que ir pro culto… [risos] – Ai, gente, eu não aguento. – Se ele tinha que ir pro culto 09h, quando era tipo 08h10, todo domingo, a mãe dele estava ligando: “Olha, você já levantou?” e fazia uma chamada de vídeo pra ver se ele estava no culto. [risos] – Ai, gente, olha… Sabe? [risos] Fica solteira, sabe? Não, não façam isso com vocês. = Pensa, cara, você namorando um cara adulto, de repente, toca o telefone e a mãe dele: “Ô, meu Pixuquinho, você já comeu? O que você comeu? Ah, não… Podrão não pode, mamãe… Mamãe não quer que você coma podrão. Puxuquinho, você já escovou o dente? Amanhã tem culto cedo, mamãe vai ligar.” Gente, nesse nível, nesse nível… “Pixuquinho, vira essa câmera… Onde você está, Pixuquinho? São sete da noite…
E a Paula, que além do namoro, tava fazendo duas faculdades, tinha bolsa de estudos, assim, uma vida muito corrida, trabalho, ela ia levando, gente… Tipo: “Tá bom, é o Pixuquinho da mamãe é o Pixquinho da mamãe”. Só que é isso que eu falo: A Paula ela tinha uma intuição, ela tinha… Sabe quando você tem um negócio, que você fala: “Putz, o que eu estou fazendo aqui? Não é isso…”, sabe? Você tem aquela intuição sua, você fala: “Caramba”, mas você tá lá namorando o Pixuquinho. – Um dia, Paula, que estudava numa Universidade Pública e tinha uma bolsa de pesquisa foi convidada pra se mudar do Maranhão para o Ceará, para implementar ali o curso dela. Seria muito bom para a vida acadêmica da Paula e ela, sem pensar, disse: “Sim, eu vou”. Pixuquinho ia continuar no Maranhão e mãe do Pixuquinho no Piauí. Só que Pixuquinho falou: “Não, a gente vai continuar namorando, é perto, a gente vai saber sempre e tal. Quero continuar namorando você, Paula”. – “Eu e minha mãe”, praticamente. – Só que a Paula começou a ter crises de ansiedade, assim, era muita mudança pra ela, ela ia ter que sair do emprego dela no Maranhão.
E aí a Paula falou: “Bom, antes de eu me mudar, eu quero tirar uns dias em algum lugar, sabe? Sei lá, descansar minha cabeça, até ficar um pouco longe do Pixuquinho e da mãe dele”. [risos] Só que o Pixuquinho tinha combinado de ficar com a Paula. – Tipo: “Antes de você ir, eu quero ficar com você, eu quero te levar, poxa, pra gente ficar junto assim”, antes dessa separação. – Que não seria uma separação que eles iam continuar namorando. – Quando a mãe do Pixuquinho ficou sabendo, ela falou: “Você não vai, eu não te autorizo você ir levar a Paula em lugar nenhum. Você vai vir pra cá, para o Piauí, para ficar com sua mãe. Se você tem um dia de folga, você tem que passar os dias de folga com sua mãe, não com namorada”. E aí o Pixuquinho, que tinha combinado com a Paula de ficar com a Paula, de levar a Paula, “Paula, minha mãe falou que eu tenho que ir para a cosa”, Paula já ficou na bad, mas falou: “Quer saber? Olha, eu vou tirar esses dias eu mesma, vou para uma serra, sabe? Descansar um pouco e de lá já vou para o Ceará e já vou tocar minha vida”, namorando Pixuquinho, mas assim, “não vou ficar presa a isso”.
Só que Pixuquinho também queria aproveitar a oportunidade para que nossa amiga Paula fosse até o Piauí conhecer os pais do Pixuquinho, porque em três anos de namoro a mãe dele nunca permitiu que ela fosse lá. – Tá bom para vocês? – Pixuquinho falou: “Não, quero que você vá lá, durma pelo menos um dia”, porque a Paula queria ir para a serra, queria ficar esses dias sozinha também, né? “Por favor, vamos pelo menos um dia para você conhecer meus pais e tal?”, e aí a Paula falou: “Tá, tá bom”. Paula com essas crises de ansiedade, estava agora fumando uma mistura de camomila, hibisco e menta – uma mistura chamada Kumbaya -, eu, gente, eu sou idosa igual a mãe do Pixuquinho, eu não entendo nada, mas Paula falou: “Não é droga, tipo, não é droga”. Paula falou: “Ai, tá bom, tá… Eu vou então com as minhas malas”, ó o trampo, “com as minhas coisas todas, vou pra casa da mãe do Pixuquinho, conhece a mãe do Pixuquinho e fico lá um, dois dias e depois vou para a serra antes de ir para o Ceará”. Ficou combinado assim, Pixuquinho muito feliz, falou: “Vamos lá conhecer mamãe”.
Acontece que assim que a Paula aceitou ir pra casa da mãe do Pixuquinho, ela começou a ter sonhos. No sonho aparecia uma pessoa, sei lá, meio esverdeada, meio estranha, e ela via no sonho uma mala, uma bolsa que ela não sabia se era dela, se não era dela, mas não era uma bolsa que ela tinha. Dali ela já havia muita coisa ruim, assim… Alguém acusando ela de alguma coisa, a bolsa… – E é aquilo que eu falo, gente, você é a pessoa preta com a bolsa… Para alguém te acusar de alguma coisa, basta uma pessoa preta com uma bolsa e isso que eu já falo. Se eu entro numa loja e a minha bolsa é grande, eu dou um jeito de mostrar que a minha bolsa tá bem fechada pra ninguém achar que eu estou jogando coisa dentro da minha bolsa. Se eu estou com sacola então, eu nem entro, eu nem entro… Então, o preto com a bolsa já é uma coisa, um gatilho. – No sonho, assim, ela percebia que tinha uma briga, uma acusação, uma coisa estranha, sabe? E ela começou a ter esse sonho recorrente, assim, mas não ligou a nada do Pixuquinho.
Chegou o grande dia de ir conhecer aí a mãe de Pixuquinho. Chegaram, o pai do Pixuquinho é um doce, tratou a Paula super bem e, a partir do momento que o Pixuquinho viu que o pai aceitou bem ali a Paula, o Pixuquinho já deu uma animada, assim, sabe? Só que a mãe foi muito fria. “Oi, oi, Paula”. Apenas um “Oi, Paula”. A partir do momento que esta senhora viu que tanto o Pixuquinho quanto o pai do Pixuquinho estavam tratando a Paula super bem, ela começou a implicar com a Paula real na frente de todo mundo. Paula ia pegar alguma coisa – você está na casa dos outros, você não vai, sei lá, meter a mão? – , tipo, você vai falar: “por favor, eu posso pegar um copo d’água” ou “alguém pode me dar um copo d’água?”, e aí a mãe virava e falava: “Nossa Paula, você é imprestável? Você não consegue você mesma pegar um copo d’água?”, sabe situações assim? Ou tipo “nossa, que burra”, ou “nossa, mas você é fraca, hein, menina”. E aí, a Paula: “Ela tá querendo que eu caia nessa pra gente brigar aqui e ela me separar do Pixuquinho”, até agora não entendi porque estava com Pixuquinho desde o começo, mas até aí, né? Coisas do amor…
“Quer saber? Não vou cair na pilha dela, não vou cair nessa pilha” e ela respondia educadamente, mesmo quando ela era ofendida pela mãe do Pixuquinho. – Eu já tinha pegado minhas bolsinha, meus paninho de bunda e, ó, ido embora”. Paula perguntou: “Onde eu ponho minhas coisas e tal, né? O Pixuquinho um quarto aqui?” e ela virou e falou: “Não, não, não, querida… Você acha que você vai dormir no mesmo quarto que o Pixuquinho? Dentro da minha casa não. Eu vou te botar num quarto e o Pixuquinho vai dormir no quarto dela”, que, sei lá, devia ter estrelinhas coladas no teto e carrinhos ainda, né? Pixuquinho falou: “Ai, eu quero mostrar a cidade pra você e tal”, e aí a mãe falou: “Eu vou junto”, “Quero levar a Paula na sorveteria, vamos?”, “eu vou junto”. A mãe de Pixuquinho não deixou a Paula um minuto sozinha com o Pixuquinho naquele dia todo… Todos os passeios, todas as coisas que o Pixuquinho queria mostrar para Paula, a mãe foi junto. Quando não cancelou, falou: “Não, aí nós não vamos, não”.
No dia seguinte cedo, a Paula ia tomar um banho de rio junto com a família do Pixuquinho, que todos iam, inclusive a mãe dele e de lá ela voltava, tomava um banho e já ia pegar o ônibus dela, que seria o único ônibus que teria para a cidade em que ela teria que ir para o Ceará. Estava corrido? Estava, mas estava tudo organizado. A mãe, sabendo dos planos, falou: “Não, não, Pixuquinho vai agora fazer um favor para o avô dele e você pode ir junto, depois que vocês fizerem um favor para o avô do Pixuquinho vocês voltam aqui”. – Estranho, né? O tempo todo ela estava junto, né? Por que agora ela não estava junto? – Paula foi com o sogrinho e o Pixuquinho, fizeram um favor lá para o avô, voltaram para pegar a mãe para o banho de rio e eles foram lá, estavam em grupo e a mãe já com uma cara estranha. Quando eles voltaram, a Paula foi pro quarto arrumar as coisas dela, ia tomar um banho e ela percebeu que as coisas dela estavam reviradas, não estavam do jeito que ela tinha deixado, né? “Ai meu Deus, a mulher mexeu nas minhas coisas”, estava tudo organizado, em cima da hora assim para o Pixuquinho levar a Paula até a rodoviária, só que a mulher começou a atrasar, começou a botar coisa e, de repente, ela pediu para falar com o Pixuquinho a sós.
Falou com o Pixuquinho, Pixuquinho saiu do quarto que ele foi conversar com a mãe e chamou a Paula para conversar numa praça… A mulher achou aquele cigarro de camomila com coisa lá – que não tinha maconha – , mas ela viu, sei lá, erva e falou “é tóxico”, aquela coisa. [risos] As pessoas mais idosas não sabem diferenciar, sei lá, também, né? Mas ela também não tinha que enfiar a mão nas coisas da Paula. E aí o cara ele não estava indignado que a mãe mexeu nas coisas da Paula, ele tava apenas comunicando a Paula que agora ela não era uma pessoa mais bem-vinda, que a mãe não queria nem dividir o mesmo espaço com a Paula, que a Paula era uma pessoa desviada. -Além de não ser da mesma religião, ela ainda era tipo satânica. –
No final, aquele sonho que a Paula teve, que nunca seguiu sua intuição, que se tivesse seguido desde o começo nem tava com esse cara, se concretizou… Ela estava sendo humilhada ali, com a mulher falando que ela era do mal. Paula foi embora, ainda assim, supostamente namorando o Pixuquinho, mas assim que ela chegou no Ceará, Pixuquinho terminou com ela. Só na terapia que a Paula foi entender – gente, três anos – as humilhações que ela foi submetida aí por esse cara e pela mãe… – Porque, assim, tudo que a mãe falava, ele fazia. – Então, se a mãe estava ofendendo a Paula, ele jamais, ele jamais defendeu, jamais… E se era, assim, eles estavam namorando e, sei lá, a gente vai para o cinema hoje, se a mãe dele fizesse uma ligação de vídeo, falasse: “Não, não, não, não, tá garoando, não vai”, ele não ia. Ah, o cara tem questões para tratar? Tem, mas ferrou a cabeça da Paula, que passou anos em terapia lidando com essa história. Então, gente, sabe? Nem o sonho a gente tá acatando, mas assim, você está está sonhando muito, a intuição está falando para mim: “Não, não fica com esse cara”, gente, vamos seguir em frente e deixar para trás esse tipo de homem? Bora?
Então, Paula, ainda bem que você saiu desse relacionamento e tomara que Pixuquinho case com a mãe dele, porque, né? É isso… O que vocês acham?
[trilha]Assinante 1: Olá, nãoinviabilizers, eu sou a Patrícia, fala de São Paulo. Eu acho que o limite aceitável é quando a mãe tem alguma necessidade física ou intelectual, sofreu algum acidente, passou por alguma circunstância ou tem alguma limitação física que precisa da ajuda, precisa que o filho vá no mercado com frequência pra ela, que resolva o imposto de renda pra ela, que auxilia ela nas coisas do cotidiano, porque ela sozinha não dá conta. Mas fora isso, gente, é inaceitável, não dá. Pixuquinho, pelo amor de Deus, é não… É tchau e bença. Porque esse tipo de cara, que nem o Pixuquinho, ele nunca vai se comprometer com você. Você sempre vai ser um passatempo pra ele, porque ele já está comprometido com a mãe, então não dá pra ter planos com um cara assim porque ele não está comprometido com você e não vai, não vai dar certo, não tem como crescer pra nenhum lugar com alguém desse jeito, gente. Cai fora. Paula, uma ótima vida para você, boa sorte, que bom que você tá na terapia. Fica com Deus, muita saúde.
Assinante 2: Oi, gente, aqui é a Aline do Rio Grande do Norte. Paula, mulher, que fase, hein? Que fase difícil. Eu já tive um Pixuquinho na minha vida, já passei por isso e, no meu caso, além de controlar a vida do filho, ela ainda tentava fazer isso comigo, com imposições e com questionamentos que eu tive que muito cedo impor limites. E foi bem complicado, porque pessoas controladoras elas tentam manipular todos ao seu redor e ela vivia imersa numa família em que ela controlava tudo. Mas que bom que você conseguiu sair desse limbo do controle e da chantagem também, né? Que essas pessoas são muito chantagistas. Tchau, beijo.
[trilha]Déia Freitas: O Museu do Amanhã te convida a conhecer a sua nova exposição “Sonhos, História, Ciência e Utopia”, que tem a curadoria do professor e neurocientista Sidarta Ribeiro, apresentando o poder transformador e revolucionário do sonhar. A exposição fica em cartaz até o dia 27 de abril e é só adquirir o seu ingresso no site: museudoamanhã.org.br. Lembrando que cariocas pagam meia entrada e ouvintes do podcast Não Inviabilize utilizando o cupom “SONHOSCOMPONEI” – eu amo, tudo em maiúsculo – também pagam meia. O Museu do Amanhã celebra dez anos agora em 2025. Então, com isso, todo dia dez do mês, a entrada do museu será R$10. Lei de Incentivo à Cultura, Realização do Ministério da Cultura, Governo Federal. Valeu, Museu do Amanhã, amo vocês… Lugar lindo. Um beijo, gente, e eu volto em breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]