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título: pneu
data de publicação: 30/12/2020
quadro: picolé de limão
hashtag: #pneu
personagens: fernando, helen e irmão de helen

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… A história que eu vou contar pra vocês é a história do Fernando e da Helen, quem me escreveu foi o Fernando. [risos] Foi o Fernando e, assim, gente, complicado, história que envolve família é complicado, então vamos de história. 

[trilha]

O Fernando namora a Helen, na época ele namorava a Helen já há oito meses, isso foi antes da pandemia e ele foi convidado pra um churrasco na casa de um dos irmãos da Helen. Então assim, ele conhecia o pai e a mãe da Helen porque a Helen mora com o pai e a mãe, mas não conhecia os dois irmãos dela, um deles mora numa chácara e ia fazer um churrasco. Então pensa assim, gente, a chácara você chegava lá, tinha o portão, um portão fechado, né? E alguém abria o portão pra você, você entrava com o carro, deixava o carro num lugar que parecia assim tipo um campinho e tinha que andar um pouco até chegar lá na área da casa, na área que tinha churrasco, mas — Não sei se vocês concordam comigo — o carro aparentemente está seguro dentro da propriedade ali, né? Da chácara — Está seguro, né? — Bom, foi isso que o Fernando pensou também. 

O Fernando tá lá no churrasco, resolveu não beber porque ele não conhecia a família dela direito, e ele também estava dirigindo, então ele falou: “Olha, vou ficar aqui só na Coca-Cola”, então ele estava sóbrio, 100%. E estava lá no churrasco, conversando com todo mundo e junto com a Helen. Ele chegou lá umas onze horas, umas quatro horas da tarde ele falou pra Helen: “Olha, vamos, né? Vamos embora”, aí ela falou: “Ah, não sei, acho que eu quero ficar mais, né? Você quer ir? Qualquer coisa eu durmo aqui no meu irmão, né?”, e ele falou: “Ah, eu acho que eu vou”, porque meu, ele já tinha ficado muito tempo lá, né? Cinco horas que ele estava lá naquele churrasco, já estava já… — Que cansa né, gente? Ainda mais assim, família de namorado, namorada, enche um pouco o saco, a gente sabe. — Aí ele falou: “Bom, então eu vou indo”, deu tchau ali pra todo mundo e tinha uma galera assim, os primos da Helen, que falou: “Não, não, cara, fica, bebe, deixa o carro aí”, ele falou: “Não, gente, eu vou…”, aí inventou uma desculpa lá e foi subindo pra chegar até o carro. 

Detalhe, a chácara cheia de câmera, então, além do portão fechado as câmeras. Que o Fernando chega lá no carro dele, gente, cadê as rodas? [risos] — Ai, meu Deus. — Roubaram — Furtaram, né? — as rodas do carro do Fernando. E tinha outros carros lá e só o dele estava sem roda, — Como sem roda? — estava com o pneu, mas estava sem a roda… — Eu não sei explicar direito. — Mas assim, ele falou que tirou lá uma parte do pneu, ficou só… — Eu acho que a calota? Sei lá. — Enfim, gente, roubaram o negócio do carro dele que é um negócio caro e deixaram os pneuzinhos lá, e aí ele falou: “Não, gente, não é possível”, não é possível, ele tinha passado lá que ele falou um negocinho lá, o produtinho nas rodas antes, antes de ir pra lá, né? Então assim, não tinha como ele ter sido furtado em outro lugar, ele chegou lá ele ainda apertou o alarme do carro e, automaticamente, deu uma olhada geral no carro, as rodas estavam lá, o negócio lá… — O enfeite, sei lá, o quê que é da roda. — Estava lá e aí a hora que ele viu, ele falou: “Não, gente, não é possível”. 

Aí ele desceu lá para o churrasco e falou: “Ó, escuta, eu fui furtado aqui”, e aí já começou o pessoal: “Não, o que é isso, aqui dentro não tem como”, e ele falou: “Gente, eu fui furtado”, “Não, porque não tem, porque não tem como”, e aí ele falou: “Olha, aqui tem um monte de câmera, eu quero ver as câmeras”, e aí começou a criar um climão, algumas pessoas do churrasco começaram a se sentir ofendidas, tipo, ele falando que lá tinha um monte de ladrão. E aí a Helen pôs um pano quente e falou: “Não, vai embora, depois a gente vê isso”, e ele foi embora puto da vida, daí ele mandou mensagem pra Helen e falou: “Meu, eu quero, vai ter que resolver isso porque foi caro, que isso que aquilo”. Passou esse dia a Helen não respondeu, porque também estava lá no churrasco, o churrasco continuou, era num sábado, no domingo ele falou com a Helen, falou: “Helen, meu, eu quero ver essas câmeras, eu quero minhas rodas”.

E aí a Helen estressou com ele, falou que imagina que estava desconfiando da família dela, que isso que aquilo. E, gente, a coisa foi tão surreal que ele não conseguiu ver as câmeras, ele não conseguiu recuperar nada e ele continuou com a Helen. E, assim, com aquela coisa atravessada na garganta, tinha festas da família dela ele não ia mais, ele falou: “Não vou mais, não vou mais”, ela sabia porque ele não ia mais e passou. E eles juntos agora na pandemia resolveram — Aquela coisa que a gente sempre fala né, será que dá certo isso? — Resolveram morar juntos na pandemia pra não ficar separando, os pais da Helen idosos. Assim, mas não era um morar juntos definitivos, a Helen resolveu ficar na casa dele enquanto a pandemia durasse, todo mundo achando que ia ser poucos meses, né? Mas a coisa foi… — A gente sabe, que estamos em setembro agonizando.

E aí agora quando foi mês passado que ele tá lá olhando o Instagram do cunhado, o cunhado postou uma foto do carro com as rodas do Fernando. — E, gente, assim… Falar de carro pra mim é uma coisa como falar sei lá de um ET, eu não entendo absolutamente nada, então eu posso estar falando aqui alguma coisa errada, mas enfim… — Ele viu no carro lá, no pneu, sei lá, o que era do carro dele, e ficou passado, possesso, possesso, chamou a Helen, mostrou, pegou foto do carro dele pra mostrar que era igual e a Helen bateu o pé e falou: “Não, isso aí é do carro do meu irmão, se tá no carro dele, ele comprou, você tá chamando o meu irmão de ladrão? De isso, de aquilo?”. E aí, gente, eles terminaram por conta disso, a Helen foi embora pra casa dela, fez textão no Facebook… — Olha, acabou com ele, arrasou o Fernando”. E aí agora tem umas duas semanas, a Helen mandou uma mensagem pra ele que queria conversar com ele, aí ele falou: “Olha, manda áudio, não vou ligar a câmera, não tô afim de falar com você, não”. — Ainda bravo, né? —

Aí a Helen mandou um áudio de pedido de desculpas dizendo que o irmão dela realmente furtou as rodas do carro do Fernando, e que ela estava muito chateada, que ela descobriu por acaso por uma tia dela, porque depois o pai da Helen quis ver as câmeras e viu que realmente ele tirou, resolveram deixar pra lá, não contar. — O que é errado, né? — E o pai ai parece que brigou com ele… — Mas não fez ele devolver, o correto seria sei lá, né? Fazer ele devolver. — E a Helen mandou esse áudio, pediu perdão, quer voltar e o Fernando tá tão bravo que ele cogita fazer o boletim de ocorrência, porque ele tem esse áudio da Helen, e ele não quer voltar, porque falou que ela acabou com ele, nossa, no negócio do Instagram lá. E ele gostaria de saber de vocês se ele faz ou não esse boletim de ocorrência. 

Eu não sei dizer, gente, eu acho que, sei lá, a pessoa que furta assim na cara larga, não é na frente de todo mundo, mas assim, sabendo que o negócio vai dar problema, porque não tem como ele não ver, né? Eu não sei, e se esse cara for perigoso? Não dá pra saber, né? Acho que ele já tá sem isso daí, já perdeu essa roda, pneu, sei lá o que é isso, já perdeu, fazer B.O.? Não sei, eu não faria, mas eu entendo a raiva do Fernando, eu entendo e de tudo. Eu nem vou comentar aqui as coisas que a Helen falou pra ele, mas né, assim, arrasou com ele e ele terminou, não quer mais saber, tá na razão dele. Mas, ai, gente, fazer B.O.? Ele tem esse áudio de prova que é o áudio da Helen explicando exatamente como aconteceu e, não sei, gente, o que vocês acham? Eu, por mim, não faz, deixa pra lá, já foi, sabe? Parece que vai caçar um problema maior, bloqueia a Helen, bloqueia todo mundo e segue a vida. Eu pelo menos penso assim… 

Já perdeu mesmo, sabe? De repente vai fazer B.O., vai ter que ter contato com eles de novo, ou sei lá, no dia lá quase saiu pancadaria, né? Porque o povo ficou ofendido e tinha realmente, o irmão tinha furtado. E não foi o irmão que mora no sítio, foi o outro irmão, que ela tem dois, né? Mas que estava lá também. Então agora não sei, gente, eu, por mim, não faz, o que vocês acham? Deixem lá seus recados para o Fernando no Telegram. Um beijo e até daqui a pouco.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.