título: ponette
data de publicação: 21/03/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #ponette
personagens: natan e roberval
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje, história de firma. — Eu amo história de firma. — Quem me escreve hoje é o Natan, e a gente vai contar a história dele com o chefe, Roberval. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]A história do Natan começa com uma contratação aí numa das indústrias da Rede Pônei e, de cara, ele não foi com a cara do chefe dele. — O seu Roberval. — E, assim, a empresa que o Natan trabalhava, — agora ele já está em outra— mas na época era bem, assim, setorizada. Então, no setor ali onde ele trabalhava, eles tinham uma copa, nessa Copa tinham duas geladeiras, tinham seis microondas e cafeteira, essas coisas, enfim… Então eles tinham um meio que um uma dinâmica para todo mundo conseguir esquentar comida e tal, porque você tinha que levar marmita, né? — Não tinha, enfim… A Pônei aí deu uma pisada na bola [risos] na questão dos benefícios. — E aí na empresa, quando ele estava já há uns quatro meses, começou um boato de que alguém estava roubando as comidas.
Beliscando as marmitas, comendo ali uma mistura… — Para quem não sabe o que é uma mistura, [risos] é alguma coisa que você foi põe ali que dá um destaque no gostinho da marmita, né? Para quem come carne pode ser o bife, a linguiça, enfim… Eu que não como pode ser uma proteína de soja, um legume assim, diferentão, enfim… A mistura é o destaque da marmita. Então pensa alguém beliscando sua mistura… Nojento, né? Revoltante. — Então tinha ali — na Indústria Pônei — um ladrão de marmita. E pior: uma pessoa que, além de beliscar as marmitas, porque, assim, a pessoa não comia tudo, né? Ela beliscava ali, — passeava pelas marmitas — comia a sobremesa. Então, se você levasse lá um iogurte, sei lá, uma saladinha de fruta, aí essa pessoa comia tudo.
E estava difícil de pegar porque, assim, era um rodízio de muita gente naquela cozinha e não tinha câmera, então era um mistério… E chegou uma época que todo mundo estava meio que um de cada ser para o outro, né? [risos] Tipo, querendo saber quem era ali a pessoa que estava violando as marmitas e tal. E o Natan ele gostava muito de comer aí uma sobremesa que é… — Aquilo é um iogurte? Acho que não é iogurte o nome… Mas é como se fosse um iogurte de chocolate, que a gente vai chamar de Ponette. [risos] — Ele gostava muito de comer Ponette e levava… Às vezes levava dois, às vezes levava só um, depende… — Que eles vêm ali de dois, né? Grudadinhos. — E os Ponettes aí do nosso querido Natan começaram a sumir… E ele ali no ódio, no ódio, no ódio… “Quem será que está roubando as sobremesas das pessoas da firma?”. E até no RH isso chegou, mas era um assunto delicado, né? — Porque você não pode acusar ninguém, enfim… —
O RH fica meio neutro, põe uns avisos, mas não tem como, né? Acusar ninguém… Cada pessoa desconfiava de alguém. E o Natan desconfiava do chefe dele, o Roberval. Ele achava que o Roberval estava pegando ali a sobremesa da galera e ele era o único que não levava marmita do setor, então ele levava umas coisinhas que a esposa dele, sei lá, um lanchinho… Ele só beliscava durante o dia, ele falava que ele gostava só de chegar em casa e jantar, ele não gostava de almoçar tanto, né? Então, isso já despertou no Natan uma coisa de que “É ele, é o chefe”. — E aí, tá… O que o Natan pensou? — O Natan ele tem uma mãe que faz docinhos para festas e coisas para festas… Até animação de buffet, assim, de cuidar ali, de arrumar a galera e tal ela já fez.
E aí, numa das vezes, ela fez uma espécie de pirulito que você chupava, né? Que você comia o pirulito ali e ficava com a língua e a boca azul. — Isso é um corante específico para isso, né? Não é só um corante comestível azul, é um corante e o Natan me disse que chama “pinta língua”. [risos] Pinta língua. — E aí ele pediu um tanto de pinta a língua pra mãe dele. — E o que o Natan pensou? — Como o Ponette que é o iogurte de chocolate que ele come, é escuro, se ele misturasse ali no Ponette o pinta a língua, ia dar bom. Só que ele tinha que fazer de um jeito certinho para conseguir depois colar ali a bordinha do potinho. E foi um trampo para conseguir abrir certinho sem rasgar nada e depois colar, enfim… Fez. Misturou o pinta língua azul no iogurte de chocolate dele Ponette e botou na geladeira da firma. [risos].
E era uma coisa que ele não precisava nem ficar de tocaia para ver quem pegou, porque quem comesse ia ficar com a boca, os lábios ali e a língua azul. Então, todo mundo ia saber quem era o larápio, né? — O ladrão de marmita e de sobremesa. — E a mãe do Nathan deu um conselho para ele, falou: Natan, você não vai contar isso pra ninguém, mas nem para o seu melhor amigo de firma, pra ninguém… Que isso pode dar até uma justa causa para você e a gente não sabe, né? Quando as pessoas são pressionadas, elas contam. Então você não vai contar pra ninguém. Então o Natan teve que bolar um jeito de que todo mundo ficasse sabendo que a pessoa que estivesse com a boca azul seria o ladrão da sobremesa e o beliscador de marmita. E o que ele pensou? “Eu vou ficar meio, assim, de olho na geladeira para ver que hora que meu Ponette vai sumir e, quando ele sumir, eu vou botar um papel aqui na Copa, tipo, papel escrito…” — que ele imprimiu em casa, né? — “O ladrão está com a boca azul”. Só isso….
E dito e feito… Uma hora ele entrou lá na Copa e o Ponette dele não estava mais na geladeira. Ele foi lá discretamente e colou o papel na mesa, bem em cima da mesa e foi embora. Voltou ali para a mesa dele que era bem meio longe da Copa e deixou quieto. [efeito sonoro de relógio] Daqui a pouco o Natan começa a perceber um burburinho ali no setor. [efeito sonoro de várias pessoas falando ao mesmo tempo] — Sabe quando você percebe que algo aconteceu, mas você também não pode dar uma brecha pra ir lá perguntar. — E ele fica na dele ali na mesa meio que fingindo que estava trabalhando, mas de olho. Daqui a pouco vem um cara ali do setor e falou: “Você já tá sabendo?”, ele falou: “Não, sabendo o que?”, o cara falou: “Pegaram aí o ladrão de marmita…. Você nem imagina quem é”.
E o Natan crente que era o Roberval, — que era o chefe dele… ele nunca ia poder contar, mas enfim… Era o chefe direto dele ali, né? Estava muito perto. — E aí o cara falou pra ele assim: “Você não sabe quem é… É o doutor Ricardo”. Doutor Ricardo era o chefe do chefe do chefe… — Tipo, fodidão lá, o chefe lá dentro. E, assim, daquele setor que é uma indústria muito grande, bem setorizada, como eu disse. — Então daquele setor todo que tinham vários chefes menores como o Roberval, esse Dr. Ricardo era chefe deles. E aí o Natan já deu aquele gelo na barriga falou: “Bom, agora nem mandado embora, vou ser morto”, mas não tinha como descobrir. — Não tinha como descobrir… — A não ser que o cara contasse que foi um Ponette, porque todo mundo sabia que ele levava o Ponette todo dia… Então ele estava na dependência desse chefe falar: “Olha, eu comi um Ponette e tinha a coisa azul, sei lá”…
Ele já estava pensando na desculpa de falar que a mãe dele trabalha com buffet infantil e era para as crianças e nã nã nã. Já pensando na desculpa que ele ia dar caso sobrasse para ele. Só que esse Dr. Ricardo ficou com a boca azul e fez o que? Foi embora para casa. — Puto, mas foi embora, não comentou. — E a pessoa que roubava as sobremesas, provavelmente esse cara, ele levava os potes embora… Então sendo uma embalagem de mercado como essa do Ponette ou sendo você que levava o seu potinho, ele levava embora e jogava, sei lá, no lixo longe…. Enfim, a coisa sumia toda… E a coisa sumiu toda. E aí ele ficou esperando, o Natan ficou esperando mais alguns dias para ver se dava alguma coisa, né? Mas não deu nada… Esse chefe também não chamou ninguém, assim, pra questionar, nada…
E também as coisas pararam de sumir. Então agora ninguém mais beliscava marmita, não sumia mais nenhuma sobremesa… E era o cara mesmo então, era o chefão… Olha que vagabundo… O cara mais rico do setor roubando a marmita do trabalhador, sabe? [risos] Beliscando mistura… Totalmente sem caráter. E aí agora, depois que o Natan saiu de lá, ele consegue rir da situação e tal, mas na época ele ficou bem tenso, porque ele pensava que fosse o Roberval ali, o chefe dele direto, né? Que já ia ser meio ruim, mas não ia ser tão ruim quanto aí o diretorzão, chefão. Só que abafaram, né? Ele mesmo acho que abafou, ficou com a boca azul lá. [risos] Eu achei ótimo e eu acho que fica aí como dica para quem quer pegar alguém no flagra comendo sua comida.
O Natan falou que tem que ser uma comida escura, porque é um líquido, né? Azul. Então, se você colocar, onde você colocar, vai ficar meio azulado o negócio, né? Então tem que ser algo de chocolate, ou sei lá, um feijão. — [risos] Um feijão preto. — Eu amei a ideia, porque também não faz mal… É pirulito de criança, né? Pra criança ficar com a língua azul. Até crianças de 2 anos come esse pirulito, então assim, não vai fazer mal como um laxante que pode dar alguma coisa na pessoa… É só para identificar o ladrão. [risos] — Eu amei, Natan, amei. — Então, gente, deixem suas mensagens.
[trilha]Assinante 1: Oi, pessoal, aqui quem fala é Mel, de João Pessoa. Natan, eu amei a sua história, você foi um verdadeiro herói na sua empresa, para os seus colegas, tá? Todo mundo ama um salvador de marmitas. Eu também já convivi com um ladrão de marmita na empresa que eu trabalho, mas essa pessoa nunca foi desmascarada porque a gente não tinha pinta a língua, né? Se eu soubesse da existência desse negócio, com certeza teria usado e teria evitado muita dor de cabeça. Quantos Ponettes eu já perdi para esse desgraçado ou desgraçada que nunca foi desmascarado? Enfim, muito obrigada pela sua dica, com certeza vou levar isso para minha vida. Um beijo pra você e pra todo mundo, tchau.
Assinante 2: Oi, Déia, Oi, Natan, é a Janaína de Cambé, no Paraná. Então, adorei essa ideia do pinta língua, a sua mãe foi muito bacana de falar para você não contar para ninguém. Conselho de mãe é muito bom. Pena que meu trabalho, por causa da pandemia, meu trabalho fechou, porque tinha uma gerente que achava o máximo comer tudo de todo mundo e achava que podia, e sempre catava tudo de todo mundo… Imagina pôr um pinta língua em alguma coisa ali e ela ter que atender cliente… E era gerente, ter que conversar com cliente no restaurante com a boca azul… Ia ser o máximo. [risos] Um beijo para vocês, amo as histórias…
Déia Freitas: Se você tiver também alguma ideia que não machuque ninguém e que nem prejudique a saúde aí das pessoas pra pegar gente que rouba marmita, deixa lá essa ideia, lá nosso grupo do Telegram. Um beijo e eu volto em breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]