título: princesas
data de publicação: 21/07/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #princesas
personagens: william, moça e princesas
TRANSCRIÇÃO
Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje eu vou contar pra vocês a história do William. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]William tem uma cachorrinha chamada Princesa e ele sempre leva a Princesa em parque de cães pra conhecer outros cãezinhos e brincar. Como ele não tem condição de adotar um outro cachorrinho pra fazer companhia pra Princesa. — Aqui eu vou deixar até uma dica pra vocês, cães gostam da companhia de outros cães, então se você tem um cãozinho só e ele é muito carente, de repente, você tendo condições você adota outro e ele divide essa carência com outro cãozinho, passa mais tempo com outro cãozinho, enfim, é sempre bom criar um cão ou um gato na companhia de outro da mesma espécie, mas esse assunto fica para o nosso quadro “Patada”. —Então, William sempre levou aí a Princesa em parques de cães e um dia num parque de cão, — De cãozinho — ele conheceu uma moça, e essa moça também tinha uma cachorra e essa cachorrinha também chamava Princesa, e as duas Princesas se deram muito bem, as duas Princesas passaram a brincar todo dia juntas [efeito sonoro de cães latindo] no parque de cães e, enquanto elas brincavam, o William conversava com a moça, que é a tutora da Princesa. — De uma das princesas. — [risos]
E aí conversa vai, conversa vem, pintou um romance, de William com tutora de Princesinha 2. — Então tem a Princesinha 1, que é a do William e a Princesinha 2 que é da moça. — E um namoro começou legal assim, eles passaram a namorar sério, namoraram dois anos, assim, muito bem, e aí um belo dia a tutora da Princesinha 2 chegou para o William e fez uma confissão, disse que ela estava tendo um caso com o chefe e que ela estava arrependida e que ela precisava contar para o William sobre o caso, e o William me disse que se ela não tivesse contado, ele nunca ia desconfiar. — Nunca. — E aí tudo bem, eles conversaram, ela estava arrependida, foi ela que contou e ele perdoou… — E aquilo que eu falo aqui: perdoou, gente? Tem que perdoar real, esquece, sem ão é melhor terminar, né? E o William perdoou real, ficou tudo bem, e eles seguiram o namoro mais um tempo. —
Um tempo depois ali, uns seis meses depois, ela chamou o William de novo e disse que teve uma recaída com o chefe. O William foi lá, conversou com ela, nã nã nã, e perdoou. Só que aí sim, né? Agora o William já estava cismado com esse chefe também, né? E perguntou pra ela, falou: “Bom, e aí? Como é que vai ser, né?”, ela também não ia deixar o emprego dela, sei lá, por causa disso, e aí o William perdoou, mas ficou chateado. Três meses depois a namorada do William foi fazer uma viagem de trabalho — Ela fazia algumas — e, nessa viagem de trabalho ela ficou com esse chefe. Era pra ela ir sozinha, o chefe foi junto e eles passaram quinze dias, tipo uma lua de mel. E aí dessa vez ela não contou pra ele, mas, junto, era tipo assim, uma equipe que ia, ela ia sozinha sem o chefe, o chefe foi, e uma pessoa da equipe contou para o William, porque todo mundo já achava esse namoro do William uma palhaçada e eles tinham se aproximado assim, né? Algumas pessoas do trabalho dessa moça frequentavam a casa do William, pegaram amizade com ele e tal, e aí acabaram contando. — Uma dessas pessoas aí contou para o William que foi uma lua de mel. —
Aí William foi conversar com ela, ela falou que realmente era isso, e aí ela abriu para o William, falou: “Olha, William, eu gosto muito de você, nossas cachorras se dão muito bem, só que eu também gosto do meu chefe e eu estou dividida, eu não sei o que fazer”, e aí William falou: “Bom, pra mim não dá, ou você tá só comigo ou a gente não está mais junto”, e aí eles romperam, só que eles romperam e as cachorrinhas sentiram muito, né? As duas. Porque cada um ficou com a sua Princesa. E aí eles resolveram que, pelo menos as cachorrinhas iriam se ver, então qual foi a solução para o William não sofrer tanto? Eles encontraram uma creche de cães e três vezes por semana as Princesas se encontravam na creche. Estava dando tudo certo, ele ia buscar um horário, a moça ia buscar outro. — E aí assim foi um tempo, gente… — Super certo, a Princesa brincando com a outra princesa, tudo certo. — Eu já dei depois uns conselhos pro William, que eu vou deixar aqui no final também do que fazer nesses casos, quando um cãozinho se apega muito a outro e tem que separar, enfim. —
E aí um dia que ele foi buscar, ela foi buscar no mesmo horário, ela sabia, eles tinham um acordo…. — Porque ele não queria ver, né? Ele ainda gostava dela. — E ela apareceu lá, gente, e ela estava grávida, e o William tomou um choque, porque uma coisa é você tá separado da mulher que você ama porque ela pisou na bola várias vezes, enfim, e outra é você encontrar ela já grávida de outro cara assim, né? E ele ficou muito mal, muito mal com isso. — Só que um detalhe… — Ela engravidou e o chefe lá é casado, e aí quê que o chefe fez? O chefe não pode demitir ela, né? Então o chefe mudou ela de filial e deu um gelo nela, então ela estava cheia de questões lá com o chefe, porque agora o chefe não queria mais saber dela, enfim, a vida dela estava muito ruim nesse sentido. E aí ela começou a mandar mensagem para William querendo voltar e o William gostando dela mas, né? Tipo, uma puta situação, ela grávida do chefe lá e tal, e aí William não resistiu e voltou. — Ela estava grávida de quatro meses. —
E aí William se empolgou com isso, porque assim, além das Princesas voltarem a ficar juntas agora o tempo todo, William falou: “Poxa, eu não sou um cara cheio de nóias, eu posso muito bem ajudar ela a criar essa criança se ela quiser, né?”, ela começou a dar força nessa ideia e ele começou a pensar nisso, a levar isso, então dos quatro meses, gente, aos nove meses quando nasceu, foi o William que estava ali do lado dela. E aí o bebezinho nasceu, William ficou mega feliz, ela já tinha falado que ela ia colocar na certidão de nascimento o nome do pai, né? Lá do chefe, e o William falou: “Não, não me importo, mas assim, né? A gente tá namorando, eu queria fazer parte, né? Dessa relação, desse bebezinho e tal”, tanto que ela chamou o chefe lá, o chefe não foi, mas William foi. E aí os três primeiros meses desse bebê, o William estava com ela, então era o William que fazia tudo, que ajudava e tal, no quarto mês ela começou a ficar esquisita com William, e aí ela mandou a real, falou que o cara lá, o chefe tinha visto o bebezinho, tinha amolecido, — Agora ela já estava morando na casa do William, né? — e que ele ia montar um apartamento pra ela morar com o bebê.
E aí, assim, o chão do William abriu, né? Porque ele estava apegado ao bebê, enfim… E aí ela foi embora com o bebezinho, ele ficou mal. — Mal, bem mal… — Bem mal mesmo, entrou em depressão e foi terrível. E aí tinha ainda a questão das Princesas, mas elas frequentavam ainda a mesma creche, então meio que resolveu, mas ele estava mal, ele não conseguia lidar com nada assim. Quando esse bebê fez um ano, que foi um pouco antes da pandemia, esta moça pediu pra voltar com William. — E, assim, gente, por mais que a gente fale: “Poxa, mas ela também tá abusando, não sei que lá”, tem o lado do William, porque uma hora a gente tem que falar não, a gente tem que perceber que só tá machucando a gente. Ah, tudo bem, você gosta do bebezinho? Você gosta da outra Princesa? Que é a cachorrinha da moça, você ama a moça, mas isso está te fazendo bem? Não está te fazendo bem, né? Ela só procura o William quando acontece alguma coisa lá com o chefe.
E aí William aceitou, o bebezinho com um ano, veio pandemia, eles ficaram muito próximos, bebezinho passou praticamente um ano com o William e agora o cara, — A mulher do cara lá, do chefe — resolveu largar, porque nesse meio tempo teve treta da mulher do chefe que descobriu tudo. — Aquelas coisas, né? Mas não é mulher do chefe que tá me escrevendo, então, a gente tá focado na história do William. — E aí agora que o bebezinho fez dois anos, a mulher lá do chefe, por sei lá quais os motivos dela, largou o chefe e esta moça, um dia, pegou todas as coisas, um dia que o William não estava, todas as coisas do bebê e da Princesinha 2, que é a cachorra dela e foi embora. E foi embora, voltou lá para o apartamento que o chefe tinha montado. — Só que uma coisa gente, é você… — No caso ela, ela tinha um relacionamento com um cara casado, então ela encontrava o cara em momentos, né? Não era uma coisa constante e ela passou um mês com esse chefe, e eles quase se mataram. — É um relacionamento que não dá certo. —
E aí agora, que ela terminou pela sei lá quantas vezes com esse chefe, ela quer voltar com o William, e o William diz que não, mas ela está insistindo e tal, e o William fica pensando no bebê, fica pensando na cachorra, falei: “William, eu nem sei que força você tem ainda pra voltar num relacionamento desse”. — E eu acho sinceramente que o William tá usando a Princesa e até a questão do bebê de desculpa pra voltar com essa mina. — Porque assim, a Princesa já tá lá na creche, já tem outros amigos e ela vai sentir? Sente, mas gente, depois passa, cachorro também tem luto, tem aí o “Patada” do Gilsinho que perdeu a tutora e depois se separou dos irmãozinhos, mas a coisa vai melhorando, fica bem, entendeu? Então, William, você não pode usar a Princesa — As Princesas — de desculpa pra voltar com essa mina e agora muito menos o bebê, eu ainda perguntei pra você: “Ela trata mal o bebê?”, ele falou: “Não, imagina, ela trata muito bem”, “Então pronto, o bebezinho está com a mãe dele que trata ele muito bem, ela pode ser uma ótima mãe para o bebezinho, mas ela é uma péssima companhia pra você, uma péssima namorada, um… Quase um péssimo ser humano, pelo tanto de coisa que ela fez pra você, que você me contou”, então assim, por quê? Sabe? Quando ele voltou com ela, que ela estava com… O bebezinho já estava com um ano, o William fazia terapia e continuou fazendo terapia, só que online, né? — Porque veio pandemia e tal. —
Até a sua terapeuta, sabe? Jogou essa carta pra você na mesa, você tá usando a sua própria cachorra de muleta pra você fazer suas merdas, né? Porque “Ah, tô voltando porque as cachorras se amam, tô voltando porque o bebezinho, vai ser legal ele ter um pai”, não, ele tem a mãe dele lá, e ele tem o pai, ele tem uma mãe, ele não é maltratado, ele é um bebezinho que tá sendo criado bem pela mãe dele. Como vai ser isso depois, esse conflito dos pais, é uma questão que não é pra você resolver, porque não é da sua conta. Então, gente, não tenho muito a dizer, porque assim, já voltou mil vezes com essa mina e ela só procura quando ela toma um pé na bunda lá do outro lado e… Sabe? As cachorrinhas na creche… — Eu se fosse você mudava até de creche, porque acostuma também longe. — Quebra esse vínculo, põe a sua Princesa numa outra creche, a Princesa precisa dela vai ficar bem também, gente, passeando e brincando com outros cães. Tá tão preocupado assim? Procura um adestrador, procura uma creche com recreação, uns outros cães, vai namorar outra mãe de cachorro, sabe? Procura aí outra tutora de cães, num parque de cães e vai sabe? Espairecer um pouco, porque não dá mais, eu não sei nem o que te dizer. A sua pergunta para mim é: “Devo voltar?”, William… Não, não deve. Todo mundo te fala isso William, por quê? Então não, então não… Sabe? Vai arrumar sua cabeça, firma na terapia, vai fazer outras coisas, sabe? Porque essa moça não dá mais e o bebezinho dela é problema dela, e a Princesa dela é problema dela, seu problema agora é a sua saúde mental, emocional e sua cachorra, só, sabe? Foca nisso. Foca em estar saudável, em estar com a cabeça boa e passear com a Princesa, levar a Princesa pra brincar e é isso, gente. Sejam gentis.
[trilha]Assinante 1: Olá, meu nome é Alice, eu falo aqui do Espírito Santo, e eu vim polemizar. William, eu vi que todo mundo sugere você terminar o relacionamento, não voltar e tudo mais, eu acho que é sim uma opção, mas eu queria te propor uma coisa pra você pensar aí nas suas terapias porque é onde acho que você tem que pensar sobre isso. A gente cresceu numa sociedade que prevê que o único modelo correto que existe de relacionamento é o modelo monogâmico e, na verdade, existem várias outras formas de relacionamento, tem um livro da Regina Navarro Lins que fala sobre isso, que se chama “Novas Formas de Amar” e acho que vale a pena a sua leitura, pra você pensar se você acredita que esse é o modelo que serve mais pra você, ou você tem outros possíveis, se não é só uma opressão da sociedade, porque o importante é você e ela terem combinados e serem felizes, te desejo muita felicidade. Pensa sobre isso.
Assinante 2: Pessoal, me chamo Rafael, moro em Acaraú, Ceará. E, William, eu concordo bastante com tudo que a Déia falou, acho que você não deve voltar pra essa relação, que só tem te colocado pra baixo, só tem te colocado no fundo do poço, eu acho que você já se doou bastante, já fez todo o possível e agora você também é responsável por esse sofrimento. Eu acho que você pode dar um basta, pode começar a trabalhar mais ainda a sua autoestima, trabalhar o amor próprio, longe de tudo isso, porque no final das contas tá sendo você por você, e aí pode ser difícil no início, mas logo depois as coisas vão melhorando e você vai perceber que não precisava estar ali naquela relação.
Déia Freitas: E eu volto em breve, um beijo.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]