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título: procedimento
data de publicação: 01/12/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #procedimento
personagens: raiane e uma moça

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje eu vou contar pra vocês a história da Raiane. Então vamos lá, vamos de história.


[trilha]


A Raiane é uma mocinha — com seus 24 anos agora — que trabalha desde os 15. Então, assim, Raiane trabalha muito… Ela é uma garota que ela mesma se diz econômica. [risos] Na família, alguns chamam de mão de vaca, mas ela é uma pessoa que ela trabalha, ela gosta de poupar seu dinheirinho aí pra fazer essas coisinhas e é isso, gente… — Cada um tem um estilo de viver. — E aí, Raiane, trabalhando aí numa firma, conheceu uma moça… Conheceu uma moça e começou aí a namorar essa moça na firma. Só que a moça não estava dando muito certo ali no trabalho, na firma e acabou saindo. Só que o namoro de Raiane e moça continuou, né? E aí moça depois de uns quatro meses — Raiane já morando sozinha, né? — queria ir morar com Raiane e Raiane disse que não. Primeiro, por quê, né? Plena pandemia… E aí Raiane achou que elas iam ficar muito tempo juntas e talvez não desse certo e tal.


E aí essa moça, como ela não estava mais trabalhando e a gente estava ali no auge da pandemia, ela resolveu ir morar com a mãe em outro estado. Seria algo provisório até que ela arrumasse um outro emprego, e aí ela voltava para a mesma cidade que Raiane. E Raiane achou ok, pra ela tudo bem namorar um tempo a distância, desde que as coisas se acertassem e tal. Em nenhum momento, nesse começo, Raiane pensou em trazer essa moça pra morar junto. E aí eu falei: “Raiane, mas por quê? Você achou que não ia dar certo?”, ela falou: “Não, Andréia… Primeiro que eu ia ter muito gasto”. [risos] A mãozinha da Raiane… [efeito de voz fina] “Eu ia ter muito gasto e ela não está trabalhando, então…” e eu concordo com a Raiane, gente… Assim, eu acho que você começar, iniciar um relacionamento com uma pessoa que não está trabalhando, você vai pagar tudo… Então tem que ter isso em mente.


E aí a mocinha foi lá pra casa da mãe e tudo bem, elas continuaram namorando a distância. Até que um dia, a mocinha liga pra Raiane desesperada… A mocinha tinha acabado de descobrir que ela estava com uma doença na tireoide e que, essa doença, ela precisaria fazer um tratamento que ela fica presa numa câmara e que ela tem que ficar isolado dos outros e nã nã nã… — É como se fosse uma quimio, mas não é bem uma quimio, enfim, é um tratamento ai pesado pra essa questão da tiróide que ela tinha. — E Raiane deu uma pesquisada na internet, ficou em pânico e tal e a mocinha não tinha dinheiro pra fazer esse tratamento. — Pelo SUS, ia demorar e nã nã nã. — E, nesse ponto, Raiane é uma pessoa assim: ela é mão de vaca? Ela é mão de vaca, mas ela estava vendo o amor ali da vida dela com uma doença. Ela falou: “Não, eu te empresto esse dinheiro e você vai me pagando como você puder”.


E ela emprestou pra namorada 11 mil reais pra esse tratamento. Isso já tinha passado um tempo da pandemia. — A gente ainda em pandemia até agora, mas enfim… Já estava um pouco melhor as coisas. — Então a Raiane ainda tinha essa preocupação, né? Da mocinha também, além de tudo, pegar Covid e nã nã nã… E aí a mocinha foi lá, fez o procedimento que precisava na questão da tireoide, ia ser uma recuperação um pouco complicada e tal, mas fez… Deu tudo certo. E aí Raiane falou: “Bom, agora eu preciso ver o meu amor… Pelo amor de Deus, ela acabou de passar por uma coisa séria dessa. Eu preciso ir pra lá”. E Raiane resolveu fazer uma surpresa… E aí eu falei: “Poxa, surpresa, Raiane? Não tenho como ficar do seu lado” [risos] e ela falou: “Mas Déia, eu já conhecia a mãe dela por FaceTime, a mãe dela já sabia que a gente namorava… Já tava tudo certo, era só ela e a mãe dela, na casa… Eu falei eu vou, eu vou aparecer lá. Se eu não me sentir bem lá, eu pego duas diárias aí num hotel e depois volto embora”.


E lá foi Raiane… Pegou um ônibus, porque as passagens de avião estavam muito caras e tal. E horas, horas, horas de ônibus… Chegou na casa de mocinha e mãe de mocinha… E mãe de mocinha recebeu a Raiane muito bem. Só que mocinha, quando viu Raiane, a mocinha ficou pálida e mocinha estava com um problema pra conseguir andar… — Estava com muitos problemas pra conseguir andar. — E, assim, pensando no procedimento que ela fez na tiroide, não tinha nada a ver. — Por que ela não está mandando bem? — E aí, gente, vocês vão descobrir por que mocinha não estava andando bem… Mocinha não estava andando bem porque o procedimento que ela tinha feito com a grana que a Raiane emprestou, tinha sido uma lipoaspiração com lipoescultura nas costas. — Ela fez lipo na barriga e tirou a gordurinha das costas também. — E ela mentiu pra Raiane que ela tinha feito essa… Que ela tava com essa doença na tireoide pra poder pegar o dinheiro e fazer a lipo. 


A Raiane, gente… Ela só não teve um derrame ali acho que é porque é uma pessoa jovem ainda e tal, [risos] com todas as veias ali, sei lá, artérias… Não sei como que rola o derrame aí. Bem, estavam boas… Porque ela ficou em choque. Em choque. E ela falou que, assim, é contra a violência, mas que na hora… [risos] Se não fosse a mãe da mocinha ali, ela tinha batido na menina operada mesmo. A mãe da mocinha tava achando que a Raiane sabia que o dinheiro era pra limpo. E quando a Raiane começou a falar: “Mas ué? Como assim você fez uma lipo?”, porque a mãe começou a falar da lipo… “Ai, você vê que menina doida? Foi lá fazer lipoaspiração. Aspirou as costas e nã nã nã… E você também mais doida ainda de dar isso de presente”. — Reparem: “De dar isso de presente pra ela e nã nã nã”… —


E aí a Raiane já foi ficando ali com ódio e falou, falou: “Primeiro, olha aqui as mensagens… Ela me falou que ela estava com, tipo, um câncer, alguma coisa assim na tireoide. Então ela mentiu pra mim… E, segundo, eu não dei, eu emprestei o dinheiro”. E aí a mãe da mocinha que ficou em choque… Por que como que a mocinha ia devolver esse dinheiro assim? Um dinheiro alto, né? E aí estava instalada ali a confusão. A mocinha ainda estava com um dreno… — Ainda bem que você não bateu nela, né, Raiane? Pelo amor de Deus, a menina estava com um dreno. — A Raiane não queria ficar ali, mas também falou: “Se eu sair daqui, de repente… Sei lá, eu quero resolver isso. Quero saber quem que vai me pagar”. E aí tudo girou em torno disso, né? A partir daquele momento, Raiane não queria mais saber da mocinha e queria o dinheiro dela volta. — De qualquer jeito. —


E aí aquela confusão, a Raiane falando que ia fazer boletim de estelionato, sem saber nem se podia… Aí a mãe da mocinha foi ficando apavorada. — Eu estou com dó da mãe de mocinha, porque a mãe de mocinha não tem nada a ver com essa história. — E aí a mocinha começou a chorar e chorando ali com barriga chapada… [risos] Que ódio. — E aí, gente… Desse ponto aqui pra frente eu discordo da Raiane, tá? E discordei também da parte que ela queria bater na menina com o dreno. Ainda bem que não bateu. — A mãe da mocinha tem um carro, e o carro vale, sei lá, um pouco mais do que do que isso que foi usado ali na cirurgia. E aí a Raiane, conversando com a mãe da mocinha, elas chegaram no acordo de que a Raiane ia ficar com o carro… E elas foram, fizeram a transferência e tudo e a Raiane deu o dinheiro da diferença do carro.


E Raiane, que nunca pensou em comprar um carro, mas ela dirigia o carro da firma, ela sabia dirigir… Já voltou de carro da casa da moça, com o carro da mãe da moça… E pagou direitinho, pagou a diferença. Só que a cirurgia aí ficou a dívida da menina com a mãe. E eu não sei se eu acho certo, porque a mãe usava o carro pra fazer corrida por aplicativo, né? Tudo bem que a Raiane pagou o valor que a concessionária… Elas foram fazer até a avaliação em concessionaria e tudo, pra fazer tudo certo. Raiane pagou, Raiane tinha o dinheiro guardado, não dava muita diferença também, mas enfim… Ela pagou e aí resolveu a situação. Voltou, bloqueou a menina em tudo e a menina ficou em choque… Porque, tipo, ela não estava… Ela estava esperando dar essa volta aí na grana na Raiane, não na própria mãe. Então a menina ficou P da vida com ela, achando que ela é quem acabou levando vantagem sobre a mãe. Mas não levou vantagem, no sentido de que o carro foi pago o valor de mercado, só que descontado o dinheiro que a Raiane deu para mocinha.


Então ela escreveu pra gente porque ela acha que ela fez certo, e ela queria saber o que vocês acham. Eu não sei, gente… Eu fico muito na dúvida, porque, assim, a dívida,. Esse acordo foi feito entre mocinha e Raiane. Tudo mundo ali é maior de idade e todo mundo sabendo o que estava fazendo. E sobrou pra mãe da moça, que não tinha nada a ver e que perdeu o carro, que era o carro que ela usava pra trabalhar. Aí a Raiane falou que ela ainda falou que ia pegar aquele dinheiro e dar entrada em outro carro, enfim… Mas ainda assim, né? A Raiane não saiu no prejuízo, mas agora ela tem um carro, coisa que ela não estava esperando e que talvez daqui a pouco ela venda, mas ela não ficou no prejuízo e tal, e a menina, lógico, foi uma mau caráter, inventou a história de doença pra pegar dinheiro dela, enfim… — E eu tenho certeza que essa menina não ia pagar. Isso a Raiane também acha, que ela não ia pagar… — 

Ela queria saber isso… Vocês acham que ela tá certa de ter resolvido a situação assim? Ou sobrou pra mãe da menina e não devia sobrar pra mãe da menina? Eu acho que não devia sobrar pra mãe da menina e, se eu sou a mãe da menina, eu não vendo o meu carro pra pagar a dívida de uma filha minha mau caráter, eu ia fazer a minha filha trabalhar e pagar. E enfim, eu acho isso… 


[trilha]

Assinante 1: Oi, pessoal, aqui é a Iris, falo de Salvador, Bahia. Olha, Raiane, eu acho que você agiu corretamente, por que qual garantia você ia ter de que a mocinha ia pagar o seu dinheiro? Depois da mentira dela, eu ia ficar com o pé atrás. Então, a melhor coisa foi você ficar com esse carro, foi mais justo… Mesmo que tenha sobrado para a mãe, infelizmente, mas ninguém mandou a mocinha mentir. A errada foi ela, ela que sofra as consequências, se acerte com a mãe dela lá, não é o problema seu. Outra solução que eu pensei foi você deixar o carro com a mãe dela emprestado, porque estando no seu nome já é uma espécie de garantia e acabava ajudando a mãe da mocinha de alguma forma, até que ela se resolva lá, consiga juntar um dinheiro pra comprar outro e te devolva o carro depois, não sei. Enfim, eu faria o que você fez, mas se fosse para ter outra saída, essa solução é a mais justa que eu consigo pensar para que não afetasse tanto a mãe da mocinha. É isso, um beijo e boa sorte pra você. 

Assinante 2: Ei, Raiane, ei, Déia, aqui é a Olívia de Belo Horizonte. E Raiane, eu fiquei chocada com a sua história. Entendo o que a Déia falou que a mãe não tem responsabilidade e nem nada porque foi uma coisa que a menina fez e foi você que concordou em emprestar o dinheiro e tudo mais… Mas a verdade é que aquele ditado que quem pariu que mantenha e embale é o mais correto que existe… Porque se é pra menina devia para alguém que deva para a própria família e que resolva isso com a mãe, porque foi a mãe que criou, foi a mãe que mantém, é a mãe que mora com ela… Então, assim, mesmo que a mãe não tenha culpa, é injusto que você arque com uma despesa, com uma responsabilidade financeira que você só aceitou porque você acreditava em outra história, uma menina que inventa uma história dessa, bom… A gente sabe que a mãe sabe o filho que tem e a mãe dela devia saber. Então tá mais que certa… 

[trilha]


Déia Freitas: Então, sejam gentis com Raiane e comentem lá no nosso grupo do Telegram. Se você ainda não tá no grupo, é só jogar na busca “Não Inviabilize” que o grupo aparece. Então é isso, gente, um beijo e eu volto em breve.

Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.