título: prejuízo
data de publicação: 27/11/2025
quadro: picolé de limão
hashtag: #professora
personagens: sandra
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii… — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem tá aqui comigo hoje é o Airbnb. Carnaval com amigos é muito melhor no Airbnb. Não tá cedo pra planejar aí a sua próxima folia, tá? Já tá ó, Na hora, junta os seus amigos e aproveita todas as possibilidades de acomodações que o Airbnb oferece. O Unidos do Carnaval chegou para facilitar a sua vida na escolha da melhor acomodação para ficar aí com a galera. No Airbnb é tudo muito mais integrado, não rola aquele desencontro com os amigos, porque vocês estarão juntinhos em uma super acomodação pra se curtir aí muito mais, descansar junto, bater papo, fofocar, recarregar as energias e, ó, partir pra folia novamente, né? Afinal, é carnaval.
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[trilha]Sandra conheceu o marido na faculdade, os dois ali no mesmo curso, fizeram literatura, depois, fizeram inglês. Saíram da faculdade para dar aula de português e inglês, os dois. Conseguiram aulas em escolas diferentes, o que a Sandra achou bom — porque senão você passa o dia inteiro com a mesma pessoa e tal — e o tempo foi passando… Eles resolveram se casar, nada com festa, nada pomposo, porque a Sandra falou: “Andréia, professores… [risos] Não temos aí essa grana”. Alugaram um apartamento, mobiliaram esse apartamento e foram levando ali a vida. Mesmo sem ter conversado sobre isso antes do casamento, eles foram percebendo — o casal ali — que não cabia uma criança naquela relação, eles não queriam ter filhos… Queriam investir nas viagens, em outras coisas do que um outro ser humano. Sandra foi fazendo outros cursos, ela fez história da arte, várias coisinhas… A pegada da Sandra é ensinar, ela gosta de ser professora.
A Sandra falou pra mim: “Andréia, toda profissão tem perrengue”, mas ela gosta de lecionar. A Sandra… Já o marido de Sandra já não tinha tanta essa vibe, já estava começando a ficar estressado com esse ambiente escolar. — Podemos culpar o marido de Sandra? Não. — O marido de Sandra foi se estressando com o ambiente de sala de aula e falou pra Sandra: “Olha, eu estou com uma oportunidade aí… Uma das escolas que eu dou aula é uma escola internacional e estão precisando de um coordenador para as aulas de português—poneses em determinado país e eu recebi esse convite pra ser coordenador.” Gente, um sonho… Um sonho. Sandra ficou muito empolgada, ela falou: “Nossa, vai ser excelente… Você já queria sair do ambiente de sala de aula que você não curte mais” e Sandra deu todo o apoio. Ele falou: “Olha, eu vou então primeiro, me estabeleço lá e aí você pode trabalhar como professora… E aí você pode ser professora lá porque eu sou coordenador, eu te boto lá como professora. Já vou até conversar com eles sobre isso”.
Sandra ficou empolgada porque ela ia lecionar, ela ia ficar muito chateada de perder aqui algumas salas, mas ela ia conhecer gente nova, ia estar até em outro país, ia ganhar em euro e ia lecionar… Ia ser professora em outro país, que é o que ela gosta. — Gente, melhor dos mundos… — O cara foi… [efeito sonoro de avião decolando] Sandra ficou aqui, nesses 10 anos, 11 anos de casamento, eles optaram mais por viajar, investir em cultura, em coisas assim e não compraram nenhum imóvel, então seria tudo mais fácil. Sandra ia ter um tempo para devolver o imóvel, vender os imóveis, mas ela queria que ele tivesse lá estabelecido pelo menos uns seis meses. É um prédio desses menores, assim, de seis andares, mas que todos os apartamentos são da mesma pessoa. — Que a gente pode chamar aqui, sei lá, “Dona Vanda”. — “Tá seis meses ali, a partir desses seis meses, eu converso com Dona Vanda, devolvemos o apartamento, eu vendo as coisas e vou”. Então, assim, gente, um plano perfeito.
Que felicidade, era tudo realmente que ele imaginava… Ele mandou muitas fotos, conheceu todos os museus, os pontos turísticos… Ele falou: “olha, eu vou te esperar, Sandra, para a gente conhecer junto, mas os museus eram irresistíveis, eu tinha que ir. Vou toda semana”. Estava dando tudo certo, ele falou: “A escola é excelente, os professores me respeitam, está tudo certo”. Sandra falou: “Olha, vamos fazer o nosso combinado… Mesmo que tenha dado tudo certo no primeiro mês, vamos fazer esse nosso combinado, né? Depois de seis meses, eu vou me preparando aqui também, acaba esse ano letivo e aí eu dou um jeito aqui e vou”. Eles conversavam todos os dias, estava tudo certo, assim, ele estava amando ser coordenador… Agora ele não ficava mais em sala de aula, tinha um bom contato com os professores, e o tempo foi passando e a Sandra foi realmente se preparando para ir pra lá.
Ele mostrou a casa que ele tinha alugado lá, uma casa excelente e já tinha tudo na casa. Segundo ele, só não tinha televisão, mas os dois, assim, não ligam para televisão, então, assim, não ia ter problema nenhum, né? Sandra foi fazendo as coisas aqui, fez uma despedida na escola, todo mundo amando muito Sandra… A diretora falou: “Olha, se um dia você quiser voltar, você pode voltar… As aulas são suas, eu vou botar uma professora substituta, mas se você precisar…”. Porque todas as aulas, tipo, sei lá, português, inglês, quase de determinado ano lá, eram da Sandra. Ela falou: “Olha, se tudo der certo lá, eu não volto, mas eu agradeço e nã nã nã”. Tudo certo, Sandra fez as malas, muitas malas, acabou optando por doar, né? Roupas que você não usa tanto, porque vamos desapegar, né? Sandra despachou três malas gigantes, pagou caro para despachar essas malas, levou mais uma mala de mão e uma mochila, e vida nova agora, né? Vai ser professora em outro país, na Europa.
Sandra chegou e o marido estava esperando por ela. Que felicidade… Correu, abracinho, ele levou uma florzinha… Foi tudo perfeito, assim, cena de filme. E ele estava super feliz, afinal, como ele falou para Sandra ali naquele aeroporto: “Agora ele não estava mais sozinho” e nem era publi dele… [risos] — Quem pegou aí a piada… — Agora, ele tinha a Sandra de novo, eles iam agora batalhar juntos, ter uma vida melhor. Fez o discurso dele lá, chamou um carro de aplicativo, botaram as malas todas e foram para a bela casa que ele tinha alugado. A casa, pelos vídeos que ele mandou, pareceu realmente muito boa, só que o carro de aplicativo foi indo para um bairro, assim, a paisagem foi ficando estranha, foi ficando feinha… — Mas tudo bem, né, gente? Vocês tão começando, também não dá pra ter uma casa num bairro bom. —
Chegaram na casa, a casa por fora era meio zoada, assim, tava meio pichada, mas ele falou: “Ah, são uns moleques que tem aqui e tal, mas não se importa com isso, a casa é boa e tal”. Quando eles entraram na casa… Ué, será que ele fez uma festa surpresa pra Sandra? Tinha mais gente na casa. Ali, naquele momento, Sandra ficou sabendo que o que ele tinha alugado era um quarto com banheiro compartilhado. — Mas, gente, um salário bom de coordenador, por que você alugou um quarto com banheiro compartilhado? — Sandra não acreditava, aquele tanto de mala dela não ia dar nem pra ela abrir, ia ter que deixar num canto ali do quarto, um quarto super pequeno, as coisas dele improvisadas também, numa arara lá… Assim, Sandra não estava acreditando. — Ah, a cozinha era bonita? Que foi onde ele filmou. Sim… A sala era bonita? Sim. Deve ter filmado de madrugada, porque não tinha ninguém. — E era uma casa compartilhada, com outras pessoas de outros países, que alugavam aquela casa com o banheiro compartilhado. — Ela ia ter que dividir o banheiro com pessoas que ela nem conhecia. —
Sandra teve um mini surto, porque, assim, tinha muita gente lá, não dava nem para ela gritar nada. “Meu Deus, por que você não me falou isso? Que eu não vinha, óbvio que não vinha”, “ué, mas você ia me deixar?”, “não, não ia te deixar, só ia falar pra você voltar pro Brasil, porque olha isso aqui… Como que você é coordenador de uma escola e mora aqui?” e aí ele falou: “Então…”, aquela palavra que a gente nunca quer ouvir. Ele nunca foi chamado pra coordenar escola nenhuma, coordenador de nada. Ele foi pra lá pra fazer trabalhos de manutenção, só que ele não sabia nem pregar um prego na parede. E aí ele teve que ir pra limpeza. — Estava fazendo faxina o marido de Sandra. — Sandra, em choque… Atônita, gente. A vida dela é dar aula, ela não ia ter nenhuma aula lá, ela não ia ser professora. E por que ele queria tanto que a Sandra fosse sozinha? Sozinho ele não conseguia sair da faxina, ele precisava de mais uma pessoa, que no caso seria a Sandra, os dois na faxina conseguiriam fazer mais casas e, com o dinheiro extra, ele ia alugar um carro e começar a ser motorista de aplicativo. Que no aeroporto ali, nos pontos turísticos, você sempre tem corrida.
Ele fez a Sandra largar tudo que ela tinha, ela fez um acerto na escola — ela não conseguiu sacar nenhum Fundo de Garantia, nada assim —, foi pra lá com o dinheiro que ela tinha, trocou em euro e era aquilo, se desfez do apartamento, vendeu, gente…. É aquela coisa que eu falo pra vocês: Ela vendeu a geladeira de inox e foi pra lá, totalmente enganada por ele. — Eu configuro como traição, gente… Desculpa, traição não é só o cara pegar outra mulher, não. Traição financeira… Tem um monte de tipo de traição. Olha que mentiroso. — Aí ele chorou, disse que não aguenta mais o ambiente de sala de aula, que ele preferia trabalhar em carro de aplicativo em outro país e ela falou: “tudo bem, mas você tinha que me dar o direito de escolher isso” e ele implorou, chorou… A Sandra falou assim pra mim: “Andréia, eu nem fiquei sensibilizada, na minha cabeça é: eu não consigo agora voltar pro Brasil de mão abanando. Eu ainda não vou ter onde morar, eu não vou ter meu emprego. A dona da escola me dá meu emprego de volta, mas e até lá? Onde eu vou morar? Assim, sem rede de apoio, sem familiar perto, nada”.
Sandra começou a fazer faxina com ele, até dar o valor pra ele conseguir um carro de maneira clandestina. — Tem, tipo, uma pessoa, um morador lá desse país que tem uma licença e, tipo, aluga pra você. Umas coisas assim, meio clandestinas. — Quando ele começou a trabalhar em carro ali de aplicativo, ele saiu da faxina, só que a Sandra ficou na faxina. Não teria outra coisa pra ela fazer ali… Toda semana ela tira um dinheiro, não conta para ele — e eu acho que ela está fazendo certo — para juntar uma grana para voltar para cá. Precisa juntar quatro meses de aluguel, um dinheiro para comprar de volta os eletrodomésticos… Ela já conversou com a chefe dela lá, dona da escola e ela falou: “Olha, eu vou me preparar então para o próximo ano letivo, que é agora, 2026, já te receber. As aulas são suas, você pode voltar.” Sandra está agora neste país, chora todo dia, o cara está felicíssimo que ela está lá… — Porque ele é tipo o cara que sai, vai fazer os trabalhos dele, e ela é o apoio emocional dele. —
Ela está mentindo para ele o quanto ela ganha, quantas casas ela consegue fazer faxina, porque ela está juntando esse dinheiro e ela vai chegar no Brasil, retomar as salas de aula que ela mais ama, que é ser professora e vai pedir o divórcio. Só que ela vai fazer que nem ele, ela vai mentir tudo, ela vai falar: “não, eu vou para o Brasil passar o ano novo lá, meus familiares que são de longe, eu nem vou para nosso estado, eu vou direto lá para os meus familiares, passar umas três semanas lá e volto”. Nesse meio tempo, deu o tempo dela lá nesse país, ela teve que sair, ficar um mês em outro país e depois voltar. Ele já tá lá de maneira clandestina… Ela ainda tem condição de fazer isso agora, de ir no final do ano e voltar ano que vem. Ele tá contando com isso, mas Sandra não vai voltar. — Então, do mesmo jeito que ele mentiu um monte para ela, agora ela tá mentindo para ele. Tá separando esse dinheiro… — Ainda falei para ela: “Esconde bem, para ele não achar”. E, no final do ano, vai mentir, vai voltar para o Brasil e não vai voltar para lá nunca mais e ainda vai pedir o divórcio.
Agora, por mais que o cara diga que ama, “ai, eu amo você e nã nã nã”, o cara mentiu para tirar ela do Brasil e de tudo que ela gostava, de tudo que ela tinha, para ser o apoio emocional dele lá, porque “ai, sozinho é mais difícil”, sério? Mano… Ainda bem que a Sandra tá agora com a cabeça fria, sabe? Pensando… Ela também inventou ali uma doença, não tá transando mais com ele… Falou: “Andréia, eu não consigo olhar pra cara dele. Tenho um nojo dele, tenho um ódio, ele me fez perder tudo”, porque se ele falasse que ele tava lá fazendo faxina, ela nem ia, óbvio, mas ele mentiu que tinha uma casa boa, que tava… Inventava histórias sobre a escola lá, a coordenação. “Ah, hoje aconteceu tal coisa”, gente, tudo mentira… Que nível de mentira é esse? Então, eu acho, a Sandra falou: “Andréia, ele não merece nem um pingo da minha consideração”. Eu acho que ela tá fazendo certo, que ele não merece, nada. E a Sandra falou pra mim, falou: “Meu erro foi não ter, nesse tempo que ele tava lá nesses seis meses, ido lá pra conhecer”, mas o que ela ficou com medo? Ia gastar uma grana, uma puta grana pra ir conhecer e voltar, né?
Mas é isso, gente, tem que ir antes, tem que conhecer, tem que checar… Não importa se é casamento de 10 anos… Mais de 10 anos de casamento, tá? A gente não tá falando aqui de gente que se conheceu ontem, não. Então veja o que o cara fez… Sandra, pra mim, tá correta. O que vocês acham?
[trilha]Assinante 1: Oi, meu nome é Beatriz, eu falo de Boa Vista, Roraima. Sandra, pelo amor de Deus, larga desse homem, urgente… A Déia falou em traição e pra mim é mais, sabe? É isso na pior modalidade possível. Ele te chamou para outro país com uma proposta de manter uma vida estável e ele fez exatamente o oposto. Tirou o seu emprego, que você tanto amava… Essa foi uma das histórias que me deu mais raiva. Se estiver insustentável por aí, fala com seus amigos, com a escola, abre uma vaquinha, pede dinheiro emprestado. Se eu fosse você, eu não falaria para ele que ia fazer essa viagem de fim de ano. Acho que você percebeu que a gente realmente, às vezes, não conhece as pessoas, sei lá, vai que ele finge uma doença, vai que ele, não sei, vai que ele quer fazer alguma coisa? Então, assim, diz que desistiu, sabe? E aí pega e só some. E daqui um tempo, quando ele estiver mais estável e você aqui no Brasil, eu também procuraria um bom advogado para entrar com uma ação de danos morais e, eventualmente, materiais. Beijo, fica bem.
Assinante 2: Oi, nãoinviabilizers, aqui é a Fernanda, eu falo de Porto Velho, Rondônia. Sandra, mulher, eu sinto muito, muito mesmo, de verdade, por tudo que você passou. Eu não consigo imaginar a frustração que foi para você, chegando em outro país e se deparando com a realidade, com a verdade. Eu concordo muito com a Déia quando ela fala que isso é uma traição, porque é algo que afetou totalmente a sua vida e os seus sonhos. Então, assim, Sandra, siga seu coração, siga seu planejamento, volte para o Brasil, para sua vida, do lugar onde você nunca deveria ter saído. Um abraço, Sandra, boa sorte.
[trilha]Déia Freitas: Carnaval entre amigos é muito melhor no Airbnb. Seja você da turma da folia dos bloquinhos ou da turma do sofá e do descanso como eu. No Airbnb você encontra acomodações para todos os gostos e bolsos. No Airbnb, todo mundo fica junto e se curte muito mais. No aplicativo você encontra os preferidos dos hóspedes, que são aí as acomodações mais bem avaliadas — pelos próprios hóspedes —, pra deixar sua folia ainda mais tranquila, vocês podem pagar no Pix ou parcelar em até 6x sem juros no cartão. Entra agora no aplicativo do Airbnb, faz a sua lista de acomodações favoritas e já compartilha no grupo do zap com os amigos. Assim, fica muito mais fácil… — Vocês já escolhem aí pra onde vão, a casa maravilhosa, a piscininha, hein? Delícia… E aí você já faz a reserva, tá? Faz a reserva agora porque o Carnaval tá aí, Carnaval 2026 já tá batendo na sua porta. — E é isso, gente, curtam o Carnaval, você e seus amigos no Airbnb. — Valeu, Airbnb, pela parceria. — Um beijo, gente, e eu volto em breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]