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título: queijo
data de publicação: 11/01/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #queijo
personagens: juliana, otávio e ricardo

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. A história de hoje é da Juliana e do Otávio.

[trilha]

A Juliana e o Otávio se conheceram em Minas Gerais, os dois são mineiros e eles namoraram por dois anos, e tudo correu às mil maravilhas, ele conhecendo a família dela, ela conhecendo a família dele, eles estudavam juntos até e deu tudo certo. Agora o namoro ia sofrer um pequeno baque, mas nada que não fosse contornável. A empresa que o Otávio trabalhava lá em Minas, ia fechar e ficar só com a sede de São Paulo, e aí a empresa convidou algumas pessoas, alguns funcionários só pra fazer essa transferência de Minas pra São Paulo, e o Otávio foi um deles. Então, assim, ele tinha a opção ou de ser demitido e continuar em Minas, ou vir aqui pra São Paulo transferido pela empresa dele. 

O Otávio decidiu vir pra São Paulo, então o que ficou combinado? Ele viria pra São Paulo, se ajeitaria aqui e depois de um certo tempo a Juliana viria também, mas ela tinha que esperar pelo menos sete meses pra poder concluir o ano, ela estava estudando, então não ia poder largar assim do nada e ficou combinado isso. Então o Otávio trancou a faculdade que ele fazia lá junto com a Juliana em Minas e veio pra São Paulo e tudo foi indo bem legal assim, ele na empresa, tudo certo e o combinado era, como ele ganhava melhor, ele ia pra Minas pra ver a Juliana, então pelo menos uma vez por mês ele ia, e eles se falavam todo dia e faziam FaceTime, e ai, um chora, outro chora, saudade, te amo… — Aquela coisa básica do casal, né? —

E as coisas foram caminhando, até que um dia o Otávio falou pra Juliana que ele não ia poder ir naquele mês porque ele ia fazer um curso que era exigido pela empresa, isso ia tomar o tempo livre dele, né? Então ele não viria, mas aí tudo bem também, fazer o quê? É um curso pra empresa então tem que ir fazer, né? E a Juliana nem pensou nisso, passou, depois desse dia passou um mês, ele foi, tudo lindo, tudo ótimo. Mais ali um mês, foram as festas de final de ano, ele foi pra lá, pra Minas, porque a família dele também estava lá e tinha a Juliana, e eles ficaram e deu tudo certo. Nas comemorações de final do ano ele chamou a Juliana e precisava ter uma conversa séria — Qual era a conversa? —

A conversa do Otávio é que a empresa estava exigindo que ele fizesse uma pós-graduação, só que ele não tinha grana pra fazer essa pós-graduação porque viver em São Paulo realmente é mais caro, ele tinha que ajudar os pais dele lá em Minas e um monte de coisa e ele estava sem a grana e, como a Juliana estava guardando uma grana dela, ele perguntou se ela poderia ajudá-lo aí mensalmente pagando uma parte da pós dele… — Aqui eu abro um parêntese pra um pensamento meu, eu costumo falar pras minhas amigas, eu tenho assim uma frase que eu sempre falo pra elas quando eu vejo que elas estão entrando numas de bancar os caras, eu falo: “Amiga, não seja ONG de macho, né? Você não precisa disso, entendeu? E é só o seu namorado, você não tem obrigação financeira de sustentá-lo de maneira alguma. E, lá na frente, se vocês terminam o cara não vai te devolver esse dinheiro. Então, se ele precisa fazer um curso, se ele tem alguma emergência, sei lá, ele tem a família dele, né? Se você quiser realmente embarcar nessa, você tem que saber que passou um dinheiro que não vai voltar, então na dúvida não seja ONG de macho”, fecha parêntese. —

Aí a Juliana falou: “Poxa, se tem que fazer então tem que fazer, então tudo bem, eu pago a mensalidade pra você”. — Tudo bem, então ela resolveu ser aí a ONG do Otávio, né? Fazer esse trabalho de organização não-governamental para macho. — O tempo foi passando e ela pagando e, assim, a parcela da pós-graduação era alta e a Juliana se matando de hora extra pra poder pagar a parcela e reduzindo coisa dela pra poder ajudar o namorado a fazer a pós e, talvez ganhar uma promoção, porque a promoção não era certa e a pós dele ia durar dois anos. E foi assim que aconteceu, dois anos a Juliana ficou pagando a pós-graduação do Otávio. — Gente, dois anos, dois anos é tempo pra caramba pagando coisa para o cara, né? — E, assim, tinha uma coisa que deixava a Juliana meio cabreira, que ela nunca tinha vindo pra cá pra São Paulo, porque ele falava que ele morava numa pensão… — Eu e ela conversando assim, eu falei: “Poxa, mas você também não pensou nos sinais”, porque o cara ganhava bem, ele podia alugar um lugar, por que ele morava numa pensão? Então se ele morava numa pensão, ele conseguiria pagar a pós, então a conta não fechava. —

Bom, até que um dia a Juliana com as amigas no final de semana que o Otávio foi pra lá, eles foram para uma lanchonete e uma das meninas perguntou, o Otávio tinha concluído o curso, se ele já fez uma monografia ou um TCC, e ele se enrolou e não soube responder. Então aí essa amiga já ficou super com pé trás e deu um alerta pra Juliana, e falou: “Ó, Juliana, é melhor você ver direito isso aí, porque não tem que como o cara ter feito a pós-graduação lá e não saber o que é uma monografia, um TCC. Então ele deu uma enrolada, mas seria legal que você fosse atrás disso”, e a Juliana ficou atenta, esse foi o primeiro dia depois de dois anos que a Juliana ficou atenta a alguma coisa. A Juliana depois tentou retomar aí o assunto com o Otávio, o Otávio desconversou e mais um tempinho seguiu, até que a mãe da Juliana com uma amiga resolveu vir pra São Paulo pra ir na 25 de março, então era uma situação ideal pra Juliana vir fazer uma surpresa para o Otávio — Vocês sabem o que eu acho dessa coisa de surpresa, né? Nunca dá certo, então… Ela resolveu vir sem avisar nada pra ele. —

Ela tinha o endereço da tal pensão que ele morava e falou: “Ah, eu vou aparecer lá, fazer uma surpresa pra ele e vamos ver no que dá”. Juliana chegou em São Paulo, elas vieram no meio da semana pra aproveitar ali a 25 de março que a amiga da mãe dela ia comprar uns produtos pra vender em Minas. Então elas vieram no meio da semana e a ideia da Juliana era encontrar com o Otávio e ficar com ele. E lá foi ela bonita com um mapinha na mão, né? No celular, no caso, atrás dele, pra ver onde ele morava, era uma pensão que ele dizia que era ali no centro perto da Praça da República e ela foi, bateu no tal lugar e no lugar não era uma pensão, era uma lojinha de eletrônicos, não existia uma pensão no lugar. Ainda assim, a Juliana falou: “Bom, eu posso ter, sei lá, copiado o endereço errado, né? Agora eu vou ter que falar da minha surpresa e contar pra ele”. 

A Ju mandou um zap para o Otávio falando: “Olha, então onde você tá?”, aí ele falou que ele estava trabalhando, né? Que ele nem podia falar direito aquela hora, aí ela falou pra ele: “Então tá bom, quando você puder falar, você me avisa que eu tenho uma surpresa pra você”, e ele ficou curioso e falou: “Não, fala agora, fala agora”, e ela falou: “Olha, eu tô em frente o endereço que você me deu da sua pensão, só que aqui não é uma pensão” e o Otávio ficou mudo um tempo e falou: “Você tá em São Paulo?”, ela falou: “Tô, eu vim com a minha mãe e aí resolvi fazer uma surpresa pra você”, e esse moço gaguejou, gaguejou, gaguejou no telefone e falou pra ela: “Olha, eu já te chamo, eu não posso falar agora, eu já te chamo”. — Óbvio que não aconteceu né, gente? O cara deu um perdido nela. — E nesses três dias que ela ficou em São Paulo, ela não conseguiu falar com ele nenhuma vez, e aí ela já estava, óbvio, inchada de chorar, a mãe dela também já estava preocupada, ela entrou em contato lá com a família dele e a família dele falou: “Não, pra gente aqui tá tudo bem, será que ele não ficou bravo que você foi pra São Paulo sem avisar, né? Dá um tempo pra ele, quando você voltar pra Minas, você liga”. 

E foi o que ela fez, quando ela voltou pra Minas ela ligou pra ele… — E tinha a questão do dinheiro né, gente? Os dois anos que ela bancou a pós-graduação dele e o cara ia sumir e o dinheiro dela? — Bom, Juliana voltou pra Minas arrasada, nem curtiu São Paulo e foi atrás de informações do Otávio na casa do Otávio, e aí chegou lá estava a mãe e o pai do Otávio, o Otávio tem mais dois irmãos, mais velhos, casados, então não ficavam na casa. E o pai e a mãe do Otávio os dois resolveram abrir o jogo pra Juliana. — Olha só, não foi nem o Otávio que resolveu falar, foram os pais dele. Gente, olha que doideira. — Ele foi transferido pra São Paulo pela empresa, estava tudo certo, chegou em São Paulo ele foi numa palestra de um coach lá motivacional e saiu tão entusiasmado que pediu as contas no trabalho, e aí ele não tinha como se manter, e aí ele inventou a pós-graduação e quem estava bancando ele, no caso, que era a comida e uma pensãozinha realmente barata, era a Juliana… — Então ele não estava fazendo pós, ele não estava mais trabalhando. —

Mas por quê que ele saiu da empresa? O quê que ele fez? Ele largou o emprego numa multinacional, um emprego super estável, onde ele tinha uma chance grande de crescer pra vender queijo, [risos] isso mesmo, ele saiu da empresa pra vender queijo, pra abrir o próprio negócio. E aí o que ele fazia? Quando ele ia pra Minas encontrar a Juliana, na volta ele passava num lugar lá e trazia os queijos pra vender aqui, só que isso era assim, numa quantidade pequena, né? Porque ele não tinha grana e o negócio não foi pra frente. E, nesse meio tempo, ele conheceu uma moça lá de Minas no lugar que vendia queijo — Olha este cara… — e, enquanto a Juliana bancava o Otávio em São Paulo, ele casou com a moça do queijo. — Ele casou com a moça do queijo… — E aí ele teve a vantagem de pegar o queijo no preço [risos] de atacado, né? [risos] Porque a loja de queijo era do pai da menina, então o pai da menina começou a investir no Otávio, porque o sonho dele, sei lá, era ser o rei do queijo. 

A Juliana acha que ele casou com essa moça por interesse, mas enquanto ele namorava a moça, cortejava moça, e passava um perrengue em São Paulo, era a Juliana que bancava essa história toda. E pior, a família do Otávio sabia, a família do Otávio foi no casamento do Otávio com a moça do queijo e todo mundo sabendo que ele tinha a Juliana também. A moça do queijo não sabia da Juliana, provavelmente, nunca soube porque a Juliana também não foi atrás dela e os pais do Otávio tinham dado um prazo pra ele, pra ele contar pra Juliana e terminar tudo, só que o bonito foi enrolando até dar os dois anos lá da pós-graduação e pegando o dinheiro, e agora tinha que devolver o dinheiro e os pais do Otávio não tinham grana pra pagar a Juliana de volta. A Juliana ameaçou, a Juliana fez escândalo, a família da Juliana fez escândalo, mas nada resolveu, porque ninguém sabia quem era a moça do queijo, onde o Otávio morava, se ele estava morando em São Paulo ainda ou se ele tinha voltado pra Minas e a Juliana ficou de otária… — E como eu disse, ela virou uma ONG de macho, né? Sustentou o cara por dois anos e o cara no final casou com a moça do queijo. —

Agora os detalhes, como que você consegue esconder um relacionamento, um casamento com redes sociais, com tudo? Muito antes dele vir pra São Paulo, eles já tinham brigado e os dois tinham saído das redes sociais, então quando você não tem rede social é mais fácil você enganar as pessoas, né? E ele tomava cuidado, sei lá, não tirava foto. — Porque ela nunca viu uma foto, nunca. — Ela nem imaginou que ele pudesse ter outra pessoa e pudesse estar casado, né? Depois daquele dia que ela veio pra São Paulo e falou com ele no telefone, mas pelo WhatsApp, ela nunca mais conseguiu falar com ele, ele nunca mais atendeu ela, ele mudou o telefone, ele não falou com ela, ela ficou sabendo da história toda pelos sogros. — Ex-sogros, né? — E ela também não conseguiu recuperar o dinheiro. Todo aquele perrengue que ela passou também de não ter as coisas pra ela pra poder bancar a falsa pós-graduação dele… — No final é aquilo que eu falei, né? Você tem que fazer já sabendo que você não vai recuperar esse dinheiro de volta. 

Você se conformou aí com a história do Otávio? Com essa passada de perna que o Otávio deu na Juliana? — Não se conformou, né? — Pois a Juliana também não. Agora que ela, aquele amor, aquela paixão cega tinha acabado, a Juliana estava movida pela força do ódio, então ali no ódio ela começou a ver as coisas com mais clareza, como, por exemplo, que o Otávio, ele tinha falado pra Juliana que tinha conseguido terminar a faculdade à distância e ela sabia que podia acontecer de você terminar a faculdade à distância, mas no meio assim que ele estava, que ele trancou, era meio inviável a coisa, mas ela não foi atrás, ela acreditou nele, então ela estava crente que ele tinha terminado ali a faculdade pra começar a pós. E aí o que ela pensou? Se era mentira isso e agora ele tá em Minas de novo, porque pelo que os pais dele tinham comentado, ele tinha casado com a moça do queijo e agora ele morava em algum lugar em Minas que ela não sabia onde e, provavelmente, levava os queijos pra São Paulo, ou nem estava mais levando o queijo, sei lá, estava vivendo escorado no sogro. — Vai saber, né? —

E o quê que ela pensou? “Se eu não posso fazer tocaia na frente da casa dele”, não tinha como, era tipo uma casa de frente pra um muro assim, um murão, então se ela ficasse numa esquina ou na outra, ela ia ser vista, não tinha uma moita, [risos] não tinha uma moita pra ela se esconder e ficar ali esperando pra ver se ele chegava com a amostra do queijo, a esposa do queijo. — A gente pode chamar a esposa dele de Mussarela. Não, não vamos chamar a esposa dele de Mussarela, porque ela pode ser uma moça incrível, uma pessoa legal, que aí foi enganada também esse tempo que ela ficou com o Otávio enquanto ele namorava a Juliana. Então já que a Juliana não podia ficar ali de tocaia na frente da casa dos ex-sogros, o quê que ela pensou? A única coisa que talvez ele pudesse retomar: a faculdade. Será que ele não destrancaria ali a facul e voltasse… Era uma tentativa. Porque assim, ó, ela dava todo mês pra ele mil e duzentos reais… — Gente, faz as contas aí por dois anos, é dinheiro, é muito dinheiro. — E ela deu, né? Porque o cara ia devolver como? Em queijo? [risos] — Ai, meu Deus. —

Então ela falou: “Eu vou até a faculdade e vamos ver no que dá”, e lá foi ela bonita para a faculdade. A Juliana chegou lá na faculdade e mais uma decepção, a moça da secretaria disse que não poderia passar nenhuma informação de aluno, nem se estava, nem se não estava, que era contra o regulamento da faculdade e que não podia, que isso que aquilo, e a Juliana insistiu, insistiu, mas não conseguiu nada, mas no final ela achou, — Deduziu da cabeça dela — que a moça fez um sinal pra ela dizendo que sim, que ele tinha voltado, mas ela não sabe se isso foi coisa da cabeça dela ou se a moça realmente fez o sinal. Daí a nossa amiga Juliana resolveu que ela ia fazer uma tocaia toda noite na porta da faculdade, então a partir das dezoito horas tinha um trequinho, uma lanchonetezinha de açaí ali na frente, açaí e pão de queijo [risos] — Não sei se combina, mas era isso, açaí e pão de queijo. —’

E ela ficava lá todo dia esperando ele chegar porque… Ela nem sabia direito o que ela ia fazer, mas ela queria confrontar o cara. — Falar: “Otávio, seu cretino”, xingar, sei lá, fazer um barraco. — Ela nem sabia o que ela queria na verdade além do dinheiro dela, né? [risos] Porque o dinheiro, poxa vida, né? Mas ela estava ali, ela precisava de um desfecho, porque ele não falou mais com ela, enfim. E todo dia seis da tarde ela estava ali no açaí, — Com pão de queijo — e ficava ali mais ou menos até umas oito… — Gente, duas horas, duas horas. — E ela fez isso por quatro meses. — Quatro meses —. Até que um dia ela estava lá na mesa, já tinha dado o horário de entrada, então ela ficava um pouco a mais pra ver se ele chegava pra segunda aula, mas ele nunca apareceu e ela estava lá sentada e o rapaz que era dono do açaí e pão de queijo, falou: “Você não se incomoda se eu te fizer uma pergunta? Você vem aqui todo dia e consome e fica aí olhando pra fora, né? Sempre com uma cara de raiva, eu posso te ajudar em alguma coisa? Você precisa de alguma coisa?”, e aí ela já estava tão assim de saco cheio, tão arrasada que ela começou a contar a vida dela para o dono do açaí ali e pão de queijo. 

E contou tudo, absolutamente tudo, inclusive que ela estava ali pra fazer uma tocaia, e aí o cara falou pra ela assim: “Mas e aí? Se você encontrar com ele você vai fazer o quê? Você não tá armada?” [risos] e ela falou que não, tal. E agora os próximos dias que ela ia lá, o cara sentava com ela na mesa pra olhar e ela mostrou uma foto, e aí o cara ficava também olhando pra ver se achava o cara, e ele falou pra ela: “Olha, eu tô aqui de manhã até à noite, então eu saio à tarde, mas de manhã e à noite que tem faculdade eu tô aqui, se eu encontrar o cara, eu te aviso. Você não quer me dar seu telefone?”. E aí, gente, eles trocaram telefone e ela começou a conversar com esse cara do açaí aí, que tinha ali mais ou menos a idade dela e o cara estava ali na batalha, né? Vendendo o açaí com pão de queijo, até que chegou num ponto que eles não conversavam mais sobre o Otávio, eles falavam de outras coisas. E um dia ela chegou lá no açaí, ela já estava meio interessada e ele deu [tom de empolgação] um beijo nela. 

Resumo da história, a Juliana namorou esse cara do açaí, noivou com esse cara do açaí, casou com o cara do açaí, teve dois filhos com o Ricardo do açaí. A lanchonete deles ali, que agora já era deles, né? Ali na frente da faculdade expandiu, dia de sexta-feira eles já faziam pizza, então serviam mais coisas. E ali deu uns cinco anos que eles estavam juntos, um belo dia… [risos] — Porque o universo, gente, ele é danado. — Um belo dia, ela ficava lá à tarde, né? Porque tinha as crianças aí, as crianças iam pra escolinha de manhã, ela ficava à tarde e depois ela pegava as crianças, quem que chega, o representante do queijo que parou lá [risos] pra vender queijo pra lanchonete da Juliana? Quem que foi? [risos] 

Eu queria ser um potinho de açaí pra tá ali na geladeirinha de frente transparente olhando pra cara do Otávio a hora que ele viu a Juliana. Por que o quê que ele fez? Ele chegou — Representante, né? Vai passando nos lugares — e viu ali uma funcionária no balcão e deu o cartão dele e um folder pra funcionária e falou: “Olha, eu vendo queijo e tal, se precisar, não sei o quê” e ela falou: “A dona tá aí, você não quer falar com ela?”, ele falou: “Opa, quero sim”, então, quer dizer, ele já tinha dado ali todos os dados dele — Todos os dados dele. — antes mesmo dele ver a Juliana. A Juliana tomou um baita susto, o Otávio ficou pálido quase caiu no meio da lanchonete e, assim, foi uma surpresa para os dois, uma surpresa horrível, né? E antes que ela falasse qualquer coisa, ele já foi falando: “Juliana, me perdoa, eu fiz um monte de coisa errada, que isso e aquilo”, e ela nem conseguia ouvir direito porque ela só pensava: “Gente, o Otávio tá na minha frente, o Otávio tá na minha frente”, ela queria pegar uma faca e realmente enfiar nele. — [risos] Mas ainda bem que ela não fez, não façam isso. —

Aí ele ficou falando, falando, falando e ela ficou olhando pra cara dele e ele foi embora. E estamos nesse ponto. Isso aconteceu, ela não comentou com o marido dela. — O que eu achei vacilo, acho que tem que comentar com o marido, né? Porque ele já sabe da história toda. — Mas ela tem medo, de repente, sei lá, o marido ficar puto e agora que tem o endereço do Otávio ir lá bater nele, sei lá, dar merda, sabe? Então tem isso também, né? — De repente, né? Foi bom não ter falado. — Mas agora, ela tá numa dúvida se ela, sei lá, começa a cobrar o Otávio, põe ele na justiça, alguma coisa assim, porque ela falou que ela tem todos os comprovantes e, sei lá, tentar pelo menos infernizar a vida dele. 

Eu acho que assim, cinco anos depois, sei lá, não caducou essa dívida? [risos] E também não sei, se vai… Você tá tão bem, a sua lanchonete cresceu, você tem um marido que você ama, você tem dois filhos lindos, você vai atrás de Otávio agora, pra encher o saco do Otávio? Então eu sou contra. Mas é isso que a Juliana quer saber de vocês, se ela coloca o Otávio na justiça, porque a intenção dela não é nem mais falar com ele, nada, ela tem todos os dados, sei lá, ela nem procurou um advogado ainda, de repente também nem dá pra fazer, mas ela vai atrás disso, de colocar ele na justiça pra ver se ela consegue esse dinheiro de volta, ou nens? Eu acho que nens. Já passou, já perdeu esse dinheiro, né? Eu não iria atrás, e vocês? O quê que vocês acham que a Juliana deve fazer? Esquecer ou ir atrás aí desse Otávio cara de pau, 171? 

E, assim, se ela for colocar o Otávio na justiça, aí ela vai ter que contar para o marido óbvio, né? Mas se ela deixar pra lá, de repente ela nem conta, mas em todo caso eu acho que ela devia contar, porque também a funcionária viu o cara ali quase ajoelhado pedindo perdão pra Juliana, fica chato, daqui a pouco essa menina comenta com o Ricardo, é um vacilo, né? Ela que tem que contar. Então eu acho que de qualquer forma ela deve contar para o Ricardo sim, e não botar o Otávio no pau. Essa é a minha opinião, agora vocês aí digam o que vocês acham. A Juliana tá no grupo e vai ler as respostas de vocês, então é isso, um beijo, até a próxima e é isso.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.