título: ranho
data de publicação: 01/05/2023
quadro: picolé de limão
hashtag: #ranho
personagens: roberta e um cara
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje eu vou contar pra vocês a história da Roberta. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]A Roberta conheceu um carinha aí logo na virada do ano. Então, ela foi lá, foi pra praia e, segundo a Roberta, ela pulou sete ondas e fez um pedido, pedido pro amor… [risos] Passou de calcinha rosa e nã nã nã… E aí, quando foi fevereiro, ela conheceu um cara. E aí estava, assim, super animada com o cara, o cara super gente boa e tal… E aí eles começaram a ficar, ficaram ali, trocaram uns beijos e tal no começo, e a Roberta convidou esse cara para ir passar um final de semana na casa dela. Então, o cara foi numa sexta—feira à noite e foi super legal, eles ficaram juntos e nã nã nã, ele dormiu lá… E aí, na manhã seguinte… [risos] A Roberta ainda estava dormindo, quando ela escutou um barulho… [barulho de estrondo] Segundo a Roberta, parecia um javali. [risos] — Eu não sei que barulho faz um javali… [efeito sonoro de javali] — Mas ela falou que parecia um, assim, meio que um assopro, um grunhido estranho, um barulho estranho e ela acordou assustada.
E aí, quando ela acordou, pensem na cena: O cara estava sentado na cama… — E sabe quando você [risos] assoa o nariz, que você… Quer dizer, você não, né? Eu espero que você não faça isso, [risos] pelo menos não em público, não na casa das pessoas, na frente das pessoas e sem nenhum papel. — Ele tapou uma narina e a outra ele soprou, [efeito sonoro de bramido] tipo, pra desentupir o nariz, mas sem botar a mão ou um papel ou um lenço, sei lá… E aí, o que tinha no nariz dele — que nós vamos chamar de ranho [risos] — saiu voando e caiu ali num móvel da Roberta. A Roberta ainda acordando, assim, meio atordoada, ficou em choque [risos] e falou pra ele: “O que você tá fazendo? e ele falou: “Ah, tô desentupindo o nariz, pode deixar que eu vou limpar”. A Roberta sem entender muito, ficou olhando… Ele foi até o banheiro, pegou um papel, veio e passou o papel no móvel dela. — Gente, pra mim, praticamente inutilizou o móvel, [risos] mas tudo bem. Lembrando que esse cara passaria o final de semana lá, né? —
Ao longo do dia, ela percebeu que ele fazia muito isso, gente… Então, ele tapava uma narina e assoava, né? Sem papel, sem nada… — O ranho que tivesse lá, o que tivesse lá dentro, [risos] a catota que estivesse lá dentro daquele nariz saía voando… — Algumas vezes ele ia, pegava o papel e limpava e outras ele não achava pra onde foi o ranho.[risos] — Ai, desculpa… [risos] — Ele não achava pra onde foi o ranho e não pegava. — Ô, gente… Qual é o problema desse rapaz que não pode botar um lenço no nariz e assoar um pedaço de papel higiênico? — E aí o cara ia fazendo isso aí ao longo do dia… E a Roberta algumas vezes falava e chegou uma que ela falou: “Mano, sei lá, pega um papel, não dá, não tem condição” e ele falou que com o papel ele não conseguia, mas que ele tinha muita secreção e tinha que sair, enfim…
E Roberta não vendo a hora de chegar domingo pro cara vazar… — Porque ela não estava aguentando mais, ela tinha que ficar olhando pra ver pra onde ele ia assoar esse nariz pra limpar se ele não limpasse. Então, gente, pensa, né? — Só que o cara, fora a questão do ranho, ele era legal, [risos] ele era maneiro, assim, né? Segundo a Roberta, ele era um cara legal. E aí a Roberta falou: “Ah, eu vou dar mais uma chance pra ele”, e aí eles ficaram mais uma semana, só que aí a Roberta não chamou ele pra ir na casa dela… [risos] Eles foram passar um final semana juntos e piorou… Porque, assim, aí como não era a casa dela, nem a casa dele, ele não limpava… Ele simplesmente ia suando o nariz aí pela pousada que eles estavam lá, pelo quarto e, enfim… No último dia que eles estavam nessa mini viagem, eles voltaram e a Roberta [risos] passou num bar onde estavam os amigos dela… E eles pararam, começaram a conversar e o pessoal tava lá tomando uma cerveja, comendo um petisco e nã nã nã…
No bar, galera no bar… De repente… [risos] A Roberta só ouve uma amiga dela, que a gentepode chamar de Cíntia, falando assim pra esse cara: “Mano, cê tá louco? Eu tô aqui, tô comendo… O que cê tá fazendo?”, no que ela olhou, ele tava puxando um… [risos] Um alien de dentro do nariz dele. Sabe assim meio mole, meio elástico o negócio? E enrolando no dedo… Ai, que nojo… E aí saiu uma mini briga no bar, porque ele achou que a amiga da Roberta não tinha que falar daquele jeito com ele e nã nã nã… Mas, enfim, passou. [risos] Passou o negócio. E aí chegamos agora, esse ponto… Gente, isso tem uns meses e a Roberta ainda está com esse cara. E a casa dela tem ranho pra tudo quanto é lado. — [risos] Ai meu Deus do céu… Por quê? [risos] — Ela falou que às vezes ela acha e tal, e que ela gosta dele, que ela queria que ele mudasse, que ele parasse com isso… Mas Roberta, você também conheceu o cara assim já, cheio de ranho, fazendo isso… E ele não usa papel, não usa lenço, não usa nada… Ele é porco, né? Pra mim é porco. É um cara sem educação, porque tudo bem, você tem muita secreção, você assoa o nariz num papel, sei lá, né? Vai ficar solto assim? Espalhando?
A Roberta falou que gruda na parede, gruda onde pegar, né, gente? Pelo amor de Deus… E aí a Roberta me escreveu por quê? Porque ela às vezes pensa em terminar com ele, mas ela gosta dele… Mas a coisa vai tomando uma proporção, né? Eu acho que daqui a um ano você vai estar odiando esse cara… Porque não é possível, né? E também que o cara não faça nenhum esforço, mínimo esforço, pra não ser tão nojento. Usar um papel… Pelo menos quando tá com você, sei lá… E aí a Roberta falou que não gosta de ir na casa dele, porque na casa dele, ele tipo, tira o ranho mesmo e passa onde tiver, assim, na parede, na mesa, embaixo da mesa… Gente, pelo amor de Deus… Que homem é esse? Eu não entendi bem o que a Roberta quer, assim, porque o cara não vai mudar, né? O cara não vai mudar… E é um cara de 30 anos, não tem como a gente falar que o cara não sabe das coisas, porque sabe, né? E ou você convive com esse ranho todo ou você termina, não tem como… Vai mudar o cara? O cara não vai mudar.
Então não sei o que dizer… [risos] Ai, que nojo… [risos]
[trilha]Assinante 1: Oi, Déia, oi, Roberta, eu sou o Rodrigo e eu falo de Ottawa, no Canadá. Roberta, muito bacana a sua tolerância e compreensão, mas se você trouxe esse assunto para ser debatido publicamente é porque ele já tá te incomodando num nível mais profundo e talvez tenha chegado a hora de chamar esse rapaz para conversar, porque aparentemente é um ato inofensivo, que ele não tem controle, mas isso esconde isso um… Na verdade, isso revela um adulto que não se constrange do asco que ele provoca nas outras pessoas com essa falta de cuidado. Então, pode parecer um ato ingênuo, simples de compreensão, de compreender, mas enfim, pode estar escondendo coisas mais profundas e problemáticas de uma personalidade que não sabe o seu lugar no social. Então, te convido a refletir um pouco sobre isso. Um abraço.
Assinante 2: Oi, gente, tudo bem? Me chamo Athos e falo daqui do Rio de Janeiro. Roberta, só posso te dizer uma coisa: Larga esse, cara, porque que cara nojento, né? Como a Déia falou, ele não vai mudar… Eu tenho rinite, enfim, mas sempre ando com um lencinho no bolso ou, sempre que possível, vou no banheiro e, enfim, não tem como ficar com um cara que no meio do restaurante faz uma coisa dessa… Eu confesso que eu fiquei até enjoado de ouvir e imaginei a situação e, cara, larga ele… Porque não tem condições.
[trilha]Déia Freitas: Deixem seus recados lá pra Roberta no nosso grupo do Telegram. Sejam gentis, mas acho que não há o que fazer, Roberta, você vai ter que largar esse cara se você não quiser conviver com esse ranho… Ou senão, convive com o ranho. Não sei… [risos] O que vocês acham? [risos] [vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]