Skip to main content

título: sandrinho
data de publicação: 23/08/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #sandrinho
personagens: carlos e sandrinho

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de limão, e hoje eu vou contar pra vocês a história do Carlos e do Sandrinho, quem me escreve é o Carlos. Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]

Carlos conheceu o Sandrinho na academia, então pensa assim, uma academia mais modernoza assim, mais chiquetosa. E o Sandrinho ele ganhou de alguém, — A gente não sabe quem, tá aí uma pessoa X — um vale que é tipo um vale presente, que ele podia malhar ali naquela academia por um mês. E aí nessa o Carlos já era dessa academia, né? Ele conheceu o Sandrinho, eles se gostaram e eles ficaram uma vez. Aí Carlos já de cara achou o Sandrinho assim, maravilhoso… Porque eles ficaram, foram pra casa do Carlos e tal, no dia seguinte de manhã, quando o Carlos acordou o Sandrinho tinha feito café da manhã, [trilha sonora] Sandrinho serviu café da manhã pro Carlos na cama. E aí assim, falou: “Nossa, né? Sandrinho maravilhoso”, a hora que ele chegou na cozinha estava tudo bagunçado, estava um caos? Estava, mas pelo menos o Sandrinho fez o café da manhã, né? Ele se esforçou ali, fez o café da manhã. — E… [risos] Olha, isso pra mim já é um sinal, mas tudo bem. —

E aí também depois não limpou nada assim, ele deixou a cozinha do Carlos [risos] uma bagunça. — Até quebrou coisa. [risos] — Mas fez o café da manhã. — Isso que pro Carlos foi mais importante. — E aí Sandrinho, enquanto o Carlos arrumava a cozinha, ficou ali assistindo televisão, [risos] depois eles almoçaram ali mesmo na casa de Carlos e Sandrinho foi embora. E aí a partir daí o Sandrinho sempre ia pra casa do Carlos. — Essa história toda que eu vou contar pra vocês ela se passa em 3 meses, cravadinho 3 meses. Até que um dia o Carlos perguntou pra ele, depois que eles já estavam nessa do Sandrinho ir na casa do Carlos há quase um mês, praticamente todo dia… O Carlos perguntou pra ele: “E aí? Mas a gente está namorando? O que a gente tá, né?”, e o Carlos já crente que o Sandrinho ia falar aqueles papinhos do tipo: “Não vamos colocar rótulo… Vamos deixar rolar, nã nã nã”, mas não, Sandrinho disse: “Mas é lógico que estamos namorando. Sim, estamos namorando, sim”, e aí era sempre assim que o Sandrinho agia, por exemplo, ele fazia um… Tipo um dia de spa pro Carlos, o Carlos chegava do trabalho e aí tinha lá umas rosas pelo chão, o Sandrinho fazia uma massagem de óleo nele, assim, Sandrinho era esse tipo de cara, sabe? Bem romântico que faz coisinhas. —

Só que assim, depois que acabava, você volta pra vida real, né? Que aí você tem que recolher as pétalas de rosa… [risos] O Sandrinho nunca ajudava, então esse tipo de coisinhas românticas, né? Foram pesando pro Carlos… [riso] Porque poxa, terminou ali aquela noite romântica que o Sandrinho preparou, agora o Carlos tinha que aspirar as pétalas de rosa, “Aí, poxa, o Sandrinho colocou na cama um lençol que eu gosto pra caramba e agora o lençol tá cheio de óleo de banho”, [risos] porque o Sandrinho fez uma massagem nele, mas assim, a casa ficava toda emporcalhada, ele fazia muita bagunça pra poder fazer essas coisinhas românticas aí que ele gostava e ele nunca ajudava, ele nunca limpava e ele tipo não estava nem aí. — Isso pra mim já era nota de corte, sabe? —

Mas o Carlos via por esse outro lado, né? Tipo: “Poxa, o cara tá fazendo coisas pra mim, né?”, e foi indo, gente, dois meses assim, o Carlos já estava um pouquinho [risos] de saco cheio dessas surpresinhas de romance, né? Porque era sempre isso, ele que tinha que limpar, ele que tinha que organizar as coisas, Sandrinho não tinha nem cuidado com as coisas, quebrava as coisas, não estava nem aí. E outra, Sandrinho fazia surpresas meio que com o dinheiro do Carlos. — Eu falei: “Carlos, mas como é isso?”, ele falou: “Andréia, como ele estava todo dia na minha casa, eu tenho ali na minha casa um cartão que eu deixo só pra coisinhas assim de casa, e um dia ele foi no mercado, sei lá, e eu pedi pra ele trazer umas cervejas e eu dei o cartão na mão dele e a senha”. Ô, gente… Carlos falou: “Tudo bem, Andréia, eu sei, eu sei, eu sei… Mas eu dei”. 

E aí quando veio… — A gente tá falando de um relacionamento de 3 meses. — Quando veio ali a primeira fatura, estava alta, mas não estava tão alta, porque assim, ele comprou o quê? Uma pétala de Rosa, um frasco de óleo de banho pra fazer massagem no Carlos, comprou umas toalhas de banho também bem bonitas e grossas. E aí o Carlos ficava nessa, porque ele falou: “Poxa, as toalhas que ele comprou, era uma coisa que eu estava precisando”, então também, sabe assim? Não foi um problema. — Não foi um problema e eu acho que tudo bem gente isso também, né? Porque às vezes você tá com a pessoa, a pessoa não tem dinheiro, você tem, e você quer fazer as coisinhas, gente, faça, sabe? Não é o problema, né? Só começa a ser um problema quando você se sente explorado, se você não se sente explorado, se você tem aquele dinheiro e que gastou, que foi gostoso, que foi legal… Gente, tá tudo certo, pelo menos é assim que eu penso, né? E ninguém estava sendo enganado ali, não foi uma coisa assim que o Sandrinho fez pelas costas, né? E tudo bem. — 

O único problema do Carlos com o Sandrinho era esse, era a bagunça que ele fazia e ele tipo não ajudava, não lavava um copo o Sandrinho. — [risos] Não lavava um copo. — E aí mais um mês ali se passou, a gente entrou no terceiro mês, nesse terceiro mês era aniversário do Carlos, e aí o Carlos não tinha programado nada para o aniversário, porque ele assim, não é um cara que comemora assim, não liga pra aniversário. — Tipo eu, eu não ligo pra aniversário. — O Sandrinho? Imagina que Sandrinho não ia fazer algo especial, né? Algo de muito querido. E aí Sandrinho no dia do aniversário do Carlos fez uma surpresa… — Surpresa de aniversário gente, nossa Deus… — Fez uma surpresa para o Carlos, falou: “Eu vou te levar num lugar e a gente vai jantar e depois a gente volta pra cá, a gente assiste um filminho, nã nã nã… Uma coisa bem assim romântica”, e o Carlos já, assim pensando: “Ótimo que a gente vai jantar fora porque depois eu não tenho que limpar as coisas”. [risos] — Ô, Carlos. —

E aí, a gente vai voltar para o Le Poney, nosso restaurante francês do Pônei. O Sandrinho levou o Carlos no Le Poney, só que quando chegou lá no Le Poney, tinha umas 20 pessoas, entre essas pessoas muitos amigos do Carlos e algumas pessoas que ele não conhecia que eram amigos do Sandrinho, e que ele ficou conhecendo na hora, então assim, primeiro que ele já achou estranho, né? Você convidar pra uma festa íntima de aniversário pessoas que ele não conhecia, mas tudo bem. E aí, gente, foi uma festa maravilhosa no Le Poney e champanhota, e comidinhas francesas gostosinhas, nã nã nã… Festona. E o Carlos curtiu a festa, assim… — Ele falando pra mim: “Andréia, não é uma coisa que eu faria, sabe? Que tinha umas pessoas ali que eu não conhecia, que eu estava intrigado assim pra saber quem era, né? Essas pessoas no meu aniversário…” e passou, o aniversário foi ótimo, nã nã nã, tudo certo. —

Deu cravado o terceiro mês, que o Carlos olhou a fatura do cartão, ele quase caiu de costas, gente, a fatura do Carlos estava em quase oito mil reais da festa do Le Poney, e de mais algumas coisas ali que o Sandrinho tinha feito. — Era assim, era uma coisa surreal, era um negócio que ele nunca tinha usado na vida… — A gente tá falando de uma época assim, que ainda não era comum a gente ter esses avisos no celular. — Porque hoje em dia acho que está mais fácil, né? — Apesar de que eu já recebi histórias de agora, de gente que consegue burlar, consegue tirar as notificações do seu cartão e usar sabe? Mexe no seu celular e tira, e se você é meio tapada — Tipo eu, eu sou muito tapada pra coisa de celular assim, então, que nem até hoje eu tenho um cartão que eu não sei onde mexe, não consegui achar onde mexe pra receber as notificações quando eu gasto assim, então aí eu tenho que toda vez abrir pra ver se tá tudo certo, sabe? Que não adianta, já tentei, não acho. —

E aí que ele foi procurar Sandrinho, cadê Sandrinho? Sandrinho desapareceu, gente, desapareceu Sandrinho… E aí… — A gente vai entrar aqui num assunto que é essa questão de… — Em quanto tempo você precisa já saber de mais detalhes da outra pessoa? Porque assim, com 3 meses de namoro, o Sandrinho praticamente morava na casa do Carlos, e o Carlos não sabia onde ele morava, não sabia sobrenome de Sandrinho, ele não sabia nada do Sandrinho, e ele foi reparar nisso só quando o Sandrinho sumiu, que ele sabia apenas “Sandrinho”, que quando acabou o passe lá gratuito que ele tinha na academia, o Sandrinho tinha sumido. E aí o Sandrinho sumiu. Ele com essa conta do cartão, passa mais um tempo, ele não acha o Sandrinho. — E aí assim, falou: “Puts, tomei um golpe, né?”, passa ali mais umas três semanas, gente, começa a aparecer gente na portaria do Carlos. — E uma gente fazendo escândalo. —

Sabe quem eram as pessoas que estavam no aniversário do Carlos? Que Carlos não conhecia? E o Sandrinho levou? Era gente que foi ver como eram as festas que o Sandrinho mentiu que organizava, pessoas que pagaram o Sandrinho para que o Sandrinho fizesse festas pra essas pessoas, e o Sandrinho pegou o dinheiro dessa gente toda e sumiu. E no contrato — Que o Sandrinho fez um contrato — estava que o nome do Sandrinho era Geraldo, [risos] nem o nome do Sandrinho era Sandrinho, o nome do Sandrinho era Geraldo e ele colocou o endereço do Carlos no contrato. — Pra todo mundo… — E as pessoas começaram a bater lá na casa do Carlos, e aí o Carlos foi obrigado a fazer um boletim de ocorrência e descobriu que o Sandrinho já tinha mais dois boletins de ocorrência por estelionato, Sandrinho/Geraldo, Geraldinho, por estelionato, gente. E Carlos falou: “Quem via Sandrinho jamais imaginava”, ele teve essa perturbação, depois ele avisou o porteiro lá e falou: “Meu, nem me interfona mais, fala pra galera ir procurar a polícia, fala que foi golpe e a galera que lute também”, porque ele já tinha ali o problema dele que era pagar o cartão.

Então olha, gente, o Sandrinho, Geraldo, — Sandro Geraldo — ele se aproveitou de uma situação, foi fazer uma festa de aniversário para o Carlos e usou essa festa como se fosse um portfólio dele pra vender outras festas. E aí lógico que pegou o dinheiro da galera, não fez festa nenhuma, não pagou a festa de Carlos, que passou a festa de Carlos no cartão do próprio Carlos e sumiu. Sumiu. E aí o Carlos ficou pensando né? Será que ele já tinha tudo isso planejado desde o começo? Eu acho que não, essa é a pergunta do Carlos, inclusive, para o grupo, nosso grupo do Telegram, se você não tá ainda no nosso grupo do Telegram é só jogar na busca lá “Não Inviabilize”, que aparece pra você o nosso grupo. A pergunta do Carlos é essa: Será que Sandrinho Geraldo fez tudo de caso pensado desde o começo? — E ele, tipo, foi um pato total — Ou será que ele só depois da festa que ele pegou o dinheiro das pessoas, aí ele resolveu sumir? 

Eu tenho uma teoria, que assim, ele já tinha dois boletins de ocorrência por estelionato. — Estelionato no Brasil praticamente não prende ninguém, né? — E eu acho que a pessoa quando ela é estelionatária ela trabalha em cima das oportunidades, então quando o Sandrinho viu ali que ele tinha um cartão e que tinha o evento “aniversário”, falou: “Poxa, dá pra fazer um negócio aqui”. — Dá pra fazer uma coisinha boa aqui. — E aí sim que ele planejou, mas assim, meio que em cima mesmo, sabe? Porque estelionatário é assim, eles têm uma lábia, né? E não acho que foi desde o começo que ele planejou, não, e aí o Carlos fica: “Ah, mas será que ele gostou de mim?”, falei: “Bom, não interessa se gostou ou se não gostou, o cara era um pilantra. O cara era um estelionatário, mesmo que ele tenha gostado de você ele dá golpe nas pessoas”, e aí é essa a história de Sandrinho, e no final virou Sandrinho Geraldo, o estelionatário. Surreal, né, gente?

[trilha] 

Assinante 1: Oi, Déia. Oi, pessoal. Meu nome é Andrei, de São José dos Campos. Eu acho, sinceramente, concordo com a Déia quando ela fala sobre oportunidade, mas eu acho que a oportunidade surgiu lá no começo. Eu acho que ele já deve ter ido na má intenção na hora da academia, porque como você mesmo disse, a academia era toda bonitona, chiquetosa, então assim, como ele já tem o caso de estelionato provavelmente ele já foi na má intenção quando chegou lá, ele só chegou pra pescar onde ele sabia que podia ter peixe grande, e daí ele só foi, as oportunidades foram aparecendo pra ele, né? Acredito nisso. Um beijo pra todo mundo.

Assinante 2: Oi, Déia. Oi, povo. Tudo bom? Meu nome é Alessandra, eu moro em Dublin na Irlanda. E, olha, Carlos, eu acho sim que ele fez tudo pensado, 3 meses… Eu acho que ele colocou um tempo ali, sabe? Pra conseguir todos os objetivos que ele tinha. Te trouxe pra academia, ficou rodando na sua vida, sabia da sua qualidade de vida, então ele sabia que podia investir em você e foi isso que ele fez. Ele pegou o seu cartão, ele gastou, tanto é que agora você descobriu aí que ele tem mais dois B.O.s, né? [risos] Eu acho sim que ele fez tudo de caso pensado, e tá aí uma oportunidade pra gente agora, né? Abrir os olhos, não acreditar em tudo que as pessoas falam, ou ir atrás das coisas. Enfim, espero que vocês fiquem bem, espero que esteja tudo bem com você Carlos. Um grande beijo e ele vai é pagar pelo que ele fez, hein? 

Déia Freitas: Então é isso, gente, um beijo e até breve.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.