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título: severo
data de publicação: 27/10/2025
quadro: picolé de limão
hashtag: #severo
personagens: vanusa, gerson, júnior e júlia

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii… — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem tá aqui comigo hoje é a La Guapa. A La Guapa é a rede de empanadas artesanais mais bonita e gostosa do Brasil. São várias lojas espalhadas pelo país e um cardápio com sabores que vão dos clássicos até as criações exclusivas, incluindo opções veganas. — Minha praia, amo… — Todo mundo merece se deliciar com a melhor empanada do Brasil. Além das empanadas, a La Guapa também tem as sobremesas, como o tableton, alfajor… Tem também uma salada fresquíssima, uma carta de cafés maravilhosos e os cafés são muito bons mesmo, já provei… Pra melhorar, a La Guapa acabou de lançar o “Clube La Guapa”, pacote de produtos que você escolhe e paga muito mais barato.

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[trilha]

Vanusa teve aí dois filhos com o Gerson, seu marido. Ela decidiu que ela não trabalharia mais fora. — Então, hoje, desde quando ela teve os bebês, hoje o Júnior já tem aí seus 20 anos, e a menina, que a gente pode chamar aqui de “Júlia”, está com os seus 12 para 13 anos. — Então, desde que eles eram bebês, primeiro o Júnior e depois a Júlia, a Vanusa não trabalhou mais. Então, pelo menos, não trabalhou mais fora. Fazia ali os afazeres domésticos e complementava a renda vendendo PôneiVon, PôneiTura, enfim, Gerson dando um duro para manter a família, manter a casa e tudo, enfim… Com o passar do tempo, Gerson conseguiu comprar um carrinho. Primeiro um carro usado, aí trabalhou mais, deu o carro usado como entrada comprou um carro zero. — Um carro popular, mas um carro zero. — A vida foi progredindo, ele foi fazendo as coisinhas junto com Vanusa e o tempo foi passando.

Quando o Júnior completou 18 anos, um tio dele resolveu dar de presente para ele a habilitação, tirar a carta dele. O Gerson falou: “Olha, agora que ele está com 18 anos, ele tem que focar em fazer o cursinho dele, passar na faculdade que ele quer… Mesmo porque ele tendo habilitação ou não, o meu carro ele não vai pegar, porque ele é o meu instrumento de trabalho”. Gerson, além de ter um trabalho CLT, para complementar a renda, ele usa o carro como carro de aplicativo. Gerson deixou bem claro que Júnior não pegaria o carro da família ali para sair com amigos, para passear ou, sei lá, para ir no cursinho, para nada. Assim ficou estabelecido, o Júnior sabia que ele não ia poder pegar o carro do pai, mas ainda assim, ele quis esse presente do tio, que seria a habilitação. O tio, então, depois de ter essa conversa com o Gerson, falou: “Olha, então eu posso dar habilitação para ele mais para frente, quando eu tiver a condição de comprar o próprio carro”, mas o Júnior, muito ansioso, quis agora. 

Então, o tio deu a habilitação para ele. Júnior foi lá, tirou a habilitação. — Nunca tinha dirigido, mas com muita facilidade para aprender e tal, passou de primeira, fez todas as provas, todos os testes e passou… — Agora sim, Júnior era aí habilitado. Ele insistiu para que o Gerson deixasse ele usar o carro e o Gerson disse: “Eu já falei para você, esse carro eu uso para complementar renda, é o carro da família, serve para um monte de coisa, mas para você passear, para dar volta com seus amigos, não serve. Depois que você fizer a sua faculdade, você tiver seu dinheiro, você compra o seu próprio carro e aí você vai viver sua vida com o seu próprio carro”, Júnior ficou emburrado, mas entendeu e o tempo passou… Uma manhã de sábado, Vanusa e Gerson acordavam cedo ali, por volta de seis e pouco da manhã… Acordam, você vai ali para a cozinha e tal, tomar café e, q quando eles olharam pela janela da sala, sem a menor pretensão de nada, viram que na garagem o carro não estava. — O carro da família… —

Na hora, Vanusa já se ligou do que tinha acontecido e correu no quarto ali… — Que era um quarto só, né? Do Júnior e da menina… E viu que só estava a Júlia dormindo. — Júnior não estava. Gerson, muito nervoso, já falou para a Vanusa ligar para ver onde ele estava, porque ele tinha saído com o carro. Vanusa começou a ligar, chamava, chamava… Até que o telefone foi atendido, mas não foi atendido aí pelo Júnior. Foi atendido num pronto socorro, num hospital… Júnior estava fora de perigo, mas estava no hospital por conta de um acidente de trânsito. Gerson e Vanusa foram imediatamente ali para o hospital para ver o que tinha acontecido e Júnior tinha quebrado um braço, o amigo que estava com ele também tinha um ferimento ali, mas também algo leve… Só que o o carro estava com a frente detonada.

Gerson arrasado porque o carro dele tinha rastreador, mas não tinha seguro… Viu o estrago e, pior, viu o estrago que foi feito também no outro carro, que ele bateu na traseira de um outro carro. — Por sinal, de um motorista de carro de aplicativo, só que era um carro alugado. — O prejuízo ali seria o conserto do carro do Gerson, para que ele conseguisse trabalhar novamente, e também o conserto do carro do outro cara, porque o errado foi o Júnior. Gerson, vendo que o filho estava fora de perigo, ficou muito bravo, mas ficou calado, porque o filho estava bem assustado também, sabia que o que ele tinha feito era muito errado. Gerson nada falou, voltou para casa, deixou Vanusa lá com o Júnior. Ali, no sábado mesmo, ele tinha deixado o carro na oficina de confiança dele e tinha deixado também o carro que teve a traseira danificada pelo carro dele lá nesse mecânico. Falou para o mecânico amigo dele, — vamos botar o nome aí para o mecânico, “Celsinho” — falou: “Celsinho, dá prioridade na traseira do carro do cara, porque o cara também faz corrida com o aplicativo e ele precisa trabalhar, então já dá uma acelerada no carro dele e depois pega o meu carro”.

Celsinho ali, no final do sábado mesmo, já passou um orçamento… O orçamento caríssimo, porque precisaria fazer muita coisa ali, principalmente no carro do Gerson e o Gerson nada falou, nem com Vanusa, nem com o Júnior… Na segunda—feira, Gerson saiu para trabalhar — porque ele tinha um emprego CLT — e, quando foi na hora do almoço dele, ele foi ao banco e fez um empréstimo para ser pago em quatro anos, com parcelas mais suaves, mas assim, para ser pago em quatro anos. Assim que ele chegou do trabalho, no final da tarde ali, no comecinho da noite, ele chamou Vanusa e chamou os filhos e falou: “Eu fui hoje ao banco, peguei um empréstimo para pagar o conserto dos dois carros. Júnior, você tem que dar graças a Deus que você não se machucou, que você não matou ninguém no trânsito. E agora eu vou te explicar como é que vai ser daqui para frente: o seu cursinho está cancelado, eu não vou pagar mais. Assim que o seu braço estiver curado, você vai procurar um emprego e você vai pagar. Está aqui, ó, a parcela do empréstimo, até quitar são quatro anos, então você vai arranjar um emprego para pagar as parcelas deste empréstimo e agora as contas aqui de casa eu vou dividir em quatro. Três partes eu vou pagar, porque a sua irmã ainda é menor e, a sua parte das contas de casa: água, luz, internet, despesa, mantimento, essas coisas, você vai pagar. Então, você tem que arrumar um emprego que comporte a parcela do empréstimo e mais os seus gastos dentro de casa”.

Júnior começou a chorar… Ele queria estar na faculdade na mesma época que os amigos. O Gerson falou: “Pensasse nisso antes de me enganar, de mentir para os seus pais e sair sorrateiro com um carro que você sabia que você não podia usar”. Júnior ficou revoltado, ameaçou sair de casa, e aí o Gerson falou: “Tá bom, você vai sair daqui e você vai morar onde? Onde for que você vá morar, que seja com o seu tio, você vai ter que trabalhar, porque ninguém vai te sustentar. Eu te sustentava e você me traiu, então agora eu não te sustento mais e você vai pagar pelo conserto do carro se você quiser continuar morando aqui”. Dois meses depois de muito espernear e o braço ficar bom, Júnior teve que realmente procurar um trabalho. A ideia do Gerson sempre foi trabalhar muito para que o filho fizesse faculdade sem precisar trabalhar, se dedicasse e tal… Agora, como o filho tinha feito aquilo, ele falou: “Não, agora você vai aprender como eu aprendi. Meu pai, quando eu fiz 16 anos, ele me levou lá onde tirava a carteira de trabalho, tirou minha carteira e falou: “agora é com você”. Eu não fiz isso, queria que você estudasse, que você fizesse tudo que você quisesse… Você tinha me falado de intercâmbio, eu estava fazendo mais corridas pra já me programar pra fazer esse intercâmbio e você fez isso… Então, agora, você vai trabalhar, vai pagar a parcela do empréstimo e vai pagar seu gastos aqui em casa, porque eu não vou te sustentar mais”.

E assim foi feito… — Mesmo chorando, emburrado, mal, o Júnior arrumou um emprego. — Tinha ali uma parcela de R$ 1.100 para pagar do empréstimo e, em torno ali de R$ 400 para pagar em casa, do sustento dele. Na época, ele recebia uns R$ 1.800 tinha mais o Vale Alimentação. — Tirando os descontos todos, dava no talo para pagar a parcela do empréstimo e os seus gastos ali em em casa. — O Júnior já pagou dois anos do empréstimo, tem mais dois anos ainda para pagar e a Vanusa ela disse que ele meio que se desinteressou de fazer faculdade e isso deixou ela muito triste, mas o Gerson, quando ela fala para ele sobre isso, o Gerson fala: “Olha, muita gente cursa a faculdade depois dos 22 anos. Ele vai ter 22 anos, uma vida toda pela frente. Se ele quer ou não cursar faculdade, não é um problema meu. Meu problema é ele morando aqui em casa, ele tem que pagar as despesas dele. Então, depois que ele terminar o empréstimo, se ele quiser fazer uma faculdade com o dinheiro do salário dele, ele faz. Não conte comigo”. 

O Gerson já conversa normal com o filho, mas financeiramente o Gerson fechou uma porta para o filho que ele não vai abrir mais. E ele falou para a Júlia — que está com 12 para 13 anos —: “Você viu, né? O que é para o seu irmão é para você também. Então não me decepcione. Eu sempre dei tudo pra vocês e exigi o mínimo em troca, que é o quê? Estudar, fazer alguma coisa aqui em casa com a sua mãe e mais nada… Então, eu acho que pelo menos o mínimo, né? Ser uma pessoa honesta, uma pessoa que não mente, vocês têm que fazer… E seu irmão aprontou. Então, agora, a única coisa que ele está fazendo… Ele não está sendo castigado, ele está recebendo a paga pela falta da responsabilidade dele”. A Vanusa concorda com o Gerson e diz que, apesar de achar que o filho meio que desistiu um pouco dos sonhos, uma parte boa que ela viu é que o garoto que estava com ele no carro, que sofreu ali umas escoriações também, entrou na faculdade, mas logo depois, segundo a Vanusa, ele começou a usar entorpecentes, saiu da faculdade, enfim, acabou que roubou um carro, foi preso a primeira vez e parece que já foi preso de novo.

Então, a Vanusa fala: ” Andréia, será que se o meu marido não tivesse sido tão rígido, o Júnior estaria com esse amigo? Estaria no mesmo caminho? Porque eles pensavam em estudar na mesma faculdade… Será?”, não tem como saber, né? A real é que o Júnior agora ele conheceu uma outra realidade, que é quando você é muito jovem, trabalhar… Uma realidade que talvez ele não passaria se não tivesse acontecido essa questão do carro, mas que a Vanusa acha que no fim foi bom para o filho. Foi um jeito aí que o Gerson teve de segurar um pouco a rédea, palavra da Vanusa, em relação ao Júnior estar solto no mundo… Porque é que nem o Gerson falou para a Vanusa quando eles conversaram, ela falou: “Você não está pegando muito pesado?” e o Gerson falou: “Vanusa, ele esperou a gente dormir, ele mentiu e ele saiu com o carro sem autorização… E a gente não sabe, como ele bateu na traseira daquele carro naquela velocidade? Ele estava apostando corrida? O que ele estava fazendo? Então, eu acho que a hora da gente brecar isso é agora, porque esse lado do nosso filho eu não conhecia, você não conhecia e eu não quero ver mais isso”. 

Então, no fim, a Vanusa acha que essa questão do pai ser severo meio que ajudou a que o Júnior não entrasse por um caminho torto. E a questão é: vocês acham que o Gerson pegou muito pesado com o Júnior? Que ele devia ter deixado o garoto fazer faculdade para pagar essa coisa do carro depois? O que vocês pensam sobre isso? 

[trilha]

Assinante 1: Meu nome é Túlio, eu sou de Viçosa, Minas Gerais. No começo, eu achei o Senhor Severo, um pouco muito severo com o Júnior, mas eu entendo que não existe uma única forma de criar filhos, não existe um manual do que proceder, ainda mais para um erro desse, que é um erro muito grave. Talvez não fosse uma questão de fazer ele pagar uma parte das contas da casa e, sim, do conserto… Talvez com esse dinheiro ele pudesse ter feito o cursinho que ele queria para poder entrar na faculdade, mas também talvez isso tenha livrado ele de outras coisas. Fico muito feliz que o convívio familiar esteja seguindo bem, que não tenha criado uma rixa maior entre a família. Também que o Júnior parece ter amadurecido muito, ter criado um senso de responsabilidade que é muito necessário, então também pode ter sido um acerto, né? Mas fico feliz que esteja todo mundo bem. 

Assinante 2: Oi, pessoal do Não Inviabilize, aqui é o Leste do Rio de Janeiro. Acho que o Gerson fez muito certo, ele mostrou ao filho uma lição muito valiosa sobre confiança, sobre limite, sobre você agir de forma digna. Então, eu acho que ele foi um pai excelente. A única coisa que eu fico pensando é que eu acho que nenhuma punição deveria ser eterna… Então, eu acho que quando a dívida fosse totalmente paga, o Júnior conseguisse pagar todas as parcelas, eu acredito que seria legal se o Gerson puder oferecer esse suporte para ele, para ele fazer uma faculdade, cursar o que ele quer, dentro das condições, obviamente… Porque eu acho que se eles têm uma boa relação e tal, é um sinal de que o Júnior entendeu o erro dele, sabe? Só de ele não ter ficado revoltado e nem nada, eu acho que ele entendeu. Então, eu ajudaria sim, mas só quando a dívida acabasse, claro. Um beijo, pessoal, espero que tudo dê certo.

[trilha]

Déia Freitas: Quer saborear empanadas artesanais feitas à mão, com opções clássicas, veganas e criações exclusivas? A La Guapa tem tudo isso e ainda completa a sua experiência com saladas, cafés, drinks e sobremesas deliciosas. Comprando agora pelo aplicativo, você ganha 15% de desconto usando o nosso cupom queridíssimo, que é qual? “GUAPONEI”. — Gente, eu amo o nosso cupom… GUAPONEI, sem acento, tudo junto, maiúsculo, tá? — Baixe agora o aplicativo e já faz o seu pedido. La Guapa, bonita e com conteúdo. — Amo.. Valeu, La Guapa, queridíssima, linda, gostosa. — Um beijo, gente, e eu volto em breve.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]