título: skate
data de publicação: 03/10/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #skate
personagens: lúcia e um cara
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. cheguei pra mais um Picolé de Limão. — e hoje eu não tô sozinha, meu publi… — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje é a Deezer e seu novo podcast “Depois Daquele Hit”. Como é fazer sucesso com uma música? E o que acontece se, depois desse sucesso, você acabar no esquecimento? Por que é tão difícil assim emplacar um segundo hit? E, afinal, existe uma fórmula para o sucesso? São essas perguntas que o podcast Depois Daquele Hit — um original da Deezer — pretende responder. O apresentador e jornalista Zeca Camargo — eu Amo o Zeca — investiga 16 histórias de 16 músicas que fizeram muito sucesso nos anos 80, 90 e 2000, mas que, por alguma razão, seus autores não conseguiram mais seguir no topo do pop brasileiro. — Sim, do pop, porque tudo que faz sucesso é pop. —
O Zeca conversa com os artistas, as bandas, os produtores musicais, os empresários e até com fãs para desvendar aí os segredos dos bastidores e tudo que envolveu o sucesso daquela determinada música. O podcast Depois Daquele Hit é um projeto documental sobre os One—Hit Wonders brasileiros, mas também sobre música, sucesso, fãs, gravadoras, shows, jabás, emoção, alucinação, loucura… — Eu vou confessar uma coisa pra vocês… — Eu fui ouvir um episódio — pra fazer esse publi, né? — e eu ouvi os 12… Os 12 que estão no ar. — Provavelmente agora que eu estou publicando isso já deve ter um pouco mais, mas eu escutei 12 episódios. — Gente, o Zeca é muito maravilhoso, você vai escutando e, assim, ele faz umas perguntas das músicas, de coisas que você nem imaginava… — Eu amei. — É muito legal conhecer a história por trás daquela música, de sucessos que a gente amou tanto.
Toda quarta—feira tem episódio novo de Depois Daquele Hit, eu vou deixar o link aqui na descrição do episódio. É de graça, é só baixar o aplicativo da Deezer e ouvir. — E hoje eu vou contar para vocês uma história de mãe cansada. — Eu vou contar pra vocês a história da Lúcia. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]A Lúcia conheceu um cara aí tem uns nove anos e eles começaram a namorar… Um namoro… Era um namoro ótimo, assim, muito incrível mesmo. Só que depois, com o tempo, esse cara foi se mostrando aí meio pão duro… — Acho que a palavra é pão duro. — Então, assim, ele era econômico num nível de querer que a Lúcia tomasse banho, tipo, de dois minutos e passava os dois minutos, ele batia na porta, [efeito sonoro de batidas em madeira] falava: “já foi dois minutos”… [risos] Deus me livre. Esse jeito desse cara, obviamente, foi deixando a Lúcia meio de bode, mas ela gostava dele, enfim, vamos tentar o relacionamento e nã nã nã… Eles planejaram e ela engravidou. — E aí, assim, a gente está falando aqui de um casal classe C, da classe trabalhadora… — Os dois trabalhando, só que Lúcia ganhando menos que ele. Então, assim, com essa diferença de salário, sei lá, eles tinham que ajustar as contas, cada um paga uma parte, mas proporcional, né? Não, ele dividia tudo meio a meio e a Lúcia, às vezes, ficava sem absolutamente nada.
E aí ela tinha que comprar coisas pro bebê, ele não gostava de incluir coisas do bebê no orçamento. Então, quem que ia comprar as coisas do bebê, né? E falava pra Lúcia assim: [efeito de voz grossa] “Ah, faz aí com suas amigas um chá de não sei o quê”. — Mas se você faz um chá de fralda, um chá de bebê e acabou, né, gente? Não dá pra fazer chá toda vez que você precisa de alguma coisa. — Então ele era mesmo aí esse cara, mão fechada, insuportável… — Bem insuportável, né? — E aí o tempo passou… Se não fosse ali os colegas de firma da Lúcia, o convênio que ela tinha, ela tava lascada, porque esse cara aí não pagava nada. — Tipo extra, assim… Nem seria extra, mas se saísse do orçamento ali ele reclamava e não pagava. — O tempo passou, o bebezinho nasceu… [efeito sonoro de bebê chorando] Quando o bebezinho nasceu, esse cara, esta criatura, se deu conta de como seria a vida de pai, né? E ele achou também que era demais, que era muito gasto. — Olha, gente… — “Ai, é muito gasto”.
E quando a Lúcia estava com três meses de bebezinho nascido, amamentando e nã nã nã, esse cara pediu o divórcio. — Três meses de bebê nascido. Três meses… — A Lúcia ficou muito, muito, muito mal e o leite dela até secou. E foi um período bem difícil assim pra Lúcia, mas passou… O bebezinho foi crescendo… No começo, esse cara ajudava muito pouco. — “Ajudava”… Ele nem aparecia mais lá. — Na empresa mesmo da Lúcia, a advogada da empresa falou: “Eu vou te ajudar e a gente vai colocar esse cara na Justiça, vou fazer isso a parte do meu trabalho aqui. Não vou te cobrar nada”. A Lúcia falou que só teve que pagar, sei lá, umas petições, umas coisas, mas assim, cento e poucos reais aqui, cem ali, enfim… E aí a hora que ele viu que ele ia ter que pagar pensão descontado em folha, este homem ficou doido. Ficou, assim, P da vida, porque ele não ganhava bem, né? Quer dizer, estava ali na classe C e ele teria que pagar cerca aí de 500 reais de pensão. E ele não aceitava, mas, enfim… Ele também não era um cara que ia contra a lei.
Então, se por lei ele tinha que pagar esse tanto, ele pagava esse tanto.
O menininho foi crescendo, ele pegava pouco o menininho assim pra ficar junto… E o menininho amava ele. — Ama ele… — E a Lúcia nunca falou mal do pai pra criança… — Aquela coisa… Tudo correndo e tal. — Até que um dia, esta criatura, uns dois dias antes de pagar a pensão, pegou o menininho pra passear. [efeito de voz grossa] “Não, porque a gente vai passear”… — Lembrando que ele pagava 500 reais de pensão. — “Não, porque a gente vai passear” e levou o menino nesses parquinhos de shopping. E passearam no shopping, comeram… — O menininho contando… Que eles passearam, comeram e nã nã nã. — O menininho chegou em casa com um skate, coisa que a Lúcia nunca daria pra uma criança, assim, menor e tal, né? E esse pai deu um skate pro menino… Porque ele pediu e o pai deu. Beleza. A Lúcia ficou meio P da vida ali, mas resolveu não reclamar e colocou umas regras ali de quanto tempo o garotinho poderia usar o skate por semana, com ela junto… Ele não tinha comprado capacete, então ela ia ter que comprar o capacete, seria mais um gasto, né? — E a gente está falando aqui de pessoas que tem o dinheiro mais contado e tal. —
Dois dias depois… — Vocês não vão acreditar o que este homem fez… — Há uns anos, a avó do menininho — a mãe da Lúcia — fez uma poupança para o menininho. — Mas não era uma poupança, assim, uma poupança… — Era uma poupança de 50 reais. — Então, como ela é vó e mora em outro estado, quando ela quer dar um presente pro neto, um mimo pro neto, ela bota lá 10 reais, 20 reais nessa conta… — E as crianças de hoje a gente sabe como é, né? — O filhinho da Lúcia tem sete anos e pouco e ele já sabe mexer em tudo, inclusive em caixa eletrônico. E aí a Lúcia vai com ele no banco e tal, ele tem a senha dele, tem o cartãozinho dele, [risos] uma graça. A Lúcia tá na conta junto com ele, enfim… Mas é a conta do menininho. E ele tem esses dinheirinhos assim, gente… — Tipo, 300 reais se ele juntar seis meses… E às vezes ele junta pra comprar uma coisa e tal, mas é tipo isso assim… Não é uma poupança que é um dinheiro guardado pra essas coisas. —
Dois dias dali do dia do skate, era dia de pagar a pensão… E esta criatura foi até o RH — da empresa dele — com um comprovante de depósito no valor de 410 reais. — E o que era esses 410 reais? — Era o skate e o parquinho. — Olha como ele foi esperto… — Ele não comprou o skate no cartão dele e pagou as coisas do parquinho no cartão dele, ele transferiu pra conta do menino e o menino pagou pelas coisas… Então, ele alegou no RH que ele já tinha dado 410 reais da pensão, depositado direto na conta do menino. E como não podia ser feito desse jeito, porque era em folha, o RH entrou em contato com a Lúcia pra saber se realmente ele tinha pago, pra ver o que eles iam fazer lá, como que ficava e tal… E a Lúcia foi e explicou… Porque ela só ficou sabendo quando a moça do RH falou pra ela, falou: “Olha, ele fez… Ele depositou esses 410 e tal na conta do filho e tal?”, a Lúcia falou: “Olha, eu não sei… Vou dar uma olhada”, porque ela não se ligou na hora. “Eu vou dar uma olhada e te falo”.
E ela olhou e viu que realmente entrou o dinheiro e saiu no mesmo dia. — Uma compra, tipo, de 350 e mais o, tipo, Play Pônei do shopping, né? — Então, esse cara ele quis burlar a pensão comprando um presente pro filho — com a pensão alimentícia, né? — que é pra cobrir alimentos e teve a coragem de entregar esse comprovante no RH. Aí a hora que a Lúcia ligou e falou: [efeito de voz fina] “Olha, ele comprou um skate pro meu filho, levou meu filho no parquinho, só que ele não pagou do bolso dele. Quer dizer, ele transferiu o dinheiro para o meu filho e agora quer usar esse dinheiro como pensão”. E aí a moça do RH não comentou nada, falou: “Ah, tá bom”. E aí, quando foi o dia seguinte, que era o dia da pensão, ele se lascou porque o RH descontou. [risos] — Te amo, RH da firma aí. [risos] — O RH descontou normal a pensão e depositou na conta da Lúcia. Olha este cara… Ele teve a coragem de transferir o dinheiro pra conta do menino pra depois simular que foi o pagamento de pensão. E ainda quis argumentar com a Lúcia… Porque aí a Lúcia ficou doida, né? Foi lá e falou um monte pra ele. Quis argumentar com a Lúcia, que “ah, era o dinheiro da pensão sim, que ele gastou com o filho, comprou o skate e pagou o parquinho”. Olha isso, gente… E até hoje ele reclama aí, que ele pagou um mês, [efeito de voz grossa] que ele “pagou duas vezes a pensão”… É mole?
Olha, eu não vou nem comentar nada, vou deixar só meu emoji aí da cadeira. Vocês já sabem, né? — Já sabem o que eu penso. — E eu vou deixar essa pra vocês…
[trilha]Assinante 1: Oi, Não Inviabilizers, aqui quem fala é o Kalel, de Belo Horizonte. Sinceramente, eu ainda me surpreendo com essas histórias… Como que um pai consegue gerar um filho e não ter o mínimo de responsabilidade? Porque se não tem carinho, amor, sangue frio é dele. Sinceramente, gente, eu não sei o que dizer. RH, como a Déia disse: Te amo, RH da firma. Eu faço parte de uma equipe de RH e eu faria o mesmo, tá bom? Não faria diferente. E bem feito, por mais RH’s assim e por menos pais, entre aspas, assim. E é isso… Um abraço.
Assinante 2: Oi, Déia, Oi, Não Inviabilizers, eu sou a Carol, falo de Santos. E, Lúcia, às vezes, quando um cara fala que ele quer ser pai, o que ele está querendo dizer de verdade é que ele quer que a mulher dele seja mãe. Foi exatamente isso que esse teu ex marido fez, porque ser muquirana é uma coisa, né? É escolher não gastar, sei lá, num sorvete no final de semana, guardar um dinheirinho e deixar de comprar alguma coisa… Isso é ser muquirana. Mas o que ele fez é indecente, é revoltante. É um golpe… Ele tentou dar um golpe em você e no seu filho, sabe? Isso é criminoso. [riso] Estou muito revoltada porque isso é indecente mesmo, não se faz isso com ninguém, ainda mais com um filho, sabe? Ainda mais com criança. Então, esse cara ele não queria ser pai, Lúcia, ele queria que você tivesse um filho… E aí, quando ele percebeu isso, ele resolveu fazer da sua vida um inferno. Ainda bem que você está bem assistida. Espero que você se recupere.
[trilha]Déia Freitas: Depois Daquele Hit é um podcast original Deezer, é de graça. Basta baixar o aplicativo e jogar na busca ali “Depois Daquele Hit”. — Hit é: H, I, T. — Não precisa pagar nada, gente, é só dar play e eu ouvir aí os episódios. Só tem na Deezer, hein? — Então, baixa o aplicativo, ele é bem levinho e eu ouve. — Eu vou deixar o link aqui na descrição do episódio. Eu volto em breve com uma história completa. — Que foi apresentada lá no podcast… Vou fazer um episódio temático aqui. [risos] Amo… Então, aguardem… Surpresinha. — Um beijo, gente.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]