título: sofá
data de publicação: 06/11/2020
quadro: picolé de limão
hashtag: #sofa
personagens: laís e pablo
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Mais uma história de quarentena, é a história da Laís e do Pablo, uma história um pouco complicada, vamos lá.
[trilha]A Laís é casada com o Pablo já há quatro anos, eles não têm filhos, os dois trabalham. Ele no primeiro mês da quarentena trabalhou de home office, e ele tem um emprego que consome muito, então ele trabalhou muito, e aí agora a empresa deu pra ele três meses de férias, e férias pagas, tudo certinho, que ele já tinha férias acumuladas. Então ele tá em casa sem fazer nada, e o “sem fazer nada” é sem fazer nada mesmo. A Laís trabalha, tá em home office e também com uma rotina puxada, porque assim, muita gente pensa que home office “Ah, você fica em casa, você trabalha um pouco, você para”, não, dependendo da empresa, você trabalha mais do que se você tivesse lá, e esse é o caso da Laís.
Só que agora, o Pablo, ele fica no sofá o dia inteiro, ele acorda ele vai para o sofá, ele liga o videogame na televisão da sala e ele passa o dia assim, o dia. Eles almoçam, porque ela faz almoço na noite anterior e deixa tudo pronto pra ela poder comer, porque ela faz horário de almoço como se ela tivesse trabalhando na firma. Ele não lava nem o copo, nem o prato, nada, sabe? Ele come e vai largando as coisas na pia? Ela fez uma experiência de deixar as coisas na pia uma semana e as coisas ficaram na pia uma semana. — Ele não lavou, fez nada e assim continua… — Ah, e tem um detalhe: ele estava jogando tanto videogame, que ele estava dormindo no sofá porque ele ficava até de madrugada jogando e aí ele já ficava ali pelo sofá mesmo, então, quer dizer, nem dormir juntos eles estavam dormindo mais.
Aí semana passada deu cinco minutos nela, né? Porque uma hora a gente enche, né? E ela falou tudo, falou que ele estava em casa e só ficava jogando videogame, que ele não estava ajudando em nada, que ele mal olhava para a cara dela, que eles não conversavam, que isso e aquilo, falou tudo, o Pablo virou pra ela, em vez de focar nesse assunto de, sei lá, explicar pelo menos porque que ele não estava ajudando em nada, não tem explicação, né? Mas fala qualquer coisa, ele virou pra ela e falou assim: “É, também eu vou ficar olhando para uma gorda”, detalhe que a Laís ela me mandou foto dela do casamento, foto dela agora, ela tá igual, ela não engordou, não emagreceu, tá igual, então ele casou com ela assim.
Aí ele chamou ela de gorda, falou que ela era desleixada, falou um monte de coisa que, assim, eu não vou nem repetir aqui e pegou ela de surpresa, porque ela não pensou que ele fosse pra esse lado, né? E aí pra completar, ele falou: “Olha, e tem outra coisa, eu não estou gostando mais de você, eu tô gostando de outra pessoa. Eu tô gostando de outra pessoa e assim que passar essa quarentena, eu vou embora, e aí a gente se divorcia e já resolve tudo”. E, assim, pegou ela totalmente de surpresa porque ela foi ter tipo uma D.R, né? Foi conversar com ele pra ver se ele melhorava, se ele ajudava ela, e aí agora piorou, porque além dele continuar do mesmo jeito, como ele já falou tudo que ele queria, agora ele pega o telefone e ele liga pra essa moça aí que ela não sabe quem é e fica falando: “Amor, tô com saudade. Amor, eu te amo”, na frente dela. — Na frente dela… E aí assim, gente, ai, pra mim não dá… —
A Laís ela não gostaria de separar, ela gosta dele, ela só queria que ele melhorasse um pouco e ela não quer separar, então ela fica pedindo por favor pra eles conversarem, perguntando no quê que ela pode melhorar. — Gente, eu não consigo nem falar, porque assim, Laís você não tem que melhorar em nada, esse cara é um lixo, mas enfim, né? Essa sou eu. Na primeira vez que ele já falasse que eu não penteio o cabelo, que realmente eu não estou penteando o cabelo e foda-se, nossa, eu ia jogar ele da janela, mas enfim… — E aí agora ele faz esse monte de desaforo pra ela, ele recebeu uma caixa lá que vinha vinho e umas coisas pra abrir vinho assim, dessa moça, com cartinha e tudo…
Então, ele tá no videogame ou ele tá conversando com essa moça aí no celular, na frente dela, e toda hora agora ele fala que ele não quer mesmo, não adianta, não tem reconciliação, que ele também não vai sair do apartamento porque os dois compraram juntos, né? Então é dos dois. E a família dela tá no Sul, não tem nem como ela ir pra lá, porque ela tem que trabalhar aqui, tem dia que ela precisa passar pelo menos na empresa, então não tem como e ele não vai sair também. Então eles vão continuar dividindo a casa agora até passar quarentena e ele pediu divórcio, porque ele falou que ele vai pedir.
Eu não sei, eu não sei, eu sairia, mas também sai da casa, e se ele pega todas as coisas? Ai, não sei, eu acho que ela devia, porque ela tá trabalhando na sala e ele não tá dormindo mais no mesmo quarto que ela, ele já passou para o outro quarto, e eu falei pra ela: “Não tem como você pôr a mesa de trabalho, a mesa da sala, sei lá, enfia no quarto e trabalha no quarto”, porque pelo menos ela não tem que ficar ouvindo ele falar com essa moça no telefone. — Porque ele não tem a decência de falar com essa moça no quarto que ele tá agora. — Ele fala lá na sala, sentado na frente dela, e ela não consegue trabalhar, não tá conseguindo comer… Ele continua deixando a louça e as coisas todas pra ela arrumar, ela parou de lavar roupa dele e aí quando ele viu que ela não ia lavar roupa, ele pegou toda a roupa dele e tá saindo pra lavar numa lavanderia lá perto, deixar na lavanderia, depois ele vai e busca.
E ela disse que até as cuecas ele está levando pra lavanderia, porque ela lavava até as cuecas dele. — Erro, né? Não devia nunca ter lavado cueca dele, mas enfim… — E ela tá sofrendo muito, a Laís tá sofrendo muito, sabe? Chorando muito, tá mal, mal, come mal, dorme mal, e ele faz um desaforo atrás do outro, e ainda fala pra ela: “Eu não te traí, nunca te traí, estou sendo sincero”. — Então ele acha que ele está corretíssimo. — “Estou sendo sincero, não gosto de você, não quero mais olhar pra sua cara, mas a gente tem que dividir o apartamento, então vamos dividir como dois estranhos civilizados”, foi o termo que ele usou “estranhos civilizados”.
Ai, gente, eu não sei, e ela quer, ela me procurou pra contar a história dela porque, na verdade, ela quer reconciliar com ele e eu, infelizmente, não tenho nada pra falar pra ela nesse sentido de reconciliação. — Porque eu quero que ele morra. — Eu não posso ajudar nisso, então, ela gostaria que vocês que são mais amenos e que tenha aí uma palavra de conforto pra ela, e alguma dica de, sei lá, de como, será que tem acerto esse relacionamento? Depois de tudo que ele falou, pra mim não teria, mas ela disse que ela perdoa. Então se ela perdoa, né? O relacionamento é dela, tá certa ela. Que ela perdoa tudo, que ela gostaria de ficar com ele…
Eu acho que a primeira coisa que ela tem que fazer é procurar terapia, tem terapeutas aí, psicólogos atendendo remotamente, ela tem condição financeira pra isso, então paga um psicólogo aí e conversa com um profissional e… É o primeiro ponto, eu acho que tem que ser daí, pelo menos pra poder se organizar melhor emocionalmente, né? E ver o que faz… Porque eu não dou conta, gente, não dou conta de um cara desse que fica fazendo esse monte de desaforo, chamando ela de gorda. Olha, não dá pra mim. Então, por favor, gente, deixem aí seus recados pra Laís, né? Com muito carinho, ela tá muito fragilizada, ela gosta realmente desse cara, eu lamento por isso porque seria mais fácil se ela não tivesse tão apegada. E aquela coisa, né? Ela acha que “ah, quatro anos não pode terminar assim”, mas o cara já falou pra ela que gosta de outra e fica falando na frente dela no telefone que ama a outra? E a outra fica mandando presente lá pra casa dela pro cara, é demais, né?
Ele não tá só sendo sincero, ele tá humilhando ela, ele é um lixo, não dá, não dá. Odeio já. Pablo eu te odeio. Eu falei tudo isso que eu tô falando pra vocês aqui, eu falei pra ela, mas ela não vê assim, até antes de contar a história, falei: “Eu vou contar a história e eu vou falar mal do seu marido, que eu já odeio ele”, e ela falou que tudo bem, que ela quer ouvir vocês. — [risos] Porque ela já sabe que, né? Comigo não tem como… — Então, gente, uma palavra amiga pra Laís lá, alguma palavra de conforto, se vocês também acharam que tem salvação esse casamento ainda, conversem com ela lá, deixem recado no nosso grupo do Telegram que é “Não Inviabilize”, e é isso, gente. Então um beijo e até amanhã.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]