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título: tapioca
data de publicação: 03/09/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #tapioca
personagens: helen e tiago

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente. Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. E hoje, a história que eu vou contar pra vocês é a história da Helen e do Tiago. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

A Helen, ela trabalha para o governo, então ela é concursada e tem uma certa estabilidade. — Só que ela não ganha uma fortuna. — Ela ganha ok pra viver ali, pagar o aluguel dela, pagar as coisinhas dela. E aí, gente, ela conheceu o Tiago, ela conheceu o Tiago no ambiente de trabalho, porém Tiago terceirizado, contratado ali pra um serviço específico que teria começo, meio e fim. Quando acabou esse trabalho de Tiago, eles estavam já saindo, né? Estavam apaixonados. E aí Tiago sugeriu para Helen se ele não poderia morar com ela e, assim, o cara tinha acabado de ficar desempregado, né? Não é a melhor hora pra você chamar o cara pra morar com você, né? E assim, não era uma questão de “Ah, o Tiago vai ficar na rua”, não, o Tiago tinha a casa dos pais que era onde ele já morava, né? Então ele podia ficar lá na casa dos pais que ele já morava, mas Helen achou que tudo bem, que seria legal morar com o cara que tinha acabado de ficar desempregado e que ela conhecia há 3 meses. 

E lá foi Helen e Tiago no romance aí, né? E logo ali no começo que eles foram morar juntos já rolou algum stress assim, né? Porque o Tiago fumante e Helen não fumante, então Helen não queria que o Tiago fumasse dentro do apartamento, e o apartamento não tinha varanda. E aí, obviamente, quando ela não estava ele fumava, né? E quem não é fumante, gente, percebe. — Eu não sou fumante, se eu chegar num lugar que a pessoa fumou, sei lá, tem duas horas, eu sinto. Cheiro de cigarro é uma coisa que eu sinto muito fácil. — E a Helen também, então ela ficava puta, aí chegava eles brigavam, enfim. Até que Helen, ela tinha um quarto a mais lá na casa e falou: “Bom, você quer fumar, então você fuma nesse quarto”, então ela falou que o quarto chegou a ficar podre assim, né? De cheiro de cigarro, porque ele ficava enfiado lá no quarto, ele trouxe da casa dele um videogame e era assim que ele passava o dia: fumando e jogando videogame. 

Aí na primeira compra que a Helen foi fazer pra casa, ela falou: “Bom, eu vou fazer a compra e tal, você quer colocar na lista as coisas que você quer e tal?”, ele pôs uma pá de coisa na lista, e ela falou: “Bom, como é que você vai fazer? Você vai transferir pra minha conta? Você quer que eu leve seu cartão?”, ele na hora ficou puto. — Puto. — Falou pra ela: “Você sabe que eu não tô trabalhando, você quer me humilhar”, ela falou: “Não, não quero te humilhar, só perguntei como você vai fazer pra me ajudar a pagar as contas, né? Começando pela compra”, daí o Tiago todo ofendidinho pegou o celular dele, a chave e saiu. E Helen ficou arrasada, porque ela falou: “Meu, será que eu exagerei, né? Será que eu, sei lá, falei alguma coisa errada?”, e ela desmarcou o evento “compras”, porque ela ia com uma amiga, né? Elas faziam compras juntas assim, cada uma, lógico, com o seu carrinho, sua compra, mas só pra passar o tempo, conversar e tal. E aí ela falou pra amiga que tinha acabado de brigar com o Tiago e que… Se elas podiam ir no dia seguinte e tal. Mas passou meia hora e o Tiago voltou. Voltou, pediu desculpas pra ela e pegou ali a lista e colocou mais um monte de coisa. [risos] 

E aí no dia seguinte a Helen foi fazer compra, né? Com essa amiga e contou pra amiga o que tinha acontecido e a amiga questionou, ela falou: “Mas escuta, ele tinha acabado de ser demitido, por que você colocou ele na sua casa?”, aí a Helen falou: “Ah, porque a gente estava num relacionamento legal assim, né?”, e ela falou: “Então, mas e agora? Agora é uma boca a mais pra você sustentar, era só você, agora você tá preocupada com um monte de coisa que você não tinha preocupação, você podia tá namorando ele, e ele morando na casa dele”. E aí que a Helen parou pra pensar… — Porque ela estava cega, né? — E aí ele tinha colocado cigarro na lista. — E cigarro parece que você compra quando você tá no caixa, né? — Aí chegou no caixa, porque ela estava passando a compra no caixa, então uma ajudava a outra, né? Quando ela foi pedir o cigarro, a amiga dela falou: “Não, não, não, por quê? O cara tá na prisão? Que ele não pode comprar o próprio cigarro? Não tá. Então, amiga, não… Você já pegou um monte de coisa, vai pegar cigarro? Até bebida você já pegou”, e não deixou a Helen comprar o cigarro.

Aí a Helen chegou com a compra, ele não ajudou a desempacotar e guardar, ficou lá no quarto do cigarro com o videogame dele e só saiu depois pra procurar — O trem lá — o pacote de cigarro dele, e ela falou: “Ah, eu não sabia”. — Mentiu… — Falou: “Ah, eu não sabia qual que era, se era azul, se era vermelho” — Sei lá, inventou qualquer coisa assim e aí ele ficou puto, mas assim, tudo bem, voltou para o quarto lá e desde então ela deixava dinheiro para o cigarro. — Parece uma coisa pequena, tipo, “Ah, ela está negando dinheiro do cigarro dele”, mas poxa… — Ela falava todo dia pra ele: “E aí? Você não vai procurar um emprego e tal, pra me ajudar?”, e ele sempre falava isso: “Você quer me humilhar, você é isso, você é aquilo”, e não procurava um emprego. — Não procurava. — E assim eles foram levando um ano, Helen já bem arrependida, mas gostando dele ainda, começou também a inventar umas coisas do tipo: “Ah, não vou ter dinheiro pra isso, não vou ter dinheiro pra aquilo” — Porque se não ele montava mesmo. — e foi levando. 

Até que um dia Tiago teve uma brilhante ideia, ele queria ter uma loja de vender tapioca e, assim, ele nem cozinhava. — Eu acho que, no mínimo, pra você vender tapioca, sei lá, você tem que saber fazer tapioca. — E não era uma coisa que ele fazia, mas ele cismou que tinha um ponto lá, que era tipo… — Pensa assim, gente, um lugar com vários… Várias portinhas assim de comida diferente — uma coisa mais popular, mas que tem uma rotatividade de pessoas ali, porque ficava no centro da cidade e ele queria esse ponto aí pra fazer a “tapioqueria” dele. [risos] E aí a Helen já vinha inventando que tinha o nome sujo. — Porque ele estava abusando demais. — Então ele sabia que não podia contar com ela pra isso, o que ele fez? Ele pegou o pai dele como fiador e fez aí esse ponto de tapioca, só que aquela coisa, né? Ele não sabia fazer tapioca, então ele contratou uma moça — É a Mileide — pra fazer as tapiocas — Então ele era o que? O gerente da tapioqueria? Tipo… [risos] Né? — Antes, a Mileide tivesse tido um incentivo, né? E tivesse aberto só ela a tapioqueria, porque ela era que fazia. — Mas enfim… — 

E o negócio foi dando certo, porque ela fazia uma excelente tapioca — A moça — e aí o dinheiro foi entrando um pouco pra ele, e ele começou pelo menos a comprar as coisas dele em casa, então Helen achou que o relacionamento deles depois da tapioqueria melhorou. — Tapioqueria gourmet. [risos] — Que estava entrando uma graninha e tal, né? E ela passava às vezes lá e, no começo, a Mileide estava super assim, de cara boa e depois ela já estava meio puta, porque assim, Mileide entrava tipo, 8 da manhã, e saía tipo 7 da noite, era um lance abusivo assim, né? E você o dia inteiro ali fazendo tapioca? E o povo gosta de tapioca, né? Então… O negócio rende e ele não fazia nada lá. — Assim, pela dinâmica que a Hellen viu, ele ficava sentado lá assim, ou ficava conversando com outras pessoas ali né, da… Tipo, da galeriazinha de comida ali. — E a Mileide lá se matando de fazer as tapiocas. E mais um tempo passou ali e um dia Tiago diz pra Hellen que Mileide tinha sido posta pra fora de casa. — Ela morava com outras duas amigas e as amigas substituíram lá, aconteceu um rolo lá e tiraram ela da vaga. — E Mileide ia precisar ficar uns dias com eles no apartamento. — E, gente… — A Helen nem conhecia a Mileide, mas ela ia falar não? E aí a Mileide foi morar com eles e ela entrou pra dormir naquele quartinho do videogame, o quartinho que fedia cigarro. 

E aí a primeira coisa que Mileide quis fazer é “poxa, você vai fumar aqui? Comigo aqui? É ruim e tal, né?”, então o quartinho do cigarro passou a ser o ex quartinho do cigarro. Tiago tirou o videogame dele desse quarto, pôs na sala. — Que foi um inferno — E mais dois meses se passaram. Nesses dois meses a Helen percebeu que a Mileide passava muito mal de manhã, e um dia ela de manhã viu Mileide mal e falou: “Ô, escuta, você não tá grávida, não?”, e aí Mileide disse: “Estou grávida, foi por isso que eu fui botada pra fora, porque eu morava numa casa de evangélicas e vou pra 4 meses agora”. — E nã nã nã, e é isso… Vou ter um bebezinho e o cara sumiu. — E aí a Helen já ficou puta, né? Já começou a tipo falar mal do cara que ela nem conhecia, que tinha sumido. — E assim, deu uma força, né? Pra Mileide ali. — Só que por outro lado ela falou: “Puts, agora com a mina grávida como é que eu vou falar pra ela que ‘Ah, não pode ficar mais aqui’ assim?” — Porque era um negócio provisório que a Mileide foi ficando, né? —

E a Helen passou a ficar muito próxima da Mileide assim, porque ela chegava em casa antes da Mileide, mas de manhã a Mileide saía depois. — Não sei, era um rolo assim. — E quando a Mileide ficava em casa de manhã, a Mileide fazia tudo, e quando a Helen chegava tarde, a Helen fazia tudo, então elas tinham um esquema delas, e era como se o Tiago nem existisse, porque ele nunca fez nada. — Ele era um peso morto. — E aí quando ela foi entrar no sétimo mês, ela chamou a Helen, pediu desculpas e falou: “Olha, eu não vou mais fazer isso e esse filho que eu tô esperando é do Tiago”. — A gente já sabia, né? Helen nunca desconfiou, mas eu aposto que a hora que eu falei aqui que Mileide foi morar na casa dela e que estava grávida vocês já desconfiaram que o filho era do Tiago, né? — Mas a Helen nunca tinha desconfiado. E aí o mundo da Helen caiu, e aí Mileide falou que estava voltando pra cidade dela, — Que ela morava tipo no interior — porque ela não tinha a menor estrutura pra criar uma criança ali sozinha e também não ia fazer isso na casa da Helen depois de tudo que aconteceu, né? 

Quando ela pediu desculpas, ela já estava com as malas prontas assim, e foi tudo muito rápido e ela foi embora. E aí o Tiago não estava, quando elas tiveram essa conversa foi tipo… A Mileide veio antes da tapioqueria lá… — Sei lá o que ela inventou, né? Porque o Tiago não fazia nada sozinho. — E veio, contou e foi embora. Quando o Tiago chegou, aí a Helen botou ele na parede e ele falou que realmente era aquilo e tal, e aí virou pra Helen, gente, e falou assim: “Mas ai, graças a Deus, ela foi embora, acabou o problema”. — Primeiro que ele estava chamando a gravidez da mina que ele ficou de problema e depois: Como assim acabou o problema? — Não acabou nada, ela vai ter o bebezinho, você vai ter uma puta responsabilidade, a Helen falou isso pra ele. — Sabe o que ele respondeu? — “Ah, ela foi pra casa dos pais dela, agora é com ela, não é comigo”. 

E aí nessa hora, somente nessa hora, que a Helen aproveitou a deixa, né? Porque ele já tinha traído mesmo e falou: “Olha, você pega suas coisas e vai embora”, e aí ele teve que sair, né? Ele não quis levar as coisas dele, mas ele saiu. E a Helen pegou todas as coisas dele e despachou lá pra casa dos pais do Tiago. A tapioqueria fechou porque Mileide foi embora, ela quem fazia as tapiocas, né? E ele começou a culpar a Mileide pela falência do negócio, que ela abandonou o negócio… — Gente, ela era uma funcionária, mal remunerada, que trabalhava de sol a sol e ela que afundou o negócio? — E aí a Helen ainda bem não aceitou esse cara de volta de jeito nenhum, mas depois de um tempo a Mileide procurou ela de novo assim. — Por mensagem, né? — Pra pedir desculpas mais uma vez, e aí falou que o bebezinho tinha nascido, que ela que botou o nome, que assim, que o Tiago nem foi lá… — Eles avisaram, né? Os pais da Mileide avisaram e ele nem foi lá. — Que o bebê tinha nascido, que ela registrou, que ela pôs o nome dele lá, mas sem ele tá lá. — Parece que isso pode agora, né? Você declara ali quem é o pai. —

E, gente, esse cara… Ele nunca, assim, no primeiro ano que a Helen conversava com a Mileide, ele nunca tinha ido ver a criança. E aí quando bebezinho fez um ano, a Mileide resolveu colocar ele na justiça, né? — Pra pagar pensão. — E nessas o Tiago já foi preso duas vezes por não pagar pensão e agora os pais dele, pra ele não ser preso mais que assumiram a pensão do bebezinho. — Olha que traste — Olha que traste… Pensa se lá atrás, a Helen tivesse, a hora que ele foi demitido, sei lá, que acabou o contrato, a Helen tivesse falado: “Ai, poxa, que pena, né? Tipo, vamos namorar, mas você mora na sua casa, não tem como colocar você na minha casa”. [riso]  O transtorno que ela tinha evitado… O negócio da tapioca faliu, o pai dele que teve que pagar o negócio do ponto, essas coisas que ficaram, né? As pendências, para o nome do pai não sujar e agora tá ele de novo. Ela viu pelas redes sociais, falando de novo do negócio da tapioca. E aí ela achou estranho, né? Porque ela falou: “Ué, tá falando de tapioca de novo?”, e aí ela deu uma stalkeada melhor e parece que ele está de novo aí de namorico com Mileide. — Mileide, Mileide!…Esse é um apelo que eu faço pra você, Mileide. [riso] Vamos todo mundo aí mentalizar pra Mileide não cair nessa de novo, porque ela deve estar naquelas de “Ah, o pai do meu filho me procurou, vamos de novo ter a tapioqueria juntos”, que não era isso, né, Mileide? Você trabalhava igual uma condenada pra esse cara aí ficar sassaricando por aí, comprando o cigarrinho dele, jogando videogame dele, era isso.

Então Helen ficou chocada que depois de tudo que Mileide passou, Mileide tá aí de namorico de novo com Tiago, mas Helen também, né? Não pode falar muito porque também caiu nessa, né? Então é isso, essa história fica aí um apelo da gente mentalizar aí pra que Mileide não caia nessa de que “Ah, é o pai do meu filho, vamos tentar”, não tem que tentar nada com o Tiago, Tiago não vai mudar. Deixa o Tiago lá na casa dos pais, até os pais, sei lá, encherem o saco, mas não é problema seu, Mileide. Não arruma pra cabeça, vai cuidar do bebezinho.

[trilha]

Assinante 1: Oi, gente. Eu sou Alana, sou daqui de Salvador. E que história horrível… Eu fico muito triste que esse homem escroto conseguiu enganar duas mulheres, pobre da Mileide que tá aí, ó, cheia de hormônio pelo visto, pra cair no papo desse cara, ou talvez ela seja muito jovem, talvez a história da família dela aí, né? Que é evangélica. E, nossa, que bom que você se livrou desse traste miga, simplesmente. 

Assinante 2: Oi, Déia. Tudo bom? Meu nome é Alessandra, eu moro em Dublin. Tiago, você só pode estar de brincadeira com a nossa cara, né? E agora você também, né, Mileide? Entendo o seu lado, de que ele é pai do seu filho e tudo mais, mas é uma pessoa muito irresponsável, muito. É triste, né? Mas parece que é uma pessoa que não vai mudar, não aprende com os erros, o pior é que… O pior e o bom também, né? Que ele tem os pais dele do lado dele que dão suporte, mas eu acho que esse suporte passou do limite também. Tiago tem que começar a seguir com as próprias pernas e assumir as responsabilidades. Helen, que bom que você se livrou disso, desejo pra você e pra Mileide todo amor do mundo, principalmente para o filhinho, mas você tem que pensar mais em vocês, né? E comprar cigarro pro boy? Ainda bem que você tem essa amiga maravilhosa, anja do seu lado. Que se fosse eu, ia estapear a sua cara, não faça isso, hein, Helen?

Déia Freitas: Então é isso, gente, um beijo e eu volto logo.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.