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título: tem dogs
data de publicação: 05/09/2024
quadro: picolé de limão
hashtag: #dogs
personagens: domênica e dona rosa

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]


Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii… — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje de novo é a Wizard by Pearson com o Wizard On. Para trabalhar, para usar em viagens, ou mesmo para ler um livro ou ver uma série, saber inglês e espanhol pode te levar aí mais longe. Com o Wizard On você estuda online ao vivo com a mesma metodologia de excelência da Wizard que você já conhece. Afinal, Wizard é a maior rede de escolas de idiomas do Brasil. 

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[trilha]


Domênica desde criança aí era apaixonada por filmes de Hollywood, principalmente por aquele letreiro, sabe? — O famoso, que as pessoas vão e tiram fotos e tal… — Ela queria muito tirar uma foto naquele letreiro escrito “Hollywood”. A Domênica sempre quis trabalhar com cinema, enfim, ela era encantada nesse mundo, né? Mas tinha uma questão: Classe C, Domênica e sua mãe — Dona Rosa, obviamente classe C também — não tinham condições financeiras para fazer esse tipo de viagem. Dona Rosa já era separada do pai da Domênica e o cara pagava aquela pensão básica de R$200, era isso. Mãe de Domênica fazia o que dava, trabalhava como secretária aí numa firma lutando dia a dia para conseguir pagar todas as contas, porque não dava para contar realmente com o pai da Domênica.

Dona Rosa sabia dessa vontade da filha conhecer os Estados Unidos e, principalmente, tirar foto naquele letreiro, né? — Eu queria falar uma coisa aqui, que mãe é uma coisa, né? Eu lembro quando minha mãe era viva, eu tinha, sei lá, dos 13 aos meus 15 anos, porque ela morreu quando eu tinha 16, algumas coisas que eu queria muito assim… Eu lembro de uma calça jeans que eu queria muito, que era caro pra nós, porque a gente era bem pobre e minha mãe juntou meses e comprou aquela calça para mim, sabe? Então, assim, olha não gosto nem de lembrar porque me dá muita saudade. — Quando a Domênica fez 15 anos, a Dona Rosa falou: “Olha, eu tenho uma coisa para te falar… Eu consegui economizar para te mandar aí para os Estados Unidos para você conhecer o letreiro, para você passar um pouco”. — Domênica com 15 anos… — Domênica ficou mega feliz, só que ela não conseguia imaginar na cabeça dela fazer essa primeira viagem internacional sem a Dona Rosa junto. 

E ela falou: “Não, mãe, se você não for, eu não vou. Eu quero realizar esse sonho do seu lado”. Aquele dinheiro economizado só ia dar para Domênica viajar… Então, Dona Rosa precisaria juntar dinheiro mais alguns anos para que as duas pudessem ir aí realizar esse sonho de tirar a foto com aquele letreiro. — Que era isso que a Domênica queria. — E até então era um sonho do tipo: “ah, quero ir para os Estados Unidos, quero tirar foto no letreiro de Hollywood”, mas e os passos para chegar até lá? “Ah, juntei o dinheiro”, mas opa, passaporte, visto, comprar mala, ter dinheiro para comer lá, ter hospedagem, transporte… Então, assim, é bastante coisa… Com aquele dinheiro que a Dona Rosa já tinha economizado, elas foram correndo atrás disso. Primeira coisa: passaporte, visto… — E aqui, gente, olha… Nem sei como elas fizeram isso… — Elas compraram os pacotes, as passagens e tudo antes de ter o visto… — Podia ter dado muito errado. — Eu e a Janaína, quando a gente foi tirar o visto para os Estados Unidos, a maioria estava saindo com aquele papel rosa… — O papel rosa que é o ruim? Acho que é o papel rosa que é o ruim, né? Não sei… — Só sei que a Janaína olhava e falava: “Mano, alá, não foram aprovados”, “não foram aprovados”, “não foram aprovados”, ninguém estava sendo aprovado e falei: “gente, a gente não vai ser aprovada nesse visto”.

Aí chegou lá na hora, a moça fez umas perguntas e uma das perguntas eu super me atrapalhei pra responder, a Janaína me fuzilou com o olhar e ali, e aí falei “Bom, acho que a gente não foi aprovada”, porque assim, né? Respondi as perguntas ali… Você não pode responder pela outra pessoa, então o que ela perguntava para a Janaína, a Janaína que tinha que responder e o que ela perguntava para mim, eu que tinha que responder e dei uma embananada… E aí a Janaína ficou me olhando assim até a moça falar: “bota o dedo aqui e tal”, e aí a gente botou o dedo e ela falou: “aprovada”. E aí, ufa, respirei, né? Foi muito tenso e eu sabia que a gente não podia comprar nada antes, nem uma passagem, nada, porque a chance de ter o visto negado é grande. 

Domênica e Dona Rosa acabaram comprando as coisas antes, né? O hotel, passagem e tal… Até que chegou o dia da entrevista no consulado… — É no consulado? É no consulado, né? Sem contar, gente, que no formulário é para você aplicar ali para o visto tem umas perguntas do tipo assim: “você pretende ir para os Estados Unidos para traficar órgãos ou seres humanos ou drogas?”. E até a Domênica falou que a hora que ela estava preenchendo o dela e da mãe dela riu, né? Agora pensa eu, que dou risada em momentos totalmente inoportunos… Se na hora da entrevista pessoalmente a mulher me faz uma pergunta dessa… Eu ia começar a rir de nervoso, já ia praticamente ser excluída… —

Elas chegaram lá no consulado, tiveram mini entrevista e tal, era um cara que falava muito enrolado porque são estadunidenses que fazem as entrevistas ali, né? Aí vocês vão falar: “Ai, Déia, por que você não falou “americano”?”, porque americanos todos somos. E o cara cismou porque Dona Rosa era separada e não divorciada e ele queria saber por que o pai da Domênica não ia viajar com eles. E aí elas falaram ali para o cara que elas tinham dinheiro só pra ir as duas. — Isso aqui para mim já foi uma questão falar isso: “Ah, você está indo viajar sem dinheiro”, eles não negam? Já vi, principalmente no TikTok, gente falando isso assim, que falou que tinha pouco dinheiro e acabou sendo negado o visto. — E aí o cara meio que deu uma cismada e tal, foi um pouco grosseiro, foi meio tenso ali, mas no final foram aprovadas. — Olha, nem sei como… [risos] O jeito que elas responderam as questões, enfim… Mas também elas levaram uma pastona com todos os documentos… Você precisa levar todos os documentos que eles pedem que você citou, né? Enfim, a Domênica tinha prestado vestibular, mas não tinha saído ainda o resultado, mas enfim, era um vínculo com o Brasil. Dona Rosa estava registrada há muitos anos na mesma empresa, então acho que isso conta também, né? São vínculos fortes com o Brasil, enfim. —

Agora, com o visto aprovado, elas iam viajar. Domênica com aquele inglês que a gente aprende na escola, né? — Ali o verbo to be, mais umas coisinhas e, sabe, [risos] Maria, passe na frente [risos] e Deus… é isso. — E, Dona Rosa, né? Mesmo trabalhando ali como secretária, não precisava ter inglês, então, assim, sabendo menos ainda, o básico do básico do básico do básico, tipo algumas palavras. Lá foram elas para o aeroporto, pegaram o voo lá para os Estados Unidos [efeito sonoro de avião decolando] e deu tudo certo nessa parte. E aí chegou a hora de você passar na imigração, né? Você chega, então é uma outra pergunta que eles vão fazer ali, se cismarem com você vão fazer mais perguntas e vão olhar a sua mala, né? Vão querer talvez ver o que tem na sua mala. Essa para mim é a parte mais tensa, porque mesmo que você esteja com tudo certo, se você fizer uma coisinha, sei lá, você pode ser inadmitida e ter que voltar, o país falar: “Olha, não vai entrar, bonita” e você não entra… Mesmo com visto, mesmo com hotel, mesmo com tudo… Ainda ali na imigração alguém pode falar: “Olha, pra mim é não”, sabe? [risos] E você não entrar… 

Elas tinham que passar primeiro por um guichê ali que você responde as perguntas e depois pelos policiais que estavam perguntando se tinha alguma coisa na mala, enfim… O guichê foi suave, passaram ali, carimbaram o passaporte delas e elas seguiram. E a Domênica foi passando um pouco na frente, com Dona Rosa atrás, era uma época que na classe econômica você ainda podia levar uma mala grande. — Então tem tempo isso, hein? Porque daqui a pouco só pode levar uma pochete. — E elas estavam cada uma com uma mochila e duas malas muito grandes, e aí elas chegaram nos dois policiais e eles perguntaram, num inglês com muito sotaque, assim, que a Domênica não conseguia entender tudo. — Esses dois policiais eles estavam, assim… Sabe que aquele policial de óculos escuro, que usa a bota, meio texas assim… — E eles perguntaram se elas tinham comida, plantas, coisas proibidas na mala e a Domênica não entendia tudo. — E, nessa hora, fiquei com ódio de Dona Rosa, hein? [risos] Fiquei com ódio. — Enquanto a Domênica tentava entender o que o policial estava falando, a Dona Rosa ficava cutucando o ombro da Domênica e perguntando: “Filha, filha, o que eles estão falando agora? O que ele disse agora? O que ele está dizendo?”, sem parar… — Gente, eu já tinha dado um grito… [risos] “Para”, [risos] sabe assim? —

E a Domênica tentando entender o que o policial falava e tentando dar atenção para a mãe dela, que ficava ali cutucando ela o tempo todo para querer entender o que o cara estava falando. — Um caos. — E a última coisa que o policial perguntou a Domênica não estava entendendo, porque ele estava falando de “dogs” e ele fez aquela expressão assim tipo “wof, wof”, tipo “au au”, que a gente faz, né? E a Domênica não estava entendendo o que ele tava querendo falar do cachorro, talvez trazer um cachorro pra farejar a mala, enfim… — Porque você abre, você não vê nada, mas você ainda tem, sei lá, você pode trazer o cachorro. Eu quando eu fui de… Porque o meu voo de volta de Nova York, foi Nova York— Atlanta, Atlanta—Brasil, então quando eu fui de Nova York pra Atlanta, a gente passou num corredor e os cachorros eles iam cheirando todas as malas. Então você passava e o cachorro cruzava de um lado, passava pela frente cheirando a sua mala e voltava para o outro lado cheirando a mala de quem estava na minha frente. Então, de repente era isso? Não sei… Por que a Domênica não estava, estava fazendo mímica e não estava conseguindo entender e Dona Rosa o quê? Cutucando, dando tapa no braço da Domênica. Olha a Dona Rosa… [risos] —

A Domênica tentando ali falar com o policial e traduziu para mãe, assim, meio rápido, ela tinha entendido o que? Que o policial estava perguntando se elas estavam levando algum cachorro na mala. E Dona Rosa [risos] que sabia o quê? Três palavras em inglês? Dona Rosa virou para o policial e falou assim: “Não, moço, nem em house tem dog”, que ela quis dizer que nem na casa dela tem dog, tem cachorro, porque ela era alérgica, enfim, tentando falar ali com o policial. O policial entendeu: “Ten dogs”, “dez dogs”. Dona Rosa apontando para a mala, dez dogs, que isso? Tem cachorro morto na mala, que é isso? E aí o policial já começou a agitar assim, um a olhar para o outro, tipo o que que é isso? Até esse ponto, eles estavam só perguntando se elas tinham trazido alguma coisa na mala, enfim… Você passa num raio X e nem toda mala eles abrem, né? A minha abriu também porque vacilei e esqueci uma água na mala, então teve que abrir, o cara ficou puto e jogou água na minha frente, mas enfim, foi vacilo meu, né? Que não pode líquido. E aí rolou uma treta ali, tipo: “O que vocês estão pensando? Vocês estão me zoando?”, sei lá, “dez dogs”, sabe? E aí a Domênica teve que correr explicar que “tem” era do verbo “ter”, enfim, não tinha dez dogs. 

E aí o cara vendo o desespero delas também, o outro cara começou meio que rir… Eu acho que eles estavam também… — Ah, que ódio, já me um ódio… Tavam, sei lá, mangando ali com a cara delas. — E aí começou a perguntar como que falava “cachorro” em português e ficaram ali tentando falar e depois falaram tipo: “Vai, vai, vai”, tipo “vaza daqui”, sabe? Se pica. — Sabe a pior hora para o seu parente ficar falando, fazendo gracinha? [risos] Dona Rosa… Ê, Dona Rosa, ê, Domênica… —  Passaram, e aí, enfim, foram curtir aí a sua viagem. Para mim é sempre um momento tenso de entrar em outro país e sei lá, né? E ser inadmitida… — Pensa, você voltar no avião, o avião dá vergonha, assim, sei lá… Por nada, porque é aquela coisa, qualquer coisinha é motivo. — Deu tudo certo pra Domênica depois aí desse perrengue de quase dar treta ali com a polícia dos Estados Unidos, tirou foto no letreiro, deu tudo certo. 

[trilha]


Assinante 1: Oi, pessoal, aqui é o Daniel, eu falo de São Francisco, moro aqui há oito anos e eu me relaciono demais com essa história, porque passar na imigração é sempre um nervosismo. O pessoal que atende a gente, os policiais e os seguranças nas malas, eles não têm a menor preparação para lidar com o público no sentido de ser gentil… Eles nunca são gentis. Eles dificilmente vão entender se a pessoa não fala muito bem inglês, eles repetem exatamente a mesma frase, eles não tentam falar de outro jeito, então é sempre bem complicado… Eu sempre tive esse nervosismo também, mas eu tive uma experiência muito legal quando eu cheguei aqui em São Francisco e a pessoa falou: “Bem-vindo de volta a sua casa”, então eu sempre tento entrar aqui por São Francisco. Fica a dica. 

Assinante 2: Oi, Déia, oi, nãoinviabilizers, aqui é Ana Luísa Palhares, de Belo Horizonte, Minas Gerais. E essa história me fez tirar altas gargalhadas aqui, porque eu lembrei muito da minha mãe, gente… A minha mãe também não entende nada de inglês e uma vez, em New Orleans, ela viu uma placa na rua escrito “One way” e passou pra outra rua, outra placa escrito ‘one way”, terceira rua “one way” e ela começou a achar que ela estava perdida porque toda rua se chamava “one way” sendo que o “one way” significa mão única. Gente, quem nunca, né? Quem nunca se perdeu em uma língua estrangeira? Mas tá tudo bem, o que importa é que elas curtiram muito a viagem e é isso, né? Viagem sem perrengue não tem graça. 

[trilha] 


Déia Freitas: Com o Wizard On o aluno tem um professor que acompanha o aprendizado, tem material didático físico, duas horas de aulas semanais, aplicativo exclusivo com ferramenta de reconhecimento de voz, encontros mensais de conversação, apoio de uma escola física sempre que você precisar e também acesso a testes de proficiência em inglês. Usando nosso cupom: “PONEION” — eu amo nosso cupom, [risos] é “pônei” maiúsculo e o “on” junto, sem acento, sem nada, tá aqui na descrição, tá? O cupom —, você ganha um desconto de R$200 na matrícula, então você paga apenas R$99. 

Vai lá agora, aproveita esse super desconto, usa nosso cupom PONEION e comece a estudar inglês ou espanhol agora com a Wizard On. Ah, e o cupom de desconto é válido até o dia 15 de setembro, então clica aqui no link que está na descrição que você já vai sair certinho com desconto, com tudo, PONEION. — Valeu, Wizard by Pearson. — Um beijo, gente, e eu volto em breve.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]


Cara, outra coisa engraçada que aconteceu comigo: Eu estava na fila e tinha um casal brasileiro assim, pouco mais longe que eu e você tinha que passar num raio-x que você tem que tirar o sapato, tirar o cinto e tal, abrir os braços, meio que é um scanner o negócio e não adianta, gente, não tem pra onde correr… E a mulher toda fresca falando: “Não, eu me recuso a tirar o sapato, me recuso a fazer isso” e ela foi tentando passar e o cara deu um grito com ela… [risos] Falei: “Vai, brasileiro, vai fazer graça”, [risos] ela falou: “Sorry, sorry”. [risos]

Todo mundo tava fazendo, bonita, tem que fazer, né? É como diz o Mano Brown: Cada lugar um lugar, cada lugar uma lei, né? Então é isso… Você tá aí no país dos outros, você tem que saber o básico das leis pra você não se meter aí numa enrascada, né? Saudade aí dessa música do Mano Brown, vou ouvir de novo…  É cada lugar um lugar, cada lugar uma lei e cada lei uma razão e eu sempre respeitei. É isso, né? Então tira o sapato aí, tia. [risos]  Você já teve alguma questão aí na imigração? Já passou algum perrengue desse tipo? Conta pra mim. Um beijo e eu volto em breve.