título: tirando onda
data de publicação: 15/06/2023
quadro: picolé de limão
hashtag: #onda
personagens: diogo e um cara
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. E hoje eu vou contar para vocês a história do Diogo. — Ê, Diogo… [risos] — Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]O Diogo trabalha aí numa agência de publicidade e, como ele diz, ele trabalha muito, muito, muito e ganha bem mais ou menos. Então, ele estava meio de saco cheio da vida que ele estava levando, um monte de conta para pagar, morando sozinho numa kitnet, mas o aluguel e é alto, né? Custo de vida na cidade que ele escolheu é muito alto e tal. E aí ele resolveu focar nos sites de relacionamento em caras com dinheiro. Então, o Diogo falou: “Déia, cansei de sair com pobre fodido como eu, eu quero aí sair com uns caras gatos que tenham pelo menos aí uma casa na praia, um carro bom, que me leve aí nos restaurantes pra comer legal… É isso que eu quero”. — E aqui eu vou contar uma coisa para vocês: Rico só assume relacionamento mesmo com Rico, tá? Então, raramente pode acontecer? Pode acontecer de um rico, uma rica, casar com pobre, mas é raro. Rico, rico, rico mesmo, de verdade, eles só namoram e saem entre eles. Se sai com um pobre, uma pobre, é meio que um passatempo. —
Então, o Diogo focou nas pessoas ricas e ele via que acontecia isso mesmo, assim, quando ele conseguia sair com um cara que tinha um pouco… — Pouco não… — Tinha bastante dinheiro, o cara só queria transar e cabou, nunca mais falava com ele. E ele queria um relacionamento para poder usufruir aí [risos] da riqueza alheia, tirar uma onda. — Diogo não queria dar golpe em ninguém, ele queria tirar uma onda, né? “Vamo aí tirar uma onda”. — Ele continuou focado nisso, pelo menos ele estava saindo com uma galera que tinha uma grana, que pelo menos ele não tinha que, sei lá, que pagar o motel e pagar o jantar, né? Até que um dia, ele conheceu um cara… E nas fotos lá, — nas fotos do site de relacionamentos, do aplicativo — as fotos do cara ele tinha, tipo, quatro carrões, umas casas maravilhosas…
Ele tinha um apartamento na praia… — Uma praia aí Riviera. — Um apartamentão… — Aquilo ali era de dois pra 3 milhões, só aquele apartamento da praia. — Esse cara começou a responder pro Diogo, o Diogo falou: “Nossa, esse rico é diferente dos outros ricos”; — Que ele tinha saído. — Eles começaram a conversar e o cara falando que não sei o que… Uma hora ele falou pro Diogo: “Pera aí que eu não posso falar agora, eu estou no helicóptero”. [risos] — Você amou, né, Diogo? O helicóptero é aí. [risos] — Aí helicóptero daqui, de lá, e fala isso, fala aquilo, “não, vamos marcar, a gente precisa marcar, vamos sair vamos sim, não sei o quê” e o papo foi virando uma troca de nudes, [efeito sonoro de disparo de câmera] até que eles resolveram se encontrar.
E esse cara chamou aí o Diogo pra ir na casa dele… Então vamos dizer que fosse num condomínio de luxo em Alphaville, e aí o cara falou pra ele: [efeito de voz grossa] “Olha, devido aí ao mau tempo, [risos] eu não consigo mandar para você o helicóptero pra ir te buscar, mas se você quiser, eu posso mandar um carro de aplicativo e você vem pra cá”. E aí o cara mandou… [efeito sonoro de caixa registradora] O Diogo até fez o seguinte comentário na hora que ele viu o carro: “Nossa, ele mandou um Pônei X? Podia ter mandado um Pônei Black”. [risos] Ô, Diogo, folgado você, hein? [risos] Acostumado a andar de ônibus, metrô, tá querendo Pônei Black”. E a corrida, sei lá, deu tipo 100 reais, e ele viu que ali era por empresa que ele foi de carro de aplicativo, não era no nome do cara.
Beleza, chegou lá, entrou, já estava autorizado que o carro podia entrar, né? O cara tinha a placa lá, deu a placa, entrou… E deixou nosso amigo Diogo na porta da casa do cara, uma puta casa, uma puta casa… E aí o Diogo entrou e, assim, de cara ele já viu o porta retrato de uma mulher com duas crianças e falou: “Bom, cara é casado, né?”. — Mas o Diogo queria aproveitar a riqueza alheia, então tanto faz. — E aí ali ele e aquele cara ficaram por três dias. Aí o cara falou pra ele: “Precisa abrir o jogo, né? Minha esposa tá voltando e tal e você precisa ir embora, não sei o quê”, chamou o carro de aplicativo, chamou de novo Pônei X, não era Pônei Black [risos] e botou Diogo dentro, Diogo foi embora. Eles continuaram conversando, tinha sido muito legal e esse cara falou pra ele assim: “Olha, você viu, eu sou casado, tenho uma reputação a zelar e tal e eu não posso ficar me expondo, não posso ficar saindo, não posso… Enfim, né? E eu tenho um pequeno apartamentinho, kitnetzinha, no centro da cidade. Se você quiser me encontrar, a gente pode se encontrar lá”.
E aí o Diogo falou: “Poxa, né? Depois a coisa vai escalando, uma viagem, alguma coisa… Quero fazer, quero tudo”. E aí ele começou a ficar com esse cara na kitnet… Só que ele percebia uma coisa, [risos] e aí a gente vai… A gente vai falar aqui de uma coisa que o Clodovil usava uma frase para dizer que, assim, semelhante conhece semelhante. Às vezes ele estava falando de homens gays e ele falava: “Eu bato o olho eu sei, boi preto conhece boi preto”. Clodovil falava: “Boi preto conhece boi preto”. E o Diogo, ali naquela kitnet, começou a reparar que aquele homem, refinado — Diogo com uns 30, o cara com uns 38, uma idade boa pro casal —, começou a reparar que o cara estava muito ambientado, muito familiarizado na kitnet. Então, o Diogo ele não sabe porque, mas ele começou a achar tudo estranho, assim? Porque ele foi na casa do cara rico, ele viu as fotos, ele viu tudo… Ele viu que o cara era rico, mas tinha alguma coisa que fazia o cara pertencer aquela kitnet.
E aí eu digo a mesma coisa que o Clodovil disse: Boi preto conhece boi preto. [risos] E o Diogo começou a pesquisar melhor… Então, lembra que ele foi de carro de aplicativo pra lá? Ele tinha o nome da empresa que apareceu ali, e aí ele começou a vasculhar tudo sobre aquela empresa. Então, eventos, site, tudo, tudo, tudo, tudo… E ele acabou achando numa das fotos que estava marcado, esse cara… Inclusive, ele dava outro nome para o Diogo. E aí ele foi ver que esse cara ele não era dono de nada, ele era o assistente do dono, tipo um estagiário e tava, enfim… Ele estava cuidando de assuntos pessoais do cara, então tipo agenda… — Então, provavelmente a família do cara estava viajando com o cara e ele levou o Diogo na casa para ficar lá na casa. — O Diogo falou: “André, eu senti nele o cheiro da pobreza… Eu identifiquei nele o mesmo cheiro que há em mim. E quando eu vi que ele estava na kitnet, eu comecei a achar que a kitnet era dele, que ele morava ali e não que era um lugar pra ele se encontrar com homens, saca?”.
E aí Diogo foi mais uma vez na kitnet e confrontou o cara… E aí o cara confessou que ele se aproveitava da posição que ele tinha como assistente do milionário pra poder pagar de milionário, inclusive, dizendo que o milionário pagava ele muito mal, por isso que ele fazia isso. [risos] Ai, que ódio do milionário… [risos] E aí o Diogo falou: “Eu não acredito que eu estou aqui com um fodido como eu”. Aí o Diogo puto por causa da mentira, o cara falou: “Eu vou te buscar de helicóptero, eu vou te levar no apartamento da Riviera de helicóptero” e podia até acontecer, porque às vezes ele tinha que ir lá para o apartamento da Riviera… — Sei lá, de repente, ele podia usar o helicóptero? Duvido, acho que o milionário ia fazer ele ir de ônibus. [risos] — Mas enfim, o Diogo aí nessa de querer tirar uma onda com os ricos, acabou mesmo saindo por vários meses com um cara pobre como ele, pensando que o cara era rico. [risos] Ai, que ódio…
Aí depois disso, Diogo resolveu que não ia mais ficar caçando milionário por aí, [risos] porque a gente sabe que nunca dá certo. Se for estourar alguma coisa aí, vai estourar para o lado pobre e o milionário vai se sair bem. [risos] Então, esse não era o caso, né? O cara ele mente e posta foto com, sei lá, os carros do patrão, a casa, o apartamento de praia do patrão e tal, pra tirar uma onda também. Então, tavam os dois ali [risos] tirando onda. Essa é a história do Diogo… [risos] Ai, ele queria que eu botasse no “Mico Meu”, mas eu quis colocar aqui no Picolé de Limão porque eu acho que é importante também a gente perceber quando a gente sai com alguém nesses aplicativos de relacionamento até que ponto as coisas são verdade ou até que ponto você vai se importar com isso, né? Porque às vezes também só quer ali uma coisa que vai acontecer e depois você não quer nada sério… Mas para a gente ficar um pouco atento também a isso, que as aparências podem sim enganar bastante, né? [risos]
[trilha]Assinante 1: Olá, todo mundo aqui é a Ana Paula do Rio de Janeiro. Diogo, meu filho, onde é que você queria se enfiar? Porque, assim, qual é a chance [risos] de um cara rico desses dar ideia pra pobre? É 0,01%. Isso acontece o quê? Numa fanfic, num livro, numa novela… Porque na vida real é meio complicado. Mas, assim, legal, gostei, valeu a tentativa… Você foi lá, se esforçou até, mas deu o quê? De cara na porta… E na porta ainda de uma kitnet. Que você chegou e já reconheceu logo, porque pobre reconhece um ambiente com outro pobre, [risos] mas, olha, sensacional. Um beijo e espero que você tenha ficado bem, tá? Depois disso.
Assinante 2: Oi, Não Inviabilizers, oi, Déia, aqui é a Rayane de [inaudível], Minas Gerais. Diogo, ainda bem que era só um rapaz tirando onda, né? [risos] Mas o quão é importante a gente fazer uma breve pesquisa sobre as pessoas quais a gente pretende se encontrar e verificar se as informações que essa pessoa passou pra gente são verdadeiras. Você fez essa pesquisa, mas depois que você já estava meio que envolvido com cara… O conselho que eu dou é sempre verificar antes, pra gente talvez aí não cair numa roubada e ser até algo mais perigoso, né? Porque hoje em dia não dá para confiar em qualquer pessoa que a gente encontra em um aplicativo. E o quão a gente tá dando importância também para a questão financeira, até onde a gente tá disposto a ir pela questão financeira… Mas acredito que você tomou a decisão certa de pesquisar e confrontar. Que bom que você aprendeu a lição. [risos] E é isso, um beijo.
[trilha]Déia Freitas: Comentem lá no nosso grupo de Telegram, sejam gentis com o Diogo. Ele é um cara muito legal e já passou essa fase dele de caçar milionário. [risos] Um beijo e eu volto em breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]