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título: toc toc
data de publicação: 03/10/2024
quadro: luz acesa
hashtag: #toctoc
personagens: beatriz

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Shhhh… Luz Acesa, história de dar medo. [vinheta]


Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Luz Acesa. E hoje eu vou contar para vocês a história da Beatriz. Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]


A Beatriz é uma professora universitária que trabalha bastante e ela nunca teve problema para dormir, nada, nunca tomou remédio para dormir, nem remédio pra ansiedade, nada… E há alguns anos ela começou a ter sonho, que era o seguinte: Beatriz morando sozinha, tava na casa dela e, na porta da casa dela chegava uma menininha, essa menininha tinha um vestidinho muito bonitinho, assim, estampado, florido. A Beatriz não conseguia ver o rosto dessa menininha. Essa menininha, com a mãozinha, assim, batia na porta e a Beatriz não deixava ela entrar. No sonho, ela intuía que a menina precisava que ela dissesse: “Pode entrar”, porque a porta estava destrancada, mas a Beatriz não dizia e ela acordava… E era um sonho recorrente e ela nunca sentia vontade de dizer: “pode entrar”.

Umas quatro, cinco vezes no mês, a Beatriz sonhava com a menininha, sempre com essa roupinha, esse vestidinho super arrumadinha, assim, bonitinha… Era uma menininha ruivinha, assim, de cabelo liso, com um rabinho de cavalo e ela ficava ali na porta com os pézinhos juntinhos, sabe assim? Bem bonitinha. Não via o rostinho, mas uma posezinha meiga, assim, ela batia na porta, colocava os bracinhos para trás e ficava esperando abrir. E a Beatriz não sentia vontade de falar: “Pode entrar”. O tempo foi passando, de vez em quando ela tinha esse sonho e sempre acordava — um pouco antes de ter, sei lá, vontade de dizer “pode entrar” — e o tempo foi passando e a Beatriz foi pensando nessa menina e pensando e se eu disser “pode entrar”? Até então, não era um pesadelo, era um sonho… — Sabe assim um sonho? Sonho bobo… — E, assim, na minha cabeça, sonho é onde a gente pode, sei lá, ousar, não é? Onde a gente pode voar, onde a gente pode, sei lá, ser um pônei. Então, eu mega concordo com a Beatriz, né? No sonho você pode falar pra menininha “pode entrar”, “entra, menininha” e você conversa com a menininha, vê o que a menininha quer. Eu estou com a Beatriz nessa, gente… 

Beatriz pensou que a próxima vez que ela sonhasse com essa menininha, ela ia sim dizer para a menininha entrar. [efeito sonoro de tensão] Beatriz um dia dormiu e a menininha estava lá com seu vestidinho florido na porta dela. Toc, toc, toc… Beatriz não sentiu vontade de dizer “pode entrar”, mas no sonho ela disse “pode entrar”. — Beatriz está sonhando, mas como é um sonho da Beatriz, ela se vê no sonho… Então é como se fosse um filme pra ela. — No sonho da Beatriz, quando a menininha botou a mão na maçaneta da porta, a mãozinha que batia na porta, conforme a mãozinha pega na maçaneta e gira, já não é uma mãozinha pequenininha de criança, é uma mãozinha que parece uma garrinha. A menina abre a porta e, quando ela entra, o rosto dela onde seriam os olhos, são dois buracos… E ela está sorrindo… Só que ela não nenhum dente na boca e, onde seriam, os dentes também é um buraco. E ela tem um sorriso maligno… Assim que a Beatriz vê esse rosto maligno — que são dois olhos, o buraco e a boca, o buraco e as mãos são garras, mas o bracinho ainda é um bracinho de criança —, ela acorda: “Meu Deus, pesadelo… ” e vida que segue. 

Beatriz acordou, foi lá, tomou seu banho, saiu, deu sua aula… Beatriz dava aula de manhã e à tarde tinham duas aulas, então quando era ali quatro e pouco terminava as aulas da tarde e ela voltava para casa. Quando a Beatriz chegou na sua casa, deixou ali as coisas dela — o material ali da aula, tinha uma pasta, a bolsa dela — e ela percebeu uma criança passando muito rápido lá no final do corredor, no quarto dela… “Não, gente, não… Eu sou adulta, sou uma pessoa, sabe? Poxa, culta, esclarecida, isso não tá acontecendo”. Só que a partir daí, a Beatriz passou a ver essa criança sem os dentes e sem os olhos pela casa dela, com esse semblante maligno. E a Beatriz começou a adoecer fisicamente… — O que começou a acontecer com a Beatriz? — Essa criança não assombrava a Beatriz no sentido de derrubar coisas, nada, ela ficava pelos cantos da casa. — Ela corria e ficava pelos cantos… — E a Beatriz começou a ter muita vontade de comer doce — muito doce, muito, mas muito doce —, só que a Beatriz comia e já vomitava. Não era uma coisa, assim, comia, passava mal e vomitava. O doce parecia que não passava nem da garganta. 

E, conforme ela vomitava, gente, os movimentos… — Sabe quando você faz aquele movimento para vomitar? — Essa criança também fazia os movimentos para vomitar. E a Beatriz foi ficando doente, muito doente. E ela foi a alguns médicos e ninguém achava nada… Fez muitos exames e ninguém achava nada. E aí ela foi num centro espírita, e aí no centro espírita não tinha nada com ela ali a não ser uma energia, uma coisa junto com ela, mas que não chegava a ser um espírito. E aí a mulher do centro perguntou se eles podiam ir até a casa dela, fazer uma sessão na casa dela, e aí ela falou que sim. E aí quando eles foram lá, eles viram essa criança lá. [efeito sonoro de risada de criança] E a primeira coisa que eles falaram pra Beatriz é: “Você vê a criança, nós estamos aqui e nós não vemos como uma criança, é um obsessor… Você está vendo em forma de criança, mas não é uma criança”. E aí eles começaram a fazer sessões na casa da Beatriz, isso durou um tempo, a Beatriz ainda muito adoecida… 

E aí o centro deu para ela umas garrafas de água para ela ir tomando e ela ainda com muita vontade de comer doce — ela tentava controlar, mas não conseguia — e com o tempo, ela foi vendo menos essa criança dentro da casa dela. Depois ela foi vendo essa criança no quintal dela e um dia o pessoal do centro falou: “Agora você não vai mais ver, porque a gente conseguiu levar”, e aí ela não viu mais. Ela teve que tomar essa água ainda mais três meses até ficar bem… E aí depois ela não precisou mais tomar água e ela parou de ir no centro também, não continuou indo, né? E tudo isso porque ela falou “pode entrar” no sonho. — No sonho… — E aí ela pediu explicação, né? Quando ela foi lá no centro e tal e o que a mulher falou pra ela é que, provavelmente, não foi um sonho, provavelmente ela tinha desdobrado do corpo, não era um sonho. Ela estava em algum lugar que ela abriu realmente a porta da casa dela para um obsessor, para um espírito e esse espírito entrou. 

E aí eu fico agora, tem mais essa… Como que a gente vai saber se é um sonho ou se a gente desdobrou, saiu do corpo? Desdobrar significa, segundo os espíritas, a sua alma sair do corpo… E diz que quando a gente dorme, o nosso espírito sai do corpo e vai fazer aí as coisinhas de espírito. E aí, como que você vai saber se você está sonhando ou se você está fazendo coisinhas de espírito? Achei complicado. Achei muito complicado. Então ela acha que provavelmente não era um sonho, ela que deu permissão para esse espírito e que ele ficou em formato de criança porque era mais fácil dela aceitar. — Eu fiquei chocada.  E o fato dela querer muito doce é porque provavelmente ele tinha fome e tinha fome de doce, enfim… E ela não conseguia engolir, não conseguia descer porque era uma coisa que era para ele e tal… Achei tudo muito bizarro, muito bizarro. Deus me livre, não quero desdobrar, não quero sair do meu corpo… O que vocês acham?

[trilha]


Assinante 1: Oi, nãonviabilizers, aqui é a Thaís falando dos Estados Unidos e eu toda inocente achando que era um Luz Acesa do bem, pensando: “Puts, será que ela vai engravidar, né?” e, no fim, meu Deus do céu, que história foi essa? Fiquei chocada. Deus me livre… Ainda bem que ficou tudo bem. Beijo, galera. 

Assinante 2: Oi, meu nome é Nicole, eu sou de São Paulo e esse Toc Toc aí assustou mais que o da Polícia Federal, fala sério… Nossa Senhora, que horror… [risos] Mas eu fico aqui pensando: Como é que faz pra gente, que é do clube dos frouxos, para dormir agora? Porque, assim, eu morro de medo e agora eu vou ter que me responsabilizar pelo que eu falo em sonho? Não, gente, não dá… Não acho certo, não concordo, não gostei, não aceito, [risos] não é certo… Mas estou apavorada com a história, mas ainda bem que no fim ficou tudo bem, conseguiram se livrar do espírito e tal, mas pô, como que faz agora para dormir? Não dá nem para ficar tranquilo no sono, gente, aí fica difícil… Aí o além não colabora, misericórdia… 

[trilha]


Déia Freitas: Quando eu fui atropelada, eu me vi atropelada, foi uma experiência horrível. — E outro dia eu conto isso. — Deus me livre. Deus me livre. Deus me livre. — Três vezes… — Um beijo e eu volto em breve. 


[vinheta] Quer sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Luz Acesa é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]

Toc, toc, Deus me livre. [efeito sonoro de três batidas na porta e gato miando]