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título: transformação
data de publicação: 05/02/2022
quadro: amor nas redes
hashtag: #transformaçao
personagens: elaine e lucas

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Amor nas Redes, sua história contada aqui. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. E cheguei para mais uma história do nosso quadro Amor nas Redes. — E hoje não tô sozinha, meu publi. — [efeito sonoro de crianças contentes] Chegamos hoje à quarta história da campanha da Drogasil para homenagear seus funcionários. O maior compromisso da Drogasil é cuidar, em homenagem a seus trabalhadores que cuidam de quem visita as farmácias no dia a dia, eu selecionei seis histórias que mostram como o pessoal da Drogasil oferece cuidados que vão além dos medicamentos. Só tem mais duas histórias para contar e eu já tô triste. 

E hoje eu vou contar para vocês a história da gerente Elaine Ferreira de Góis, ela trabalha hoje numa farmácia da Drogasil aqui em Santo André. — Minha parça. — Só que na época ela trabalhava numa Drogasil lá do Ipiranga e eu vou contar para vocês a história dela e do Lucas. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

Essa história aconteceu em 2019 enquanto a Elaine era supervisora de uma filial da Drogasil lá no Alto do Ipiranga. Para quem é de São Paulo, a farmácia que a Elaine trabalhava na época fica ali na Travessa da Patriotas, da Rua Patriotas com a Cipriano. E a Elaine ela trabalhava de madrugada, ela entrava dez horas da noite e saía às sete horas da manhã. Um dia a Elaine estava lá trabalhando e ela viu que, do lado de fora da Drogasil ali, da farmácia, no estacionamento tinha um rapaz abordando todas as pessoas que chegavam, assim, ali de madrugada na farmácia. E a Elaine ali como supervisora foi lá ver o que estava acontecendo, né? E ver porque ele estava abordando os clientes. 

E aí esse rapaz falou pra ele que ele estava pedindo alguma coisa porque ele estava com muita fome e ele não tinha comido nada. Aí a Elaine falou: “Bom, aqui na farmácia a gente tem café e eu tenho um pacote aqui de bolacha, você quer?”. Aí ele falou que sim, aceitou, pegou o café, pegou o pacote de bolacha e foi embora. Aí passou mais um tempinho, esse rapaz voltou e perguntou de novo se a Elaine tinha alguma coisa pra ele comer, né? Que ele estava com fome. A Elaine mais uma vez deu ali o que ela tinha para ele comer, e aí ela fez um acordo com ele. — Porque sempre que ele chegava, né? Ele só ia lá procurar a Elaine quando ele estava realmente com muita fome. — 

Então ela falou: “Olha, vamos fazer o seguinte, o que eu comer daqui pra frente você vai comer também”. Então ele meio que sabia o horário de intervalo, então se ela fosse comer um sanduíche, ela já comprava dois… — Porque sabia que ele ia passar lá, né? — Se ela fosse comer uma marmita, ela levava duas… E assim eles foram estabelecendo uma amizade. E o nome deste rapaz era Lucas, ele era aí uma pessoa em situação de rua, então ele ia lá às vezes quando estava chovendo para ficar embaixo do toldo, né? Para não molhar as coisinhas dele… E assim eles foram tendo uma amizade, conversando, né? Um contando da vida do outro e assim os meses foram passando. 

E a Elaine percebia que ele nunca chegava na loja ali alcoolizado, alterado… Ele falava muito bem, era um rapaz, assim, muito inteligente, muito educado. Toda a madrugada eles ficavam ali conversando, né? Até que um dia… A Elaine lembra que era um domingo, de madrugada, — Ela trabalhava de madrugada. — e era um domingo de chuva. Então estava chovendo muito e o Lucas chegou todo molhado, com as coisas molhadas e ele ficou ali embaixo do toldo, né? Do lado de fora da farmácia, e a Elaine foi lá levar café para ele, levar comida e tal… E, nesse dia, ele tava, assim, um pouco diferente… E aí ele falou pra Elaine que uma vez ele tinha tido uma oportunidade de sair da rua, de internar numa clínica e sair da rua, né? Uma casa de reabilitação. 

E o Lucas foi falando ali para a Elaine que ele gostaria de ter uma nova oportunidade nessa casa de reabilitação e ele sabia que, se ele conseguisse chegar lá, ele teria essa oportunidade, ele seria acolhido, que ele não queria mais ficar na rua, que ele queria realmente mudar de vida. E a Elaine foi escutando e tal, né? Falou pra ele: “Não, então vamos agilizar para que você possa ir, só que antes eu quero tirar uma foto sua. Eu vou tirar uma foto sua para você ver como você está agora e, um dia, quando você quiser voltar aqui, você volta e eu te mostro essa foto”. E ele estava ali no cantinho, né? Todo molhado, ele se arrumou um pouco assim e tirou a foto, [efeito sonoro de disparo fotográfico] — A Elaine tirou a foto dele, eu vi essa foto… Então, o Lucas é um rapaz pardo, na foto ele estava magrinho, com uma camisa preta assim, uma calça jeans puída, muito suja e com as coisinhas dele, assim, uma mochila, as coisinhas do lado e ele está sorrindo na foto. Ele tem um olhar muito meigo… — 

E Elaine tirou duas fotos dele e falou: “Olha, quando você sair dessa instituição que você quer aí, você me procura que eu quero te mostrar essa foto”. E assim foi… O tempo foi passando, passaram—se aí dois anos, chegamos a 2021… — Só voltando um pouco… — Naquele dia ele se despediu da Elaine e disse que ia pra essa casa de reabilitação e, realmente, durante dois anos a Elaine nunca mais viu o Lucas. — Nesse meio tempo, ela mudou de farmácia. — Então ela saiu da Drogasil lá do Ipiranga e veio para a Drogasil aqui de Santo André. — E esqueceu, gente, esqueceu totalmente da situação do Lucas… Mas não apagou a foto do celular. 

Aí a Elaine também pessoalmente, assim, não estava numa fase muito boa da vida e tal… E um dia ela resolveu ir lá num culto da igreja que ela frequenta… E começou a pensar na vida dela, nas coisas e tal, né? Quando ela recebeu uma mensagem. [efeito sonoro de notificação no celular] — De quem era essa mensagem? — Essa mensagem era de uma funcionária chamada Romaria que estava lá naquela Drogasil, naquela farmácia lá do Ipiranga que a Elaine trabalhava. Aí a Romaria falou assim pra Elaine, falou: “Olha, veio um rapaz aqui na farmácia e ele queria muito saber em que unidade você estava, né? Que ele queria falar com você. E a gente não sabia… E aí a gente pegou o telefone dele, está aqui o telefone dele e o nome dele é Lucas”. 

E a Elaine tinha esquecido completamente do Lucas. — Ela tinha esquecido. — Só que ele não tinha esquecido dela, né? Do que ela fez por ele. E aí ela mandou uma mensagem pra ele ali nos zap, né? Falou: “Ah, então você é cliente lá da farmácia do Ipiranga, eu não estou mais lá e você deixou seu telefone… Eu tô entrando em contato para saber do que se trata e tal”. Aí ele falou: “Elaine, é o Lucas, você não lembra de mim?”. Ela falou: “Ai, desculpa, não lembro e nã nã nã”. E aí ele falou: “Eu sou aquele morador de rua que pedia comida no estacionamento e que você acolheu, conversou, me deu comida. Você lembra de mim?”. Aí na hora ela ficou toda arrepiada, e aí ela lembrou, lógico, do Lucas, né? E toda vez que a Elaine conta essa história ela fica emocionada, né? 

E o Lucas falou: “Olha, eu estou entrando em contato com você porque eu nunca esqueci o que você fez por mim em todos aqueles dias, né? Principalmente naquele dia que eu falei que eu ia procurar ajuda… E aí você tinha falado para quando eu quisesse, quando eu estivesse bem que eu voltasse a te procurar pra você ver como é que eu estava e eu estou voltando”. E aí ele mandou fotos dele, de como ele está agora para a Elaine. — Inclusive eu vi essas fotos… Gato, hein? Era gato antes e está gato agora. Gato. Em todas as fotos… Com todo respeito: gato. — E, gente, hoje o Lucas se recuperou e ele faz hoje o trabalho que alguém fez com ele. — Nessa instituição, né? De recuperação e tal. — Então ele, de madrugada, ele sai também à procura de pessoas que queiram aí uma oportunidade de se reabilitar, enfim… 

E ele foi contando da vida, de como está agora… Ele tem uma casa, ele alugou uma casa, ele tem o espaço dele e ele trabalha nessa clínica, ele está bem… Cara, ele não esqueceu do acordo que ele tinha, né? Com a Elaine. A Elaine mandou a foto para ele, de como ele estava naquele dia e ele mandou as fotos de como ele está agora. E eu volto a dizer aqui, que eu estou muito feliz com essa curadoria de histórias, né? Desses cuidados dos funcionários da farmácia, que vão além da farmácia, né? Que ultrapassam as portas da farmácia. Estou muito contente com a minha escolha de histórias. E só histórias ótimas, eu queria poder contar mais, bem mais que seis… — Quem sabe, Drogasil? Estou aqui. [risos] — 

É lógico que a gente não vai postar as fotos, mas eu garanto para vocês, assim, que a transformação do Lucas, das fotos que ele tirou naquele dia, na chuva, que ele estava ali mirradinho, encolhidinho e tal, mas mesmo assim com uma cara boa para sair na foto, sabe? E as fotos dele depois… Cara, tem nem o que dizer… Não tem nem o que dizer desse acolhimento da Elaine, né? De chegar numa pessoa em situação de rua e acolher, ali na farmácia, né? Que era onde ela estava, de madrugada, enfim…— Ai, olha… — Aqueceu meu coração… E agora a gente vai ouvir um pouco a Elaine contar aí como que foi esse encontro com o Lucas. 

[trilha] 

Elaine Ferreira: Meu nome é Elaine Ferreira de Góis, sou gerente da filial Santo André 7, localizado no bairro Vila Gilda. O meu contato com o Lucas… O meu contato com o Lucas, eu não tenho memória do tempo que ficou nesse processo dele ir no estacionamento e eu dar algo para ele comer ou deixar ele ficar embaixo do toldo, mas teve um domingo específico, estava um domingo bem chuvoso, aí choveu a madrugada inteira e o Lucas apareceu no estacionamento e perguntou se ele podia ficar embaixo do toldo, porque as coisas dele estavam molhadas e ele não tinha onde ficar, se proteger da chuva. Então ele ficou bem no cantinho, perto do lado de fora da loja, entre o vaso e a porta, ele ficou lá sentadinho. E como estava super tranquilo o movimento naquele dia, nós começamos a conversar. 

Foi quando ele me falou que ele queria mudar de vida, que ele queria a oportunidade de recomeçar. E ele falou assim: “Eles já me ajudaram uma vez, eu conheço um lugar onde me ajudam… Eu já fui ajudado uma vez nessa instituição e eu sei que se eu conseguir chegar lá, eles vão me deixar, eles vão cuidar de mim novamente, me dar a oportunidade de um novo recomeço… Eu não quero isso para mim, eu realmente quero mudar de vida”. E foi quando eu falei para ele, eu falei assim: “Olha, então vamos fazer o seguinte, eu vou tirar uma foto sua hoje e você vai para esse lugar, quando você voltar, você me procura… Quando você estiver bem você me procura, que eu vou te mostrar essa foto”. 

E eu tirei essa foto, duas fotos dele, amanheceu e, de fato, o Lucas foi embora… Atualmente, a última vez que a gente conversou, a gente conversa bastante, né? Ficamos até de marcar um novo encontro para atualizar essa foto. E, atualmente, ele está morando sozinho. Ele conseguiu a oportunidade de levar sua vida, de fato, independente…. Ele está morando sozinho numa casa aqui em São Paulo e ele continuou fazendo esse trabalho na igreja e é isso… É o lema da empresa, né? A gente cuida de gente. Eu sou apaixonada por esse lema, de fato. 

Déia Freitas: Semana que vem eu estou de volta com mais uma história… Escolhi uma história que fala de trabalho na terceira idade e estou muito empolgada para contar ela para vocês. E vamo que vamo… Drogasil, tamo junto e é nós. Um beijo, gente, semana que vem, sábado que vem eu estou de volta. 

[vinheta] Quer sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Amor nas Redes é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.