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título: transição
data de publicação: 07/12/2023
quadro: amor nas redes
hashtag: #transiçao
personagens: ana luísa

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Amor nas Redes, sua história é contada aqui. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Amor nas Redes. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii… — [efeito sonoro de crianças contentes] Adivinha quem está aqui comigo de novo? — Óbvio, contando mais uma história de amor. — A Salon Line, a marca das crespas e das cacheadas. E hoje é dia de indicar uma linha que une finalização e tratamento: A S.O.S Cachos, nossa conhecida já. A S.O.S cachos é a linha que todos os fios aí com curvaturas desejam, porque ela tem finalização, brilho e controle de frizz. — Gente, o frizz do meu cabelo… Sério… — Cabelos crespos e cacheados amam um ativo poderoso e a linha S.O.S Cachos entrega e entrega bem. Ela tem óleo de coco, óleo de manga, super óleos e muito mais. Já deu para perceber aí que o tratamento é de primeira, né? — Tratamento é o que não falta. — 

E pra quem gostou da novidade, a linha ganhou uma cara nova. Então você encontra todos os produtos em novas embalagens belíssimas, agora muito mais moderna e — como eu gosto de falar aqui — cheias de “xurubiru”. — Amo… — Acessa aí: salonline.com.br, também acompanhe pelas redes sociais, @SalonLineBrasil e confere aí todas as novidades da linha S.O.S Cachos, que vai aí dá muito mais cuidado e estilo para o seu cabelo. — Eu vou deixar o site e o arroba certinho aqui na descrição do episódio e fica com a gente até o final, que lógico, tem cupom de desconto. — E hoje eu vou contar para vocês a história da Ana Luísa. Bom, então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

A Ana Luísa lembra que começou aí a ter o cabelo alisado bem novinha, por volta dos seus cinco anos de idade. — Gente, cinco anos… — A sua mãe, a dona Marluce, — que também alisava os próprios cabelos — quando teve as filhas não sabia ainda como cuidar… — Porque, assim, não tinha quase nada de produto específico, gente… Se bobear, nada, né? — Então era mais fácil realmente alisar o cabelo para ela conseguir cuidar. A Ana Luísa disse que a família dela sempre teve uma situação financeira confortável e que ela e as duas irmãs sempre estudaram em colégios particulares, o que fez aí com que as três frequentassem ambientes onde tinham poucas ou as vezes nenhuma criança parecida com elas. 

E na escola a Ana Luísa — que é a irmã do meio — e a irmã dela mais velha, a Carmen, elas sofriam muito bullying e racismo… E mesmo as duas não tendo consciência do racismo que ela sofriam na escola na época, elas tinham o cabelo ali alisado e mantinham presinho assim, às vezes em duas tranças, com maria chiquinha e tal, pra ver se passava mais desapercebido. — A gente sabe como funciona… Até hoje a Ana Luísa lembra dos xingamentos e das situações racistas que ela e a irmã sofriam na escola. Ela até destacou que uma vez que uma criança. tinha ganhado um espelhinho com pente e estava mostrando para todas essas meninas, e aí pediu que não passasse para Ana Luísa e a Ana Luísa ali junto na roda, né? Porque senão o cabelo da Ana Luísa ia quebrar o pente, né? E uma outra vez uma colega dela da escola perguntou também por que ela não raspava o cabelo pra ver se ele crescia melhor, se ele crescia bonito. — 

Quando a Ana Luísa e sua irmã Carmem elas cresceram, — ficaram mais velhas — elas passaram a fazer escova e chapinha aos fins de semana. Então elas faziam ali o alisamento e pra complementar, faziam ainda ainda escova e chapinha e elas iam com a dona Marluce, com a mãe, num salão para fazer esse procedimento de alisamento e tal. E hoje a Ana Luísa lembra que só tinha ela e a Carmen de criança. Todas as mulheres que estavam lá eram adultas. — Então, desde muito cedo ela lembra de fazer esse procedimento. Eu lembro que aqui as mulheres da minha família, minha mãe, minha tia Nice, minha tia Margarida, não tinha em Santo André lugar bom para cuidar de cabelo de mulheres negras, então elas iam pra Lapa… Pegavam o trem aqui em Santo André e iam para a Lapa, porque lá tinha uma mulher que fazia uma espécie de alisamento e relaxamento que tinha na época. — 

E a Mirela, a irmã caçula da Ana Luísa e da Carmem — que a Ana Luísa é do meio, a Carmem a mais velha — tem o cabelo cacheado com a raiz, assim, mais lisa, os cachos mais definidos e mais soltos. Então, a Mirela sempre foi socialmente muito mais aceita. — Inclusive a avó delas nunca falou mal do cabelo da Mirela, então a Mirela nunca precisou alisar o cabelo, né? Diferente da Ana Luísa e da Carmen. — Com tanta química, com o dano do calor da escova, da chapinha, o cabelo da Ana Luísa não crescia por nada. Ela sempre sonhou em ter o cabelo comprido igual as meninas da escola, mas o cabelo da Ana Luísa quebrava, não adiantava… Tinha dia que ela acordava e tinha um monte de cabelo quebrado no próprio travesseiro ali. Até que com 17, 18 anos, uma amiga da Ana Luísa parou de relaxar o cabelo e a Ana Luísa falou: “Quer saber? Acho que vou na onda, acho que vou junto. Vou aí também deixar o meu cabelo natural. Será que eu consigo?”. 

Para tentar manter ela continuou somente fazendo ali escova mesmo, com secador, e passando ali a prancha depois. Mas ela tinha que fazer muita escova e muita prancha… E aí o cabelo começou a ficar mais danificado por causa do calor ali, né? O cabelo da Ana Luísa parecia que estava oco. Ana Luísa falou: “Eu preciso dar um jeito nisso”. E aí ela resolveu ir num salão para fazer permanente afro naquela raiz que estava sem química. E não era a melhor ideia, mas ela foi a Ana Luísa… E as mulheres do salão não acreditaram que ela não tinha química naquela raiz, que era só escova e chapinha… Ficou um climão assim no salão, a Ana Luísa até chorou quando estava no lavatório, porque elas meio que tiravam sarro, mas no fim falou: “Bom, é por sua conta e risco, porque se bater ali química com química pode dar um corte…Geralmente dá, né? E aí já era corte químico no cabelo”. 

E aí elas fizeram, mas não ficou como a Ana Luísa queria… E mais uma vez ela estava aí com química no seu cabelo e não estava feliz. No ano seguinte, a Ana Luísa seguiu… — Aí não fez mais nada, não passou mais química, não fez mais nada. — Ela já estava na faculdade, ela estudava dois idiomas, tinha um dia muito corrido, mais tinha dia que ela faltava na faculdade porque ela não conseguia arrumar o cabelo e ela falava: “Meu Deus, eu não posso ir assim”. E aí ela faltava e a dona Marluce preocupada, falava: “Filha, pelo menos então faz aí um relaxamento pra soltar a raiz”. — Não cai nessa… Se você quer deixar o seu cabelo natural, você que é crespa e cacheada, se você cair nessa de só relaxar a raiz, a raiz ela é o comprimento do cabelo de amanhã, né? Então o seu cabelo daqui a pouco tá todo com química de novo. — 

E as pessoas não entendiam por que a Ana Luísa parou de cuidar do cabelo… Não era ainda a época do boom do cabelo natural, né? Dos cachos e tal… — Ainda bem que chegou essa época. — Então as pessoas não entendiam bem o que ela queria com aquele cabelo. A Ana Luísa queria esperar o cabelo crescer mais um pouco antes de cortar a parte com química, porque ela não queria ficar de cabelo curto. — Ela tinha essa questão… — Só que ela já estava no limite, tinha dia que ela não conseguia arrumar e faltava em aula… Então aí ela decidiu, ela achou ali na internet um salão especializado em cabelo crespo e ela falou: “Eu vou lá e vou perguntar se meu cabelo tem uma solução, né?” e a dona Marluce resolveu ir junto com a Ana Luísa. — O salão tinha uma loja que era perto do salão, que vendia produtos. — 

Elas chegaram lá, e aí a moça que botou a mão no cabelo da Ana Luísa na raiz, falou: “Meu Deus, seu cabelo é lindo, seu cabelo é maravilhoso, vai dar super certo cortar”. E aí já foi um impacto, porque foi a primeira vez que alguém estava surpreso de maneira positiva e elogiando o cabelo dela, falando que o cabelo dela era maravilhoso e tal. Aí a moça falou: “Bom, vamos lá no salão… Você conversa com o cabeleireiro e tal”. Aí ela foi aquele caminho, que era perto, — alguns quarteirões, assim — pensando: “Meu Deus, olha que coisa louca… Ela tá elogiando meu cabelo, tá me levando pra ser cuidada”. — Sei lá, era outra abordagem, saca? — Chegando lá, o cabeleireiro explicou pra Ana Luísa que se ela cortasse o cabelo naquele momento, ele ficaria curtinho, estilo black power… E a Ana Luísa nunca tinha pensado em usar o cabelo, assim, black power, mas tava todo mundo ali tão positivo no salão, incentivando ela, que ela tomou coragem e aí ela cortou o cabelo… 

E foi uma transformação que a Ana Luísa jamais poderia imaginar, assim… Ela saiu do salão mil vezes mais confiante, assim, se sentindo bonita, sabe? E já no caminho de volta, algumas pessoas aleatórias da rua elogiaram o cabelo de Ana Luísa. Foi assim, surreal… — Ela nunca tinha passado por isso… Nos dias seguintes, conforme as pessoas que conviviam com a Ana viam o cabelo dela, ela sentiu uma mistura de sentimentos, porque, assim, ela começou a ouvir muitos elogios de quem nunca falou bem do cabelo dela e ela notava que as pessoas até tinham um pouco de culpa, sabe? “Nossa, será que alguma vez eu incentivei ela a alisar?”, sabe? Mas era só elogio, assim, até de gente desconhecida… Gente falando: “Ai, nossa, por que você não fez isso antes? Ficou lindo…”. — Aí dá ódio, né? Falar: “Eu não fiz isso antes você sabe porque, né? É a própria sociedade que me obrigava a ficar de cabelo liso”. — 

E aí, logo na sequência, já veio aquele boom das blogueiras de cabelo falando de cabelo natural, deixando de usar química… E aí tinha algumas pessoas que falavam que “ah, a Ana Luísa só fez isso por modinha”. — Que ódio que dá, né? — E aí foi aquele boom produto, de influenciadoras, e aí sim a vida facilitou, né? Quem queria agora deixar o cabelo natural tinha muito mais opção. E a Ana pensava: “Meu Deus, mesmo com o cabelo curto eu tô sendo tão elogiada, recebendo elogios de desconhecido na rua”. Uma vez ela estava atravessando a rua e vinha uma mulher na direção oposta e a mulher já veio, assim, sabe? Praticamente batendo palma, “parabéns, maravilhoso seu cabelo”. [risos] — Amo… — E nessa a dona Marluce foi vendo o cabelo lindo da filha que, poxa, era o cabelo dela também… 

E aí a Ana Luísa conseguiu levar a Dona Marluce também para cortar a parte de química do cabelo e, como dona Marluce sempre usou o cabelo curtinho, pra ela foi fácil assim. Então ela só foi e tirou a parte de química e começar a cuidar do cabelo dela natural… — Amo. — Nisso, a Carmen, a irmã mais velha da Ana Luísa, já tinha se mudado para fazer um doutorado na França. — Eu amo que essa família é tão chique, tão rica… — E lá ela não ia mais ter o acesso a alisamento que ela fazia aqui, essas coisa, o relaxamento… Então, o que a Carmen fazia? A raiz dela foi crescendo natural e ela foi usando sempre o rabo de cavalo pra manter ali preso o cabelo, fazia um coque… — Porque estava metade natural e metade ainda com alisamento, relaxamento, enfim… 

A Ana Luísa foi visitar a irmã e falou: “O quê? Vamos cortar essa parte de química do cabelo” e aí foi outra revolução que ela mesma cortou o cabelo da Carmen, tirou toda aquela parte de química e deixou o cabelo dela natural. Três anos depois, a Ana Luísa foi fazer um mestrado nos Estados Unidos — porque, sim, elas são maravilhosas — e ela levou um carregamento de creme pra cuidar do cabelo e tal e hoje a Ana Luísa é quem cuida do cabelo das irmãs. Então elas resgataram isso, sabe? De ficar juntas e de cuidar dos cabelos. E a Ana Luísa disse que quando ela está cuidando do cabelo das irmãs e da mãe, ela sente que ela tá ali em contato com a ancestralidade dela, resgatando um lado que ela nem imaginava que podia ter ali de interação entre ela e a família… E cada uma das mulheres da família ali que ela cuida tem uma textura diferente de cabelo, então é legal arrumar, é legal conhecer, né? Cada uma tem o seu jeito próprio de achar o seu cabelo bonito. 

A Ana Luísa sempre teve essa questão de não querer ter cabelo curto… Hoje o cabelo dela é longo — não parece que é longo do jeito que é, porque tem o fator do encolhimento dos cachos e tal —, mas o cabelo dela está num comprimento que ela gosta e, se tiver que cortar, ela corta. Eu costumo pensar muito sobre as histórias que eu recebo, em como elas são vivas e se movimentam também… O tempo vai passando e as histórias vão mudando um pouco. E no caso de Ana Luísa, ela recebeu um diagnóstico de câncer. Ela vai operar e, dependendo, pode ser que haja necessidade de quimioterapia… Mas Ana Luísa disse que se o cabelo dela cair, ela está preparada. Se cair, ela vai ficar bem e ele vai crescer curtinho de novo. Fazer a transição capilar e saber cuidar do cabelo foi uma reconexão dela, da mãe, das irmãs com a negritude delas. 

Ela que na infância e na adolescência não queria parecer negra, né? — Ela não queria ser negra. — Foi a partir do cabelo, dela descobrir o cabelo natural que ela passou a gostar de quem ela era. A Ana Luísa diz: “Eu passei a me ver com bons olhos”. E aí eu queria deixar essa pergunta aqui para você: Você já se olhou com bondade?, de se olhar mesmo com bondade, com carinho para você mesma, assim, com compaixão. — Faça esse exercício, se olhe com bondade. — E é isso, gente… 

[trilha] 

Assinante 1: Meu nome é Fernanda, eu falo de Goiânia, eu tenho 37 anos e alisei o meu cabelo dos 13 até os 35 anos. Eu decidi passar pela transição capilar depois que comecei a perder muito cabelo, tive uma queimadura no couro cabeludo, fiquei com entradas horríveis e eu já vinha amadurecendo essa ideia na minha cabeça até tomar coragem para passar pela transição, que não foi fácil, mas hoje em dia eu vejo o tanto que é recompensador você fazer isso por você mesma. É um processo de autoconhecimento muito grande… Algumas pessoas podem achar que é bobeira, mas você ter a coragem de se olhar no espelho como você é de verdade não é fácil. Eu passei por muito julgamento… Eu não me arrependo, hoje em dia eu me acho linda no espelho… Não é fácil passar pela transição, mas é um caminho pelo qual eu não me arrependo em nenhum momento de ter percorrido. Eu fico muito orgulhosa de mim mesma por ter passado por isso e ter conseguido. 

Assinante 2: Oi, aqui é a Mariana de São Paulo, Capital e vim contar um pouquinho sobre minha transição capilar. Quando eu era criança a minha mãe que cuidava do meu cabelo e ela, apesar de ser uma mulher de cabelo cacheado, não sabia cuidar do meu, então ela sempre prendia… E quando ela não estava, eu andava com ele solto, mas sem formato, bagunçado, enfim. Aos 14 anos mais ou menos eu comecei a fazer escova recorrentemente e, aos 20, eu comecei a fazer progressiva. Usei o cabelo liso e com progressiva por muitos anos, até que em 2020 para 2021 eu fiquei grávida e não podia mais fazer nenhum procedimento químico. Foi muito difícil aceitar meu cabelo… Eu fazia escova e foi difícil aceitar e tentar me reconhecer com cabelo cacheado, porque eu não o conhecia. Até que um dia fui em um salão de cabelo cacheado e me deparei com diversas mulheres de cabelo cacheados e crespas e fiquei maravilhada… Tinham homens também, todos assumindo seus cachos e foi muito bacana essa experiência, A transição foi ótima para mim. 

[trilha] 

Déia Freitas: Para você curtir todas as novidades da linha S.O.S Cachos, a Salon Line disponibilizou um cupom pra gente, o cupom é PONEILINE. [risos] — Eu amo esse cupom. — PONEILINE você escreve tudo junto, tá? “PONEILINE”, Tudo em maiúsculo. Você vai virar uma Salon Lover e ganhar 20% de desconto. Acesse a salonline.com.br e acompanhe também pelas redes sociais, @SalonLineBrasil. — Valeu, Salon Line, tô mega feliz de ter vocês aqui comigo. — Um beijo, gente, e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Amor nas Redes é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.