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título: trilha
data de publicação: 19/02/2021
quadro: picolé de limão – especial férias 2021
hashtag: #trilha
personagens: pablo e ulisses

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei para mais um Picolé de Limão do nosso especial de férias, e hoje uma história sobre trilha. [risos] Eu amo histórias de trilha. E por que eu amo história de trilha? Porque eu odeio fazer trilha, eu odeio acampar… Eu amo a natureza, [risos] mas não gosto muito de estar em lugares com muito mato. Então, [risos] eu nunca acho que vai dar certas histórias de trilha. E a história que eu vou contar hoje para vocês é a história do Pablo e do Ulisses, que me escreveu foi o Pablo, então vamos lá, vamos de história.

[trilha]

O Pablo e Ulisses se conheceram de uma maneira muito fofa assim, eles estavam num supermercado… —  Eles não se conheciam. —  O Ulisses estava com um carrinho cheio de compras e o Pablo tinha passado para comprar dois itens, e eles estavam na mesma fila, o Pablo atrás do Ulisses. E aí o Ulisses deixou ele passar na frente, falou: “olha, você tem só dois itens, eu estou cheio de coisa aqui e nã nã nã” e, enquanto a fila não andava eles ficaram conversando, trocaram telefones depois conversaram, se encontraram deu certo e começaram a namorar. E isso foi em julho de 2019…

Quando foi lá pro final do ano, o Ulisses comentou com o Pablo que ele ia fazer uma trilha. E como é que esse negócio de trilha? Ele tem uma turma, eles sempre fazem trilha e eles levam isso muito a sério, então eles calculam a rota, o tempo, por onde vai passar e fazem trilhas fora do Brasil… Porque eles já fizeram a maioria das trilhas aqui. E o Pablo entende zero de trilha, né? Zero de zero. [risos] Só que ele queria muito ficar com o Ulisses, o Ulisses essas explicou pra ele: “olha, não pensa que vai ser uma viagem de férias assim que a gente vai para um lugar que vai ter piscina e a gente vai sentar e tomar um drink e relaxar… Não é, a gente vai pra fazer as trilhas, a gente tem as marcações das trilhas e…” Dentro da turma deles tem parece que um botânico… Sabe essas coisas assim? Essa galera que estuda a natureza além de fazer a trilha. —  Eu tenho um sonho, gente, que quando eu ficar mais velha eu quero virar observadora de pássaros, mas eu quero ver como é que eu vou fazer isso sem ter que ir para lugares… [risos] De trilhas e essas coisas. Isso é outro projeto. —

E aí o Pablo, ele falou: “ah, quero ir sim, acho que eu dou conta”… E aqui, gente, cabe um parêntese para contar pra vocês uma gordofobia do Pablo. O Pablo é um cara magro, mas é um cara com zero condicionamento físico. —  Tipo eu assim, não faz ginástica, não faz nada… Então, se a gente corre, eu e Pablo daqui da esquina pra pegar um ônibus, a gente quase bota os bofe pra fora. Eu passo mal real. Inclusive eu tenho tão pouco condicionamento físico que eu tenho que fazer exercício de respiração pra contar história, porque eu perco o fôlego, enfim… E o Pablo é nesse meu nível. —

Só que ele achou que seria moleza pra ele porque Ulisses é gordo, e a maioria da galera da turma do Ulisses é gorda. Então, o que que ele pensou? “Ah, gente, gordo fazendo trilha? Vão andar daqui ali e daqui a pouco a gente está tudo numa lanchonete comendo, tranquilo”. Então ele foi muito gordofóbico e, realmente não pesquisou onde eles iam, que era um destino internacional… —  Que eu nem vou me atrever a trocar o destino porque eu não consigo nem colocar um destino parecido assim, eu não conheço nada das trilhas, então… —  Vamos falar aí que eles foram fazer trilha fora do Brasil na Ponêilandia. [risos].

Tinham um circuito, né? De trilhas ali, e o percurso todo, eles iam demorar oito dias. E aí tem as paradas, você cê dorme lá nos lugares e tal… Mas, gente, oito dias de trilha… Precisa ter fôlego ali, estar preparado. E o Pablo estava achando que ia pra Ponêilandia assim, leve e solto, sem preparação nenhuma… Chegou o dia da viagem e, antes da viagem o Ulisses tinha mandado um e-mail com tudo que ele ia precisar. Então, repelente, precisa ter o tênis certo… — Tênis não, a bota de trilha lá… — Quer dizer, tinha um monte de coisas lá que tinha que fazer. Pergunta se o Pablo fez algo… Não. Ele fez a mochilinha fashion dele ali, o tenizinho dele da moda e foi para o aeroporto…

E ele viu que a galera, assim, quando você vai fazer trilha leva não leva coisa a mais assim… Você leva só o que você pode carregar. E ele tava com a mochila dele e com uma mala. Aí o Ulisses já olhou e falou: “Pablo, não tem como você ir de mala, a gente vai fazer trilha, a gente vai andar…” —  O Pablo totalmente sem noção, né? Ele com a mala de rodinha na trilha. [risos] Ai meu Deus… — Ai a turma foi muito legal, meio que acolheu ele, deram risada… Eles estavam com tempo ainda, o Pablo teve que, ali na mochila, ver o que ia levar e o que não ia levar. Ele não tinha uma bota adequada pra trilha, ele mandou a mala dele de volta pra casa pra mãe dele pegar lá na casa leve dele com o Uber e teve que comprar uma bota, caríssima, no aeroporto pra poder fazer a trilha.

Então aí já o primeiro erro, né? —  E, assim, tudo porque ele não leu um e-mail, né Pablo? Podia ter lido. Ele ia usar uma bota nova que, provavelmente, ia machucar o pé dele. — E aí consertou, deu certo, arrumou ali, nã nã nã. Viajaram. Aí o primeiro dia eles iam ficar num hotel para dormir em um hotel ali para, no outro dia cedo, já caminhar, né? Já sair ali pra fazer as trilhas e tal, seguir o roteiro que eles tinham já pré estabelecido. E aí ali no hotel o Pablo já ficou emburrado, e por que? Porque eles estavam em 12, e eles pegaram quartos triplos pra ser mais barato, e o Pablo ai, achou que a primeira noite eles iam passar juntos, tipo luazinha de mel e nã nã nã. Só que desde o começo o Ulisses avisou pra ele…

Uma coisa é você ir pra uma viagem que você acha que é uma roubada sem ser avisado… E outra é você ter recebido avisado o roteiro, as paradas, o que você tinha que levar, como você tinha que se vestir…. Você sabia de tudo antes, só que o Pablo não prestou atenção em nada porque “ai meu Deus, o amorzinho da minha vida, vou viajar com o amorzinho da minha vida”, né, Pablo? E aí já ficou emburrado, mas tudo bem, o Ulisses relevou. No outro dia cedo eles saíram [risos] pra caminhar e o Pablo já não conseguia ir daqui a ali com a bota. —  Gente… [risos] — E na loja da bota, o Ulisses falou assim pra ele: “Pablo”… — Digamos que Pablo calce 41. —  O Ulisses falou pra ele assim: “Pablo, pega uma bota 42 e pega umas duas meias grossas, porque isso pode te ajudar”. Aí o Pablo falou: “Não, imagina que eu vou pegar uma bota maior do que meu pé, depois eu não vou conseguir usar… Eu quero uma bota que depois eu use”.

Aí pegou uma bota justa no pé dele, certinha no pé dele, só que assim, quando você está em casa você pode levar no sapateiro pra deixar mais larga, o você vai laceando a bota ali em casa. Outra coisa é você comprar uma bota, botar no pé a bota justa pra fazer uma trilha, Pablo. Sabe? [risos] E aí foi todo… Todo manquitolando, andando com bolha já no pé. Machucando, né? E começou a atrasar a turma. E ele não andava, não tinha fôlego… E ele se lascou, porque, né? O gordofóbico achou que a galera ali, gorda, não ia dar conta e, poxa, puta fôlego, todo mundo que faz exercício e se prepara para fazer a trilha, né?

E aí deu ali uma hora de caminhada, gente, Pablo pediu arrego. Falou: “gente, eu não vou aguentar”. Só que era uma viagem de oito dias… [risos] — Ele com uma hora… Ai, olha… [risos] — Porque eles fazem várias trilhas, era uma viagem internacional, quer dizer, um roteiro que ele queria cumprir. O Ulisses faz isso todo ano e o Pablo estava ali falando que não ia mais. Então teria duas opções: ou ele ficava com o Pablo, o Ulisses, ou ele ia com a turma. —  Eu, se eu sou o Pablo, eu, Andréia, por mais que que seja ruim… — Era uma trilha bem movimentada, que dava para ele voltar, ele sabia… Era um ponto ainda da trilha turística, então tinha muita gente. —  Se eu fosse o Pablo eu ia falar: “Olha, me desculpa, eu não sabia que seria assim, eu já estou dando muito trabalho para vocês. Eu vou ficar, eu vou ficar… Você faz a sua trilha.”.

Porque oito dias depois, eles iam ver lá um ponto final e iam voltar pro mesmo aeroporto, de ônibus. Então o que o Pablo podia fazer? Ficar na cidade, curtir ali sozinho, não precisava usar bota, nada e deixar o namorado fazer a trilha, que é um negócio que o cara leva a sério. Então o Pablo podia ter feito isso… Mas o Pablo não fez, e ele deixou pro Ulisses decidir. Ulisses que é um fofo, um querido, o que ele fez? Desistiu da viagem planejada dele para ficar os oito dias com o Pablo em um hotel que eles não tinham nem reserva, eles iam ter que gastar pra ficar nesse hotel. —  Então pensa, gente. —  Sendo que o Pablo sabia de tudo antes, né? —  Eu achei uma mega sacanagem. Eu achei. O Ulisses foi muito querido, porque se sou eu, não sei, não… Eu falava: “então você fica aí no hotel e espera. Vê se tem reserva e eu vou fazer a trilha”. Enfim… —

O Ulisses voltou com ele, mas voltou chateado, e a turma também ficou chateada, porque é uma coisa que eles fazem todo ano, né? —  E gente, é uma coisa que tem que ser preservada. Eu entendo que, quando a gente é mais novo, a gente tem algumas restrições com a turma do namorado, com a turma da namorada… Mas é uma coisa que, por mais que seja uma coisa que a gente não goste… Hoje que eu estou mais velha eu aprendi também, que a gente tem que aceitar. E se a gente não aceita, a gente tem que engolir. São os amigos do cara, sabe? São as amigas da mina. Poxa, a gente tem que conviver, tem que aceitar. Mas isso eu não vou nem culpar o Pablo, porque eles são ainda jovens e as coisas mudam, né? —  Mas o Pablo fez uma birra lá e eles voltaram, conseguiram um quarto lá do hotel. Mesmo ele vendo o Ulisses muito chateado, ele estava feliz que ele ia ficar só com o Ulisses isso. — Então ele foi bem egoísta, né? —

Então passaram male má os oito dias ali no hotel, fizeram alguns passeios por perto, mas a cabeça do Ulisses estava na trilha com os amigos, né? E é super compreensível isso. Só que aí o Pablo foi me emburrando de novo. — Pablo insuportável, hein, Pablo? Foi você que me escreveu, mas eu falei para você. Você foi insuportável nessa viagem. —  E aí foi emburrando de novo porque ai, o Ulisses estava com ele e estava chateado. Poxa, o cara fez uma viagem internacional para cumprir uma trilha lá do caderninho dele de trilha, sei lá, — do planner de trilha — e não cumpriu. Porque você, sabe, não teve a capacidade de ir com o sapato certo. Aí quando chegaram no aeroporto, todo mundo contando as histórias lá da trilha, o Ulisses super chateada, a turma percebeu que ele estava chateado e, dois dias depois que eles chegaram, o Ulisses terminou com o Pablo. — E, assim, não culpo o Ulisses de jeito nenhum, Pablo foi suportável. —

Daí veio a pandemia, eles não se falaram mais, não se encontraram mais. Ulisses cortou o Pablo da vida dele. Só que o Pablo não cortou o Ulisses da vida, stalkeava o Ulisses em tudo… Só que o Ulisses estava em casa, em quarentena, fazendo pão, [risos] de boa. E o Ulisses, além dessa turma da trilha, do trabalho que ele tem e tal, ele tem um trabalho voluntário muito legal e ele faz esse trabalho voluntário já tem uns anos e o Paulo foi acompanhando isso do trabalho voluntário. Quando chegou em novembro agora, pensa assim… São várias ONGs que fazem a mesma coisa. — Eu vou pegar qualquer ação social aqui só para a gente usar de exemplo, mas não é essa. —  Digamos assim, tem oito ONGs que distribuem refeições, o Pablo achou que ia dar muito na cara dele se ele se inscrevesse para ser voluntário na mesma ONG do Ulisses, então o que ele fez? Ele se inscreveu em uma outra ONG que ele descobriu que vai junto com a ONG do Ulisses distribuir as refeições.

E ele pensou em tudo, até no dia ele contou a ali pelo insta os dias que, tipo, o Ulisses só vai de quinta, então ele ia de quinta. Então ele fez assim umas três semanas, um dia ele foi na terça, outro dia ele foi na quarta, outro dia ele foi na segunda… Ele sabia que no dia que ele fosse na quinta, ele ia encontrar o Ulisses, mas ele não queria que fosse o primeiro dia pra não dar muito na cara. Então, quando ele foi numa quinta e ele encontrou o Ulisses, o Ulisses tomou um susto de ver ele no mesmo lugar. E aí o Ulisses falou: “Cara, você aqui e tal…” e o Pablo falou é: “eu tô na ONG tal, fazendo um trabalho x”, “poxa, eu tô na ONG tal fazendo o trabalho y, que coincidência do universo. O universo juntou a gente de novo…” —  O universo? [risos] Um universo chamado Pablo, né? —

E aí, gente, eles voltaram a conversar e, de novembro pra cá eles voltaram a namorar. E o Ulisses está todo apaixonado e acreditando que o destino juntou os dois, que o que aconteceu na Ponêilandia foi um erro, que passou e que agora eles têm uma coisa em comum, que é esse trabalho voluntário e que o universo e nã nã nã. Só que agora o Pablo tá com uma dor consciência, porque ele só foi nesse trabalho voluntário pra encontrar o Ulisses, e agora como o Ulisses viu que ele também está no trabalho voluntário, se o antes o Ulisses ia só de quinta, agora ele quer ir de terça a quinta e o Pablo não quer mais ir. [risos] Pablo, olha, você não é tão boa pessoa, hein? E ele fala: “Déia, mas eu faço outro tipo de trabalho voluntário. Eu faço outras coisas, mas isso eu só fui mesmo para encontrar com ele”.

E agora ele tá nesse dilema, por isso ele escreveu pra gente, que teve o rolo lá das férias, não deu certo e agora, praticamente, em outras férias, ele quer contar para o Ulisses que ele foi de propósito na ONG porque ele fala que o Ulisses toda hora fala disso, fala para os outros que foi o universo que juntou eles de novo e agora não vai ter viagem de trilha, né? Por causa da pandemia, então o Pablo tá mais sossegado. [risos] Mas ele acha, ele tem uma leve impressão que, se ele contar a verdade o Ulisses vai falar: “poxa, você não foi honesto comigo”, porque, assim, eu concordo com o Ulisses se o Ulisses terminar com ele, porque ele podia ter falado lá no começo. Falado: “Olha, eu vim pra te encontrar. E aí eu gostei do trabalho voluntário…” — Que nem é o caso do Pablo… — Mas falar algo assim, “eu continuei no trabalho voluntário e tal” agora não, ele concordou com essa narrativa do universo. Só que aquela coisa, você precisa contar mais mil mentiras para encobrir uma mentira, né? E ele acha que está virando isso.

Então, ele queria ser honesto agora — Agora, né, Pablo? — com o Ulisses e contar que ele nem quer ficar mais na ONG, que ele foi para ficar perto do Ulisses. E o Ulisses gosta realmente dele, pelo o que eu vejo ele gosta também do Ulisses… Então não sei, será que vale a pena contar? Ou sei lá, sai. Não quer mais fazer o trabalho voluntário? Porque o trabalho é voluntário, se você não quer, você não faz. Dá uma desculpa e sai, vai deixando morrer esse assunto. Vocês acham que tem que contar? Tem grandes chances de contar e o Ulisses ficar decepcionado e terminar com ele… Ou, sei lá, espera para contar daqui uns anos. [risos] Fala: “lembra lá quando eu entrei na ONG? Foi pra te ver, não foi pra…” Eu não sei, eu tô com um feeling de “não conta”.

O correto, o racional é você, sei lá, não mentir, mas isso aí, especificamente, isso aí, precisa contar? O que vocês acham? Então deixem lá para o Pablo as mensagens de vocês no nosso grupo de Telegram, no texto aqui têm o link do Telegram, tá bom? Pablo deve contar ou não deve contar que ele nem queria fazer trabalho voluntário, que ele passou esse ano stalkeando o Ulisses e só entrou o trabalho voluntário para encontrar ele de novo? [risos] Eu, por enquanto, estou sentindo que é melhor não contar.

Assinante 1: Eu sou Álvaro, sou de Belford Roxo, e mensagem pro Pablo é: Pablo, inventa uma desculpa e saia da ONG. Se você está feliz, cara, aproveitar a felicidade ao máximo, de você e dele. Não dá mole, não. A diferença que vai fazer, de repente, nem vai fazer tanta diferença falar agora, é surto de consciência? [risos] Cara, vai ser feliz vocês dois, cara. Dá uma desculpa, sai e esquece esse assunto.

Assinante 2: Meu nome é Vitória, sou do Rio de Janeiro e, assim, karma is a bitch. Porque você foi dar uma de stalker, fez toda uma parafernalha pra conseguir estar diretamente em contato com ele e agora que vocês voltaram, ele só fala disso… Como o destino juntou vocês de novo. Coitado. Então, assim, se isso estiver pesando sua consciência, meu amor, eu acho que vale a pena falar, tá? Mas sempre lembrando que ele pode terminar com você de novo. E, assim, se for pra ficar junto com todos esses problemas, no caso, com esse problema, né? Eu acho que não vale a pena. Tá bom? Um beijo.

Déia Freitas: Um beijo e até a próxima história.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.