título: ultimato
data de publicação: 16/12/2024
quadro: picolé de limão
hashtag: #ultimato
personagens: josé eduardo, milena, zezinho
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii… [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje — mais uma vez, mais uma vez — é a Wise. Quer fazer transferências internacionais de dinheiro de forma simples, rápida e com taxas transparentes em mais de 75 moedas diferentes ao redor do mundo? — Sim, lógico que você quer, né? — Então, a Wise é perfeita para você. A Wise lançou no Brasil a sua conta PJ para Negócios Sem Fronteiras. Se você possui uma empresa aberta em seu nome e quer aí economizar tempo e dinheiro ao fazer e receber pagamentos internacionais, como a Wise Empresas você tem atendimento ao cliente 24 horas por dia, sete dias por semana. Com a Wise empresas você conta com tarifas baixas e transparentes, pagamentos internacionais instantâneas de forma fácil e conveniente, recebendo pagamentos de diversos países em poucos minutos, usando o seu computador ou mesmo pelo celular. — Então, ó, abre agora a sua conta PJ na Wise Empresas. — Wise Empresas, receba dinheiro, sem perder dinheiro. — Eu vou deixar o link certinho aqui na descrição do episódio. — E hoje eu vou contar para vocês a história do José Eduardo. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]José Eduardo é um homem hoje de 50 anos e ele trabalha desde os 15. Começou trabalhando com o pai, o pai dele engraxate — e ele ajudava ali engraxando os sapatos e tal —, foi conseguindo uma bolsa de estudo aqui, outra ali, conseguiu um curso técnico e se formou ai torneiro mecânico. A vida toda o José Eduardo trabalhou em fábrica e ele chegou num patamar que hoje ele ganha 10 mil reais. [efeito sonoro de caixa registradora] — Ele disse que queria frisar o salário real dele para que ficasse mais clara aí a história. — É um trabalho pesado, que ele se cansa bastante, ele tá com 50 anos, daqui um tempo ele vai se aposentar, mas ainda tem chão… Então ele precisa trabalhar mais e ele só sabe fazer isso, ele falou: “Andréia, eu só sei fazer isso, eu conheci o seu podcast porque muitas moças da fábrica…” — alô, moças da fábrica, um beijo — “ouvem o podcast ali na hora do almoço, eu fiquei prestando atenção, gostei e comecei a ouvir também e achei muito importante mandar minha história”.
Essa é a rotina do José Eduardo, é uma rotina puxada… E a vida toda ele teve ali alguns percalços… Quando ele conseguiu o primeiro trabalho de fábrica, o pai dele adoeceu, ele tinha que sustentar ali a mãe dele e o irmão. O irmão dele com uma doença degenerativa, então a mãe tinha que se dedicar 100%, então ele tinha que cuidar da mãe e do irmão. Passado mais alguns anos, o irmão dele faleceu e a mãe ficou muito mal, deprimida e tal… Nessa época ele já tinha algumas namoradas, mas não pensava ainda em se casar porque realmente ele tinha uma preocupação muito grande com a mãe, agora já tinha vindo uma tia dele morar junto com a mãe, então ali duas idosas, porque a mãe teve filho mais tarde, então, enfim… Morreu a mãe, morreu a tia, agora o José Eduardo estava sozinho… Ele tinha ali uma casa própria, que era só dele, visto que o irmão dele morreu primeiro, enfim, ele falou: “Bom, agora que eu estou estabilizado, que eu tenho minha casa, eu não preciso mais cuidar de ninguém, eu vou investir no meu coração”. — Para o homem é mais fácil também, porque qualquer idade ele pode aí fazer planos de ter filho e nã nã e a gente não, né? Pelo menos não biológicos. —
Ele queria ter aí seus filhos biológicos e ter uma família, né? — Eu sou muito adepta do incentivo à adoção, mas e aí? Adotar?”, ele falou: “Andréia, era uma época que eu nem pensava… Sei lá, não pensava nisso”. — E ele conheceu uma moça — que a gente vai chamar aqui de “Milena” — e se casou com Milena, [efeito sonoro de sino soando] teve um filho com Milena e o casamento durou ali dez anos. Depois de dez anos, eles não se gostavam mais, o José Eduardo continuava trabalhando demais, a Milena falou: “Ah, não quero”, Milena professora, também tinha nesses dez anos tinha conseguido fazer pós ali e agora ia começar a dar aula em universidade, então ela queria mudar de ares e saiu fora… E o José Eduardo ali com um convívio muito bom com seu filho… Um convívio excelente. O tempo passou, então agora na cabeça do José Eduardo é: “Eu tenho minha casa própria, que já era minha”, então quando se separou da Milena, Milena não teve direito a casa e pensão só pra criança, que ela também trabalhava e eles ali com salários equivalentes, né? O foco do José Eduardo agora era fazer as coisinhas pelo filho dele, né? Colocou desde cedo numa escola particular, ele fazia judô, natação, enfim, tudo o que ele pudesse proporcionar para o filho ele sempre proporcionou.
Acontece que quando o filho do José Eduardo — que a gente pode chamar aqui de “Zezinho” —, quando Zezinho estava com seus 12 anos, José Eduardo foi buscar o Zezinho na escola, era dia dele buscar e lá ele conheceu uma professora… — Olha aí, outra professora… — Os dois com a mesma idade — então ali por volta dos 47 anos —, o José Eduardo sempre gostou de mulheres da idade dele, nunca gostou de novinha, então assim, ela era perfeita, perfeita. Sem contar que ela já dava aula para o Zezinho, Zezinho amava a professora… — A gente vai chamar essa professora aqui de “Roseli”. — Então ele começou um namoro ali com a Roseli teve filho muito cedo… Teve dois meninos, um quando ela tinha 20, o outro quando ela tinha 21, então um estava com 27 e outro com 26. São homens adultos, né? E aí esse namoro firmou, Roseli, que morava de aluguel, falou: “Bom, não é melhor a gente morar junto? O que você acha e tal?” e o José Eduardo falou: “Poxa, eu gosto muito de você, Roseli, bora… Vamos morar juntos, vem morar aqui”. Roseli ajeitou suas coisas… — E aqui eu acho que faltou comunicação. —
Na cabeça do José Eduardo foi o quê? “A Roseli tem dois filhos adultos, eu estou chamando ela para morar aqui, ela não vai trazer os filhos”, Roseli trouxe os filhos. E aí assim que ele viu ela chegando e chegando com coisas dos filhos, ele falou: “Ué, mas seus filhos vem?”, ela falou: “Ué, vem, eles moravam comigo, os dois… Para onde eu vou, eles vão”. Na época eles já tinham ali um ano e pouco de namoro, quase dois…. E José Eduardo falou: “Ai meu Deus… E agora?”, porque ela tinha já devolvido a casa, sabe assim? Encerrou contrato, então não tinha muito o que fazer. Ela tinha já mandado umas coisas pra casa da mãe dela, a geladeira dela era melhor que a geladeira do José Eduardo, então ele deu… — As coisas que eram mais velhas, assim, da casa dele ele deu embora e ela trouxe as coisas dela. — Só que a casa ali com dois quartos… Então, o que aconteceu automaticamente? O filho, o Zezinho, perdeu o quarto. Zezinho agora quando vinha dormir na casa do pai, teria que dormir no sofá, José Eduardo ficou desconfortável também de colocar o Zezinho no quarto com dois adultos. Ele preferiu comprar um sofá cama para que o Zezinho dormisse na sala.
O Zezinho ficou arrasado, o José Eduardo sem saber como administrar aquilo, foi levando do jeito que dava… — E aqui começam os problemas… — Estes dois filhos da Roseli não trabalhavam… — Pra mim é inaceitável. Dois jovens adultos, um com 29 e outro com 28, que não trabalha? Não estuda? Não paga suas próprias coisinhas? Eu não aceito… Eu não aceito. — E aí tinha essa questão, a Roseli ganhando 2.600 ele não sabia como é que ela fazia para pagar as contas daqueles dois caras ou se eles começaram a ficar mais folgados porque sabiam o quanto o José Eduardo ganhava. — Porque a Roseli sabia quanto ele ganhava, José Eduardo nunca escondeu isso, né? — A conta de água, luz, essas coisas, tudo triplicou… Os caras comendo igual uma draga, monopolizavam a televisão, internet, baixava coisa que ficava lenta porque um ficava jogando, enfim, gente, um inferno… E José Eduardo falando ali para Roseli: “Roseli, quando eu te chamei para para morar aqui comigo, era para a gente ter a nossa vida… A gente, né? Pô, a gente já vai fazer 50 anos, para a gente ter um pouco de paz e tal, tá complicado para mim, seus filhos morando aqui”. E aí a Roseli ficava brava, ficava magoada porque são os filhos dela e nã nã nã.
O Zézinho agora vinha bem menos, o Zézinho já estava ali com 17, não queria ficar exposto ali também na sala, dormindo na sala… Chegou uma época que o José Eduardo começou a viajar com o Zézinho para passar o final de semana com o filho. E aí quando ele voltava, ele descobria que os dois filhos da Roseli tinham dado festa na casa… Eles quebravam coisas na casa — então liquidificador quebraram, torradeira quebraram, porta do micro—ondas quebraram — e a Roseli sempre dando desculpas. E o José Eduardo começou a falar: “Vocês precisam trabalhar. Vocês precisam trabalhar”, porque eles dividiam as contas em dois. E aí o José Eduardo falou: “Agora nós vamos dividir as contas em quatro, cada um paga a sua parte de tudo… Supermercado, água, luz, internet”. — E aí, o que aconteceu? O peso todo ficou na Roseli porque ela não conversava com os filhos para que eles fossem trabalhar. — Ele botou isso em prática, uma confusão aconteceu e o José Eduardo falou para Roseli que até junho agora os filhos tem que sair da casa dele. E José Eduardo escreveu para a gente porque primeiro que ele tá se sentindo culpado, mas ele falou: “Andréia, os cara tem 30 anos… Como que eu vou ficar sustentando esses caras? Eu ganho bem, mas eu não consigo guardar um dinheiro. Eu não consigo mais fazer mais coisas para o Zezinho, que é o meu filho”.
E aí a Roseli fala: “Ah, mas como você está comigo você tem que adotar meus filhos”, o José Eduardo falou: “Se fossem crianças, Andréia, eu adotava… Adotava até no papel, mas são dois marmanjos de 30 anos… Eu estou errado de querer cobrar que eles arrumem qualquer serviço?”. E aí tem isso, a Roseli fala: “Ah, mas no que eles vão trabalhar?”, gente, não importa… “Eu engraxei sapato, por que os caras não podem fazer nada?”, José Eduardo questionando. E aí ele está tenso porque ele ama a Roseli, ele até entende que ela é mãe, mas os caras tem 30 anos, gente, os cara tem 30 anos… — E eu acho assim: Se a Roseli tivesse grana para bancar os dois caras de 30 anos, isso não pesasse no José Eduardo, beleza… Eu acho assim, você quer, sei lá, cuidar do seu filho, pagar tudo pra ele até ele morrer com 80 anos? Tá ótimo pra mim, desde que isso não pese pra outra pessoa que não quer pagar as coisas dos seus filhos adultos, porque são adultos… Já vieram adultos, não eram nem pra ter vindo pra casa do José Eduardo. Pelo menos eu penso assim. — E aí agora o José Eduardo está com medo de chegar no meio do ano e a Roseli ir embora junto… — E eu acho que é isso que vai acontecer, eu acho. Não acho que ela vai ter coragem de colocar os filhos para fora. Não acho que ela vai conseguir bancar, sei lá, as coisas dela mais a casa para eles, mas também ela já fazia isso… Não sei como ela fazia. Eu não sei, gente, eu não sei. —
Mas é essa a questão do José Eduardo, de que ele vai perder a esposa porque ele deu esse ultimato de que os caras têm que sair da casa dele até a metade do ano. Se fosse só gasto, tudo bem, mas tem a questão das festas, quebram tudo. Recentemente, o José Eduardo teve que cobrir um colega dele no turno da noite e, quando ele chegou, 06h30 da manhã em casa, tinham duas mulheres dormindo no quarto com eles. E aí José Eduardo falou: “Andréia, eu não sou nenhum puritano, nada, mas aqui na minha casa não, cara, vai pro motel. Eu lá trabalhando, virando turno no chão de fábrica pros caras ficar trazendo mulher aqui. Beberam toda a bebida que eu tinha para o mês…”, que ele compra, né? Gosta de uma cervejinha, um negocinho… “Eles tomaram toda a minha bebida, comeram todos os frios e a Roseli não fala nada e a casa é minha, eu que paguei aquelas bebidas, eu que paguei aqueles frios”. E uma boa parte do dinheiro da Roseli agora que ela está com o José Eduardo, ela fez um convênio para cada um deles, pros caras… — Pensa, convênio pra galera de 30 anos, um convênio bom, é caro… —
Porque ela tem convênio pela escola lá, mas eles não tinham, né? Que eles são adultos… Boa parte do salário dela também vai para pagar as coisas deles, ela mal ajuda também nas despesas e fica tudo nas costas do José Eduardo e quando ele vai falar com a Roseli, uma das coisas é: “Você ganha 10 mil reais, por que você está reclamando? Você ganha 10 mil reais”. — Podia ganhar 20, gente, não é para gastar com os filhos dela… — Bom, eu não acho que ele esteja errado, mas eu acho sim que tem grandes chances da Roseli ir embora com os filhos. Ou mais: pode chegar no meio do ano e nada acontecer, eles não saem, ela não comenta nada, e aí o José Eduardo falou que vai ser firme. Bom, gente, eu não sei… Eu não sei. Ele já avisou a Roseli que julho ele vai reformar aquele quarto, para aquele quarto voltar a ser do Zezinho e é isso… Eu acho, assim, que o José Eduardo tem que se preparar também caso a Roseli decida embora, que eu acho que é o que vai acontecer. O que vocês acham?
[trilha]Assinante 1: Oi, nãoinviabilizers, aqui é a Paloma de São Paulo. Eu sou da classe trabalhadora e, apesar da gente, tipo assim, não vou falar pra ninguém que eu amo trabalhar, ninguém gosta, a gente trabalha porque precisa, mas também é necessário a gente entender que se a gente não tiver trabalhando, vai pesar esta obrigação em cima de uma outra pessoa que, como com perdão da expressão, é outro ferrado que nem nós. Não consigo admitir também a ideia de uma pessoa saudável, em idade adulta, não se coçar para conseguir alguma fonte de renda. Se junta e faz uma vaquinha, compra um carrinho, vai vender milho na porta de algum metrô, de alguma estação de trem, vai ter um monte de trabalhador com fome querendo comer. Então, se prepara, porque se for preciso a sua amada sair de casa, que seja, não dá para ficar com duas pessoas folgadas aí nas suas costas. Um beijo, boa sorte.
Assinante 2: Oi, gente, meu nome é Paula, falo de Belo Horizonte. É uma situação muito complicada, assim, porque os filhos dela desde pequenos foram acostumados a serem servidos e a pessoa que está acostumada uma vida inteira a ser servido, muito dificilmente vai mudar de um dia para o outro. Então, muito provavelmente, a Roseli ela vai embora, infelizmente… Eu acho que, de certa forma, é uma coisa muito boa… Apesar de você gostar muito dela, vale realmente a pena você ter que ficar passando por tudo isso para você ser amado? Na minha opinião, não vale. Gente, quando eu estava desempregada eu fazia até brinco de carnaval para vender. A vida é isso aí, é se virar… Você está sem dinheiro? As contas continuam chegando, more, não tem como. Espero que tudo dê certo. Um beijo.
[trilha]Déia Freitas: Wise Empresas é o primeiro e único provedor no Brasil a permitir que as empresas gerenciem seus ganhos internacionais em várias moedas, tudo em uma única conta? Se você é PJ e tem uma empresa no seu nome, abra sua conta já e se junte aos mais de 600 mil clientes empresariais pelo mundo. Wise Empresas, receba dinheiro, sem perder dinheiro. Clica agora no link que eu deixei na descrição do episódio e abra a sua conta. — Valeu, Wise… — Um beijo, gente, e eu volto em breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]