título: van
data de publicação: 27/11/2025
quadro: picolé de limão
hashtag: #van
personagens: ana
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii. — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje é o Banco do Brasil. A Black Friday já está acabando, mas isso não é sinal pra gente não ficar aí alerta com possíveis golpes. As pessoas estão comprando mais, tem mais dinheiro saindo da conta. E não seria incomum se o seu banco te ligasse, correto? Gente, bancos podem ligar para confirmar transações suspeitas e atender é importante para evitar bloqueios desnecessários ou impedir fraudes. Nessas ligações, o banco só pede para você confirmar ou negar a transação. — Presta atenção nisso, gente… — Se o banco pedir algo além disso, como informar dados pessoais, senha, instalar aplicativos, querer saber o seu saldo, entregar o cartão ao motoboy, fazer procedimentos no caixa eletrônico ou participar de videochamadas, desligue na hora, porque isso é golpe.
O banco só pode te ligar pra saber se você fez essa compra sim ou não. Acabou. É apenas isso, gente. Desconfie, quem desconfia evita golpes. Na dúvida, procure o BB. Saiba mais no link que eu vou deixar aqui na descrição do episódio. E hoje eu vou contar para vocês a história da Ana. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]A Ana se considera uma trabalhadora classe C premium. Durante aí a sua juventude, ela entrou numa empresa grande — tipo a PôneiLever e — lá dentro ela foi crescendo. Com isso, o salário dela foi melhorando. Ana mora até hoje com sua mãe. — Que a gente pode chamar aqui de Dona “Maria”. — A vida melhorou muito para a Ana e Dona Maria, porque conforme ela foi ganhando melhor, fazendo cursos, enfim, conseguiu fazer uma faculdade, as coisas foram melhorando muito. Ana conseguiu comprar a casa própria, um carro, conseguiu ter uma estabilidade financeira. — Então, assim, isso era meio que novidade na família inteira da Ana, que são trabalhadores da classe C ali mais da base. — O tempo foi passando, Ana ali estabilizada, vez ou outra socorreu alguém da família com dinheiro, né? Porque isso é o clássico. Até que um dia, Ana tá lá num churrasco de família e um tio dela ficou desempregado na pandemia e nunca mais conseguiu. se estabilizar financeiramente.
O tio casado com dois filhos, uma criança de 10 e outra criança de 12. Nessa festa em família, o tio começou a contar o que ele queria fazer. Ele queria comprar uma van.. Ele que já tinha certa experiência com funilaria ia adaptar essa van para um food truck. — Ele sabia que comprar já a van adaptada ia ser muito mais caro, então ele queria uma van normal para ele adaptar e fazer aí as melhorias para poder vender comida. — E ele falando o que ele queria fazer. Quando um outro tio que estava ali falou: “ó, faz um financiamento então, né? Tira essa van, não sei o que lá”. E ele começou a falar que tava com o nome sujo, aí todo mundo tava com o nome sujo ali, outros não tinham renda, né? Pra conseguir tirar a van. Até que alguém sugeriu a Ana… A Ana ficou surpresa, porque ela não estava esperando ser inserida nessa conversa desse jeito, como alguém que vai tirar um carro. — Porque de fato é isso, né? Você vai tirar um carro no seu nome para outra pessoa. —
A Ana falou: “olha, preciso ver, não sei o quê” e foi uma pressão familiar tão grande, até a avó dela, tipo, todo mundo e ela falou: “vou ver e tal”, tentando desconversar. No dia seguinte, o tio já mandou mensagem perguntando se ela poderia fazer isso por ele porque ele pagaria certinho, nã nã nã… Ana foi conversar com a Dona Maria, a Dona Maria falou: “Ai, filha, ele tá bem desesperado, não sei, mas não vou opinar, porque se acontecer alguma coisa eu não tenho como pagar as parcelas se ele não pagar, então pensa direitinho”. Mais gente da família entrou em contato pedindo pra ela ajudar o tio e Ana decidiu que ela ia tirar essa van para o tio adaptar e começar a trabalhar. Ana conversou bem com o tio. Qual que era a preocupação dela? Ele levaria mais ou menos um mês para adaptar ali a van, né? E mais uns dois meses até o negócio pegar, enfim.
Digamos que as prestações fossem ali de R$ 1.500. Quem que ia pagar essas primeiras três prestações? Quem que ia pagar? Porque o tio não ia ter. Ali no grupo da família, três parentes se comprometeram a pagar. A primeira, a segunda e a terceira parcela e o tio, quando tivesse melhor, devolveria esse dinheiro para eles. Então, pelo menos ali aquelas três parcelas iniciais estariam cobertas. O tio adaptou a van, fez tudo direitinho, ficou super legal. Fez um cardápio, fez uma festa com a família, chamou todo mundo ali pra ir comer na van e tal e dali ele ia começar o seu novo negócio. E não é que o negócio estava dando certo? Um, dois, três meses… O tio já tinha os lugares que ele ficava, que ele botava a van ali pra vender suas comidas e tal. No quarto mês, chegou ali, digamos que a parcela todo dia 25 teria que pagar.
Chegou no dia 24, Ana mandou mensagem pro tio, falou: “tio, ó, amanhã vence a parcela, né? Você vai me mandar no pix? Como é que vai ser?” e o tio falou: “Você tá com o código de barras aí? Me passa que eu pago” e Ana passou e foi viver a vida dela. Quando foi no dia 28, ela falou: “tio, me manda o comprovante que eu vou arquivando aqui, né? Os comprovantes e tal, até a gente chegar na quitação” e o tio não respondeu. Ué… Dia 29, de novo, ela falou: “Tio, tá online aí… Me manda aí esse comprovante”. E aí o tio respondeu que não tinha tido tempo de pagar. — Gente, tempo? Sei lá, menos de cinco minutos você abre o seu aplicativo de banco e você paga um boleto. Tempo? — A Ana falou: “tio, já venceu essa parcela, o que tá acontecendo?”. O tio deu uma enrolada e não falou mais com ela aquele dia. Dia 30, tio não pagou. E, a partir daí, a vida da Ana virou um inferno.
O papo do tio é que ele estava investindo ali nas comidas novas, nas coisas que ele queria fazer, que ele ia esperar vencer três. — Aí me diga, se você não tem 1.500 agora, você vai ter firmeza para esperar acumular 4.500 de dívida? — Ana falou com Dona Maria, Dona Maria falou no grupo da família e nã nã nã… Rolou uma confusão ali e ele não pagou. E aí vocês me perguntam, por que ele não pagou? Porque o tio deu prioridade para pagar aqueles três parentes. — Então ele ia deixar acumular três prestações para pagar os três parentes que emprestaram dinheiro, ou seja, a Ana não era importante, mas os outros três parentes sim, né? — E a hora que estava vencendo a terceira parcela, Ana já estava recebendo avisos. Ela ficou assustada com os avisos ali e Ana pagou essas três parcelas. — E aí eu acho que a Ana cometeu o segundo erro, que o primeiro erro foi realmente tirar a van no nome dela, né? — Paralelo a isso, Ana recebeu a primeira multa… Dali 10 dias, a segunda multa.
Uma multa de velocidade, uma multa de estacionamento proibido, a terceira multa de estacionamento proibido… Ou seja, o tio estava parando a van onde ele bem entendesse e estava correndo com a van. A van estava dando muito certo… Lotada, dando muito certo. — O cara pilantra… Pilantra. — E a família da Ana tentando apaziguar, porque o tio vinha de um declínio financeiro muito grande. — Então, o que o folgado do tio estava fazendo? Pagando as dívidas dele e bão estava priorizando a van, porque ele sabia que a Ana não ia deixar o nome dela sujar, até por questões do emprego que ela tem. Olha só… — Ana aguentou isso por um ano e meio, quase perdeu a carteira de motorista. Tirando as três primeiras que os parentes pagaram e depois ele pagou, tá? Os parentes ele pagou.
A Ana pagou todas as parcelas — ela que tinha tirado a van no nome dela — e o tio nem respondia mais ela, ignorava completamente. Ana já não estava conseguindo trabalhar, estava com medo até de ser demitida, ou seja, aí que ela não ia conseguir pagar as parcelas mesmo. Quando um dia, saindo da terapia, ela falou: “Isso vai acabar, eu não vou mais sofrer por uma pessoa que não tem a menor consideração comigo. Não importa que os filhos dele são crianças, que ele vai perder a renda dele… Eu vou tomar essa van”. O tio mora num quarteirão, a van ficava no outro quarteirão, no estacionamento. Ela tinha a chave, chegou lá e falou: “olha, eu vim buscar a van do meu tio e tal”. Ana contratou um motorista e saiu do estacionamento, ela e o rapaz dirigindo. Ela já tinha alugado uma outra garagem, tirou todas as coisas que tinha na van, que eram perecíveis, assim, de comida, né? Mas, por exemplo, ela falou: “André, a geladeirinha que tava lá, as coisas que estavam lá dentro de utensílios, eu não devolvi nada”.
A van tinha um seguro que quem pagava era a Ana… Ele botou um rastreador na van, né? Eles tinham um aplicativo ali, então a Ana podia ver sempre onde estava a van e o tio também poderia ver. Então, ela mudou a senha para ele não conseguir achar a van, porque estava no e—mail dela, ela que pagou o seguro e tal. O próprio motorista que ela tinha contratado só para tirar a van de lá, sabia de um sacolão de uma família de japoneses que estavam há muitos anos no Brasil e que eles com certeza comprariam a van pra vender pastel, essas coisas… Foi lá no sacolão, conheceu o dono do sacolão, a mulher do dono — então vamos dar um nome pra mulher do dono, “Emiko” — e Dona Emiko já queria há muito tempo ela ter o caminhãozinho dela de vender comida, né? O food truckzinho dela. Ana conseguiu pegar um dinheiro e repassar esse financiamento. Nisso, o tio tinha virado um demônio… Tinha tentado invadir a casa da Ana.
Dona Maria precisou chamar a polícia para o próprio irmão. Ele tava enlouquecido, ele queria porque queria a van. E aí a Ana falou: “Você não pagou a van… Você não pagou uma parcela da van, querido”, “não, porque eu tenho as coisas dentro da van”, “as suas comidas estão todas aqui, inclusive estão geladas, você pode levar. Agora os utensílios, a adaptação da van, pelo tempo que você não me pagou, pelas multas que eu tive que pagar, que foram muitas. Pelo tempo que eu fiquei sem carteira fazendo cursinho, escolinha, porque você estourou meus pontos”. A família rachou, metade ficou do lado da Ana, metade ficou do lado do tio. O cara e a esposa foram morar na casa da avó da Ana, da mãe dele, né? Até hoje ele culpa a Ana. A Ana não vai mais nas festas de família, porque ele, quando vê a Ana, quer ficar agressivo… E a Ana falou: “Olha, se ele vier pra cima de mim, eu vou chamar a polícia. Além de tudo, além de desempregado, vai ser preso”.
Então ela evita ir nas festas de família, Dona Maria vai e para ela não dá nada, né? Metade da família acha que ela errou, que ela pegou coisas dele, tipo, ele não pagar quase um ano e meio de parcela e trabalhando com a van ali ganhando dinheiro, tudo bem… Agora ela ficar com uma geladeirinha, um forninho, uma coisinha, aí foi errado. Ele fala pra todo mundo que a Ana destruiu a vida dele, tirou o ganha—pão dele na maldade. Na maldade, gente? Pensa, você ficar anos pagando R$1.500 de parcela pro bonito? E, cara, sinceramente, eu não entendo isso… Porque a pessoa te fez um favor. Se você pagar certinho, direitinho, nossa, gente… Não é o básico? Como que você consegue falar: “não, não vou pagar, ela me fez um favor, mas ó, não quero nem saber, não vou pagar, vou priorizar outras coisas”. Aí você perde tudo e você culpa ainda a pessoa que você não pagou? Até então ele não sabia o que a Ana tinha feito com a van… E aí ele viu a van, Dona Emiko vendendo pastel, as coisinhas na van [risos] e falou que ele passou mal. — Ai, gente, desculpa… [risos] —
Quase desmaiou quando viu a van sendo usada por outra pessoa? O cara tinha tudo, ele só precisava pagar a parcela. E ele tirava, sei lá, gente, uns 10 pau… Separarasse os 1500 da parcela.. Não, foi priorizar outras coisas. No fim, não conseguiu quitar todas as dívidas que ele tinha, teve que voltar a morar com a mãe. Não foi pra rua, né? E a Ana se arrepende, gente, demais… Porque ela tinha, assim, ela vivia em paz com a família, não tinha essa, sabe? Mesmo ela sendo a pessoa ali com uma condição melhor financeiramente, ela já tinha emprestado mil para um, dois mil para outro, mas assim, sempre o pessoal pagou, sempre deu tudo certo, sabe? E agora, ela perdeu essa paz que ela tinha na família por conta de ter tirado essa van aí pro tio. E aí eu fico pensando nisso, né? Às vezes a gente faz as coisas pra realmente ajudar e se ferra. Então eu não achei errado que a Ana tomou a van dele, ela deu sorte dos caras do estacionamento não ligarem pro tio, né? Porque eu ligaria, achei também esse estacionamento fraco. Sei lá, não ligarem pra ele e ele vir e sair aquela confusão, né? Mas ela ia chamar a polícia, ela ia levar a van de qualquer jeito, porque tava no nome dela e ela que tava pagando as parcelas, né?
Mas poxa, olha a situação, que foi criada… Às vezes eu vejo situações que a gente tem que falar “não” mesmo, falar: “olha, não vai dar”, porque aí você ajuda o lascado e depois o lascado te lasca, né? O que vocês acham?
[trilha]Assinante 1: Olá, nãoinvabilizers, aqui é a [inaudível] de Dublin. Foi muito fácil pra esse tio mais velho, homem, desrespeitar a sobrinha dele, mais nova, mulher… Os outros da família, ele pagou logo, logo, mas ela: “Não, tudo bem… Ela vai levando… Ela, minha sobrinha, deixa pra lá, eu sou mais velho, eu tenho que ser respeitado. Quero ser respeitado desrespeitando”. Isso só mostra realmente como a cabeça de algumas pessoas funciona. E eu fico de cara de ver que teve gente da família que ainda acabou. ficando brava com a Ana. A Ana, infelizmente, ela ia acabar saindo como vilã se ela tivesse falado não também.
Assinante 2: Eu sou a Fernanda, falo de Belo Horizonte. Ana, a sua atitude foi correta. Infelizmente, a gente dá esses deslizes mesmo… Você tirou a van no nome do seu tio, com a pressão familiar… A gente tem que lidar com a pressão e não ceder. Ainda mais financeiro. Porque a gente investe o nosso tempo, a gente investe parte da nossa vida para gerar dinheiro… E aí essas pessoas sem responsabilidade… Olha, a pessoa levou multa, não pagava as parcelas;;. Esse tipo de pessoa acha que nunca está errada, que os erros dela são responsabilidade das outras pessoas, que é a sua responsabilidade. Se ele tivesse pagado tudo certinho, não teria acontecido isso. Seja firme com a sua família se alguém falar alguma coisa com você. Seja firme com a próxima vez que alguém te pedir dinheiro. Fale não, vai salvar muito problema na sua vida.
[trilha]Déia Freitas: Receber uma ligação do seu banco quando você está gastando mais do que o comum não seria estranho, né? Mas para e pensa: pode ser golpe. Os bancos podem ligar para confirmar transações suspeitas e atender é importante para evitar bloqueios desnecessários ou impedir fraudes. Nessas ligações, o banco só pede para você confirmar ou negar a transação. — Gente, é sim ou não, apenas isso. — Passou disso, desligue… Não forneça nenhum dado, nem saldo, nem faça chamada de vídeo, nem clique em link, nadam porque é golpe. Desconfie, quem desconfia evita golpes. Na dúvida, procure o BB. — O link está aqui na descrição do episódio. — Valeu, BB… Valeu, Banco do Brasil, pela parceria. — Um beijo, gente, e eu volto em breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]